relações humanas e cooperação

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Movimento dos Trabalhadores sem Terra MST/GRHC e Instituto Conscientia RELAÇÕES HUMANAS E COOPERAÇÃO -­‐ valorização humana e social Justificativa Todos nós somos reprimidos pelos sistemas do poder: família, escola, empregador, poder social e econômico. Esta repressão causa em nós sentimentos de indignação e revolta, que alimenta e fortalece o nosso sentimento de luta pela causa social e ecológica. Mas esta repressão dos poderes causa em nós também sentimentos de inferioridade, medo, raiva e impotência, o que consegue em parte brecar a nossa força de luta. O sistema do poder, capitalismo, fomenta egoísmo, inveja, insegurança, medo, amargura, e impotência. MST tem um discurso socialista e uma organicidade que se baseia na democracia participativa através dos núcleos de base. O discurso socialista inclui os valores de igualdade e solidariedade, em outras palavras uma valorização humana e social. Mas há uma contradição. Nós somos “produtos” do capitalismo. Temos assimilado desde quando nascemos os valores e hábitos do capitalismo. Como diz Paulo Freire: “O oprimido se torna um opressor”. O oprimido aprende a reprimir a si mesmo, e os outros também. Nós temos uma organicidade justa, uma ideologia bonita mas o nosso modo de agir na educação, motivação e gestão das atividades vem do capitalismo. Isto se pode concluir também pelos seguintes aspectos que se observa em nossos coletivos: -­‐ Nas cooperativas e nos coletivos o coordenador não tem poder. Ou o coordenador age de maneira autoritária. Os coordenados não respeitam os coordenadores e/ou não tem clareza sobre as suas responsabilidades. Se forma um antagonismo entre os coordenadores e coordenados. -­‐ Os associados das cooperativas trabalham pior que os contratados (empregados da cooperativa). Os associados tem vícios de dono e vícios de empregado. Associados fazem o que querem sem respeitar as combinações do coletivo, e trabalham menos possível querendo ganhar o máximo possível. -­‐ Se observa que há grupos de técnicos da assistência técnica onde os técnicos com histórico de luta trabalham com menor empenho de que os técnicos contratados em âmbito geral. Estas observações generalizam a situação, nem todos os cooperados ou técnicos militantes agem desta forma, ao contrário. Mas parece que este é um problema sério. Esta análise aponta uma incoerência. O lógico seria que os associados e militantes teriam uma motivação de trabalho e cooperação bem superior dos empregados que trabalham num regime injusto e alienado. 1 O sistema de poder causa a seguinte armadilha: num lado o sistema causa sentimentos de inferioridade, tristeza, medo, culpa e raiva, e no outro lado, reprime estes sentimentos, causando um conflito em todos nós, nos imobilizando para reagir contra injustiças. No capitalismo a repressão funciona “bem” para beneficio de poucos. No socialismo, como entendemos, a repressão é o câncer que o capitalismo implantou no nosso modo de sentir, impedindo até hoje a nossa libertação. Introdução O objetivo da atividade de Relações Humanas e Cooperação é introduzir um processo de valorização humana e social no coletivo para criar um ambiente de respeito mútuo onde se valoriza as possibilidades e as riquezas humanas em cada um e intensifica a organicidade justa e solidária desenvolvendo as práticas de autogestão. Na formação comum, que todos nós já passamos em casa, nas escolas, nos locais de trabalho e na sociedade em geral, são usadas as seguintes rotinas, no propósito educativo e motivador: Mandar: "Fique quieto, não faça isso, faça desta forma!" Criticar e dar bronca. – o foco nos problemas. Avaliação, comparação, classificação Competição, prêmios, benefícios, medalhas, símbolos de poder Punição, humilhação, exclusão, prisão Os pais/educadores/chefes mostram descontentamento, irritação, raiva, rejeição e/ou ausência. Uma expectativa que os jovens se comportem como adultos, e que todos devem se comportar da mesma maneira independente da sua história. Este tipo de formação (educação e motivação) torna as crianças e adultos inseguros, ansiosos e/ou agressivos, o que reduz a alegria, curiosidade, criatividade e confiança em suas habilidades e na vida. A formação comum é repressiva e provoca a revolta contra os sistemas de poder com justa causa. A repressão tem sua origem nas estruturas de poder, atualmente o capitalismo. O modo repressivo de agir torna os problemas crônicos, impossíveis de serem resolvidos na sua essência. Uma outra forma de abordagem dos problemas na cooperação é: 1. Não dê poder aos problemas; 2. Procure ter contato, reconheça os sentimentos; 3. Reforce o bem em todos; 4. Organize responsabilidade coletiva – cooperação; 5. Trate o seu próprio stress; Em seguida há uma descrição sobre estas cinco questões. 