Fístulas arferiovenosas braquiocefálicas e braquiobasílicas para hemodiálise: seguimento precoce e tardio Airton Delduque Frankini Doutor em Cirurgia Vascular pela Escola Paulista de Medicina. Chefe do SeNiço de Cirurgia Vascular do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre - RS Fausto Miranda Júnior Professor Adjunto, Doutor, da Disciplina de Cirurgia Vascular da Escola Paulista de Medicina, São Paulo-SP Entre junho de 1985 e setembro de 1992 foram realizadas 78 fístulas arteriovenosas em pacientes portadores de insuficiência renal crônica terminal, distribuídas em dois grupos: 59 fístulas do tipo braquiocefálica, realizadas em 54 pacientes, e 19 fístulas do tipo braquiobasílica com superficialização da veia basílica, executadas em 18 pacientes. Os grupos foram estudados em dois períodos distintos - seguimentos precoce e tardio e analisados em função da perviedade e das complicações. Os resultados do seguimento tardio, concluído em abril de 1993, mostraram que a probabilidade estimada de perviedade da fístula a seis meses foi de 87,7% para as braquiobasílicas e de 69,8% para as braquiocefálicas, sendo ao final de 12 meses 80,4% e 57,6%, respectivamente. Essa diferença não foi estatisticamente significante (p = 0,17398). Os resultados obtidos permitem concluir que ambas as técnicas são alternativas válidas para a manutenção de pacientes com insuficiência renal crônica terminal em programa de hemodiálise, especialmente quando não há condições de realização ou de preservação de acesso na altura do antebraço, pois apresentam poucas complicações e alto índice de perviedade no seguimento tardio. Uni termos: Fístula arteriovenosa, hemodiálise. A s fístulas arteriovenosas localizadas no antebraço são as que oferecem melhores resultados a médio e a longo prazos na manutenção de pacientes com insuficiência renal crônica terminal em programa de hemodiálise. Contudo, quando tais acessos se tornam inviáveis em ambos os membros superiores, técnicas alternativas devem se~ adotadas. As fístulas realizadas no braço envolvendo a artéria braquial têm-se revelado de fácil execução e apresentado bons resultados tardios, embora pouco divulgados em nosso meio. Basicamente duas técnicas têm sido empregadas nessa localização com maior freqüência: as fístulas braquiocefálicas e as fístulas braquiobasílicas com superficialização da veia basílica. Deve-se a Cascardo e cols. 3 a introdução do acesso vascular pro xi mal para hemodiálise a partir da anastomose entre a artéria braquial e a veia cefálica, na região antecubital. Pequenas modificações técnicas foram propostas por outros autores, porém em essência não se alteraram o local da anastomose e a veia cefálica como sede da punção ll •13 • Em 1973, Zebe e cols. 2x propuseram a realização de uma anastomose terminolateral entre a veia basílica e a artéria braquial, após sua colocação acima da aponeurose com fechamento desta em plano inferior, tornando-a, assim, superficial e passível de ser diretamente puncionada. O posicionamento da veia basílica no subcutâneo foi modificado por alguns autores com a finalidade de facilitar sua punção 5.6.16.1 •. 25. Essas técnicas alternativas têm sido propostas com entusiasmo, particularmente porque evitam o emprego de prótese em pacientes geralmente debilitados e, portanto, com risco de complicações mais graves. Baseado em experiência adquirida com tais métodos, este trabalho tem por objetivo analisar os resultados precoces e tardios das fístulas braquiocefálicas e braquiobasílicas em função da perviedade Marco Aurélio Cardozo Luiz Daniel Grubert Ex-Residentes do SeNiço de Cirurgia Vascular do Hospital Nossa Senhora da Conceição Emil Burihan Professor Titular e Chefe da Disciplina de Cirurgia Vascular da Escola Paulista de Medicina Trabalh)o realizado no Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Nossa Senhora da Conceição (GHC), Porto Alegre-RS e das complicações, já que os resultados imediatos foram estudados em outras publicações 9• 1U • Entre junho de 1985 e setembro de 1992 foram realizadas por um dos autores (ADF), no Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Nossa Senhora da Conceição (Grupo Hospitalar Conceição, Porto Alegre - RS), 382 fístulas arteriovenosas em doentes com insuficiência renal crônica terminal, oriundos do Serviço de Nefrologia do mesmo hospital, com a finalidade de ingressar ou prosseguir em programa de hemodiálise. Foram selecionados 78 casos (20,4%) que correspondem aos chamados procedimentos proximais diretos alternativos: 59 fístulas braquiocefálicas e 19 braquiobasílicas com superficialização da veia basílica, em um total de 69 pacientes. Considerando os dois grupos isoladamente, tivemos a seguinte distribuição CIR. VASCo ANGIOL. 