FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL RESISTÊNCIA GENÉTICA DE UMA COLEÇÃO NUCLEAR E ADUBAÇÃO COM SILÍCIO ASSOCIADO AO NITROGÊNIO NO MANEJO DE DOENÇAS DO ARROZ NO SUL DO ESTADO TOCANTINS Manoel Delintro de Castro Neto GURUPI-TO 2009 Trabalho realizado junto ao Mestrado em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins, sob orientação do Professor Gil Rodrigues dos Santos. Banca examinadora: Gil Rodrigues dos Santos, Dr Professor de Fitopatologia Universidade Federal do Tocantins Renato de Almeida Sarmento, Dr Professor de Entomologia Universidade Federal do Tocantins Aurélio Vaz de Melo, Dr Pesquisador PNPD-CAPES Rodrigo Ribeiro Fidelis, Dr Professor de Melhoramento de Plantas Universidade Federal do Tocantins FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL RESISTÊNCIA GENÉTICA DE UMA COLEÇÃO NUCLEAR E ADUBAÇÃO COM SILÍCIO ASSOCIADO AO NITROGÊNIO NO MANEJO DE DOENÇAS DO ARROZ NO SUL DO ESTADO TOCANTINS MANOEL DELINTRO DE CASTRO NETO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação da Universidade Federal do Tocantins - UFT, no dia 18 de junho de 2009, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal - Área de Concentração em Fitopatologia. GURUPI - TO 2009 Ao meu pai Otaviano de Castro Primo (in memorian) e a minha mãe Ana Pereira de Castro, pessoas humildes que diante de todos os obstáculos, mostraram-se dignos e firmes nas suas decisões, mas tendo sempre uma palavra de carinho e conforto, DEDICO AGRADECIMENTOS À Universidade Federal do Tocantins, pela oportunidade de realização do curso. A minha mãe e meus irmãos que sempre me apoiaram nas dificuldades, e me motivaram a vencer todos os obstáculos, que aconteceram durante o curso. Ao meu pai, que mesmo na ausência física, mas presente espiritualmente deixou ensinamentos importantes para minha vida. Ao professor Gil Rodrigues dos Santos, que além de orientador na pesquisa, demonstrou ser uma pessoa digna e sincera. A todos os colegas do grupo de pesquisa em especial a Maira, Cleberson e Marcio Ootani, que durante todo o curso me ajudaram. A todos os professores do curso do mestrado em produção vegetal da UFT especialmente agradeço a Saulo, Rodrigo, Eduardo, Tarcisio e Suzana, pelos ensinamentos. Aos Funcionários da Universidade Federal do Tocantins, que me proporcionaram conhecimentos, amizades e alegrias. Aos funcionários da extensão da EMBRAPA ARROZ & FEIJÃO em especial ao Wagner e Cleiciomar no Projeto Formoso, pelo apoio e suporte na condução dos experimentos. ÍNDICE RESUMO DA DISSERTAÇÃO........................................................................................... 01 THESIS ABSTRACT.......................................................................................................... 04 INTRODUÇÃO GERAL...................................................................................................... 06 Principais doenças do arroz............................................................................................ 07 Brusone............................................................................................................................. 08 Mancha parda....................................................................................................................11 Escaldadura das folhas....................................................................................................14 Manchas dos grãos.......................................................................................................... 16 Estratégias de manejo......................................................................................................17 Cultivares resistentes...................................................................................................... 18 Adubação nitrogenada..................................................................................................... 19 Adubação silicatada......................................................................................................... 19 Coleção nuclear................................................................................................................ 22 Literatura Citada............................................................................................................... 23 CAPÍTULO I - AVALIAÇÃO DE CARACTERES AGRONÔMICOS E DE RESISTÊNCIAS ÀS PRINCIPAIS DOENÇAS DE UMA COLEÇÃO NUCLEAR DE ARROZ DE TERRAS ALTAS NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS........................................................................... 32 RESUMO............................................................................................................................ 33 ABSTRACT........................................................................................................................ 34 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 35 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................36 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 39 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 48 LITERATURA CITADA...................................................................................................... 48 CAPÍTULO II - DOSES DE SILÍCIO ASSOCIADO AO NITROGÊNIO NO MANEJO DE DOENÇAS E NA PRODUTIVIDADE DO ARROZ IRRIGADO.......................................... 51 RESUMO............................................................................................................................ 52 ABSTRACT........................................................................................................................ 53 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 54 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................56 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 57 CONCLUSÃO.....................................................................................................................63 LITERATURA CITADA...................................................................................................... 63 LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO I Figura 1. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: Precipitação pluviométrica em mm (PPT), Temperatura máxima em ºC (Tmax), Temperatura mínima em ºC (Tmin) e Umidade relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2007 a abril de 2008.................................................................................................................................... 43 CAPÍTULO II Figura 1. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: Precipitação pluviométrica em mm (PPT), Temperatura máxima em ºC (Tmax), Temperatura mínima em ºC (Tmin) e Umidade Relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2006 a abril de 2007............................................................................................................................... 59 Figura 2. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: Precipitação Pluviométrica em mm (PPT), Temperatura máxima em ºC (Tmax), Temperatura mínima em ºC (Tmin) e Umidade Relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2008 a abril de 2009............................................................................................................................... 61 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO I Tabela 1. Identificação de genótipos de arroz de terras altas constituintes do Banco de Germoplasma (B.G) da coleção nuclear da EMBRAPA arroz e feijão............................... 37 Tabela 2. Resumo da análise de variância de Brusone na folha (BF), Mancha Parda (MP), Escaldadura (ESCAL), mancha dos grãos (MG), Brusone na panícula (BP) e produtividade em kg ha-1 (PROD)............................................................................................................ 40 Tabela 3. . Médias do número de dias para o florescimento (NDF), altura das plantas (AP) brusone na folha (BF), escaldadura (ESCAL), mancha Parda (MP), mancha dos grãos (MG), brusone na panícula (BP) e produtividade (PROD) em kg ha-1 na safra 2007/2008 em Formoso do Araguaia-TO................................................................................................... 41 Tabela 4 Grupos com padrões de comportamentos similares pelo Método de Tocher, com base na severidade Brusone Foliar, Escaldadura, Mancha Parda das folhas, Mancha dos grãos, incidência de Brusone nas panículas e Produtividade em 90 genótipos de arroz de Terras altas, utilizando-se a Distância Generalizada de Mahalanobis (Dii2).......................46 Tabela 5. Contribuição relativa percentual dos caracteres para divergência (Dii2), analisando com base no critério de Singh (1981), em arroz de terras altas......................................... 47 CAPÍTULO II Tabela1. Resumo da análise de variância de incidência de brusone nas panículas e produtividade do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia-TO, safra 2006/2007.........................................................................................................................57 Tabela 2. Valores médios da incidência de brusone nas panículas e produtividade (kg.ha-1) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia-TO, safra 2006/2007........................................................................................................................... 58 Tabela 3 Resumo da análise de variância de severidade de brusone nas folhas (BF) e mancha parda (MP), incidência de brusone nas panículas (BP) e produtividade (PROD) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia- TO, Safra 2008/2009...... 60 Tabela 4. Valores médios da severidade de brusone nas folhas e mancha parda em arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia- TO, safra 2008/2009................. 60 Tabela 5. Valores médios da incidência de brusone nas panículas e produtividade (kg.ha-1) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia-TO, safra 2008/2009........................................................................................................................... 62 RESUMO DA DISSERTAÇÃO Dentre os fatores que limitam a produtividade do arroz, as doenças têm posição de destaque em todo mundo. Inúmeras variedades resistentes vêm sendo criadas pelos mais diversos centros de pesquisas ao redor do mundo. No entanto, a vida útil das mesmas tem sido apenas de dois a três anos, já que novas raças dos patógenos quebram rapidamente a resistência. Isso acontece principalmente devido a alta pressão de doenças verificadas nas regiões produtoras e ao monocultivo. No Tocantins, as doenças mais importantes são: brusone (Pyricularia grisea), mancha parda (Bipolaris oryzae), escaldadura das folhas (Monographella albescens) e mancha dos grãos (Bipolaris, Rhynchosporium, Alternaria, Nigrospora, Pyricularia e Phoma). Estas doenças causam grandes prejuízos na produtividade e qualidade dos grãos. O estado nutricional da lavoura também afeta, de forma significativa, a resistência da planta ao ataque dos patógenos. Apesar da resistência da planta ser determinada geneticamente, o meio ambiente pode alterá-la. A nutrição mineral e a virulência dos fitopatógenos estão entre os fatores que mais afetam a resistência e/ou suscetibilidades das plantas às doenças. A deficiência ou o excesso de nutrientes e o desequilíbrio entre eles altera, de maneira expressiva, a suscetibilidade das plantas às doenças, podendo causar redução na produtividade. Certos patógenos atacam severamente plantas subnutridas, enquanto que outros preferem plantas vigorosas. De modo geral, teores elevados de nitrogênio tendem a aumentar a suscetibilidade. Diversos pesquisadores têm observado efeito positivo na utilização de silício na agricultura, especialmente nas gramíneas, principalmente sobre o controle de doenças. Pesquisas mais recentes realizadas em solos orgânicos no Sul da Flórida demonstraram que a adubação com Si reduziu a incidência da brusone em 17 a 31% e de mancha parda de 15 a 32% em relação ao tratamento que não recebeu. Considerando que existem vários fatores que influenciam a produtividade do arroz no Tocantins e que as doenças têm posição de destaque, estudou-se neste trabalho o manejo integrado de doenças do arroz por meio de resistência genética e da adubação com silício associado ao nitrogênio. O trabalho foi constituído de dois capítulos: No capítulo I, estudou-se uma coleção de germoplasma de arroz de terras altas quanto aos caracteres agronômicos e de resistência às principais doenças no Sul do estado do Tocantins. O ensaio foi instalado em condições de terras altas no Município de Formoso do Araguaia. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos 1 casualizados, com noventa tratamentos (genótipos) e três repetições. Entre as características agronômicas avaliou-se: a floração média, altura das plantas e a produtividade. Também foram avaliadas as principais doenças representadas pela brusone foliar e de panículas, mancha-parda, escaldadura das folhas e manchas dos grãos. De acordo com a análise dos quadrados médios houve diferença estatística significativa para todas as características estudadas. Este fato indicou que existe variabilidade genética entre genótipos estudados. A altura de plantas variou de 0,78 m a 1,48 m e o ciclo médio de floração de 68 a 145 dias. Os resultados obtidos pelo teste de agrupamento de médias de Scott-Knott indicaram que existe alta variabilidade na produtividade e na resistência às doenças. Nenhum dos genótipos apresentou imunidade a essas doenças. Com relação à análise de Grupos com padrões de comportamentos similares pelo Método de Tocher, com base na severidade ou incidência das doenças e produtividade de 90 genótipos de arroz de Terras altas, utilizando-se a Distância Generalizada de Mahalanobis, verificou-se a formação de 10 grupos onde foram alocados os genótipos com caracteres distintos. As variáveis que mais contribuíram para a diversidade genética foram a produtividade (51,96%), incidência de brusone nas panículas (25,46%), severidade de brusone nas folhas (9,33%) e a mancha de grãos (7,09%). Estes resultados indicam a existência de variabilidade genética significativa para estes caracteres nos genótipos. As variáveis que menos contribuíram para a divergência genética encontrada foram a severidade de escaldadura das folhas (2,17%) e a mancha parda (3,97%). No capítulo II, estudou-se a influência de diferentes doses de silício associado a doses de nitrogênio na incidência de brusone das panículas e das folhas, mancha parda e produtividade do arroz irrigado. Os ensaios foram conduzidos nos anos agrícolas 2007/2008 (ensaio1) e 2008/2009 (ensaio 2), adotando-se a mesma metodologia de instalação na área experimental do Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Tocantins, no Município de Formoso do Araguaia, Tocantins. Foi utilizada a Cultivar Epagri 109 devido ser bastante cultivada na região por apresentar boa produtividade e qualidade de grãos, porém é suscetível à maioria das doenças. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial de 5 x 2, sendo o fator a=doses de silicato e o fator b=doses de nitrogênio. A fonte de silício utilizada foi representada pelo silicato de cálcio e magnésio (Agrosilício), em pó. Foram avaliadas as seguintes doses de Silicato: 1 - testemunha, sem aplicação de silicato; 2 - 1000 kg ha-1 de Silicato de Ca e Mg; 3 -2000 kg; 4 - 4000 kg; 5 2 6000 kg. Como fonte de nitrogênio foi utilizada a Uréia, com 45% N. As doses de N utilizadas em cobertura foram as seguintes: 1- 45 kg ha-1 de N; 2- 90 kg. No ensaio 1, verificou-se que o aumento das doses se Silício diminuiu significativamente a incidência de brusone nas panículas e aumentou a produtividade. A maior incidência de brusone nas panículas foi verificada na testemunha, onde não foi aplicado silício; menores níveis de incidência com maiores níveis de produtividade foram encontrados nas doses de 6000 e 4000 kg de silício. Menor incidência de brusone das panículas foi obtida nas maiores doses de silício associados a dose de 45 kg de N. No ensaio 2, os resultados foram semelhantes e observou-se que a medida que se aumentou a dose de silício diminuiu a incidência de brusone das folhas, mancha parda, brusone das panículas e resultou no aumento da produtividade do arroz. Maiores índices de severidade e incidência ocorreram na dose de 90 kg de N respectivamente para a brusone das folhas e da panícula, porém a dose de N não afetou a severidade de mancha parda. Maior produtividade foi conseguida na dose de 4000 kg de silício. 