2 1 NÃO DÊ PODER AOS PROBLEMAS Sua atitude em relação aos problemas é o mais crucial. Problemas e dificuldades são uma oportunidade para algo melhor. Se seus sentimentos e pensamentos giram mais em torno dos problemas de um companheiro, coletivo ou dos seus próprios, você bloqueou o contato com o outro, com o coletivo, e com o seu próprio equilíbrio. Você deu o poder para os problemas. Em vez disto, procure lidar com as dificuldades reforçando o que é bom, em outras palavras reforçando a sanidade do educando. Para que a saúde cura a doença. O mal só pode ser curado pelo bem Pode o aborrecimento ou raiva causar algo bom? A frustração significa que você se preocupa, mas geralmente ficar angustiado e/ou zangado não ajuda a lidar com o problema. Parece bastante óbvio que algo ruim não pode ser curado com outro mal. O mal só pode ser curado pelo bem, o amor. Todo ser humano tem direito e uma necessidade sã de amor. Há mais uma pergunta: como você reage perante a sua ansiedade, mágoa ou raiva? Será que você fica chateado consigo mesmo, quando se sente ofendido? Será que você reage com decepção perante sua possível raiva? Se sua reação é a negação, você acaba no círculo vicioso. Tente entrar em contato com o seu modo de sentir sem te criticar ou exigir a não sentir que está sentindo. Sentir algo e fazer algo são coisas diferentes, meso sentindo raiva podemos agir com respeito. Reflita e sinta os seus hábitos de sentir com curiosidade e aceitação para poder respeitar o sentir da/o companheira/o. Somos todos espelhos internos entre nós Uma vez que todos nós temos todas as características humanas, temos todos os tipos de riquezas humanas, tais como: percepção, memória, amor, responsabilidade, humildade, gratidão, coragem, iniciativa, criatividade, honestidade, autodisciplina, entre outros. Todos os seres humanos têm todas essas riquezas, elas são a essência do ser humano. Acredite nelas, veja-­‐as, não perca o contato com elas. No anexo (canto inferior esquerdo), há uma lista mais detalhada. Como nenhum de nós é perfeito, nem mesmo em um sentido único, temos todos os tipos de falhas ou empecilhos (anexo, canto inferior direito). Assim tudo o que eu vejo em você também está em mim, mas não da mesma forma, ou com a mesma intensidade. Sua alegria desperta a consciência da alegria em mim. Ou, pelo contrário, a sua gratidão desperta a consciência da minha insatisfação. Nós somos espelhos internos uns dos outros, mesmo que sejamos diferentes. Se sua reação gera stress em você, ao ponto que você fique ansioso, frustrado, irritado, triste, magoado ou sentindo culpa de modo inibidor, pergunte: “O que a minha reação desvenda sobre meu interior? Será que eu tenho expectativas irreais, exigências, ou será que a outra pessoa o aluno de alguma forma revela algo sobre mim?” 3 O sistema de poder causa a seguinte armadilha: num lado o sistema causa sentimentos de inferioridade, tristeza, medo, culpa e raiva, e no outro lado, reprime estes sentimentos, causando um conflito em todos nós, nos imobilizando para reagir contra injustiças. 2 PROCURE TER CONTATO – RECONHEÇA OS SENTIMENTOS Todo ser humano quer ser aceito e respeitado em seus sentimentos, e em sua totalidade. Para uma pessoa brava/assustada/triste é mais importante ser aceita e respeitada em seu sentimento do que ser obedecida nas suas vontades. Respeitar o sentir do outro é valorizar o outro. Total liberdade de sentir e liberdade limitada para agir Temos liberdade total para sentir e pensar, e liberdade limitada para agir. Liberdade significa responsabilidade, que pressupõe a liberdade. Com liberdade de sentir, somos responsáveis pelo modo como nos sentimos. A liberdade é inviolável, portanto é importante aceitar e respeitar cada um (inclusive a si mesmo) no