11: 58-67.1995 Fístulas arteriovenosas braquiocetálicas e braquiobasflicas para hemodiálise quanto ao sexo e à idade: em 54 pacientes nos quais se realizou acesso braquiocefálico, 30 eram do sexo feminino (55,5%) e 24 eram do sexo masculino (44,4%), com a mediana da idade de 48 anos, oscilando entre 18 e 78 anos. Em 18 pacientes com procedimento do tipo braquiobasílico no braço, dez eram do sexo feminino (55,5%) e oito eram do sexo masculino (44,4%), variando a idade entre 23 e 73 anos, sendo a mediana igual a 55 anos . Verificou-se que em nove pacientes se realizou mais de um procedimento e que três pacientes apareceram em ambos grupos. Em relação à presença de doenças associadas, a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes melito foram as mais freqüentes nos dois grupos, cujas informações se encontram detalhadas na Tabela I. As fístulas braquiocefálicas seguiram a técnica descrita por Cascardo e cols., em 19703, e as fístulas braquiobasílicas com superficialização da veia basílica em seu trajeto anatômico basearam-se na proposta de Zebe e cols., de 1973 28 • Os critérios para a confecção da fístula, bem como procedimentos anestésicos e detalhes técnicos, estão descritos em publicações anteriores 9•1O • Fases de estudo Entre junho de 1985 e setembro de 1992 foram operados 78 casos, avaliados até abril de 1993. Os dados obtidos foram analisados em duas fases: seguimento precoce, iniciada no 31 Q dia de pós-operatório e finalizada ao se completarem seis meses de acompanhamento, e seguimento tardio, iniciada após seis meses e um dia do procedimento cirúrgico. Método estatístico A análise estatística consistiu em estudar as complicações, em cada tipo de fístula - braquiocefálica e braquiobasílica -, nos períodos de seguimento precoce e de seguimento tardio, comparando-os entre si, com o objetivo de verificar se determinada complicação ocorre com Airton Delduque Frankini e cols. Tipo de Fístula Doenças Associadas Braqulocelállca (pac. = 54) Hipertensão Arterial Diabetes Mellto Insullclêncla Cardiaca Arteriosclerose Periférica Cardiopatia Isquêmlca Doença Pulmonar Crônica AVC Isquêmlco Arritmia Cardiaca Pancreatlte Cirrose Hepática Hepatite Carcinoma Uterino Pollarterlte Nodosa Hlpoparatlreoldlsmo Mleloma Múltiplo Obesidade Braqulobasíllca (pac. = 18) 30 (55,5%) 19(35,2%) 8 (14,8%) 8 (14,8%) 7 (13,0%) 4 (7,4%) 2 (3,7%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) 1 (1,8%) O O 10 (55,5%) 7 (38,9%) O O O O O O O O O O O O 1 (5,5%) 1 (5,5%) Tabela 1: Distribuição das doenças associadas nos pacientes com Insunclêncla renal crônica terminal em relação ao tipo de lístula realizada. maior freqüência em um determinado tipo de fístula e em qual período do seguimento. A análise da perviedade das fístulas, comparativamente entre os dois grupos, foi realizada levando-se em consideração: a) a perviedade até a perda do acesso, qualquer que tenha sido o motivo; b) a perviedade da fístula até a ocorrência de trombose; c) a perda da fístula por trombose, em pacientes diabéticos e não-diabéticos, nos diferentes grupos. Foram aplicados os seguintes testes estatísticos: 1. Teste exato de Fisher para tabelas 2 x 2 com o objetivo de comparar os grupos de fístulas braquiocefálica e braquiobasílica em relação às porcentagens de casos com complicações Z1 • Esse confronto foi realizado para cada uma das complicações consideradas. 2. Teste de Mc Nemar quando se compararam os períodos precoce e tardio em relação à presença de cada uma das complicações consideradas 24 . Para a análise do tempo de funcionamento das fístulas (perviedade) até sua perda, utilizou-se o método de análise de sobrevivência. Este método permite a incorporação, na análise, da informação de pacientes que foram perdidos durante a investigação ou permaneceram com a fístula funcionante ao término do trabalho, CIR. VASCo ANGIOL. 