3 THESIS ABSTRACT Among the factors that decrease rice yielding, diseases have a important position in all parts of the world. Although the resistance period varied from two to three years, some resistant varieties have been made by several research centers around the world. The new pathogen races quickly broke the resistance. This occurs because of the high diseases pressure present in the cropping areas and the monoculture, as well. In the Tocantins State, the more important diseases are: blast (Pyricularia grisea), brown spot (Bipolaris oryzae), leaf scald (Monographella albescens) and grain spot (Bipolaris, Rhynchosporium, Alternaria, Nigrospora, Pyricularia e Phoma). These diseases cause a high damage on the yielding and grain quality. The nutritional plant aspect significantly affects the plant resistance to pathogens attack. Although the plant resistance to be genetically determined, the environment can be modified. The mineral nutrition and the pathogenicity are among the factors that more affect the resistance and/or plant susceptibility to diseases. The nutrients deficiency or excess and the disequilibrium among themselves modify the status of the plant susceptibility to diseases and can be a cause of the yielding decrease. Some pathogens attack severely the weak plants when others prefer strong plants. Usually, high nitrogen rates are liable to increase susceptibility. Many searchers have observed the positive effect in the silicon use in the crops, especially in diseases control in grasses. Nowadays, research made in the organic soils in the South of Florida showed that the Si-fertilization decrease the blast incidence from 17 to 31% and the brown spot from 15 to 32% in relation to treatment without Si. Because there are many factors that have influenced the rice productivity at the Tocantins State and the diseases have important position, the author studied the rice diseases management by means of genetic resistance and Si-fertilization associated with nitrogen. The work was divided in two chapters: In the Chapter I, a germplasm collection of the upland rice was studied on its agronomic characters and diseases resistance at South of Tocantins State. The experiment was carried out in the upland environmental at Municipality of “Formoso do Araguaia”. The experimental design was completely randomized blocks with ninety treatments (genotypes) and three replicates. The agronomic characters evaluated consisted of the average of blossom days, plants weight and yielding. The main diseases (leaf blast, panicle blast, brown spot, leaf scald and grain spot) were evaluated, as well. The Mean Square showed significantly differed for all studied characters. This fact shows 4 that there is genetic variability in the studied genotypes. The plant weight varied from 0.78 m to 1.48 m and average of blossom days from 68 to 145 days. The results obtained with the test Scott-Knott showed that the high variability exist in the yielding and diseases resistance. None genotypes presented immunity in the evaluated diseases. Cluster analyze (Tocher Method based on Mahalanobis distance), on yield and severity or incidence of diseases of the 90 genotypes, showed that the arrangement of 10 groups of the genotypes with distinct characters. The variables that contributed to genetic diversity were yield (51.96%), panicle blast incidence (25.46%), leaf blast severity (9.33%) and grain spot severity (7.09%). Results showed that the genotypes presented a significant genetic variability in such characters. The variables that lesser contributed to the genetic divergence were the severity of leaf scald (2.17%) and brown spot (3.97%). In the Chapter II, the work aimed to study the influence of different Si and N-rates on the incidence of panicle and leaf blast, brown spot and yielding of irrigated rice. The experiments were carried out in 2007/2008 (Experiment 1) and in 2008/2009 (Experiment 2) crop year, both in the same management, at Experimental area of “Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Tocantins”, Municipality of “Formoso do Araguaia”, Tocantins State. The cultivar Epagri 109 was utilized because it is much cultivated in the region. This cultivar present good yield and grain quality as well as it is susceptible to several diseases. The experiments were performed in a completely randomized block design with four replicates, in a factorial design 5x2, respectively factor a=Si-rates and factor b=N-rates. The silicon source used was Calcium and Magnesium silicate (powder source). The silicate was applied at the following rates: 1- Si-without (control); 2- 1000 kg.ha-1; 3- 2000; 4- 4000; 5 -6000. The nitrogen source used was urea with 45% of N. The nitrogen was applied by casting at the following rates: 1- 45 kg.ha-1 of N; 2- 90. The 1st experiment results showed that according the Si-rates increase the panicle blast incidence decrease and the yield increase, both significantly. The control presented the higher incidence of panicle blast. In the 4000 and 6000 kg.ha -1 Si-rates, the lesser incidence of panicle blast and the higher yield were observed. The best results were obtained when the higher rates of Si were associated with 45 kg.ha -1 of N, when the incidence of panicle blast was lesser. The 2nd experiment showed same results in relation to 1st, when the increase of Si performed the decrease of leaf blast, brown spot, panicle blast and consequently increase the yield. The higher results of leaf blast severity and panicle blast incidence occurred at 90 kg.ha-1 of N. However, the N-rates did not affect brown spot severity. The higher yield was obtained with 4000 kg.ha -1 of Si. 5 INTRODUÇÃO GERAL O arroz (Oryza sativa L.) é uma planta hidrófila da família das gramíneas (Poaceae) pertencente ao gênero Oryza é constituída por várias espécies, sendo a mais conhecida a O. sativa. Nos tempos atuais, a cultura do arroz vem assumindo um papel fundamental na alimentação humana de várias regiões do mundo, sendo considerada a fonte de 20% das calorias e 13% das proteínas consumidas no mundo. É o segundo cereal mais cultivado no mundo e o principal alimento para mais da metade da população do Planeta (VAN NGUYEN & FERRERO, 2006). O arroz é cultivado em todos os continentes, exceto na Antártida, sendo que na safra 2007/2008, o Brasil foi o nono produtor mundial deste grão e primeiro na America latina (FAO, 2009a). A produção mundial de arroz deverá aumentar em 2008 cerca de 1,8%, atingindo 661,3 milhões de toneladas (FAO, 2009b). No cenário interno, a produção anual também seguiu a tendência mundial fechando o ano de 2008 com 12 milhões de toneladas (IBGE, 2009; FAO, 2009). No Brasil, o arroz é cultivado por grandes e pequenos produtores em todos os estados, abrangendo dois grandes ecossistemas: o de terras altas, onde está o sistema sem irrigação e com irrigação suplementar, e o ecossistema de várzeas, englobando o arroz irrigado por inundação controlado em várzeas sistematizadas ou em várzeas não sistematizadas (PRABHU & FILIPPI, 2006). Em termos de produtividade do arroz no Brasil, dentre os estados que se destacam como maiores produtores de estão o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins sendo que o Rio Grande do Sul responde por mais de 50% da produção nacional (CONAB, 2009). No Estado do Tocantins, na safra agrícola 2007/2008, foram cultivados cerca de 53 mil hectares de arroz irrigado, com rendimento médio de 4.481 kg.ha -1, enquanto que o arroz cultivado em terras altas teve área plantada de 107 mil hectares e a produtividade alcançou apenas 1.828 kg.ha-1 (CONAB, 2009). O Estado do Tocantins tem potencial para se tornar um dos maiores fornecedores de arroz do país, pois apresenta água em abundancia, solos sistematizados e adequados a produção de arroz irrigado bem como de terras altas (SEAGRO, 2009). Aliado aos fatores edafoclimáticos, o estado apresenta localização geográfica estratégica em relação às grandes capitais do Norte e Nordeste, juntamente com uma boa malha viária para escoamento da produção (IBGE, 2006). Dentre os fatores que limitam a produtividade do arroz as doenças têm posição de destaque em todo mundo. No Tocantins destaca-se a brusone, mancha-parda, mancha dos grãos e escaldadura das folhas devido aos grandes 6 prejuízos na produtividade e qualidade dos grãos (RANGEL et al., 1992). E apesar de estudos de melhoramento desenvolvido na região indicar boas perspectivas de seleção de genótipos superiores, atualmente todas as cultivares plantadas são suscetíveis em maior ou menor grau a essas doenças. A falta de opções em termos de cultivares constitui o principal problema que limita o cultivo do arroz irrigado no Estado do Tocantins (SANTOS et al., 2002). Nessas circunstâncias depara-se com o perigo da vulnerabilidade genética, devido ao plantio de uma única cultivar em extensas áreas, sujeita a maior pressão de doenças e pragas (RANGEL et al., 1994). Os fungicidas utilizados na parte aérea não têm controlado eficientemente essas moléstias, contribuindo para o encarecimento do processo de produção (Soave et al., 1984; Santos et al., 2003a). Na cultura do arroz, onde as pesquisas com doenças vem sendo realizadas de longas datas, pelos mais diversos centros de pesquisas ao redor do mundo, inúmeras variedades resistentes vem sendo criadas. Mas, a vida útil das mesmas tem sido apenas de dois a três anos, pois novas raças do patógeno surgem capazes de quebrar essa resistência (SANTOS et al., 2005). O estado nutricional da lavoura também afeta de forma significativa a resistência da planta ao ataque dos patógenos. Apesar da resistência da planta ser determinada geneticamente, o meio ambiente pode alterá-la. A nutrição mineral é um dos fatores que mais afeta a resistência e ou susceptibilidade das plantas às doenças bem como a virulência dos fitopatógenos (HUBER, 1994). A deficiência e/ou o excesso de um nutriente e o desequilíbrio entre eles altera de maneira expressiva a suscetibilidade das plantas às doenças e isto intensifica a redução na produtividade. Principais doenças do arroz Vários fatores podem afetar a lavoura de arroz, entre eles as doenças são motivos de grande preocupação para os produtores, pois diminuem a produtividade e afetam a qualidade dos grãos. O clima quente e úmido favorece o aumento da severidade das enfermidades. Atualmente, as doenças do arroz estão sendo manejadas através do uso de cultivares resistentes e fungicidas. No Estado do Tocantins, essa resistência não dura mais de dois anos após o lançamento. Isto acontece principalmente devido a alta pressão de doenças verificadas na região e ao monocultivo. Entre as principais doenças mais importantes no estado estão a brusone (Pyricularia grisea), mancha parda (Bipolaris 7 oryzae), escaldadura das folhas (Monographella albescens) e mancha dos grãos (Bipolaris, Rhynchosporium, Alternaria, Nigrospora, Pyricularia e Phoma). Brusone A Brusone é uma doença com ampla distribuição geográfica, sua ocorrência foi relatada em 70 países, ocorrendo praticamente em todas as regiões onde o arroz é cultivado (OU, 1985). Os primeiros relatos sobre a brusone no mundo foram por volta de 1.600 e foram feitos na China (BEDENDO, 1997). No Brasil, a primeira constatação da doença em arroz ocorreu em 1912 no Estado de São Paulo (PRABHU & FILIPPI, 2006). A brusone é uma doença causada pelo fungo Pyricularia grisea (Cooke) Saccardo [= Magnaporthe grisea (Hebert) Barr]. No Brasil, ocorre em todos os estados da federação, do Rio Grande do Sul ao Amazonas. Na região Nordeste e nos Estados do Pará e Amazonas, a incidência da brusone é baixa e de menor importância do que as outras doenças que ocorrem no arroz (BEDENDO & PRABHU, 2005). Como foi dito antes, existem dois ecossistemas de plantio do arroz no Brasil, ambos são afetados pela brusone. No entanto, os danos causados por esta enfermidade são variáveis, sendo maiores em arroz de terras altas, na região Centro Oeste brasileira, onde em situações mais drásticas, as perdas podem chegar até 100% (PRABHU et al., 1999). A brusone no arroz pode infectar as folhas, sementes, raque, nó basal e as panículas (BEDENDO & PRABHU, 2005). Essa doença pode manifestar-se em todas as fases de crescimento da planta, tanto no período vegetativo como no período reprodutivo. As fases mais críticas da doença ocorrem nas folhas entre 30 e 50 dias de idade. Após o período critico da fase vegetativa, por volta de 55 a 60 dias, há um aumento da resistência da planta, resultando na redução da severidade da brusone nas três folhas superior. Durante o período de enchimento dos grãos, a fase entre grão leitoso e pastoso (10 a 20 dias após a emissão de panículas) é a fase mais suscetível à brusone (BEDENDO & PRABHU, 2005). Nas folhas iniciam-se com a formação de pequenos pontos de coloração castanha, que evoluem para manchas elípticas, com extremidades agudas, as quais, quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1-2 mm de comprimento por 0,3-0,5 mm de largura. Estas manchas crescem no sentido das nervuras e às vezes circundadas por um halo amarelado (BEDENDO & PRABHU, 2005). O centro é constituído por tecido necrosado sobre o qual são encontradas as estruturas reprodutivas do patógeno. A dimensão do bordo está diretamente relacionada com a resistência da 8 variedade e com as condições climáticas, sendo estreita ou inexistente em variedades muito suscetíveis. As manchas individualizadas podem coalescer e tomar áreas significativas do limbo foliar; neste caso, aparecem grandes lesões necróticas, que se estendem no sentido das nervuras. A redução da área foliar fotossintetizante tem um reflexo direto sobre a produção de grãos. Quando a doença ocorre severamente nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, o impacto é tão grande que a queima das folhas acaba por levar a planta à morte (PRABHU & FILIPPI, 2006). Nos colmos, mais precisamente na região dos entrenós, os sintomas evidenciam-se na forma de manchas elípticas escuras, com centro cinza e bordos marrons avermelhados. As manchas crescem no sentido do comprimento do colmo, podendo atingir grandes proporções. As lesões provocam ruptura do tecido da região nodal, causando a morte das partes situadas acima deste ponto e a quebra do colmo, que, no entanto, permanece ligado à planta (FILIPPI et al., 1999). Nas panículas, a doença pode atingir a raque, as ramificações e o nó basal. As manchas encontradas na raque e nas ramificações são marrons e normalmente não apresentam forma definida, os grãos originados destas ramificações são chochos. Segundo Prabhu & Bedendo (1990) a infecção do nó da base da panícula é mais conhecida como brusone das panículas ou do pescoço. O sintoma se expressa na forma de uma lesão marrom que circunda a região nodal, provocando um estrangulamento da mesma. Quando as panículas são atacadas imediatamente após a emissão até a fase de aparecimento de grãos leitosos, a doença pode provocar o chochamento total dos grãos; as panículas se apresentam esbranquiçadas e eriçadas, sendo facilmente identificadas no campo. Quando as panículas são infectadas mais tardiamente, ocorre redução no peso dos grãos ou a quebra da panícula na região afetada, caracterizando o sintoma conhecido por "pescoço quebrado". Os grãos, quando atacados, apresentam manchas marrons localizadas nas glumas e glumelas, as quais são facilmente confundidas com manchas causadas por outros fungos. Além da infecção externa, o patógeno pode atingir o embrião, sendo veiculado também internamente à semente (SUN et al., 1986; BASTIAANS et al., 1994; DARIO et al., 2005). Efeito indireto da brusone das panículas na produtividade é causado pelas reduções das taxas de fotossíntese e respiração (SUN et al., 1986; BASTIAANS et al., 1994). As perdas na produtividade de grãos em decorrência desta doença em condições de campo variaram de 15% a 38% e de 37% a 44% nas cultivares precoces e de ciclo tardio, respectivamente (PRABHU et al., 1986). Para cada 1% no aumento da severidade 9 da brusone, ocorre a redução média de 2,7% e 1,5% nas cultivares de ciclo precoce e tardio, respectivamente (PRABHU et al., 1989). Estudos mais recentes realizados por Prabhu et al., (2003) mostrou que a massa de grãos diminuiu à taxa de -0,02 para cada 1% de aumento da brusone. No mesmo trabalho as perdas estimadas na massa de grãos com alto nível de brusone nas panículas foi de 47,8%. A perda na massa de grão, quando a brusone no pescoço da panícula iniciou no estádio de grão leitoso, foi de 38%, diminuindo para 5% quando a brusone iniciou na maturação completa (PRABHU et al., 2003). A falta de opções em termos de cultivares constitui o principal problema que limita o cultivo do arroz irrigado no Estado do Tocantins (SANTOS et al., 2002). Nessas circunstâncias depara-se com o perigo da vulnerabilidade genética, devido ao plantio de uma única cultivar em extensas áreas, sujeita a maior pressão de doenças e pragas (RANGEL et al., 1994). Com a disseminação de uso de variedades resistentes plantadas em monocultivos em grandes áreas, a pressão de seleção sobre as populações dos microrganismos fitopatogênicos aumenta substancialmente. Após alguns anos de cultivo de uma mesma variedade resistente, a elevada pressão de seleção sobre o patógeno pode causar a quebra da resistência por causa do surgimento de uma nova raça fisiológica, virulenta para a variedade em cultivo (RANGEL, 2006). As formas mais utilizadas para o controle da brusone tem sido a utilização de fungicidas e de variedades resistentes, sendo que a última opção é considerada a mais barata e ambientalmente favorável. Os fungicidas utilizados na parte aérea não têm controlado eficientemente essas moléstias, contribuindo no encarecimento do processo de produção (SOAVE et al., 1984; SANTOS et al., 2003c). Na cultura do arroz, onde as pesquisas com doenças vem sendo realizadas de longas datas pelos mais diversos centros de pesquisas ao redor do mundo, inúmeras variedades resistentes vem sendo criadas. Mas, a vida útil das mesmas tem sido apenas de dois a três anos, pois novas raças do patógeno surgem capazes de quebrar essa resistência (SANTOS et al., 2005). Nos últimos trinta anos, a adoção das cultivares modernas de arroz irrigado proporcionou aumento anual na produção de 2,4% e elevou a produtividade em 71% (KHUSH & VIRK, 2002). Embora neste mesmo período tenha aumentado o uso de variedades tradicionais no melhoramento, a maioria das cultivares modernas mais plantadas possui a mesma base genética (MONTALBAN et al., 1998). O que provavelmente vem contribuído na instabilidade da resistência a várias doenças e aumenta o risco da ocorrência de epidemias. 