seu modo de sentir, seja alegria, amor, medo, raiva, vergonha, tristeza, impotência.... Nossa maneira de sentir afeta direto o nosso comportamento e a nossa saúde no bem e no mal. O que é um sentimento são? O amor é o sentimento básico de vida. Ansiedade, medo e raiva são necessários quando há ameaça ou perigo real. Vergonha e culpa sugere que você tem um senso ético. Tristeza é, no fundo, sinal de amor. Na medida em que o sentimento não favorece a vida, ele é desequilibrado (neurótico), como constante preocupação e medo, descontentamento crônico, amargura, ódio, frustração ou tristeza crônica ou “amor” sufocante. Aprenda a perceber o seu modo de se sentir na vida: Quando você se olha no espelho, quais as emoções que podem ser vistas mais claramente em seu rosto? Pare e tome tempo, sinta seu corpo. Diferentes sintomas (dor no estômago, rigidez do pescoço, tensão, dores de cabeça...) no corpo, muitas vezes surgem a partir de sua emoção. O que você sente em seus sentimentos? Descreva o seu sentir com várias palavras. Crie um hábito de sentir conscientemente seus sentimentos. Seus sentimentos pertencem à sua liberdade, respeite a liberdade de senti-­‐los. Esta liberdade parece limitada pelos seus hábitos emocionais criados durante a vida. Você não precisa saber ou explicar porque – sentir é livre. Você não precisa expressar seus sentimentos. Basta você aceitar a consciência da sua maneira de sentir. Aceitando a consciência sobre seu medo de sentir, é mais fácil de ter contato com o outro. Quando você entra em contato com o sentir dele com curiosidade e respeito, ele começa a se interessar e a respeitar a si mesmo e você. 4 Como lidar com uma pessoa com raiva/medo? Algumas dicas para lidar com uma pessoa brava/assustada/fechada: Pare, sinta suas próprias emoções, como ansiedade, medo, frustração, irritação, sensação de impotência... Aceite e sinta seus próprios sentimentos. Pense no que o outro está sentindo: incerteza, frustração, vergonha, raiva ou impotência. Aceite e respeite a liberdade de se sentir assim. Olhe para ele, nele você vai reconhecer seus próprios sentimentos -­‐ ele é o seu "espelho emocional". Pergunte a ele de uma forma respeitosa, por exemplo: "Me parece que há algum medo, insatisfação ou frustração em você. Será que isso é verdade?" Aceite sua reação: ele pode não querer falar sobre seus sentimentos. Se ele não quiser falar, respeitar isso. Introduz estes temas e pensamentos no coletivo. Todos discutem. Não é preciso pensar da mesma forma, a intenção é de que os participantes comecem a refletir mais sobre a vida e as relações humanas. 3 REFORCE O BEM EM TODOS Crie um hábito de valorização humana reforçando a consciência das riquezas humanas entre todos. Veja uma lista de riquezas humanas (anexo). Os companheiros mais inseguros, quietos, indiferentes ou agressivos precisam de mais reforço; os melhores precisam menos. Dialogo de reforço – valorização humana e coletiva O objetivo é reforçar a consciência das riquezas humanas em cada um e no coletivo: 1. Observe o seu próprio estado emocional. Se você está frustrado ou irritado, perceba isso. Pare e reflita conscientemente o seu modo de sentir. Seu sentir é da sua liberdade. Reflita talvez sobre o que seu sentir revela sobre você. 2. Reconheça o sentir ou outros sintomas no outro/coletivo. Ouça-­‐o ativamente, faça perguntas para entender melhor como ele se sente. Evite perguntar por quê. Se ele está ansioso, frustrado, irritado, cansado ou ferido, ilumine isso perguntando e falando sobre isso com aceitação e respeito. Todo ser humano quer ser visto e respeitado justamente em seu sentimento. Todas as emoções, medo, raiva, entre outros, ainda são, no fundo, provas do amor. 3. Reforce a consciência das riquezas humanas nele/coletivo, dizendo, por exemplo: "Eu vejo alegria, concentração e criatividade em você/vocês." Repita isso de maneiras diferentes várias vezes. Normalmente, você não precisa ir para a próxima etapa. 4. Se considerar necessário, explique como ele/coletivo se opõe às próprias riquezas, lembrando o princípio: o que você faz para os outros, você faz a si mesmo no seu interior (hábito de alimentar sentimentos de inferioridade, preocupação, medo, raiva, culpa ou vitima, ou ter exigências rígidas sobre si e sobre os outros, ou alimentar inveja). 