BRASIL, MOSTRA A TUA CARA SOCIOLOGIA – 3º ANO DO ENSINO MÉDIO – 2º BIMESTRE CARAS E CARAS As regiões brasileiras apresentam condições geográficas distintas, traços particulares de culturas e níveis desiguais de desenvolvimento econômico e social. Tudo isso é importante para entendermos por que é tão impróprio falar de cultura brasileira – como se fosse uma cultura única e homogênea – e de realidade brasileira – como se a realidade do país pudesse ser capturada de uma só vez, por um gesto ou por uma explicação. Quando afirmamos que as regiões brasileiras apresentam um desequilíbrio do ponto de vista econômico e social, queremos dizer que algumas delas dispõem de riquezas e oportunidades decorrentes da produção industrial, enquanto outras dependem de recursos provenientes do Governo Federal, porque a produção local não é suficiente para promover o seu desenvolvimento. O IBGE nos oferece sempre informações explicando que a falta de oportunidade de trabalho, a pobreza, a produção insuficiente, tudo isso expulsa os moradores das regiões mais pobres em direção àquelas onde se supõe que a vida possa ser melhor. DESENVOLVIMENTO HUMANO O conceito parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana . A MANCHA NACIONAL O desenvolvimento educacional dos estados e municípios brasileiros também é revelador da situação mais geral. Os indicadores de analfabetismo, por exemplo, são mais altos nas regiões mais pobres e mais baixos nas mais favorecidas. Se nosso interesse for comparar as zonas urbanas e rurais, veremos que os números também são muito diferentes. Apesar de o Brasil ter investido mais em educação nos últimos vinte anos, há uma grande disparidade entre o que acontece nesses dois espaços. Tomemos, por exemplo, uma noção importante na área educacional, a do chamado analfabetismo funcional. O analfabetismo funcional, embora consiga juntar letras, não consegue entender o que lê, o que significam as palavras dentro dos parágrafos de um texto. Embora conheça os números, não consegue fazer as operações matemáticas básicas. Essa deficiência evidentemente compromete a posição de alguém que está competindo por um lugar melhor no mercado de trabalho. E esse conceito revela o tipo de aprendizado que a pessoa teve, pois ela pode ser analfabeta funcional mesmo tendo completado o Ensino Fundamental. TUDO VIRANDO URBANO As cidades fazem parte da paisagem social brasileira desde o período colonial, mas foi a partir da segunda metade do século XIX, quando ocorreu o primeiro surto de industrialização no país, que elas começaram a ter um número expressivo de habitantes. As cidades cresceram, sobretudo, graças aos imigrantes italianos, japoneses e alemães, que se dirigiram primeiro para o Sul do país e em seguida para os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os muitos retratos possíveis do Brasil estão presentes em traços desconexos nos ambientes urbanos. Porque foi nas cidades que a imprensa e os meios de comunicação cresceram e se disseminaram, nelas a notícias se espalharam com rapidez. AS MUITAS FAMÍLIAS O que diriam os mais velhos sobre a vida familiar do tempo que eles eram crianças? As famílias eram sustentadas pelo rendimento do pai ou da mãe? O casamento dava a ideia que deveria ser eterno? “até que a morte os separasse”. Quando o casal se separava antigamente continuavam morando na mesma casa ou em casas separadas? As famílias eram sempre constituídas de um homem e uma mulher e seus filhos, ou já havia casais formados por pessoas do mesmo sexo? Para ter filhos era obrigatório o casamento? Uma das causas mais importantes da mudança familiar no Brasil deve ser procurada na alteração do comportamento das mulheres em nosso sociedade. Mais uma vez as indicações do IBGE são esclarecedoras. O nível de escolaridade das mulheres subiu, em muitos casos mais que o dos homens. Por outro lado, como já foi dito, a taxa de fecundidade diminuiu. As mulheres têm menos filhos, participam cada vez mais do mercado de trabalho, contribuem crescentemente para o rendimento familiar, e a cada ano tornam-se mais numerosas aquelas que são as principais responsáveis pelo sustento familiar. Quando queremos saber como se constituem as famílias brasileiras nos dias de hoje, temos de contabilizar muitas informações. Os divórcios, os casamentos sucessivos, os filhos provenientes de casamentos distintos do pai ou da mãe, os meiosirmãos, os padrastos e madrastas, as diferentes casas onde as crianças e os jovens transitam dentro de um ambiente familiar, os filhos registrados por casais do mesmo sexo, tudo isso tem de ser levado em consideração. A vida em sociedade está cheia de casos que revelam tensões, não só no Brasil como nos demais países. O que uns escolhem ou defendem pode parecer ofensivo a outros. Acontece também, por exemplo, com as diferentes manifestações culturais que dão sentido as tribos formadas pelos jovens, com as diferentes opções religiosas. São comuns as discussões entre os que defendem e os que condenam a legalização do aborto ou a descriminalização das drogas. Tudo isso é revelador da vida em sociedade, e nada disso é objeto de consenso.