10 O estado nutricional da lavoura afeta de forma significativa a resistência da planta ao ataque dos patógenos. Trabalhos realizados por Fageria et al. (1997) envolvendo doses e época de aplicação de nitrogênio (N), revelou que doses elevadas além de reduzir a produção resultou em aumento da incidência de brusone. A influência do N sobre a brusone varia de acordo com a quantidade, a forma disponível e a suscetibilidade da planta (HUBER & WATSON, 1974). O uso de altas doses de N aplicadas no sulco de plantio aumenta significativamente a severidade de brusone quando comparado com N parcelado (SANTOS et al.,1986). Segundo Marschner (1986), a alta concentração de nitrogênio reduz a produção de compostos fenólicos (fungistáticos) e de lignina nas folhas, diminuindo a resistência aos patógenos. O nitrogênio também aumenta a concentração de aminoácidos e de amidas no apoplasto e na superfície foliar que aparentemente têm maior influência que os açúcares na germinação dos conídios, favorecendo, pois, o desenvolvimento das doenças fúngicas. As condições climáticas também podem influenciar o desenvolvimento do patógeno na planta. A ocorrência do molhamento das folhas pelas chuvas ou pela deposição de orvalho, está entre as mais importantes. No Brasil Central, alta severidade de brusone é favorecida por oscilações de temperatura do dia e noite, resultando em períodos prolongados de orvalho (BEDENDO & PRABHU, 2005). Estes autores também ressalvam que temperatura entre 20º e 25º C, associado à umidade relativa do ar acima de 93% favorece o desenvolvimento da brusone. Mancha parda A mancha parda é a segunda doença, em termos de prejuízos, que infecta a planta do arroz no Brasil e na maioria dos países produtores deste cereal é apenas superada pela brusone (PRABHU & FILIPPI, 1997). A mancha parda é encontrada em todas as regiões orizícolas do mundo, desde as zonas tropicais e sub-tropicais até as temperadas, mas possui maior importância nas regiões tropicais (Ou, 1985). Em termos de danos, a doença carrega o estigma de ter causado a famosa “Fome de Bengala”, em 1942. Embora a doença tenha evidenciado seu potencial destrutivo naquela ocasião, seus danos, normalmente, não são tão drásticos. Apesar disto, chegam a ser significativo em função da suscetibilidade da variedade e da ocorrência de condições ambientais favoráveis (BEDENDO & PRABHU, 2005). Seus danos muitas vezes são subestimados, porque os sintomas foliares dessa doença podem ser 11 confundidos com os da brusone (ZANÃO JUNIOR, 2007). A quantificação das perdas quando a infecção ocorre nos grãos é difícil, uma vez que um complexo de fungos pode estar associado à mancha-dos-graos (OU, 1985; MALAVOLTA, 1999; MEW & GONZÁLES, 2002). A infecção severa pode causar redução na germinação das sementes, queima ou morte das plântulas originadas de sementes infectadas (MEW & GONZÁLES, 2002). Quando o fungo incide na folha bandeira e panículas, reduz a produtividade (PRABHU & VIEIRA, 1989). Nas panículas, além da redução na produtividade, a qualidade dos grãos também é afetada. Malavolta (1999) verificou a diminuição da produção (peso e número de grãos) devido à infecção do fungo nas panículas. Prabhu et al. (1980), avaliaram estimativas de perdas no estado do Pará e encontraram perdas variando entre 18 a 82% no número e grãos cheios por panículas e de 12 a 30% no peso dos grãos. No estado do Tocantins, Santos et al., (1994) constataram alta incidência de mancha-parda, ocasionando prejuízos na qualidade dos graos da cultivar Metica-1. A mancha parda é causada pelo fungo mitospórico Bipolaris oryzae (Bredade Haan) Shoem. [syn. Drechslera oryzae (Breda de Haan) subr. & jain e Helminthosporium oryzae (Breda de Haan)]. Sua forma sexuada ainda não encontrada no Brasil é um Ascomycota denominado Cochiliobolus miyabeanus (S.Ito & Kurib.) Drescsler ex Dastur (OU, 1985; WEBSTER & GUNNEL, 1992). Os sintomas causados pelos três fungos são muito parecidos. A diferenciação dos gêneros Bipolaris, Drechslera e Helminthosporium se dá a partir da forma e/ou da germinação dos conídios (SHOEMAKER, 1959). Segundo ele, Helminthosporium possui os conídios formados simultaneamente no ápice e nos lados dos conidióforos, diferidos dos outros dois que produzem conídios apenas no ápice. A diferença básica entre Bipolaris e Drechslera é que o primeiro apresenta germinação bipolar e conídios fusóides e o segundo, germinação unipolar e conídios cilíndricos. Neste trabalho a nomenclatura adotada foi a Bipolaris oryzae, no entanto, pode-se encontrar trabalhos que se refiram ao fungo como sendo D. oryzae e H. oryzae. A sintomatologia da mancha parda apresenta três fases principais de danos às plantas de arroz, sendo redução na germinação das sementes já infestadas, manchas necróticas nas folhas e mais tarde, ou concomitantemente, descoloração dos grãos (PADWICK, 1950). Praticamente todas as partes da planta de arroz podem ser infectadas em todos os estádios fenológicos da cultura (OU, 1985). Em plântulas, o fungo produz lesões arredondadas de coloração marrom, podendo ocorrer também distorção das 12 folhas. Nos coleóptilos, os sintomas são parecidos com os das folhas (PADWICK, 1950; OU, 1985). Nas folhas, os sintomas se apresentam como lesões circulares, mais frequentemente elipsóides, de coloração marrom escura com halo clorótico, podendo coalescer, este halo está relacionado com as toxinas produzidas pelo patógeno (MEW & GONZÁLES, 2002). Em cultivares resistentes, observa-se apenas minúsculos pontos negros nas folhas (WEBSTER & GUNNEL, 1992). Segundo esses autores, se o número de lesões for grande elas coalescem e extensas áreas do tecido fotossintético são atingidos, com redução na produção de fotoassimilados pela planta. Nas glumas, as lesões são negras ou marrons, podendo cobrir a superfície externa em alguns casos. Em condições ambientais favoráveis, conídios são produzidos nas lesões, dando a superfície aveludada (PADWICK, 1950; OU, 1985). Quando a lesão ultrapassa a casca da semente formando espiguetas estéreis ou lesões negras no endosperma e descoloração ou enrugamento dos grãos quando descascado (PRABHU et al., 1999). Embora menos comum, o pescoço da panícula e as bainhas também podem apresentar sintomas da doença (OU, 1985). A semente é a maior responsável pela introdução do inóculo na lavoura (WEBSTER & GUNNEL, 1992). Sementes contaminadas podem gerar plantas com produção reduzida (OU, 1985). Malavolta et al. (2002), verificaram correlação simples entre a incidência de B. oryzae nas sementes e diversas variáveis avaliadas em condições de laboratório, casa de vegetação e campo, com germinação, emergência, número de plantas mortas e/ou infectadas e peso de 100 panículas. Os restos culturais também são fonte de inoculo (PADWICK, 1950; OU, 1985). Estes autores afirmam que o fungo pode sobreviver por 2 ou 3 anos em partes infectadas das plantas, principalmente as sementes. Além da semente o fungo pode sobreviver em restos culturais, plantas de arroz e hospedeiros alternativos. O fungo B. orizae é influenciado por uma série de fatores ambientais como temperatura, umidade, luz, pH e fatores nutricionais. Segundo Bedendo & Prabhu (2005), umidade acima de 89% e temperatura que varia entre 20º e 30º C já são suficientes para que ocorra a infecção do patógeno. De acordo com estes autores a baixa fertilidade do solo, especialmente com os elementos potássio, manganês, silício, ferro e cálcio, também influencia na incidência de mancha parda. Outro elemento que influencia as plantas a serem sensíveis à Bipolaris orizae são os níveis de nitrogênio tanto em alta quanto em baixa concentração. 13 Escaldadura das folhas A escaldadura das folhas, doença que ocorre no arroz principalmente na região dos trópicos úmidos, já foi relatada no sudoeste da Ásia, no Japão, na Austrália, no Oeste da África e nas Américas Central e Latina, causando perdas que variam de 20-30% (OU, 1985). No Brasil, foi primeiramente constatada no município de Bragança, estado do Pará, em 1983 por Albuquerque (FARIA & PRABHU, 1980). Em condições de terras altas, a doença foi registrada nos Estados do Amazonas, Maranhão, Piauí, Mato Grosso e Goiás, sendo constatada também em lavouras irrigadas de Goiás, do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro (SANTOS & CAMPELO, 1977; SOUZA FILHO et al., 1979; FARIA & PRABHU,1980). A escaldadura das folhas causada pelo fungo cuja forma perfeita é denominada Monographella albescens (Thümen) Parkinson, Sivanesan & C. Booth (=Metasphaeria albescens Thümen), e a forma imperfeita Microdochium oryzae (Hashioka & Yokogi) Samuels & Hallett; Rhynchosporium oryzae Hashioka & Yokogi]. Os conídios têm formato de meia-lua, são constituídos de uma única célula quando jovens e de duas células quando adultos, contendo ocasionalmente dois septos. A colônia de M. albescens crescida em meio de cultura artificial possui uma coloração rósea, mas os conídios ao microscópio são hialinos. A forma teleomórfica produz peritécios que possuem ostíolo e medem de 50-180 x 40-170 mm, de coloração marrom-clara. As ascas são cilíndricas, unitunicadas e medem de 40-65 x 10-14 mm. Os ascósporos são fusóides, levemente curvos e possuem de três a cinco septos. Não há ainda informações sobre o ciclo de vida deste organismo (GROTH, 1992). Até o momento foram reconhecidos como hospedeiros naturais de M. albescens o arroz e a erva daninha pé-de-galinha (Echinochloa crus-galli L.) como hospedeiro alternativo (FILIPPI et al., 2005). Os conídios, quando em contato com a superfície foliar, germinam e formam apressórios sobre as células que compõem os estômatos, local onde penetram para iniciar a colonização do tecido, provocando um inchaço das cavidades estomatais. Em uma colonização bem sucedida, a hifa subestomatal cresce no espaço intracelular até alcançar as células do mesófilo. Após três dias do início do processo de infecção são produzidos conidióforos que crescem para fora dos estômatos, produzindo uma massa de esporos. Na região de Cerrado, chuvas contínuas na época de emborrachamento provocam alta incidência de doenças. As epidemias da doença são comuns no primeiro ano de 14 plantio após a abertura de cerrado e nas lavouras plantadas em rotação com soja. Em arroz de várzeas a escaldadura é endêmica principalmente em condições tropicais, e se manifesta na época de emborrachamento (FILIPPI et al., 2005). Segundo Santos et al. (2005) a mancha parda e a escaldadura das folhas são doenças de importância secundária no Estado do Tocantins e apenas em condições favoráveis (chuvas excessivas e alta temperatura) podem causar prejuízos. A ocorrência de chuvas e longos períodos de orvalhos são fatores extremamente favoráveis ao seu desenvolvimento. Devido à prevalência destes fatores nas regiões tropicais, a escaldadura assume um papel relevante nestas regiões (BEDENDO & PRABHU, 2005). As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da escaldadura das folhas são alta pluviosidade, temperatura média entre 24 e 28°C, períodos prolongados de orvalho, alta densidade de plantas e adubação nitrogenada em excesso (OU, 1985; GROTH, 1992). Danos causados por insetos constituem uma porta de entrada para o patógeno. Sob essas condições, a doença instala-se com facilidade e permite que novos esporos sejam produzidos nos tecidos colonizados, iniciando-se assim um novo ciclo de infecção. A escaldadura das folhas exibe mais de um tipo de sintoma, o mais característico que manifesta-se quando as condições climáticas são favoráveis, podendo ser inicialmente identificado nas extremidades apicais das folhas mais velhas ou nas bordas das lâminas foliares. A princípio ocorre o aparecimento de manchas de coloração verdeoliva, sem margens bem definidas. As lesões na região afetada evoluem formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e escura. As lesões coalescem, causando necrose e morte da área foliar afetada. Uma incidência severa de escaldadura, ao causar perdas de área foliar, paralisa o crescimento das plantas em pleno estágio de emborrachamento, afetando a quantidade e a qualidade dos grãos que se encontram em formação nesta fase (FILIPPI et al., 2005). Normalmente, as lavouras afetadas apresentam um amarelecimento generalizado, com as pontas das folhas secas e altura irregular das plantas. As fontes de inoculo primário são sementes infectadas e restos culturais. A transmissão do fungo pelas sementes infectadas provoca uma descoloração nas plântulas, tornando-as marrons escuras (FILIPPI et al., 2005). A variabilidade genética para resistência à escaldadura em germoplasmas de arroz foi constatada em estudos realizados em condições controladas de casa de vegetação e de campo (FARIA & PRABHU, 1980; PRABHU & BEDENDO, 1990; BONMAN et al., 1990; PRABHU et al., 1996). O grau de resistência em 32 gramíneas pertencentes a 18 gêneros e 11 espécies diferentes do gênero Oryza demonstrou que dentro de um mesmo 15 gênero todas as espécies exibiram reação suscetível ou diversos graus de resistência, o que indica somente a existência de diferenças intergenéricas (PRABHU & BEDENDO, 1982). Existem poucas informações sobre o comportamento de genótipos resistentes à escaldadura das folhas. Porém tem sido relatado que a alta densidade de plantas e o menor espaçamento entre linhas e doses elevadas de nitrogênio aumentam a intensidade da doença (BEDENDO & PRABHU, 2005). Antes da implantação da cultura deve ser observado o espaçamento e densidade adequada, bem como o uso de adubação balanceada, principalmente em relação ao nitrogênio. Manchas dos grãos As manchas dos grãos estão associadas com mais de um patógeno fúngico ou bacteriano e podem ser consideradas como um dos principais problemas da cultura do arroz no Brasil, tanto no ecossistema de várzeas como no de terras altas. Em arroz de terras altas, a queima das glumelas é um dos principais componentes das manchas de grãos e, além de depreciar a aparência dos grãos, reduz também sua qualidade, causando gessamento e quebra durante o beneficiamento (EMBRAPA, 2008). Os principais patógenos causadores de manchas de grãos incluem Dreschslera oryzae (Breda de Haan) Subram & Jain, Phoma sorghina (Sacc. Boerema, Dorenbosch & Van Kesteren, Alternaria padwickii (Ganguly) Ellis, Pyricularia grisea (Sacc.) Cooke, Microdochium oryzae (Hashioka Yokogi) Samuels and Hallet, Sarocladium oryzae (Sawada) W. Gams, além de diferentes espécies de Drechslera, Curvularia, Nigrospora, Fusarium, Coniothynium, Epicocum, Phythomyces e Chaetomium. As manchas aparecem desde o início da emissão das panículas até o seu amadurecimento. Os sintomas são muito variáveis, dependendo do patógeno predominante, do estádio de infecção e das condições climáticas. A queima das glumelas em arroz de terras altas manifesta-se durante a emissão das panículas, com manchas de coloração marrom-avermelhada nas espiguetas, idênticas às manchas causadas por Drechslera oryzae. As manchas em forma de lente, com centro esbranquiçado e borda marrom, aparecem quando a infecção com Phoma sorghina ocorre na fase leitosa e pastosa, após a emissão das panículas. As glumelas dos grãos infectados com Microdochium oryzae apresentam grande número de pontuações avermelhadas do tamanho de cabeça de alfinete. Nos anos chuvosos, a mancha dos grãos, tem gerado grande preocupação em função dos prejuízos causados nas lavouras arrozeiras de 16 diversos estados brasileiros, tais como Goiás (COSTA, 1991), Mato Grosso (SOUZA et al.,1993) e Tocantins (SANTOS et al. 1994). A mancha dos grãos reduz o rendimento dos grãos, e pode causar perdas variáveis entre 12 e 30% no peso e redução de 18 a 22% no número de grãos cheios por panícula (FILIPPI & PRABHU, 1998) e causar esterilidade da semente de arroz (SOLIGO et al., 2004), dependendo da suscetibilidade de cada cultivar. A infecção da semente por B. oryzae (D. oryzae) reduziu sua qualidade fisiológica e causou tombamento pósemergência de plântulas de arroz (MALAVOLTA et al., 2002). A avaliação de qualidade fitossanitária de sementes mostrou que 100% dos cultivares apresentaram contaminações com fungos causadores de manchas nos grãos (FARIAS et al., 2004). Além da qualidade fisiológica, a qualidade industrial do arroz também é afetada pela incidência de manchas nos grãos, o que foi observado pelo aumento no rendimento de engenho (grão inteiro) quando realizada aplicação de fungicida visando o controle das doenças foliares do arroz (DALLAGNOL et al., 2005; MIURA et al., 2005). Estratégias de manejo As doenças de importância econômica no Brasil são relativamente poucas, mas bastante prejudiciais, tanto em arroz de sequeiro como em irrigado, e variam de acordo com o clima e com o solo da região. A severidade das doenças depende de uma série de condições relacionadas à resistência do hospedeiro, a presença do patótipo e à prevalência de fatores do ambiente favoráveis ou não à doença (BEDENDO, 1997). Para o controle eficiente das doenças do arroz, é indispensável à utilização do manejo integrado, sendo este um desafio para produtores e técnicos. Tal manejo deve ser um conjunto entre a utilização de cultivares resistentes, controle químico de patógenos, nutrição das plantas, aplicação de formas corretas de irrigação, entendimento das relações entre as culturas e plantas daninhas, preparo do solo, utilização de sementes inspecionadas, trocas de cultivares, escalonamento de cultivo e densidade recomendada dentre outras. Nestes trabalhos serão abordados entres as práticas utilizadas para o manejo integrado das doenças as seguintes: cultivares resistentes; adubação equilibrada de Nitrogênio e utilização do silício. 17 Cultivares resistentes As práticas recomendadas para o controle da brusone nas folhas e nas panículas correspondem a cerca de 15% do custo de produção da cultura. Portanto, a medida mais econômica para o controle dessa doença é a utilização de cultivares resistente (CUTRIM et al., 2007). Embora o desenvolvimento de cultivares com alto grau de resistência seja o desejável, a resistência moderada, combinada com outras medidas de manejo, pode fornecer um controle efetivo das doenças. A resistência, em geral, é uma resposta do hospedeiro (Cultivar) ao patógeno durante o processo de colonização intracelular. Os mecanismos de defesa da planta preexistente previnem o patógeno da penetração ou previnem o desenvolvimento após a penetração. As explicações para instabilidade da resistência dessas novas variedades podem ser agrupadas em dois grandes grupos: sendo a primeira a exposição inadequada dos materiais à diversidade populacional do patógeno durante os programas de melhoramento, onde a diversidade patogênica é geralmente alta em campos experimentais e nos locais de testes de seleção para melhoramento de cultivares. A segunda é a alta variabilidade do fungo causador dessa doença que é composto de patótipos, ou raças fisiológicas, com características de virulência distintas (FILIPPI et al., 1999). A principal medida de controle, atualmente, é o uso de cultivares com resistência vertical. Este tipo de resistência é governado por um ou poucos genes que facilmente pode ser quebrada pelo patogéno. A pressão do inóculo sobre as cultivares resistentes apresenta na região uma quebra rápida da resistência das cultivares, em geral de dois a três anos (SANTOS et al., 2003b). Assim, o plantio de maiores números de cultivares resistentes seria uma medida eficiente para reduzir os riscos e as perdas por estas doenças (SANTOS et al., 2002). No entanto, a variabilidade desse fungo, produzindo novas raças virulentas, tem dificultado esse trabalho. É necessário conhecer as raças predominantes em um determinado local para que o melhorista e o fitopatologista possam direcionar melhor suas pesquisas (CORNÉLIO et al., 2003). Dessa forma, é importante que se faça a identificação dos patótipos e sua freqüência para auxiliar os programas de melhoramento genético no desenvolvimento de cultivares com resistência durável. Adubação nitrogenada 18 A disponibilidade de nutrientes no solo pode ser considerada como um dos fatores responsáveis pela predisposição de plantas ao ataque de patógenos. Apesar da resistência da planta ser determinada geneticamente, o meio ambiente pode alterá-lo. A nutrição mineral é um dos fatores que mais afetam a resistência e ou susceptibilidade das plantas às doenças bem como a virulência dos fitopatogenos (HUBER, 1994). A deficiência e/ou o excesso de um nutriente e o desequilíbrio entre eles altera de maneira expressiva a suscetibilidade das plantas às doenças e isto intensifica a redução na produtividade. Certos patógenos atacam severamente plantas subnutridas, enquanto que outros preferem plantas vigorosas. De modo geral, teores elevados de nitrogênio tendem a aumentar a suscetibilidade. Segundo Marschner (1986), a alta concentração de nitrogênio reduz a produção de compostos fenólicos (fungistáticos) e de lignina nas folhas, diminuindo a resistência aos patógenos. O nitrogênio também aumenta a concentração de aminoácidos e de amidas no apoplasto e na superfície foliar que aparentemente têm maior influência que os açúcares na germinação dos conídios, favorecendo o desenvolvimento das doenças fúngicas. As pesquisas sobre efeito do nitrogênio em doenças de arroz de terras altas apontam para um aumento da severidade da maioria das doenças com doses crescentes do nutriente (CORNELIO et al., 2007). A utilização de doses, época de aplicação e parcelamento, de acordo com a necessidade da planta de arroz, pode aumentar significativamente a eficiência do uso dos fertilizantes nitrogenados (FAGERIA et al., 2003). Quando se aplica toda a dose no plantio do arroz irrigado, o N pode ser parcialmente perdido por lixiviação, devido à inundação (FAGERIA et al., 2003), ou até mesmo volatilizar em condições de terras altas. Segundo Fageria et al. (1997) o uso inadequado das doses e época de aplicação do N, além de reduzir a produção aumenta a incidência de doenças nas culturas. Adubação silicatada O silício não é considerado um elemento essencial às plantas, mas pode ter efeitos benéficos a várias culturas (EPSTEIN, 1999). Atua no crescimento, no incremento da produção e no grau de resistência de plantas de arroz a diversos fatores causadores de estresse (BARBOSA FILHO et al., 2000). No Brasil, são cultivados menos de 3 milhões de hectares de arroz, com rendimento médio de 4,0 t/ha. Entre os fatores responsáveis por esta baixa produtividade destacam-se a baixa fertilidade do solo, a alta suscetibilidade do 19 arroz à brusone, mancha parda e mancha nos grãos. O silício tem sido demonstrado como elemento útil para o arroz, capaz de aumentar o rendimento desta cultura através da diminuição da toxidez de Fe e Mn e do aumento da disponibilidade de P, devido a sua liberação dos fosfatos de Fe (OKUDA & TAKAHASHI, 1965; JONES & HANDRECK, 1967; LIAN, 1976; MA & TAKAHASHI, 1990a, 1990b e 1991). Além desse efeito do Si no solo, vários pesquisadores demonstraram que ele também está relacionado com a reação do arroz a várias e importantes doenças, tais como a brusone, causada por Pyricularia grisea, escaldadura, causada por Microdochium oryzae, mancha parda, causada por Bipolaris oryzae (ELAWAD & GREEN JR., 1979; KIM & LEE, 1982; ALESHIN et al., 1987; DATNOFF et al., 1990, 1991, 2001). A incidência de doenças é menor quando o teor de Si no tecido da planta é maior (DATNOFF et al., 1990, 1991, 2001; OSUNA-CANIZALES et al., 1991; KORNDORFER et al., 1999; SANTOS et al., 2003a). Na cultura do arroz, o acúmulo de Si pode exceder ao de todos os macronutrientes, e alcançar teores foliares próximos a 10 kg dag kg‑1 (ZANÃO JÚNIOR, 2007). A adubação com Si pode eliminar ou reduzir o número de aplicações com fungicidas durante o ciclo da cultura. Isto ocorre porque no arroz, o Si deposita-se em maior proporção abaixo da cutícula, formando uma camada de sílica, contribuindo para fortalecer a planta e dificultar a penetração de hifas de fungos (MA & TAKAHASHI, 2002). As plantas cultivadas variam quanto aos teores de Si presente no tecido vegetal. Sendo que as plantas superiores podem ser classificadas em relação ao acumulo de Si, e relação Si/Ca na matéria seca como acumuladoras, intermediarias e não acumuladoras (MIYAKE & TAKAHASHI, 1983). Algumas gramíneas como o arroz e a cana-de-açúcar apresentam grande acúmulo de Si, sendo consideradas, portanto, como plantas acumuladoras de Si (KORNDÖRFFER et al. 2003). Para a aplicação do Si na cultura do arroz predomina os silicatos de cálcio e magnésio ao solo, que além de fontes desse elemento são corretivos da acidez (BARBOSA FILHO et al., 2000). As principais características de uma fonte de Si para fins de uso na agricultura são: alto conteúdo de Si solúvel, propriedades físicas adequadas, facilidade para a aplicação mecanizada, pronta disponibilidade para as plantas, baixo custo, relações e quantidades de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) equilibradas e ausência de metais pesados. Muitas escórias de siderurgia possuem tais características, e algumas delas são fontes promissoras de Si disponíveis (KORNDÖRFER et al., 2003). Diversos pesquisadores têm observado efeito positivo na utilização de silício na agricultura, especialmente nas gramíneas, principalmente sobre o controle de doenças, aumento da resistência mecânica das células, aumento da resistência das plantas ao 20 ataque de insetos e redução da transpiração, aumentando a tolerância ao déficit hídrico (TAKAHASHI, 1978; DATNOFF et al., 1991; DATNOFF et al., 1992; LANA et al., 2003). Dentre os nutrientes minerais utilizados no manejo de doenças o silício destaca-se por reduzir a severidade de importantes doenças em várias culturas (EPSTEIN, 1999). A polimerização de silício na superfície inferior da folha, processo denominado silificação, é comum em gramíneas (LUX et al., 2002). É evidente que o Si decresce a severidade de várias doenças em culturas como arroz, pepino, trigo, soja, videira, morango, feijão, café e cana-de-açúcar (DANOFF et al., 1997; BELANGER et al., 2003; KANTO et al., 2004) Pesquisas mais recente realizadas em solos orgânicos no Sul da Flórida demonstraram que a adubação com Si reduziu a incidência da brusone em 17 a 31% e mancha parda de 15 a 32% em relação ao tratamento que não recebeu Si (DATNOFF et al., 1990; 1991). Datnoff et al. (1997) constataram significante redução na severidade da mancha-parda em um Histossolo, com a aplicação de Si, através de escorias. Berni (2001) verificou redução na severidade da brusone nas folhas de arroz com utilização de casca de arroz e suas cinzas. O Si também é capaz de aumentar o nível de resistência de genótipos de arroz suscetíveis a brusone para níveis semelhantes aos encontrados em genótipos resistentes (RODRIGUES et al., 2001). No Japão, 25% da área cultivada com arroz recebem anualmente adubações com silicato de cálcio que variam de 0,5 a 1,0 t. ha-1, embora a quantidade recomendada seja de 1,5 a 2,0 t. ha-1 (KORNDÖRFFER et al., 1999). O aumento na produção de grãos de arroz, decorrente da aplicação de Si, tem sido verificado em vários trabalhos. Datnoff et al. (2001), trabalhando com arroz inundado durante o período de 1992-1996, concluíram que houve aumento médio de 1.007 t. ha-1, na produção de grãos, nas parcelas que receberam Si na forma de Silicatos (médias de 23 experimentos de campo). Faria (2000) também, constatou aumento na produtividade de arroz em função das doses de Si aplicado. Independente do tipo de solo utilizado, houve aumento linear da produção de grãos que variou de 38,6 para 54,3 g.vaso-1 no Neossolo Quartzarênico de 60,6 para 79,0 g. vaso-1 no Latossolo Vermelho-amarelo, respectivamente para as doses e 600 kg ha-1de silício. Segundo Osuna-Canizales et al. (1991), o efeito do Si sobre as doenças do arroz é ainda mais marcante quando o mesmo é adubado com doses elevadas de nitrogênio. Inadequações quanto à dosagem e época de aplicação do N, além de reduzir a produção, aumentam a incidência de doenças nas culturas (FAGERIA et al., 1997). A adubação nitrogenada deixa o arroz mais sensível ao ataque da P. grisea (SANTOS et al., 2003a). 21 A influência do N sobre a brusone varia de acordo com a quantidade, a forma disponível e a suscetibilidade da planta (HUBER & WATSON, 1974). Existe pouca literatura disponível no país a respeito do estudo da interação do silício com o nitrogênio em condições de campo. Muitos estudos são divergentes e desta forma, a interação silício-nitrogênio ainda é motivo de investigação. Wallace (1989) observou que o incremento da adubação nitrogenada provocou redução nos teores de Si nas plantas de arroz e aveia. Há tendências de aumento em produtividade devido a aplicação de N na presença de adubação silicatada (SAVANT et al., 1997). Santos et al (2003a), não observou diferença na interação entre o nitrogênio e silício, possivelmente devido às elevadas doses utilizadas em seu experimento. Muad (2003) afirmou que não houve influência do silício no acúmulo de matéria seca, produtividade de grãos e teores de nitrogênio na planta de arroz. Coleção nuclear A base genética do arroz de terras altas é estreita, sendo que 81% do „pool‟ gênico das cultivares liberadas no período 1971–1993 foram oriundos de apenas onze ancestrais (MONTALBAN et al., 1998). A ampliação da base genética das cultivares de arroz tem sido proposta como estratégia para se obter maiores produtividades e maior nível de resistência aos principais patógenos, tais como brusone. Uma das alternativas para isso é usar a diversidade presente na coleção de germoplasma, especialmente entre as variedades tradicionais, que têm sido pouco usadas no melhoramento genético. Uma alternativa para aumentar o uso desses materiais é a formação de coleções nucleares. Definidas como um conjunto limitado de acessos que representam, com um mínino de repetitividade, a diversidade genética de uma espécie cultivada e seus parentais selvagens (FRANKEL, 1984). Essa estratégia permite priorizar e concentrar a aplicação de recursos de modo a formar uma base de informação mais completa sobre o conjunto de acessos, o que possibilita o uso desses (ABADIE et al., 2005). Segundo esses autores as coleções de germoplasma foram estabelecidas para preservar a diversidade genética existente, antes que muita dessa diversidade fosse perdida definitivamente. A coleção nuclear de Arroz do Brasil está formada por 550 acessos (5,6% da coleção inteira), sendo 308 variedades tradicionais, 94 linhagens/cultivares melhoradas e 148 cultivares/linhagens introduzidas (ABADIE et al., 2005). Neste mesmo trabalho verificouse que dos 308 acessos de variedades tradicionais definidas tinham a seguinte 22 composição: 77 acessos de várzeas, 83 acessos de várzeas e 148 acessos são do sistema terras altas. LITERATURA CITADA ABADIE, T.; CORDEIRO, C. M. T.; FONSECA, J. R.; ALVES, R. de B. das N.; BURLE, M. L.; BRONDANI, C.; RANGEL, P. H. N.; CASTRO, E. da M. de; SILVA, H. T. da; FREIRE, M.S.; ZIMMERMANN, F. J. P.; MAGALHÃES, J.R. Construção de uma coleção nuclear de arroz para o Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40, p.129-136, 2005. ALESHIN, N. E.; AVAKYAN, E. R.; DYAKUNCHAK, S. A.; ALESHKIN, E. P.; BARYSHOK, V. P.; VORONKOV, M. G. Role of silicon in resistance of rice to blast. Doklady Akademii Nauk SSSR. v.291 p.217-219, 1987. BARBOSA FILHO, M. 