5 4 ORGANIZE RESPONSABILIDADE COLETIVA – COOPERAÇÃO Crie no grupo um espírito de igualdade e responsabilidade coletiva, aumentando continuamente a participação de todos no processo de tomada de decisões, objetivando desenvolver práticas de auto-­‐gestão. Discuta combinações/regras sobre cooperação e bem estar. Desenvolva idéias sobre conseqüências para eventuais violações. As conseqüências devem fortalecer o aspecto humano, as riquezas humanas do infrator. Alguns exemplos: O infrator tem direito ao diálogo de reforço. Ele trabalha como “instrutor” para ensinar alguém sobre um trabalho que ele mesmo tem mais experiência. Ele prepara e introduz algum tema interessante para discussão na próxima reunião/assembléia. Ele faz o ambiente de trabalho ficar mais bonito. Ele organiza algum evento cultural, esportivo... O coletivo aplica motivação positiva (ver abaixo) para desenvolver a cooperação. Como me trato, trato os outros Para prevenir condutas de desvalorização e agressão, desenvolva uma percepção com o coletivo com base na idéia: o jeito como a pessoa age e lida com as situações é expressão de seus sentimentos, sua maneira de sentir. Uma ação boa/má surge de uma ação emocional boa/má. Isso significa que o que eu faço contra os outros, faço comigo mesmo para mim, em meu interior. A consciência, de que o agressor é a primeira vitima de si mesmo, e o espírito de responsabilidade coletiva resultam em que a própria turma reage quando alguém age de uma maneira destrutiva. Por ex. se alguém perturba a concentração, o coletivo reage pedindo paz de trabalho, sem precisar da repreensão do coordenador. Se Carlos debocha de Pedro, a pessoa mais próxima que está ouvindo isto pode dizer: "Carlos, você desvaloriza seus conhecimentos." Se Carlos ataca Pedro fisicamente, o coletivo reage imediatamente para deter a agressão. Em outras palavras, todos em conjunto se ajudam para impedir a agressão ao invés de passivamente esperar por alguma intervenção externa da situação. Responsabilidade coletiva leva à solidariedade Em vez de competir uns com os outros, todos ajudam quem tem dificuldade de aprender e trabalhar. Reforço é dado por companheiros mais próximos. Isto melhora a vontade de aprendizagem e o crescimento humano de modo essencial 6 Motivação positiva Se há problemas sérios de cooperação pode se aplicar a motivação positiva. O objetivo é transferir a atenção sobre os indivíduos “problemáticos” para os hábitos de ação do coletivo, tirar o foco do/s individuo/s para o comportamento do coletivo. 1 Escolha um problema/tema que será transformado em desafio/visão/estado desejado. 2 Reflita sobre os pensamentos básicos, as riquezas humanas e empecilhos. Isto se usa como pano de fundo em todo processo. 3 Conscientize-­‐se sobre os sentimentos em relação ao problema/desafio. O sentimento (alegria, amor, angústia, medo, tristeza, raiva...) é a base do comportamento. Para poder lidar com o desafio é necessário respeitar as emoções, mesmo que elas sejam irracionais, e não causados pela situação. 4 Descreva o problema transformando-­‐o em uma lista de hábitos de ação das pessoas envolvidas. O objetivo é transferir o foco das pessoas “problemáticas” para os hábitos de ação da turma. 5 Descreva a visão/estado desejado transformando-­‐a em hábitos ideais de ação das pessoas envolvidas. A visão é agora descrita pelos hábitos de ações. 6 Descreva e compare os benefícios dos hábitos de ação do estado atual e do estado desejado. O ser humano busca sempre o bem. Mas às vezes o bem se transforma em mal por causa dos empecilhos. Para motivar a mudança de hábitos de ação são comparados os benefícios do estado atual e o do estado desejado (da visão). Se escolher a mudança, continua o processo a etapa 7, senão pare aqui. 7 Prepare junto com os envolvidos um plano prático para treinarem os hábitos ideais de ação. Motivação positiva é um método para fortalecer a democracia e senso de responsabilidade coletiva, gerando uma valorização social. 