ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Abordagens conceituais No Brasil a Assistência Farmacêutica (AF) e a Política Nacional de medicamentos (PNM) é um direito adquirido. A saúde de uma população não depende apenas dos serviços de saúde e do uso dos medicamentos, entretanto, é inegável sua contribuição e a importância do medicamento no cuidado à saúde. A Assistência Farmacêutica, através de atividades como aquisição, distribuição e prescrição de medicamentos, torna-se um dos determinantes do acesso da população a medicamentos essenciais (MINISTÉRIO DA SAÚDE e CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2005; NAVES & SILVER, 2005,). A Assistência Farmacêutica, como política pública, teve início em 1971 com a instituição da Central de Medicamentos (Ceme), que tinha como missão o fornecimento de medicamentos à população sem condições econômicas para adquiri-los (BRASIL, 1971) e se caracterizava por manter uma política centralizada de aquisição e de distribuição de medicamentos. Em 1990 foi promulgada a Lei Orgânica da Saúde (Lei n°8080) em seu art. 6o menciona que está incluída a assistência farmacêutica como uma das responsabilidades do SUS, bem como a formulação de política de medicamentos (BRASIL, 1990a). Sendo, portanto, a Assistência Farmacêutica parte integrante do Sistema de Saúde e um dos componentes fundamentais para a efetiva implementação das ações de promoção e melhoria das condições da assistência à saúde da população, em 1998 ocorre o estabelecimento oficial pelo Ministério da Saúde da Política Nacional de Medicamentos parte essencial da Política Nacional de Saúde estando claro na Portaria GM Nº 3.916/98 do Ministério da Saúde e que fortalece os princípios e diretrizes do SUS. A Política Nacional de Medicamentos (PNM) é um instrumento de orientações técnicas que passou a orientar as ações no campo da política de Medicamentos no país e de contribuir para a qualificação das ações da Assistência Farmacêutica nos estados e municípios, e segundo Brasil, (1998), a Política Nacional de Medicamentos tem como propósito garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais. O documento de PNM (Política Nacional de Medicamentos) define assistência farmacêutica como: "O grupo de atividades relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e o controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos" ( Brasil, 1998; MS, 1999). O Ministério da Saúde define Assistência Farmacêutica como: Conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, tendo os medicamentos como insumos essenciais e visando à viabilização do acesso aos mesmos, assim como de seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. CICLO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA O ciclo da Assistência Farmacêutica abrange a seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação de medicamentos, além do acompanhamento, da avaliação e da supervisão das ações e também existe a necessidade da atenção farmacêutica ou o cuidado com a farmacoterapia do paciente, onde se verifica o uso racional de medicamento, o não desperdício de medicamentos e produtos para a saúde (correlatos), propiciando educação em saúde evitando a automedicação ,etc. Seleção de medicamentos: A seleção de medicamentos é considerada o eixo do Ciclo da Assistência Farmacêutica (MARIN et al. 2003). Todo o processo posterior será baseado na seleção dos medicamentos selecionados para serem usados em todos os níveis de atenção. Programação de medicamentos Atividade que tem como objetivo garantir a disponibilidade dos medicamentos previamente selecionados nas quantidades adequadas e no tempo oportuno para atender as necessidades da população (MARIN et al., 2003). A programação deve ser ascendente, levando em conta as necessidades locais de cada serviço de saúde. Aquisição de medicamentos Conjunto de atividades articuladas, necessárias ao abastecimento de medicamentos em quantidades e qualidade para realizar uma terapêutica racional. Armazenamento e distribuição de medicamentos O armazenamento é caracterizado por um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que envolvem as atividades de recebimento, estocagem, segurança e conservação dos medicamentos, bem como o controle de estoque. Distribuição: Atividade que consiste no suprimento de medicamentos às unidades de saúde, em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para posterior dispensação à população usuária.” (Brasil, 2001) Prescrição e Dispensação: Esse capítulo merece atenção especial em virtude da complexidade do assunto. Inicialmente é necessário destacar que não basta termos um produto de qualidade, uma correta seleção e uma correta aquisição. Se não for garantida uma correta prescrição, bem como uma dispensação de qualidade, o processo será interrompido, o que pode acarretar na continuidade do problema ao invés de sua solução. A Assistência Farmacêutica não se encerra na dispensação. Buscamos apresentar uma série de ações que podem e devem ser acompanhadas pelo controle social, através do acompanhamento das atividades desenvolvidas neste contexto, mas também propondo políticas que garantam o direito do usuário a uma assistência farmacêutica de qualidade. Importante lembrar que existem ações que devem ser desenvolvidas após a dispensação do medicamento, como por exemplo, o acompanhamento do paciente de forma a garantir uma correta adesão ao tratamento. Também podemos citar ações para o descarte de medicamentos, ou seja, a maneira correta de se desfazer de medicamentos que, por algum motivo, não foram utilizados.