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No Tocantins, o arroz de terras altas apresenta baixa produtividade, atingindo 40% do que produz o arroz irrigado. Entre os fatores responsáveis estão o baixo potencial genético das variedades associado à alta suscetibilidade às doenças que ocorrem na região. Diante destes fatos este trabalho teve por objetivo avaliar uma coleção de germoplasma de arroz de terras altas quanto aos caracteres agronômicos e de resistência às principais doenças no Sul do estado do Tocantins. O ensaio foi instalado em condições de terras altas no Município de Formoso do Araguaia. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com noventa tratamentos (genótipos) e três repetições. Entre as características agronômicas avaliou-se a floração média, altura das plantas e a produtividade. Também foram avaliadas as principais doenças representadas pela brusone foliar e de panículas, mancha-parda e escaldadura das folhas, além de manchas dos grãos. De acordo com a análise estatística os quadrados médios evidenciaram diferença significativa para todas as características estudadas. Este fato indicou que existe variabilidade genética entre genótipos estudados. A altura de plantas variou de 0,78 m a 1,48 m e o ciclo médio de floração de 68 a 145 dias. Os resultados obtidos pelo teste de agrupamento de médias de Scott-Knott indicaram que existe alta variabilidade na produtividade e na resistência às doenças. Nenhum dos genótipos apresentou imunidade a essas doenças. Com relação à análise de grupos com padrões de comportamentos similares pelo Método de Tocher, com base na severidade ou incidência das doenças e produtividade de 90 genótipos de arroz de terras altas, utilizando-se a Distância Generalizada de Mahalanobis, verificou-se a formação de 10 grupos onde foram alocados os genótipos com caracteres distintos. As variáveis que mais contribuíram para a diversidade genética foram a produtividade (51,96%), incidência de brusone nas panículas (25,46%), severidade de brusone nas folhas (9,33%) e a mancha de grãos (7,09%). Estes resultados indicam a existência de variabilidade genética significativa para estes caracteres nos genótipos. As variáveis que menos contribuíram para a divergência genética encontrada foram a severidade de escaldadura das folhas (2,17%) e a mancha parda (3,97%). Palavras-chave: Oryza sativa, Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, Monographella albescens, germoplasma. 33 ABSTRACT Evaluation of agronomic characters and resistance to the main diseases of a nuclear collection of upland rice at the South of Tocantins State The rice is cultivated and consumed in all the continents and it has strategic importance on its economic and social aspects. In the state of Tocantins, upland rice presents low yield, around 40% when compared to irrigated rice. Some of the causes are related to the low genetic potential of the varieties associated with a high disease susceptibility, which occurs at the region under study. In this way, this work aimed to evaluate the agronomic characters and resistance to the main diseases of the germplasm collection of upland rice at the South of Tocantins State. The experiment was carried out at upland land at Municipality of “Formoso do Araguaia”. The experimental design was completely randomized blocks with ninety treatments (genotypes) and three replicates. The agronomic characters evaluated consisted of the average of blossom days, plants weight and yielding. The main diseases (leaf blast, panicle blast, brown spot, leaf scald and grain spot) were evaluated, as well. The Mean Square showed significantly differed for all studied characters. This fact shows that the genetic variability of the studied genotypes exists. The plant weight varied from 0, 78 m to 1, 48 m and average of blossom days from 68 to 145 days. The results obtained with the test Scott-Knott showed that the high variability exist in the yielding and diseases resistance. None genotypes presented immunity in the evaluated diseases. Cluster analyze (Tocher Method based on Mahalanobis distance), on yield and severity or incidence of diseases of the 90 genotypes, showed that the arrangement of 10 groups of the genotypes with distinct characters. The variables that contributed to genetic diversity were yield (51,96%), panicle blast incidence (25,46%), leaf blast severity (9,33%) and grain spot severity (7,09%). Results showed that the genotypes presented a significant genetic variability in such characters. The variables that lesser contributed to the genetic divergence were the severity of leaf scald (2,17%) and brown spot (3,97%). Keywords: Oryza sativa, Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, Monographella albescens, germplasm. 34 INTRODUÇÃO Cultivado e consumido em todos os continentes, o arroz (Oryza sativa L.) destaca-se pela produção e área de cultivo, desempenhando papel estratégico tanto no aspecto econômico quanto social. No Estado do Tocantins, durante a safra agrícola 2007/2008, foram cultivados cerca de 53 mil hectares de arroz irrigado, com rendimento médio de 4.481 kg ha-1, enquanto que o arroz cultivado em sistema de terras altas teve área plantada de 107 mil hectares e a produtividade alcançou apenas 1.828 kg ha-1 (CONAB, 2009). A associação do plantio de cultivares de estreita base genética em extensas áreas de cultivo é um risco para os rizicultores. A ampliação da base genética das cultivares de arroz do Brasil tem sido proposta como estratégia para se romper, a médio e longo prazo, o atual patamar de produtividade e evitar a vulnerabilidade genética. Uma das alternativas para isso é usar a diversidade presente na coleção de germoplasma, especialmente, entre as variedades tradicionais que têm sido pouco usadas no melhoramento genético (ABADIE et al., 2005). Segundo Rangel et al. (1994), nas condições do Tocantins sob umidade e temperatura alta as lavouras de arroz estão sujeitas à maior pressão de doenças e pragas, existindo o risco da vulnerabilidade genética. Atualmente, no sistema de terras altas as cultivares Maravilha, Primavera e Curinga estão entre as mais plantadas, embora tenham como principal limitação a suscetibilidade as doenças. A escassez de cultivares constitui problema limitante para o cultivo do arroz no estado do Tocantins (SANTOS et al., 2002). A brusone, cujo agente causal é Pyricularia grisea (Cooke) Sacc.[=Magnaporthe grisea (Herbert) Barr], é a doença do arroz mais expressiva no Brasil e no mundo, provocando perdas significativas no rendimento das cultivares suscetíveis. Embora esta doença ocorra em todo território brasileiro os prejuízos são variáveis, sendo maiores em arroz de terras altas na região Centro-Oeste e no estado do Tocantins (PRABHU et al., 2002). A alta incidência de brusone e os constantes veranicos em algumas épocas do ano contribuem na baixa produtividade do arroz de terras altas (PRABHU et al., 2002). Nos 35 anos chuvosos, a mancha dos grãos, causada por um complexo de fungos, formado principalmente por Drechslera, Rhynchosporium, Alternaria, Nigrospora, Pyricularia e Phoma, tem gerado grande preocupação em função dos prejuízos causados nas lavouras arrozeiras de diversos estados brasileiros, tais como Goiás (COSTA, 1991), Mato Grosso (SOUZA, 1993) e Tocantins (SANTOS et al., 1994). Além da baixa resistência das cultivares aliada a baixa eficiência, em geral, de fungicidas de parte aérea, assim como no tratamento de sementes, o que contribui para o encarecimento do processo de produção e aumenta o prejuízo causado pelas doenças (PRABHU et al., 1995; SANTOS, 1996; BEDENDO, 1997). A mancha-parda e a escaldadura das folhas, causadas pelos fungos Bipolaris oryzae e Monographella albescens, respectivamente, são doenças de importância secundária no estado do Tocantins e apenas em condições climáticas favoráveis à sua disseminação (chuvas excessivas e alta temperatura) podem causar prejuízos significativos (SANTOS et al., 2005). Desta forma considerando-se a importância do arroz de terras altas no Estado, a seleção de cultivares adequada às condições edafoclimáticas do Tocantins torna-se prioritária nas instituições de pesquisa agrícola. Diante destes fatos, realizou-se o presente trabalho com o objetivo de avaliar uma coleção de germoplasma de arroz de terras altas quanto aos caracteres agronômicos e de resistência às principais doenças no sul do estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido no ano agrícola 2007/2008, em área experimental do Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola, localizado na região sul do estado Tocantins, no Município de Formoso do Araguaia. Os genótipos avaliados constaram de linhagens e cultivares constituintes de uma coleção nuclear, cedidos pela EMBRAPA Arroz e Feijão. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico (LVAd), de acordo com a EMBRAPA (2006). Os resultados da análise de solo de amostras coletadas a 0-20 cm de profundidade revelou os seguintes valores: 4,9 pH (CaCl2); 0,20 cmolc.dm-3 de Al; 5,92 cmolc.dm-3 de H+Al; 2,05 cmolc.dm-3 de Ca+Mg; 0,26 cmolc.dm-3 K ;15,8 mg.dm-3 de P; 2,51 cmolc.dm-3 de CTC; 2,3 g.dm-3 de M.O. e 28,10 de saturação por bases, segundo o método preconizado pela EMBRAPA (1997). 36 O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com noventa tratamentos (Tabela 1) e três repetições. Cada parcela foi representada por quatro linhas de 5m de comprimento e com espaçamento de 0,3m entre linhas. A densidade de semeadura foi de 80 sementes por metro linear. A adubação de plantio foi feita no sulco com 12, 90, 48 e 20 kg ha-1 de N, P2O5, K2O e sulfato de zinco, respectivamente. Aos 45 dias após o plantio (DAP), fez-se cobertura com 40 kg ha-1 de N. O controle de plantas daninhas foi efetuado com oxadiazon, na dose de 1000g i.a.ha -1 em pré-emergência, e aos 40 DAP realizou-se uma capina manual. As avaliações agronômicas foram feitas de acordo com as recomendações do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT, 1983). Para determinação da floração média, levou-se em consideração o número de dias decorridos da semeadura até a floração, com 50% das panículas abertas. A altura das plantas foi obtida na fase de grão leitoso, medindo-se o comprimento do colmo principal a partir do solo até a extremidade da panícula. A produtividade de cada tratamento foi determinada pela coleta e pesagem dos grãos das duas fileiras centrais de cada parcela (2,0m2) e os resultados foram transformados para quilogramas por hectare (kg ha-1). Com relação às doenças, foi feita inicialmente, aos 50 DAP, avaliação de severidade de brusone das folhas. As avaliações de severidade de escaldadura das folhas, mancha-parda e mancha dos grãos como também a incidência da brusone das panículas foram realizadas com cerca de 10 dias antes da colheita para se evitar a contaminação por organismos saprófitas. Para a severidade de escaldadura das folhas e mancha-parda, foi empregada a seguinte escala de notas (CIAT, 1983): 0 = sem sintomas da doença; 1 = < 1% do tecido doente; 3 = 1 a 5% do tecido doente; 5 = 6 a 25% do tecido doente; 7 = 26 a 50% do tecido doente; 9 = mais de 50% do tecido doente. Para a mancha dos grãos, em laboratório, cerca de 500 sementes por parcela, após serem degranadas das panículas, foram utilizadas na quantificação da severidade, conforme a seguinte escala de notas (Santos et al., 2000): 0 = grão sadio; 1 = pontuações do tamanho de cabeça de alfinete; 2 = manchas bem definidas com 25 a 50% de área do grão manchada; 3 = 51 a 75% de área coberta com manchas; e 4 = 76 a 100% da área doente. Para avaliação da incidência de brusone das panículas foram amostrados um total de 100 perfilhos por parcela. O resultado foi obtido por meio do cálculo da razão do número de panículas doentes sobre o total de panículas avaliadas. 37 Tabela 1. Identificação de genótipos de arroz de terras altas constituintes do Banco de Germoplasma (B.G) da coleção nuclear da EMBRAPA arroz e feijão Número do tratamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 Nome comum Código do B.G. CATETO SEDA MARUIM CAJUEIRO LISO ENCHE TULHA FORMOSA ARROZ MARANHÃO PAULISTA DOURADO MARUIM LIGEIRO MARANHÃO VERDADEIRO AMARELO LIGEIRO PUTECA COMUM CREOLO PRATÃO GOIANO PRATA BRANCO PALHA MURCHA CANO ROXO CHATÃO VERMELHO LIGEIRO SANTO AMÉRICO VERMELHO CACHO DUPLO NENÉN AMARELÃO DOURADÃO BREJEIRO NENEZINHO BREJEIRO QUEBRA CACHO BICO DE ROLA MURUIM BRANCO DOURADÃO/ AMARELÃO IGUAPÉ SEM ARISTA VERMELHÃO SAMANBAIA AMARELA SAMANBAIA PAULISTA ARROZ CAROLINO ARROZ CATETÃO GERGELIM ARROZ DO SUL ARROZ BRANCO BICO PRETO BRANCO 4 MESES ARROZ CABELUDO CARIOCA/ RABO DE CARNEIRO CAIAPO MESES BRANCO / 3 MESES BRANQUINHO 4 MESES ANTIGO NOVENTINHA CAROLINA ARROZ DO MARANHÃO ARROZ ROXO OU CAQUI LEGITINO BICO GANGA CANA ROXA ARROZ LIGEIRO ARROZ PIRIQUITO ARROZ SANTA INÊS CATETÃO ARROZ CANELA DE FERRO CA780044 CA780059 CA780158 CA780033 CA780170 CA780202 CA780287 CA780299 CA780301 CA780308 CA780217 CA780329 CA780336 CA780261 CA790032 CA780281 CA790282 CA790301 CA780295 CA790328 CA780324 CA790346 CA800068 CA800081 CA800082 CA800091 CA800127 CA790337 CA800020 CA800034 CA800150 CA810050 CA810038 CA820069 CA820103 CA830133 CA840023 CA840049 CA860089 CA870050 CA840058 CA870056 CNA 6187 CA870078 CA870092 CA870109 CA870139 CA870152 CA870175 CA870177 CA880010 CA880053 CNA0005659 CA880093 CA870064 CA880081 CA980023 38 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 AGULHA ESAV CATALÃO CARREON MAKOUTA BEIRA CAMPO DOURADO PICO NEGRO DOURADÃO ARROZ AGULHINHA ARROZ COMPRIDO JAPONES AGULHINHA VERMELHO ARROZ TORO GRAUDO ARROZ PINDARÉ REXORO 64 DIAS PIEDAD AGULHINHA IPAMERI ARAÇATUBA BURITI VERMELHO BRS CURINGA BRS PEPITA BRS MONARCA BRS SERTANEJA BICO GANGA CURTO BRS PRIMAVERA CHORINHO BRA02601 BRA01506 BRA02535 BRA042156 BRA042160 BRA032051 BRA032033 CNA0000027 CNA0000937 CNA0001420 CNA0004487 CNA0005667 CNA0004623 CA800015 CA800178 CA870068 CA940003 CA970012 CA980005 CA980029 CNA0002878 CNA0003275 CNA0004510 CNA0008429 CA780357 CA790176 CNA8812 CNA9019 CNA9045 CNA11163 CA860127 CNA8070 CNA800100 BRA02601 BRA01506 BRA02535 BRA042156 BRA042160 BRA032051 BRA032033 Todos os dados obtidos, exceto floração e altura de plantas, foram submetidos à análise de variância. Realizou-se o teste de agrupamento Scott-Knott das médias em todas as características (Scott & Knott, 1974). Posteriormente, foi realizada análise multivariada para a separação dos genótipos, utilizando-se a análise de agrupamento pelo Método de Tocher (Rao, 1952), baseado na distância generalizada D2 de Mahalanobis. A contribuição relativa de cada variável na determinação da dissimilaridade genética foi detectada por meio da metodologia proposta por Singh (1981). Todas as análises estatísticas foram realizadas com a utilização do programa computacional Genes (Cruz, 2006a, 2006b). RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliando-se os resultados obtidos (Tabela 2), encontram-se os quadrados médios para o efeito de blocos, genótipos e de resíduos, provenientes da análise de variância 39 para as seis características estudadas. Os quadrados médios evidenciaram diferença significativa para todas as características (p≤0,05). Este fato indica que existe variabilidade genética entre genótipos estudados, ou seja, os genótipos comportaram-se de maneira diferenciada, o que possibilitou o processo de caracterização dos mesmos. Tais resultados sugerem que todas as características estudadas foram importantes para identificação da divergência genética entre eles. Tabela 2. Resumo da análise de variância de brusone na folha (BF), mancha parda (MP), escaldadura (ESCAL), mancha dos grãos (MG), brusone na panícula (BP) e produtividade em kg ha-1 (PROD) F.V Blocos Genótipos Resíduo Media CV(%) CVg/CVe GL 2 BF 144,14 MP 33,88 Quadrados Médios ESCALD MG 18,54 0,07 BP 15,01 89 178 10,55 * 0,90 4,70 20,19 1,89 3,01 * 1,11 6,34 16,67 0,75 4,98 * 1,06 4,17 