5 TRATE O SEU PRÓPRIO STRESS Vivemos em uma sociedade que gera muito stress em todos nós A sociedade de competição, o capitalismo, aumenta sempre as exigências levando-­‐nos à insegurança, ganância, inveja, agressão e egoísmo. O conflito estrutural entre empregadores e empregados promove em nós alienação, submissão, insegurança, descontentamento e revolta. Dinheiro é a meta de tudo, resultando na maximização impiedosa de especulação e exploração, causando grandes injustiças econômicas e sociais. Isto promove sentimentos de injustiça, raiva, impotência e extremismo. A crença na necessidade de crescimento infinito de produção e consumo leva à destruição da natureza e promove alienação, indiferença e arrogância. Exigir é reprimir – ao contrário de respeitar é incentivar 7 O sistema conduz a todos nós para cumprir mais e mais exigências, sempre aumentando. Reflita sobre como você reage às exigências: Você sente exigências como uma oportunidade ou uma obrigação? Se a exigência é rígida, você reage seguramente com oposição. Se tens muitas tarefas simultâneas, você se opõe a si mesmo. Temos a tendência de transformar expectativas e desejos em exigências. Quando você está trabalhando com o foco nos resultados, como elogios, prova, aposentadoria, prêmio, lucro entre outros, você não está no ato em si, isto reduz o sentimento de amor e alegria. Se você tem um pai (mãe) autoritário, você se torna como ele (ela)? Um professor de educação especial diz de forma espontânea: "A exigência provoca medo e raiva; precisa ser capaz de tudo, não pode errar, isto causa sentimento de solidão e egocentrismo. A exigência se sente como algo acusador, punição, maldade, bloqueador." Realmente, exigências levam a reprimir a consciência da realidade, justo a consciência que é o aspecto mais importante da nossa existência. No capitalismo a repressão funciona “bem” para beneficio de poucos. No socialismo, como entendemos, a repressão é o câncer que o capitalismo implantou no nosso modo de sentir, impedindo até hoje a nossa libertação. Há tanto o stress são quanto o doentio. Cada situação pode ser lidada com o stress ideal (são). O stress doentio surge quando se quer mais do que é possível, estimando necessidades e recursos de uma forma desequilibrada. Causamos o stress doentio com os nossos empecilhos. Querer é se estressar. A vontade é acelerador do stress. Como lidar com o stress? Os sintomas do stress são alarmes úteis, benéficos. É importante que o sistema de alarme funcione. Procure lidar com as causas em vez de eliminar sintomas. Pare e reserve tempo. Sinta em seu corpo os possíveis sintomas (tensão, dor, doença...) . E sente seus sentimentos (angustia, irritação, culpa, raiva...) de forma consciente. Descanse, cuide de seu corpo, respeite-­‐o. A exigência para resolver rapidamente problemas complexos, os torna crônicos. Desenvolva uma atitude mais humilde. Reflita sobre seus estressores internos, empecilhos: hábitos emocionais negativos, rigidez, censura, perfeccionismo, mania de grandeza, inveja, egoísmo... Tenha tolerância com seus empecilhos, não tente mudá-­‐los, mas treine novos hábitos de agir. Crie uma visão sobre o ideal (utopia) para ter uma direção clara e, assim, não agir como um "bombeiro". Planeje as medidas práticas. Aceite e se adapte ao que você não pode mudar. Informe o seu coordenador formalmente sobre a sua situação. 8 Resumo Uma maneira de prevenir o stress é introduzir gradativamente no coletivo uma abordagem que coloca o foco na valorização humana e no fortalecimento do bem em todos os membros do coletivo: Desaprenda gradativamente as rotinas repressoras de formação e motivação (veja a lista na introdução). Conscientize-­‐se sobre a total liberdade para sentir e a liberdade limitada para agir, a liberdade é sinônimo para responsabilidade. Desenvolva aceitação e respeito pelo modo de sentir dos outros e o seu. Desenvolva o hábito de reforçar a consciência das riquezas humanas. Desenvolva a compreensão sobre os nossos empecilhos internos. Introduza a percepção de que somos todos espelhos internos uns dos outros. Conscientize-­‐se de que tudo o que eu faço ao outro, eu faço dentro de mim, a mim mesmo. Conscientize-­‐se de que injustiça e maldade são curados apenas com justiça e amor. Desenvolva uma estrutura social em que todos participam mais e mais na discussão e tomada de decisões sobre assuntos importantes para promover a responsabilidade coletiva e a solidariedade. Assim as ações destrutivas são prevenidas e impedidas pela responsabilidade coletiva. A cooperação e motivação é baseada na alegria, no amor, na curiosidade e