24,75 1,11 77,19 * 2,54 10,12 15,75 3,13 1,50 * 0,16 2,19 18,50 1,65 PROD 31445,60 545806,11 * 8703,36 675,46 13,81 4,54 CVg/CVe = Coeficiente de variação genética/Coeficiente de variação experimental *significativos a 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. As médias dos genótipos em relação às características analisadas encontram-se apresentadas na Tabela 3. Os resultados obtidos pelo teste de agrupamento de médias de Scott-Knott, para as seis características, evidenciaram que existe alta variabilidade na resistência à brusone foliar, escaldadura das folhas, mancha parda, mancha dos grãos e brusone das panículas. A altura de plantas variou de 0,78 m a 1,48 m e o ciclo médio de floração de 68 a 145 dias. A partir destes dados pode-se inferir que, provavelmente sob condições normais de plantio em áreas comerciais, haveria dificuldades de realizações dos tratos culturais para aqueles genótipos com estatura superior a 1,00 m; além de que nessas áreas onde a condução da lavoura é menos controlada, as plantas podem estar mais sujeitas a dose elevadas de nitrogênio e espaçamento adensado. Estas condições resultam no maior crescimento em altura e menor diâmetro de colmos das plantas que, associado a ventos fortes, provoca o acamamento. Plantas acamadas dificultam a colheita mecanizada, uma vez que a plataforma da colheitadeira não alcança as panículas de colmo deitados. Atualmente, os programas de melhoramento têm preferência por plantas com altura em 40 torno de 0,90 m para evitar tais situações que resultam em prejuízos aos rizicultores. Com relação ao ciclo deve-se evitar nas nossas condições plantas com floração acima de 100 dias, pois estas ficam mais sujeitas aos frequentes veranicos. No sistema de terras altas, o produtor, na maioria das vezes, depende de chuvas para conduzir as lavouras. Na avaliação das doenças, com relação à severidade da brusone foliar (Tabela 3), ocorreu a formação de cinco grupos pelo teste de agrupamento de médias de Scott-Knott, representada pelas letras de “a” até “e”, nas colunas. Observou-se, também que 80% dos genótipos obtiveram notas de severidade superior a 3,0 sendo consideradas suscetíveis. No entanto, na cultura do arroz irrigado e estudando outros genótipos, resultados diferentes foram obtidos por Santos et al. (2000, 2002, 2005), onde verificaram resistência em mais de 80% dos genótipos avaliados em condições experimentais. . Sabe-se que as condições climáticas influenciam diretamente no nível de severidade da brusone e de outras doenças. Tabela 3. Médias do número de dias para o florescimento (NDF), altura das plantas (AP) brusone na folha (BF), escaldadura (ESCAL), mancha Parda (MP), mancha dos grãos (MG), brusone na panícula (BP) e produtividade (PROD) em kg ha-1 na safra 2007/2008 em Formoso do Araguaia-TO No tratamento 63 90 10 82 72 78 84 35 87 89 13 85 21 46 51 60 42 47 83 71 5 49 39 77 43 40 45 55 NDF AP BF* ESCAL* MP* MG* BP* PROD* 83 84 80 95 68 88 83 75 95 96 80 94 79 99 108 128 95 99 118 125 100 109 98 95 89 108 77 85 104 90 100 110 90 98 78 95 99 98 112 99 108 111 112 120 110 111 122 115 83 112 111 90 100 115 99 88 5,0 c 1,0 e 5,6 c 3,0 d 5,0 c 1,0 e 1,0 e 5,0 c 1,0 e 3,0 d 4,3 c 1,0 e 4,3 c 3,6 d 3,6 d 3,0 d 7,6 a 7,6 a 5,0 c 7,0 b 5,6 c 3,6 d 4,3 c 3,6 d 1,0 e 5,6 c 4,3 c 5,0 c 6,3 b 5,0 b 6,3 b 5,0 b 7,6 a 4,3 b 6,3 b 5,6 b 7,0 a 6,3 b 6,3 b 4,3 b 7,6 a 7,0 a 5,6 b 5,6 b 6,3 b 5,6 b 7,0 a 5,0 b 5,0 b 5,6 b 5,6 b 5,6 b 6,3 b 6,3 b 7,0 a 5,6 b 5,6 c 3,0 d 4,3 d 3,0 d 4,3 d 5,0 c 3,0 d 5,0 c 5,0 c 3,0 d 4,3 d 3,0 d 7,0 b 3,6 d 3,6 d 3,6 d 3,0 d 4,3 d 3,0 d 3,6 d 3,0 d 5,6 c 7,0 b 4,3 d 3,0 d 4,3 d 4,3 d 5,0 c 3,0 c 1,0 e 1,3 e 2,0 d 2,3 d 2,0 d 1,0 e 2,3 d 1,0 e 1,6 d 2,3 d 1,3 e 2,0 d 2,0 d 2,0 d 2,6 c 3,3 b 1,6 d 2,3 d 2,0 d 2,6 c 2,0 d 3,3 b 1,6 d 2,3 d 2,0 d 2,0 d 2,0 d 12,0 e 7,3 g 16,6 c 16,6 c 19,3 b 11,3 e 8,6 f 8,0 f 9,3 f 13,3 d 19,3 b 11,3 e 3,0 h 12,0 e 4,0 h 4,6 h 8,0 f 8,6 f 8,0 f 5,3 h 7,3 g 4,6 h 6,6 g 5,3 h 8,6 f 4,6 h 11,3 e 12,6 e 2006,6 a 1923,3 a 1616,6 b 1592,0 b 1442,0 c 1411,3 c 1395,3 c 1375,3 c 1283,3 c 1257,6 c 1220,0 d 1204,3 d 1192,3 d 1148,6 d 1032,0 e 1025,3 e 1019,6 e 1002,0 e 985,6 e 979,3 e 963,6 e 944,3 e 940,0 e 915,3 f 903,3 f 870,0 f 868,6 f 846,3 f 41 26 44 68 58 16 9 54 27 86 88 14 62 38 59 11 79 6 81 52 24 7 34 12 70 80 8 36 4 17 50 67 41 73 48 53 3 61 22 56 25 29 19 64 33 23 31 32 37 69 57 1 15 76 75 30 115 83 120 113 102 113 115 110 110 98 111 82 112 90 98 84 115 120 112 130 80 109 83 115 90 79 113 115 115 88 109 105 130 124 80 109 119 110 112 127 135 110 119 114 115 114 118 112 107 88 89 110 120 144 110 148 98 119 111 125 114 110 130 112 110 100 81 129 98 115 83 113 127 125 130 97 120 100 120 90 94 120 140 120 89 91 119 120 100 95 130 123 120 120 143 106 124 120 118 123 120 124 119 128 100 110 99 100 130 140 3,0 d 5,0 c 6,3 b 4,3 c 5,0 c 5,0 c 5,6 c 2,3 d 1,0 e 1,0 e 5,6 c 4,3 c 6,3 b 4,3 c 5,0 c 1,0 e 1,0 e 4,3 c 5,6 c 4,3 c 5,6 c 3,6 d 7,0 b 7,6 a 1,0 e 6,3 b 5,0 c 3,0 d 5,6 c 5,6 c 7,0 b 5,0 c 6,3 b 5,0 c 3,0 d 5,0 c 3,6 d 4,3 c 2,3 d 7,0 b 5,6 c 6,3 b 5,6 c 5,0 c 5,0 c 6,3 b 5,6 c 7,0 b 3,6 d 6,3 b 5,0 c 5,0 c 3,6 d 5,0 c 6,3 b 6,3 b 5,6 b 5,6 b 6,3 b 7,0 a 6,3 b 6,3 b 7,0 a 3,0 b 8,3 a 7,6 a 7,6 a 5,6 b 7,6 a 7,6 a 7,0 a 7,6 a 7,6 a 5,6 b 6,3 b 6,3 b 5,6 b 7,6 a 6,3 b 6,3 b 5,0 b 7,0 a 6,3 b 5,6 b 7,6 a 6,3 b 6,3 b 6,3 b 6,3 b 7,6 a 5,6 b 8,3 a 7,0 a 5,6 b 6,3 b 5,6 b 6,3 b 7,0 a 7,0 a 7,0 a 5,6 b 6,3 b 7,0 a 7,6 a 7,0 a 6,3 b 7,6 a 6,3 b 5,6 b 5,6 b 3,6 d 5,0 c 3,6 d 3,6 d 4,3 d 4,3 d 3,6 d 3,6 d 3,0 d 4,3 d 7,0 b 5,0 c 4,3 d 9,0 a 3,0 d 3,0d 3,6 d 3,6 d 3,6 d 3,0 d 3,6 d 3,0 d 6,3 c 5,6 c 3,6 d 5,0 c 3,0 d 3,6 d 3,0 d 9,0a 3,6 d 3,6 d 3,0 d 3,6 d 5,0 c 3,6 d 3,0 d 4,3 d 3,0 d 3,6 d 3,0 d 3,6 d 4,3 d 3,6 d 3,6 d 3,6 d 5,0 c 3,0 d 5,6 c 5,6 c 3,6 d 3,0 d 4,3 d 3,0 d 3,0 d 1,0 e 1,3 e 2,0 d 2,3 d 2,0 d 2,0 d 2,3 d 2,0 d 1,6 d 1,0 e 2,6 c 2,3 d 2,3 d 1,0 e 2,6 c 1,6 d 2,6 c 3,0 c 3,0 c 2,0 d 2,0 d 2,0 d 2,0 d 4,0 a 1,0 e 2,3 d 1,6 d 1,3 e 2,6 c 2,0 d 3,3 b 3,3 b 3,0 c 2,0 d 1,3 e 2,6 c 2,0 d 3,0 c 1,0 e 2,0 d 2,0 d 2,6 c 3,3 b 4,0 a 3,0 c 3,0 c 3,3 b 2,3 d 3,3 b 2,0 d 2,0 d 1,3 e 2,6 c 3,0 c 2,0 d 8,6 f 21,3 b 9,3 f 6,6 g 10,0 f 9,3 f 8,0 f 14,6 d 6,0 g 4,6 h 10,0 f 20,0 b 8,0 f 14,0 d 14,0 d 8,0 f 12,0 e 9,3 f 4,6 h 7,3 g 15,3 c 6,6 g 10,0 f 1,0 i 19,3 b 20,0 b 8,6 f 12,6 e 4,6 h 8,6 f 9,3 f 8,0 f 10,0 f 7,3 g 30,0 a 10,0 f 8,6 f 7,3 g 8,6 f 3,3 h 14,0 d 8,0 f 6,6 g 6,0 g 10,0 f 8,0 f 4,6 h 16,0 c 15,3 c 12,0 e 7,3 g 6,0 g 6,0 g 8,0 f 3,3 h 826,6 f 825,6 f 819,0 f 815,3 f 812,0 f 757,6 g 753,0 g 728,6 g 703,3 g 698,0 g 653,3 g 651,0 g 643,3 g 640,6 g 626,6 g 606,0 g 577,6 g 560,0 h 553,3 h 536,0 h 531,0 h 528,0 h 503,3 h 493,0 h 492,0 h 471,3 h 470,0 h 468,6 h 466,6 h 453,3 h 448,0 h 424,3 h 422,0 h 420,0 h 419,6 h 398,0 h 395,3 h 380,0 i 355,3 i 350,0 i 343,3 i 342,3 i 340,0 i 334,6 i 315,6 i 306,6 i 272,6 i 244,6 i 241,3 i 238,3 i 219,6 j 192,0 j 191,0 j 161,6 j 156,6 j 42 66 2 18 20 28 65 74 108 115 8,3 a 5,0 b 6,3 c 2,0 d 112 120 8,3 a 4,3 b 3,0 d 1,6 d 90 109 3,6 d 8,3 a 7,0 b 3,3 b 118 108 5,6 c 7,6 a 5,0 c 2,0 d 120 110 7,6 a 5,0 b 3,6 d 2,0 d 139 123 8,3 a 5,0 b 3,6 d 2,0 d 145 120 5,0 c 6,3 b 3,6 d 1,0 e *Médias nas colunas, seguidas da mesma letra, não diferem significativamente entre Knott, em nível de 1% de probabilidade. 7,3 g 155,6 j 13,3 d 155,3 j 11,3 e 146,6 j 11,3 e 143,3 j 21,0 b 126,6 j 21,6 b 64,3 j 10,6 e 56,6 j si pelo teste de Scott- No presente trabalho as variáveis climáticas (Figura 1) foram muito favoráveis a todas as doenças avaliadas. Além desse fato, na região de Formoso do Araguaia, TO, pode ter ocorrido um aumento da prevalência das raças de brusone. Neste ensaio, plantou-se um grande número de genótipos, sendo a maioria suscetível à doença e oriundos de pais semelhantes. De acordo com Montalban et al. (1998), no Brasil, a base genética do arroz de terras altas é estreita, onde 81% do pool gênico dos cultivares liberados no período de 1971-1993 foram oriundos de apenas onze ancestrais. Segundo Santos et al. (2005), mesmo a resistência sendo condicionada por um ou dois genes dominantes, a obtenção de cultivares resistentes por muito tempo é dificultada devido ao fungo M. grisea ser altamente variável e existirem numerosas raças fisiológicas do patógeno. As raças prevalentes numa dada região são em função, principalmente, da cultivar plantada e manejo na cultura aliado às condições climáticas favoráveis ao patógeno (Ou, 1985). Neste caso, o alto nível de suscetibilidade entre os genótipos pode ser influenciado pela existência de raças específicas na infecção das plantas. Também deve-se considerar que a disponibilidade de inóculo das lavouras vizinhas pode ter favorecido de maneira expressiva o desenvolvimento dessas doenças. Com relação à escaldadura das folhas a maioria dos genótipos apresentou notas de severidade maior que 3,0 sendo considerados suscetíveis. A alta umidade e a precipitação no período de floração da maioria dos genótipos certamente favoreceram a incidência da doença. 43 Figura 1. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: precipitação pluviométrica em mm (PPT), temperatura máxima em ºC (Tmax), temperatura mínima em ºC (Tmin) e umidade relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2007 a abril de 2008. De acordo com comentários feitos por Ou (1985) e Groth (1992), as condições climáticas observadas são favoráveis ao desenvolvimento da escaldadura das folhas. Através do agrupamento das médias pelo teste de Scott Knott, foram formados dois grupos estatísticos distintos, considerando a severidade da doença (Tabela 3). Resultado semelhante foi obtido por Araújo et al. (2001), estudando a resistência de somaclones da cultivar de arroz IAC 47 a M. albescens. A diferença estatística entre os genótipos em relação à severidade de manchaparda das folhas foi significativa (Tabela 3). A maior parte desses genótipos (72,3 %) mostrou-se suscetível a doença, concordando com os resultados que foram obtidos por Santos et al. (2002; 2005). A severidade acentuada é justificada pelas condições climáticas que ocorreram durante o período desse ensaio. Acima de 93% de umidade, e molhamento das folhas pela chuva ou períodos prolongados de orvalho, são condições muito favoráveis à sua ocorrência. Além disso, a combinação do fator climático com a disponibilidade de inóculo das lavouras vizinhas favoreceu de maneira significativa o desenvolvimento da mancha-parda. Ocorreu alto nível de severidade da mancha dos grãos nos genótipos avaliados. Pelo teste de agrupamento de médias de Scott-Knott, apareceu a formação de cincos grupos, onde o grupo “a” foi formado apenas pelos genótipos arroz Pindaré e Samambaia 44 (70 e 33) que tiveram lesão nos grãos superiores a 76% do tecido afetado. De um modo geral, os genótipos mais produtivos tiveram resistência moderada à mancha dos grãos, enquanto os mais suscetíveis a essa doença 70 e 33, apresentaram produtividade baixa. Tais resultados evidenciam que a mancha dos grãos pode afetar a produtividade do arroz. Resultado semelhante foi obtido por Santos et al. (2005), que também observaram baixa produtividade e alta incidência de mancha dos grãos na linhagem de arroz irrigado CNAi 9097. Estes autores também comentaram que a doença afetou a qualidade dos grãos. Quanto à incidência de brusone nas panículas, verificou-se a formação de oito grupos entre os genótipos (Tabela 3). Onde o grupo “a” foi representado apenas pelo genótipo Arroz Ligeiro (53) com incidência média de 30% das panículas e produtividade em torno de 400 kg ha-1. Essa alta incidência de brusone nas panículas afetou diretamente a produtividade na maioria dos genótipos estudados. Quando ocorre no período de enchimento dos grãos esta doença provoca a obstrução dos vasos no local, impedindo a translocação de carboidratos, provocando o sintoma de "grão-chocho" (Santos et al., 2005). As menores incidências foram nos genótipos Cacho Duplo, Brejeiro, Iguapé Sem Arista e Arroz Pindaré (21, 25, 30 e 70), respectivamente. Os genótipos Brejeiro, Iguapé Sem Arista e Arroz Pindaré (25, 30 e 70), também tiveram baixa produtividade, além da suscetibilidade a escaldadura das folhas, esses genótipos apresentaram baixa resistência a brusone nas folhas. Esta doença ataca a cultura do arroz desde a fase de plântula até a colheita, causando danos diretos e indiretos. Segundo Prabhu et al. (1986), a brusone nas folhas durante a fase vegetativa causa a redução do número de grãos por panículas e peso dos grãos. Nesta fase, também pode causar efeitos indiretos tais como: redução da taxa de fotossíntese e respiração (Sun et al., 1986; Bastiaans et al., 1994). Em relação à produtividade houve a formação de nove grupos estatísticos entre os genótipos. As maiores produtividades foram encontradas nos genótipos Pico Negro, BRA032033, Amarelo Ligeiro e BRS Primavera (63, 90, 10 e 82, respectivamente), sendo que a maioria desses genótipos apresentou os menores níveis dessas doenças em relação aos demais. Os genótipos Arroz Agulhinha e Agulhinha Ipameri (65 e 74, respectivamente) tiveram as menores produtividades, alcançando uma redução de aproximadamente 95% em relação ao mais produtivo. Um fator que deve ter sido limitante para que o genótipo alcançasse menor produtividade foi que o período de floração de ambos ultrapassou os 138 dias. De acordo com a Figura 1, observa-se a ausência de precipitação pluviométrica nesse período. A falta de água no período de enchimento de 45 grãos diminuiu substancialmente a translocação de fotoassimilados na planta que pode provocar uma forte redução da produtividade. Segundo Venuprasad et al. (2007), em condições de estresses hídricos há uma redução significativa na produtividade do arroz. Verifica-se a baixa produtividade na maioria dos genótipos com período de floração superior a 120 dias, mostrando que a escassez de água é determinante para uma menor produtividade quando associado a uma alta pressão de doenças. A utilização do método de otimização de Tocher, fundamentado na dissimilaridade, expressa pelas distâncias de Mahalanobis possibilitou a distribuição dos 90 genótipos em 10 grupos distintos (Tabela 4). O grupo I englobou 58 genótipos, correspondendo a 64,44% dos genótipos estudados. Sendo que todos tiveram incidência de brusone na panícula ≤12%. Porém, apenas os genótipos Legítino e Makauto (51e 61, respectivamente) obtiveram produtividade superior a 1000 kg.ha -1 (Tabela 3) e severidade de brusone nas folhas inferior a 3,6. O grupo II foi formado por oito genótipos Maruim, Maruim Ligeiro, Maruim Branco, Gergelim, Beira Campo Dourado, Arroz Agulhinha, Arroz toro Graúdo e Agulhinha Ipameri (2, 8, 28, 37, 62, 65, 69 e 74, respectivamente), sendo estes de menor produtividade. No grupo III, estão os genótipos Amarelo ligeiro, Pratão Goiano, Arroz Carolino, 4 Meses Antigo, Piedad, BRS Pepita, BRS Primavera, BRA02601, BRA01506, BRA042156 e BRA032051 (10, 13, 35, 46, 72, 78, 82, 84, 85, 87, 89, respectivamente), com produtividade entre 1100 a 1600 kg.ha -1 e com grau de severidade semelhante a escaldadura das folhas. O grupo IV, formado pelos genótipos Cacho Duplo, Carioca/Rabo de Carneiro e Noventinha (21, 42 e 47, respectivamente) ambos com produtividade intermediária (1192,3; 1019,3 e 1002 kg.ha -1) e incidência de brusone de panículas inferior a 9%, porém são suscetíveis à brusone das folhas e escaldadura das folhas. O grupo V, agrupou três genótipos Branquinho, Catalão e BRS Sertanejo (44, 59 e 80, respec.) com incidência à brusone das panículas ≥14%, com produtividade relativamente baixa (Tabela 3). O grupo VI englobou os genótipos Ligeiro e Arroz Comprido (18 e 66, respec.) com baixa produtividade e suscetibilidade à maioria das doenças. O grupo VII, formado pelos genótipos Pico Negro e BRA032033 (63 e 90, respec.) com produtividade de 2006 e 1923 kg.ha -1 respectivame nte, que foram os mais produtivos. A linhagem BRA032033 teve produtividade estatisticamente igual ao genótipo Pico Negro. Porém, a linhagem BRA032033 foi mais resistente às doenças. O grupo VIII foi constituído pelo BRS Sertaneja (80), onde obteve nota de severidade de escaldadura das folhas de 8,3 sendo considerado altamente suscetível a essa doença. O grupo IX, formado pelo genótipo Arroz Pindaré (70), teve baixa incidência à brusone das panículas, 46 porém, foi suscetível as demais doenças, com destaque à alta suscetibilidade à mancha dos grãos. Com relação à incidência de brusone das panículas, o grupo X, formado pelo genótipo Arroz Ligeiro (53) foi