solidariedade. Esta abordagem, método conscientia, é desenvolvida há mais de 20 anos de trabalho coletivo com trabalhadores, educadores e coordenadores dos coletivos dos assentamentos da Reforma Agrária do Brasil -­‐ MST, e dos educadores da Suécia e Finlândia. O método é descrito com vários textos e apostilas disponíveis em site www.conscientia.se. Foi publicado um livro em finlandês e sueco, a versão brasileira será publicada em futuro próximo. MST/Grupo de Estudo de Relações Humanas e Cooperação GRHC e Instituto Conscientia oferece formação e acompanhamento sobre o tema relações humanas e cooperação – valorização humana e social. Paulo Freire: Oprimido se torna opressor. Oprimindo o outro o ser humano está oprimindo a si mesmo. Albert Einstein: Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará, assim, uma máquina utilizável, não um ser humano. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que é belo, do que é eticamente correto. Che Guevara: Vamos ser realistas e tentar o impossível. 27.08.2015, www.mst.org.br, www.conscientia.se, [email protected] 9 RELAÇÕES HUMANAS E COOPERAÇÃO -­‐ MÉTODO CONSCIENTIA ANEXO Pensamentos básicos sobre o ser humano Temos liberdade de sentir e pensar, e liberdade limitada de agir. Liberdade implica em responsabilidade e responsabilidade requer liberdade. Liberdade e responsabilidade são sinônimos. Somos responsáveis pelo nosso modo de sentir, sendo assim devemos respeitar o modo de sentir de cada um. O modo de sentir (alegria, amor, medo, raiva...) influencia nossas atividades fisiológicas. Tudo que vejo no outro, existe também em mim de alguma maneira. Todo ser humano tem todos os aspectos humanos. Sua alegria desperta a consciência da alegria em mim. Ou também, ao contrário, sua alegria desperta a consciência da minha tristeza. Metáfora Símbolo Aquilo que faço para o outro, faço dentro de mim, comigo mesmo. O meu modo de agir revela o meu modo de sentir. Quando faço bem/mal para o outro, estou fazendo bem/mal para mim mesmo. Sou consciente, então existo. A consciência é o fator mais essencial da existência. O ser humano é a sua consciência. Sentir é uma parte essencial de conscientização. Reprimir consciência implica em reprimir o próprio ser. O mal pode ser curado somente com o bem. O mal não pode ser curado por outro mal. O amor é o sentimento básico da vida. Como me trato, trato os outros. Igualdade implica na responsabilidade coletiva. O que requer democracia direta. Democracia participativa na economia e na política significa o poder do povo. Igualdade é poder do povo. Eu sou capitão de meu próprio barco. Nós somos espelhos internos entre nós. A consciência é a nossa bussola. O mal pode ser curado somente pelo bem. RIQUEZAS HUMANAS; todo ser humano tem todas EMPECILHOS; causados principalmente pela as riquezas humanas . repressão da sociedade (sistemas de poder) 1 Capacidade de percepção (ver, escutar, sentir, 1 Hábitos negativos emocionais: alimentar cheirar, saborear) interesse para conhecer, saber... cronicamente angústia, tristeza, medo, raiva, 2 Capacidade de lembrar-­‐se, captar o passado descontentamento, culpa, vergonha... 3 Intuição, “o sexto” sentido 2 Atitude de censura (rejeição da 4 Amor, responsabilidade, humildade, felicidade, consciência): ficar com medo, irritação ou gratidão, entusiasmo... raiva quando percebe suas falhas, defender-­‐
5 Sentido metafísico, espiritualidade se, culpar-­‐se, moralizar, condenar... 6 Coragem, iniciativa, persistência... 3 Idealização (perfeccionismo, narcisismo, 7 Criatividade, capacidade de visualizar mania de grandeza): exigir de si próprio e de 8 Bom senso, capacidade de avaliação outros de modo exagerado e rígido, achar-­‐se 9 Honestidade, senso ético, senso de justiça... no centro do poder e das atenções 10 Senso estético para contemplar a beleza 4 Inveja, maldade: in-­‐ver = não querer ver o 11 Autodisciplina para controlar seus impulsos bem, concentrar-­‐se no negativo, sentir, 12 Aptidões especiais, musica, matemática... pensar e agir de modo destrutivo, agressivo 13 Capacidade de aprender, acumular informações 5 Todos estes empecilhos são sintomas de 14 Capacidades físicas, beleza, forca... egocentrismo. mst.org.br, conscientia.se, [email protected] 27.08.2015 10 
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