o mais suscetível a essa doença, onde apresentou incidência de 30% e produtividade de 419 kg.ha -1, além de ser susceptível à escaldadura das folhas e mancha parda. Tabela 4. Grupos com padrões de comportamentos similares pelo Método de Tocher, com base na severidade Brusone Foliar, Escaldadura, Mancha Parda das folhas, Mancha dos grãos, incidência de Brusone nas panículas e Produtividade em 90 genótipos de arroz de Terras altas, utilizando-se a Distância Generalizada de Mahalanobis (Dii2) GRUPO I II III IV V VI VII VIII IX X 1 Nº. do tratamento dos diferentes genotipos1 1, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 36, 38, 39, 40, 41, 43, 45, 48, 49, 50, 51, 52, 54, 55, 56, 57, 58, 60, 61, 64, 67, 68, 71, 73, 75, 76, 77, 79, 81, 83, 86 2, 8, 28, 37, 62, 65, 69, 74 10, 13, 35, 46, 72, 78, 82, 84, 85, 87, 89 21, 42, 47 44, 59, 80 18, 66 63, 90 88 70 53 A identificação dos diferentes genótipos de arroz de terras altas encontram-se na Tabela 1. No presente estudo, as características que mais contribuíram para a diversidade genética (Tabela 5) foram a produtividade (51,96%), a incidências de brusone nas panículas (25,46%), a severidades de brusone nas folhas (9,33%) e a manchas dos grãos (7,09%). Estes resultados indicam a existência de variabilidade genética significativa para estes caracteres nos genótipos avaliados. As variáveis que menos contribuíram para a divergência genética detectada nesses genótipos foram a severidade de escaldadura das folhas (2,17%) e a mancha parda (3,97%). A importância relativa dos caracteres foi também avaliada visando identificar possíveis características dispensáveis. Conforme Cruz (2006b), o grande interesse na avaliação da importância relativa dos caracteres reside na possibilidade de se descartarem características que contribuam pouco para a discriminação do material avaliado, reduzindo, dessa forma, mão-de-obra, tempo e custo dispendioso na experimentação. Segundo Cruz et al. (2004), os caracteres dispensáveis em estudo de divergência genética compreendem os que são relativamente não variantes entre os 47 indivíduos estudados, além de apresentarem instabilidade com a mudança das condições ambientais. Tabela 5. Contribuição relativa percentual dos caracteres para divergência (Dii2), analisando com base no critério de Singh (1981), em arroz de Terras altas Caracteres1 S.J.2 Valor em % Brusone nas folhas 30223.968119 9.3352 Escaldadura das folhas 7028.506952 2.1709 Mancha parda 12872.385132 3.9759 Manchas dos grãos 22973.682489 7.0959 Brusone das panículas 82432.728533 25.4609 Produtividade 168230.710246 51.9612 2 S.J. . Contribuição relativa dos caracteres pelo método de Singh (1981) Os resultados obtidos permitem inferir que de todos os genótipos avaliados não houve variabilidade genética à escaldadura e à mancha parda de modo que não foi verificada nenhuma fonte de resistência. Sob condições normais são doenças de importância secundária no Brasil e apenas em condições favoráveis (chuvas excessivas e alta temperatura) podem causar prejuízos (Santos et al., 2005). A contribuição relativa para divergência genética tanto da escaldadura como a mancha parda foi baixa quando comparada com as outras características estudadas. Porém, deve-se considerar que na região de Formoso do Araguaia, fatores que favorecem o desenvolvimento dessas doenças são constantes no período da safra o que pode levar os produtores a grandes prejuízos. Caracteres de severidade de escaldadura das folhas e mancha parda são importantes em estudos de divergência genética de arroz no Estado do Tocantins. A baixa produtividade encontrada em todos os genótipos avaliados no presente estudo pode ser atribuída a dois principais fatores que podem ser limitante: estresse hídrico e a alta incidência e severidade de doenças. Os genótipos mais produtivos foram aqueles que tiveram floração entre 80 e 90 DAP e os menos produtivos aos 120 DAP. A partir de 112 DAP houve escassez de água no solo o que impediu a translocação de água e nutrientes para o enchimento dos grãos. Os genótipos mais precoces foram menos prejudicados. Associado à forte pressão de doenças no local a maioria dos genótipos produziram bem abaixo da média na região. Assim, é importante que os programas de melhoramento genético, priorizem a busca de novas fontes de resistência ao estresse hídrico e também a essas doenças, devido no presente estudo observou-se que estes, foram os fatores mais limitantes ao desenvolvimento dos genótipos avaliados no sistema de cultivo em terras altas. 48 CONCLUSÕES - Existe variabilidade genética entre os genótipos para as características; - Dos genótipos avaliados, nenhum mostrou-se imune às doenças; - As características que mais contribuíram para a diversidade genética observada foram a produtividade, seguida da incidência de brusone nas panículas e brusone nas folhas; LITERATURA CITADA ABADIE, T.; CORDEIRO, C. M. T.; FONSECA, J. R.; ALVES, R. de B. das N.; BURLE, M.L.; BRONDANI, C.; RANGEL, P. H. N.; CASTRO, E. da M. de; SILVA, H.T. da; FREIRE, M. S.; ZIMMERMANN, F. J. P.; MAGALHÃES, J. R. Construção de uma coleção nuclear de arroz para o Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40, p.129-136, 2005. 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Crop Science, v.47, p.285-293, 2007. 51 CAPÍTULO II DOSES DE SILÍCIO ASSOCIADO AO NITROGÊNIO NO MANEJO DE DOENÇAS E NA PRODUTIVIDADE DO ARROZ IRRIGADO 51 RESUMO No estado do Tocantins os rizicultores tentam controlar as doenças do arroz por meio de fungicidas associados a variedades com algum grau de resistência, porém esta combinação não tem surtido bons resultados por causa da resistência de patógenos aos ingredientes ativo dos fungicidas e principalmente, devido à rápida quebra de resistência das cultivares com resistência vertical. Produtos ecologicamente sustentáveis e menos poluentes como o uso do silício agrícola estão sendo buscados. A adubação com silício pode ser eficiente no controle ou redução da incidência de várias doenças importantes do arroz, tais como a brusone que é considerada a mais preocupante por provocar grandes prejuízos ao arroz em todos os continentes. Sabe-se também que apesar do nitrogênio ser imprescindível ao desenvolvimento e produtividade do arroz quando utilizado em doses elevadas se torna antagonista ao silício e favorece o desenvolvimento de doenças. Desta forma, o presente trabalho avaliou o efeito de diferentes doses de silício associado a doses de nitrogênio na incidência e severidade das doenças e na produtividade do arroz irrigado. Os ensaios foram conduzidos nos anos agrícolas 2007/2008 (ensaio1) e 2008/2009 (ensaio 2), adotando-se a mesma metodologia de instalação na área experimental do Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Tocantins, no Município de Formoso do Araguaia, Tocantins. Foi utilizada a Cultivar Epagri 109 devido ser bastante cultivada na região por apresentar boa produtividade e qualidade de grãos, porém é suscetível à maioria das doenças. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial de 5 x 2, sendo cinco doses de silício ( 0, 1000, 2000, 4000,6000. kg ha-1 de silicato de Ca e Mg em pó) e duas doses de nitrogênio (45 e 90 kg ha-1 de N) na forma de uréia. No ensaio 1, verificou-se que o aumento das doses de Silício diminuiu significativamente a incidência de brusone nas panículas e aumentou a produtividade. A maior incidência de brusone nas panículas foi verificada na testemunha, onde não foi aplicado silício; menores níveis de incidência com maiores níveis de produtividade foram encontrados nas doses de 6000 e 4000 kg de silício. Menor incidência de brusone das panículas foi obtida nas maiores doses de silício associados à dose de 45 kg de N. No ensaio 2, os resultados foram semelhantes e observou-se que a medida que se aumentou a dose de silício diminuiu a incidência de brusone das folhas, mancha parda, brusone das panículas e resultou no aumento da produtividade do arroz. Maiores índices de severidade e incidência ocorreram na dose de 90 kg de N respectivamente para a brusone das folhas e da panícula, porém a 52 dose de N não afetou a severidade de mancha parda. Maior produtividade foi conseguida na dose de 4000 kg de silício. Palavras-chave: Oryza sativa, Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, brusone, mancha parda, silicato, controle ABSTRACT Silicon rates associated with nitrogen on diseases management and yielding of irrigated rice The rice growers at the Tocantins State have tried to control rice diseases by using fungicides associate with varieties, which have presented resistance. Nevertheless, this combination does not have good results because of the pathogens that present resistance to active ingredients of fungicides or, in the other hand, the vertical resistance of cultivars is quickly broken. As a result, sustainable ecological and less pollution products, such as silicon, have been search. The silicon fertilization can be efficiently in the control or reduction of the several rice diseases such as blast, which it is considered the most important rice disease because it causes large rice losses in all continents. It is known that the nitrogen is essential to rice development and productivity, although when it is used in higher rates it is antagonist of the silicon and it favorably the development of the diseases. Hence, the present work aimed to study the influence of different Si and N-rates on the incidence of panicle and leaf blast, brown spot and yielding of irrigated rice. The experiments were carried out in 2007/2008 (Experiment 1) and in 2008/2009 (Experiment 2) crop year, both in the same management, at Experimental area of “Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Tocantins”, Municipality of Formoso do Araguaia, Tocantins State. The cultivar Epagri 109 was utilized because it is much cultivated in the region. This cultivar present good yield and grain quality as well as it is susceptible to several diseases. The experiments were performed in a completely randomized block design with four replicates, in a factorial design 5x2, respectively factor a=Si-rates and factor b=N-rates. The silicon source used was Calcium and Magnesium silicate (powder source). The silicate was applied at the following rates: 1- Si-without (control); 2- 1000 kg.ha-1; 3- 2000; 4- 4000; 5 -6000. The nitrogen source used was urea with 45% of N. The nitrogen was applied by casting at the following rates: 1- 45 kg.ha-1 of N; 2- 90. The 1st experiment results showed that according the Si-rates increase the panicle blast incidence decrease and the yield increase, both significantly. The control presented the higher incidence of panicle blast. In the 4000 and 6000 kg.ha -1 Si-rates, the 53 lesser incidence of panicle blast and the higher yield were observed. The best results were obtained when the higher rates of Si were associated with 45 kg.ha-1 of N, when the incidence of panicle blast was lesser. The 2nd experiment showed same results in relation to 1st, when the increase of Si performed the decrease of leaf blast, brown spot, panicle blast and consequently increase the yield. The higher results of leaf blast severity and panicle blast incidence occurred at 90 kg.ha-1 of N. However, the N-rates did not affect the brown spot severity. The higher yield was obtained with 4000 kg.ha -1 of Si. Keywords: Oryza sativa, Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, blast disease, brown spot, silicate, control of diseases. INTRODUÇÃO As doenças do arroz estão sendo manejadas através do uso de cultivares resistentes e fungicidas. Entretanto, no Tocantins, esta resistência não é geralmente eficiente por mais do que dois anos após o lançamento dos cultivares. Isto acontece principalmente devido à alta pressão de doenças verificadas na região. Os gastos com defensivos empregados no controle de doenças, pragas e plantas daninhas podem chegar a representar até 39% do custo total da produção (SANTOS et al., 2003a). A brusone, causada pelo fungo Pyricularia grisea (Cooke) Sacc.[=Magnaporthe grisea (Herbert) Barr], é uma das mais prejudiciais doenças do arroz, reduzindo a produtividade, fato verificado na maioria das áreas onde o arroz é cultivado no Brasil (PRABHU & FILIPPI, 2006). Portanto, é necessário que seu controle seja feito de forma adequada com o uso de fungicidas, de práticas culturais e de cultivares resistentes (WANG et al., 1989; SANTOS et al., 2005). Produtos ecologicamente sustentáveis e menos poluentes estão sendo buscados. A adubação com silício pode ser eficiente no controle ou redução da incidência de várias doenças importantes do arroz (DATNOFF et al., 1991; KORNDORFFER et al., 1999). A aplicação de silício antes do plantio ou em diferentes fases de desenvolvimento da cultura pode eliminar ou reduzir o número de aplicações com fungicidas durante o ciclo da cultura. Alguns pesquisadores têm mostrado que a sílica reduz a severidade de várias doenças, tais como brusone, mancha parda, escaldadura das folhas, entre outras. Estas doenças tendem a diminuir com o aumento da concentração de silício no tecido foliar (DATNOFF et al., 2001). 54 No Japão, 25% da área cultivada com arroz recebem anualmente adubações com silicato de cálcio que variam de 0,5 a 1,0 kg ha-1, embora a quantidade recomendada seja de 1,5 a 2,0 kg ha-1 (KORNDORFFER et al., 1999). Além do efeito do Si no solo, os pesquisadores demonstraram que ele também está relacionado a várias e importantes doenças do arroz: Brusone; Escaldadura e Helmintosporiose (ALESHIM et al., 1987; DATNOFF et al., 1990; DATNOFF et al., 1991; ELAWAD & GREEN JÚNIOR, 1979; KIM & LEE, 1982; OHATA et al., 1972). Pesquisas realizadas em solos orgânicos no Sul da Flórida demonstraram que a adubação com Si reduziu a incidência da brusone em 17 a 31% e helmintosporiose de 15 a 32% em relação ao tratamento que não recebeu Si (DATNOFF et al., 1990; DATNOFF et al., 1991). Segundo Osuna-Canizales et al., (1991), o efeito do Si sobre as doenças do arroz é ainda mais marcante quando o mesmo é adubado com doses elevadas de nitrogênio. Inadequações quanto à dosagem e época de aplicação do N, além de reduzir a produção, aumentam a incidência de doenças nas culturas (FAGERIA et al., 1997), a adubação nitrogenada deixa o arroz mais sensível ao ataque da P. grisea (SANTOS et al., 2003a). A influência do N sobre a brusone varia de acordo com a quantidade, a forma disponível e a suscetibilidade da planta (HUBER & WATSON, 1974). Segundo Marschner (1986), a alta concentração de nitrogênio reduz a produção de compostos fenólicos (fungistáticos) e de lignina nas folhas, diminuindo a resistência aos patógenos. O nitrogênio também aumenta a concentração de aminoácidos e de amidas no apoplasto e na superfície foliar que aparentemente têm maior influência que os açúcares na germinação dos conídios, favorecendo, pois, o desenvolvimento das doenças fúngicas. Existe pouca literatura disponível no país a respeito do estudo da interação do silício com o nitrogênio em condições de campo. Muitos estudos são divergentes e desta forma, a interação silício-nitrogênio ainda é motivo de investigação. Wallace (1989) observou que o incremento da adubação nitrogenada provocou redução nos teores de Si nas plantas de arroz e aveia. Há tendências de aumento em produtividade devido à aplicação de N na presença de adubação silicatada (SAVANT et al., 1997). Santos et al. (2003b) não observou diferença na interação entre o nitrogênio e silício, possivelmente devido às elevadas doses de silício utilizadas em seu experimento. Muad et al. (2003), afirmou que não houve influência do silício no acúmulo de matéria seca, produtividade de grãos e teores de nitrogênio na planta de arroz. Considerando-se que o nitrogênio é primordial para que a cultura possa alcançar boa produtividade e que este elemento pode ser antagonista ao silício, é de suma importância identificar doses destes elementos que proporcionem melhor controle de 55 doenças e aumento na produtividade. Assim sendo, é importante o estudo do efeito residual como critério de seleção de determinadas fontes de silício. Desta forma, o presente trabalho avaliou o efeito de diferentes doses de silício associado a doses de nitrogênio na incidência e severidade das doenças e na produtividade do arroz irrigado. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos nos anos agrícolas 2007/2008 ( ensaio1) e 2008/2009 (ensaio 2), na área experimental do Campo de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola do Tocantins, no Município de Formoso do Araguaia, localizado a 197 m de altitude, 11° 47‟ S e 49° 41‟ W. Os solos de ambos os ensaios foram classificados como Gleissolo Háplicos (GX) de acordo com a EMBRAPA (2006). Os resultados da análise de solo de amostras coletadas a 0-20 cm de profundidade revelou os seguintes valores. Ensaio 1: 5,2 pH (CaCl2); 0,1 cmolc dm-3 de Al; 6,6 cmolc dm-3 de H+Al; 2,92 cmolc dm-3 de Ca+Mg; 0,26 cmolc dm-3 K ; 28,8 mg dm-3 de P; 2,3 g. dm-3 de M.O.; e 32,5% de saturação por bases. Ensaio 2: 5,0 pH (CaCl2); 0,1 cmolc dm-3 de Al; 6,7 cmolc dm-3 de H+Al; 2,05 cmolc dm-3 de Ca+Mg; 0,29 cmolc dm-3 K ; 32,2 mg dm-3 de P; 1,9 g. dm-3 de M.O.; e 25,80% de saturação por bases, segundo o método preconizado pela EMBRAPA(1997). Foi plantada a Cultivar Epagri 109, devido ser bastante cultivada na região e suscetível a doenças. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial de 5 x 2, sendo cinco doses de silicato e duas doses de nitrogênio. A fonte de silício utilizada foi representada pelo silicato de cálcio e magnésio em pó. Foram avaliadas as seguintes doses de Silicato: 1 - testemunha, sem aplicação de silicato; 2 – 1000; 3 -2000; 4 – 4000 e 5 - 6000 kg ha-1 de Silicato de Ca e Mg. O Silicato de Ca e Mg foram aplicados a lanço manualmente durante o preparo do solo com 30 dias antes do plantio, a incorporação foi feita com aração rasa e gradagem a uma profundidade de aproximadamente 10 a 15 cm. As doses de nitrogênio (N) na forma de uréia (45%), utilizadas foram às seguintes: 1- 45 kg ha-1 de N; 2- 90 kg ha-1, sendo realizados os 45 dias após o plantio (DAP). A densidade de semeadura foi de 100 sementes por metro linear e o espaçamento entre sulcos foi de 17 cm e as parcelas tiveram dimensões de 2 x 6 m, totalizando 12 m2. A adubação de base da cultura foi feita a lanço com 350 kg ha-1 da fórmula 05-25-15 (NP-K). O arroz foi irrigado por inundação, deixando-se uma lâmina de água sobre o solo 56 de aproximadamente 15 cm de altura a partir dos 25 dias após a emergência das plântulas. Após 30 DAP foi feito controle de plantas daninhas em pós-emergência utilizando-se o herbicida Bispyribac na dose de 120 ml/ha-1. Durante toda a condução dos ensaios não houve aplicação de fungicidas. Com relação às doenças, foi feita inicialmente, aos 50 DAP avaliação de severidade de brusone das folhas. As avaliações de severidade mancha-parda como também a incidência da brusone das panículas foram realizadas com cerca de 10 dias antes da colheita para se evitar a contaminação por organismos saprófitas. Para a severidade de mancha-parda, foi empregada a seguinte escala de notas (CIAT, 1983): 0 = sem sintomas da doença; 1 = < 1% do tecido doente; 3 = 1 a 5% do tecido doente; 5 = 6 a 25% do tecido doente; 7 = 26 a 50% do tecido doente; 9 = mais de 50% do tecido doente. Para avaliação da incidência de brusone das panículas foram amostrados um total de 100 perfilhos por parcela. O resultado foi obtido por meio do cálculo da razão do número de panículas doentes sobre o total de panículas avaliadas. Além das doenças também foi avaliada a produtividade, cujos grãos foram colhidos nas quatro linhas centrais das parcelas experimentais e os resultados transformados para quilogramas por hectare (kg.ha-1). Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e fatorial. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade utilização do programa computacional SISVAR (FERREIRA, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelos resultados da safra 2006/2007 (ensaio1), foi constatada diferença estatística pelo teste F para brusone nas panículas e produtividade em ambos os fatores silício e nitrogênio, respectivamente (Tabela 1). Verificou-se interação significativa (silício x nitrogênio) na produtividade, indicando efeito diferencial entre as doses de silício nas diferentes doses nitrogênio. Para brusone nas panículas, a interação não foi significativa indicando que os efeitos dos fatores podem ser estudados isoladamente. Tabela-1 Resumo da análise de variância de incidência de brusone nas panículas e produtividade do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia-TO, safra 2006/2007 Quadrado Médio Fator GL Brusone da Panícula Produtividade Repetição 3 0,69 5733959,93 Silício (A) 4 173,22** 381288052,66** Nitrogênio (B) 1 189,22** 47707296,40** AxB 4 5,72ns 48040817,71** 57 Resíduo 27 3,80 Total 39 CV % 15,21 Média 12,82 ** significância a 1% de probabilidade pelo teste F 2764968,61 3,27 5082,47 O aumento das doses se Si diminui significativamente a incidência de brusone nas panículas e aumentou a produtividade (Tabela 2). A maior incidência de brusone nas panículas foi verificada na testemunha, onde não foi aplicado silício e menores níveis de incidência foram encontrados nas doses de 6000 e 4000, respectivamente. Menores níveis de brusone nas panículas foram verificados nas maiores doses de silício associado à dose de 45 kg ha-1de nitrogênio. Este efeito pode ter influenciado na maior produtividade nestes tratamentos (Tabela 2). Tabela 2. Valores médios da incidência de brusone nas panículas e produtividade(kg.ha-1 ) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia-TO, safra 2006/2007 Doses de Doses de Nitrogênio (kg.ha-1de N) silício Brusone da Panícula Produtividade (kg.ha-1 ) (kg.ha-1 ) 45 kg 90 kg Medias 45 kg 90 kg Medias 0 18,5 20,0 19,25 a 4244 A d 4096 A c 4170 d 1000 13,25 18,0 15,62 b 4866 A c 4261 B c 4563,5 c 2000 9,5 14,0 11,75 c 5431 A b 5292 Ab 5361,5 b 4000 7,0 13,0 10,0 cd 5578 B ab 6100 A a 5839 a 6000 5,0 10,0 7,5 d 5836 A a 5115 B b 5475,5 b Medias 10,65 B 15,0 A 5191,7 A 4973 B (1) Na linha as médias seguidas pela mesma letra maiúscula, e na coluna, pela mesma letra minúscula, não diferem entre si, pelo teste deTukey, a 5% de probabilidade A dose 6000 kg de silício/ha, não proporcionou incremento na produtividade. Provavelmente, a partir da dose de 4000 kg de silício/ha ocorreu saturação na absorção do silício, atingindo concentração máxima. Em termos médios a produção de arroz foi 28,58 % superior na dose de 4000 kg de silício/ha quando comparado com a testemunha. Resultados semelhantes foram obtidos por Santos et al. (2003b) quando verificou um incremento de 33% na produção nas parcelas tratadas com silício. À medida que eleva as doses de nitrogênio, houve um aumento significativo da incidência de brusone nas panículas e diminuição da produtividade. A incidência e ou severidade da brusone estão relacionados com a cultivar plantada, bem como as condições climáticas da região (Figura 1) favorável ao patógeno. 58 PPT Tmax Tmin UR % 120 Temperatura (°C) e UR (%) 90 Precipitação pluviométrica (mm) 100 100 80 70 80 60 50 60 40 40 30 20 20 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 Dias após a emergência (DAE) Figura 1. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: Precipitação Pluviométrica em mm (PPT), Temperatura máxima em ºC (Tmax), Temperatura mínima em ºC (Tmin) e Umidade Relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2006 a abril de 2007. Os resultados quanto ao efeito do silício sobre a redução da incidência de brusone nas panículas estão de acordo com os obtidos por Santos et al. (2003a). O desempenho do Si no aumento da resistência das plantas às diferentes enfermidades, inclusive à brusone em arroz, tem sido bem reconhecido (WINSLOW, 1992; KORNDÖRFER et al., 1999; SEEBOLD et al., 2000). Segundo esses autores estas doenças tendem a diminuir com o aumento da concentração de silício no tecido foliar. O incremento da produtividade com a aplicação de silício confirma relatos anteriores (DATNOFF et al., 2001; SEEBOLD et al., 2000; BERNI et al., 2003). Na safra 2008/2009 (ensaio 2), inicialmente precedeu-se a analise de variância, em que detectou-se apenas interação significativa entre os fatores silício e nitrogênio para a variável produtividade (Tabela 3). Houve efeito significativo para doses de silício para todas as variáveis analisadas, já para os níveis de nitrogênio houve efeito significativo para severidade de brusone nas folhas, incidência de brusone nas panículas e produtividade. Não houve diferença significativa para severidade de mancha parda no fator Nitrogênio. 59 Tabela-3 Resumo da análise de variância de severidade de brusone nas folhas (BF) e mancha parda (MP), incidência de brusone nas panículas (BP) e produtividade (PROD) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia- TO, Safra 2008/2009 Quadrado Médio Fator GL BF MP BP Produtividade Repetição 3 0,63 1,33 3,33 8090,02 Silício (A) 4 5,90** 17,85** 368,00** 6015343,83** Nitrogênio B) 1 2,50** 0,40ns 129,60** 52925,62* ns ns ns AxB 4 0,50 0,15 7,60 122483** Resíduo 27 0,33 0,37 8,74 28592,04 Total 39 CV % 13,39 11,70 20,39 3,36 Média 4,15 5,20 14,50 5029,72 ** significância a 1% de probabilidade pelo teste F O aumento das doses de silício diminui significativamente a severidade de brusone nas folhas e da mancha-parda (Tabela 4). As doses de 2000 e 4000 kg de Si/ha, associado a 90 kg de N/ha favoreceu maior severidade de brusone nas folhas quando comparado com a aplicação de 40 kg de N/ha. Esta influencia entre as doses de N não foi confirmada para mancha parda, porém o aumento nas doses de Si reduziu significativamente esta doença. Resultados semelhantes foram encontrados por Berni et al. (2003) trabalhando com eficiência de fontes de silício. Os autores verificaram que o aumento das doses de silício reduziu a severidade de brusone nas folhas. A aplicação de silício também proporcionou uma redução significativa da severidade de mancha parda. Zanão Junior et al. (2009), ao utilizarem fontes de silício, verificaram que o Si absorvido pelas raízes reduziu a severidade da mancha-parda. Tabela 4. Valores médios da severidade de brusone nas folhas e mancha parda em arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia- TO, safra 2008/2009 Doses de Doses de Nitrogênio (kg.ha-1de N) silício Brusone das Folhas Mancha Parda (kg.ha-1 ) 45 kg 90 kg Medias 45 kg 90 kg Medias 0 5,0 5,0 5,0 a 7,0 7,0 7,0 a 1000 4,5 5,0 4,75 a 6,0 6,0 6,0 b 2000 4,0 5,0 4,5 a 5,0 5,5 5,25 bc 4000 3,0 4,0 3,5 b 4,5 5,0 4,75 c 6000 3,0 3,0 3,0 b 3,0 3,0 3,0 d Medias 3,9 B 4,4 A 5,1 A 5,3 A (1) Na linha as médias seguidas pela mesma letra maiúscula, e na coluna, pela mesma letra minúscula, não diferem entre si, pelo teste deTukey, a 5% de probabilidade 60 O aumento das doses de silício aplicado ao solo pode ter refletido nos teores e acúmulo do elemento na parte aéreas das plantas. De acordo com Datnoff et al., (2001), estas doenças tendem a diminuir com o aumento da concentração de silício no tecido foliar. A absorção de silício pela planta de arroz tende a formação de uma dupla camada de sílica na epiderme das folhas. Estudos ultra-estruturais desenvolvidos por Woloshuk et al. (1983) revelaram que o fungo Pyricularia grisea penetra pela cutícula da planta passando pela parede celular. Quando ocorre inibição do apressório o patógeno não consegue penetrar. Segundo Cai et al. (2008) a redução na severidade de doenças do arroz, como a brusone, pela aplicação de Si é um processo complexo, que não se limita à formação de barreiras mecânicas passivas, mas é resultado da atuação conjunta desses dois mecanismos: deposição e polimerização do Si abaixo da cutícula associado à indução de reações bioquímicas (produção de compostos fenólicos). Pelos resultados da avaliação de brusone nas folhas (Tabela 4), observou-se que quando aumentou os níveis de N, ocorreu aumento significativo da severidade de brusone nas folhas, o mesmo não foi constatado na severidade de mancha parda. Resultados estes corroboram com os encontrados por SANTOS et al. (2003b). A alta incidência de doenças nas plantas pode ser explicada pelo alto potencial de inoculo no local, suscetibilidade da cultivar e à possível relação entre o conteúdo de nitrogênio no tecido bem como a alta umidade e precipitação verificada no local do ensaio (Figura 2). PPT Tmax Tmin UR % 140 Temperatura (°C) e UR (%) 90 Precipitação pluviométrica (mm ) 100 120 80 100 70 60 80 50 60 40 30 40 20 20 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 Dias após a emergência (DAE) Figura 2. Variáveis climáticas ocorridas durante a condução do ensaio, do primeiro dia após a emergência até a colheita do arroz, sendo as seguintes variáveis: Precipitação Pluviométrica em mm (PPT), Temperatura máxima em ºC (Tmax), Temperatura mínima em 61 ºC (Tmin) e Umidade Relativa (UR%). Formoso do Araguaia, TO, dezembro de 2008 a abril de 2009. Altas doses de nitrogênio podem elevar os níveis de N nos tecidos da planta reduzindo a produção de compostos fenólicos e de lignina nas folhas, e assim diminuir a resistência aos patógenos (MARSCHER, 1986). Os resultados de incidência de brusone nas panículas e produtividade (Tabela 5) ressaltam a importância do uso do silício, pois influenciou de forma significativa, no melhor controle de brusone das panículas e no aumento da produtividade nas condições avaliadas. Pode-se verificar que a dose 1000 kg ha-1 proporcionou uma redução em termos médios de 6,25% na incidência de brusone nas panículas e um aumento de 5,4% na produtividade e seu aumento seguiu essa distribuição. A redução significativa da incidência de brusone e o aumento da produtividade com o uso do silício confirmam relatos anteriores de estudos desenvolvidos no Tocantins e em outros locais (SANTOS et al., 2003b; SEEBOLD et al., 2004; BERNI & PRABHU 2003; DATNOFF et al., 1991). O efeito do Si sobre a produção não se resume apenas ao seu efeito no controle de doenças. A formação de uma dupla camada de sílica na epiderme das folhas do arroz mantém as mesmas mais eretas, promovendo um maior aproveitamento de luz e em decorrência uma maior eficiência fotossintética (TAKAHASHI, 1996). Tabela 5. Valores médios da incidência de brusone nas panículas e produtividade (kg.ha1 ) do arroz irrigado, cultivar Epagri 109, em Formoso do Araguaia- TO, safra 2008/2009 Doses de Nitrogênio (kg.ha-1de N) Doses de silício Brusone da Panícula Produtividade (kg.ha-1 ) -1 (kg.ha ) 45 kg 90 kg Medias 45 kg 90 kg Medias 0 21,0 27,5 24,25 a 3985 Ac 4096 Ac 4040, 6 d 1000 16,5 19,5 18,00 b 4327 Ac 4212 Ac 4269,7 d 2000 11,0 15,5 13,25 c 5162 Ab 5193 Ab 5177,6 c 4000 9,0 10,5 9,75 cd 6054 Aa 6150 Aa 6102,3 a 6000 6,0 8,5 7,25 d 5801 A a 5315 B b 5558,2 b Medias 12,7 B 16,3 A 14,5 5066,1 4993,35 5029 (1) Na linha as médias seguidas pela mesma letra maiúscula, e na coluna, pela mesma letra minúscula, não diferem entre si, pelo teste deTukey, a 5% de probabilidade De acordo com Agarie et al. (1992) a maior atividade fotossintética proporcionada pela adubação com Si pode ser uma das razões para o aumento da produção de grãos e matéria seca. Analisando os dados de produtividade de grãos apresentados na Tabela 5, observa-se que na média a maior produtividade ocorreu na dose 45 kg ha-1 de N e que o 62 aumento, acima dessa dose, não foi seguido pelo incremento na produtividade, mas sim por uma redução. Altas doses de N estimulam o perfilhamento e a formação de novas folhas, causando o sombreamento, proporcionando condições favoráveis a doenças, acamamento e consequentemente a queda na produtividade (BARBOSA FILHO, 1987). Nas condições experimentais, não ocorreu acamamento; assim, a queda na produtividade com o aumento da adubação nitrogenada, provavelmente, pode ser decorrente do maior nível de doenças verificado nas plantas. CONCLUSÕES - O aumento na dose de silício diminuiu a incidência de brusone das folhas, mancha parda, brusone das panículas e resultou no aumento da produtividade do arroz; - A dose de nitrogênio não afetou a severidade média de mancha parda, porém a maior dosagem deste nutriente favoreceu o aumento da incidência e severidade das doenças; LITERATURA CITADA AGARIE, S.; AGATA, W.; KUBOTA, F.; KAUFMAN, P. B. Physiological roles of silicon in photosynthesis and dry matter production in rice plants. Japan Journal Crop Science, v. 61, p.200-206, 1992. ALESHIN, N. E.; AVAKYAN, E. R.; DYAKUNCHAK, S. A.; ALESHKIN, E. P.; BARYSHOK, V. P.; VORONKOV, M. G. Role of silicon in resistance of rice to blast. Doklady Akademii Nauk SSSR. v.291 p.217-219, 1987. BARBOSA FILHO, M. P. Nutrição e adubação do arroz. Piracicaba, Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do fosfato, 1987. 127p. BERNI, R. F.; PRABHU, A. S. Eficiência relativa de fontes de silício no controle de brusone nas folhas em arroz. 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