11: 58-67.1995 com tempos diversos de seguimento . Desses pacientes, é utilizada a última informação disponível antes da perda do seguimento ou do término do trabalho de campo. A probabilidade de manter a fístula funcionante em relação ao tempo de evolução (curva de perviedade) foi estimada pela técnica de Kaplan-Meier ' 7 . Para comparação entre as curvas de perviedade foi usado o teste de Co xMantel '7 . Fixou-se em 0,05 ou 5% (alfa ~ 0,05) o nível para rejeição da hipótese de nulidade, assinalando-se com asterisco os valores significantes. Seguimento precoce . Foi registrada trombose da fístula em dois casos (3,4%) no grupo de pacientes submetidos à realização de fístula do tipo braquiocefálico: aos dois meses, em uma paciente portadora de vasos com calibre muito reduzido e que seguiu em tratamento com diálise peritoneal, e no quarto mês de seguimento , em uma paciente que apresentou hipotensão arterial durante sessão de diálise peritoneal, tendo permanecido nesse tipo de programa dialítico. A presença de hipofluxo na fístula, atribuído à fibrose da veia, determinou seu abandono para uso em hemodiálise em dois casos (3,4%), aos Fístulas arteriovenosas braquiocefólicas e braquiobasflicas para hemodiólise dois e três meses de evolução . O desenvolvimento de isquemia na mão, conseqüente ao roubo de fluxo na extremidade operada, ocorreu em dois casos neste grupo (3,4%), obrigando à ligadura das fístulas em ambos os casos, em função de não ter sido possível seu controle com medidas conservadoras instituídas, aos dois e quatro meses de seguimento. Queixa de ruído constante no ouvido esquerdo por parte de uma paciente permitiu constatação de veia subclávia esquerda obstruída com desaguamento através de colaterais na veia jugular externa e presença de frêmito nessa altura (1,7%). A ligadura de um ramo colateral no espaço supraclavicular determinou a perda do acesso no terceiro mês de seguimento, tendo sido realizada nova fístula em outro hospital, posteriormente. Nos pacientes submetidos à realização de fístula do tipo braquiobasílica, a incidência de complicações no período de seguimento foi menor. Tivemos um caso de hipofluxo (5,3%) decorrente de fibrose da parede venosa aos três meses de seguimento, tendo a paciente sido submetida à realização de nova fístula em outro hospital, e um caso de infecção (5,3%) no segundo mês de evolução . Devido ao comprometimento da anasComplicações tomose, que provocou hemorragia importante, a fístula foi ligada e a paciente encaminhada para diálise peritoneal. Todas as complicações registradas no seguimento precoce determinaram a perda do acesso e seus dados se encontram resumidos na Tabela 2. Seis fístulas braquiocefálicas deixaram de ser utilizadas, por diversas razões, apesar de estarem em condições de punção na oportunidade: um caso realizou transplante renal (1,7%) no quarto mês de seguimento; dois casos apresentaram recuperação da função renal (3,4%) aos dois e seis meses de evolução; um caso, devido a mudança de serviço de hemodiálise (1,7%), ao completar um mês de seguimento; um caso abandonou tratamento (1,7%) com quatro meses de evolução e um caso devido à mudança de programa de diálise (1,7%), ao final do quarto mês de seguimento. Seis óbitos (11,1% dos pacientes) foram registrados no seguimento precoce. As causas foram variadas: falha de múltiplos órgãos e aparelhos em dois casos, aos três e seis meses de evolução; sepse em dois casos, aos dois meses com foco abdominal e aos seis meses com foco em coto de amputação de coxa; hemorragia digestiva alta em um caso no quarto mês de seguimento Tipo de Fístula Braqulocefállca (n = 59) Trombose Hlponuxo Isquemla Obstrução vela subclávla Infecção Airton Delduque Frankini e cols. . Braqulobasíllca (n = 19) 2 (3,4%) 2 (3,4%) 2 (3,4%) 1 (1,7%) O 1 (5,3%) O O 1 (5,3%) O - das complicações no seguimento precoce em relaçao - ao tipo de tístula Tabela 2: Dlstrlbulçao realizada. Evolução Tipo de Fístula Braqulocefállca (n =59) Transplante Renal Recuperação da Função Renal Mudança de Serviço Abandono de Tratamento Mudança de Programa Dlalítlco Programa de Hemodiálise Óbito 1 (1,7%) 2(3,4%) 1 (1,7%) 1 (1,7%) 1 (1,7%) 28 (47,4%) 6 (11,1%) Braqulobasíllca (n =19) O 3 (15,8%) 1 (5,3%) O O 11 (57,9%) 1 (5,5%) Tabela 3: Distribuição dos casos não-complicados no seguimento precoce em relação ao tipo de tístula realizada. • I e infarto agudo do miocárdio ocorrido no sexto mês de evolução. Todos os pacientes mantinham pérvias as fístulas por ocasião do óbito. Neste período do estudo, 28 fístulas braquiocefálicas (47,7%) apresentavam condições de serem puncio nadas para a realização de hemodiálise. Nos pacientes que realizaram fístula braquiobasílica tivemos em três casos recuperação da função renal (15,8%), dois deles aos dois meses de seguimento e um caso no sexto mês de evolução. Mudança de serviço de hemodiálise ocorreu em um caso (5,3%), no segundo mês de seguimento, e um óbito (5,5% dos pacientes), por infarto agudo do miocárdio, foi registrado no sexto mês de acompanhamento. pQf outro lado, nesse grupo de fístulas, 11 casos (57,9%) tinham condições de punção para hemodiálise, no seguimento precoce. Os dados relativos à evolução no seguimento precoce se encontram resunúdos na Tabela 3. Seguimento tardio O grupo de pacientes submetidos a procedimento do tipo braquiocefálico teve a seguinte evolução nos casos em que se registrou complicações com perda do acesso: cinco tromboses tardias foram registradas (8,5%), sendo a complicação mais freqüente, e em dois casos a etiologia não pôde ser definida, tendo ocorrido aos 10 e 11 meses de seguimento. A conduta adotada nesses casos foi novo acesso do tipo braquiocefálico no primeiro caso e retomo ao programa de diálise peritoneal no outro . Em um caso, a etiologia da trombose foi atribuída ao hipofluxo arterial no 122 mês de seguimento, tendo evoluído para a realização de nova fístula em alça de s . a no braço . Em um caso, com 32 m~~*de acompanhamento, devido a curatlY9.co'mpressivo após sessão de hemodiálise, que dispensou novo acesso tend~ ':em vista a realização de transplante ,reníll de cadáver imediatamente após 'a perda da fístula. Em um caso, como conseqüência de uma parada cardiorrespiratória aos 58 meses de evolução, que seguiu em tratamento em CIR. VASCo ANGIOL. 11: 58-67,1995 Airton Delduque Frankini e cols. Fístulas arteriovenosas braquiocef6licas e braquiobasnicas para hemodi6lise Complicações Tipo de Fístula Braqulocefállca (n =59) Trombose P$eudo-aneurlsma Obstrução vela subclávla Hlponuxo Braqulobasíllca (n 5 (8,5%) 1 (1,7%) 1 (1,7%) O =1) 1 (5,3%) O O 1 (5,3%) - Tabela 4: Distribuição das complicações no seguimento tardio em relaçao ao IIpo de fístula realizada. outro serviço. Pseudo-aneurisma na área de punção foi registrado em um caso (1,7%), possivelmente devido a sucessivas punções, já que foi constatado no nono mês de seguimento. Para se manter em hemodiálise foi necessária a substituição do segmento venoso com falso-aneurisma por prótese de politetrafluoretileno (PTFE). A obstrução crônica da veia subclávia homolateral à fístula decorrente da utilização prévia desta via parapassagem de cateter e ingresso em programa de hemodiálise foi verificada em um caso (1,7%), no 19 2 mês de seguimento. Foi realizado outro acesso do tipo braquiocefálico, no membro contralateral. Pelo risco de insuficiência cardíaca devido à presença de duas fístulas de débito moderado em paciente de baixo peso corporal, ao lado de hipertensão venosa verificada no membro sede da obstrução da veia subclávia, optou-se pela ligadura da fístula nessa extremidade. Nos pacientes com fístula do tipo braquiocefálica, tivemos duas complicações: um caso de trombose de fístula (5,3%), no sétimo mês de seguimento- e atribuído à realização de curativo compressivo após sessão de hemodiálise, que seguiu tratamento em programa de diálise peritoneal, e umcaso dehipofluxo (5,3%) resultante de fibrose na parede venosa que determinou, com 15 meses de evolução, a realização de nova fístula do mesmo tipo no membro contralateral. Os dados relativos a essas informações encontram-se na Tabela 4. No seguimento tardio, as fístulas braquiocefálicas deixaram de ser utilizadas nas seguintes situações, embora pérvias e sem problemas: em dois casos submetidos a transplante renal (3,4%), aos 11 e 38 meses; em um caso, por abandono de tratamento (1,7%), ao final de 12 meses de seguimento, e em um caso por mudança de programa dialítico (1,7%) aos 54 meses de evolução. Nove pacientes morreram no seguimento tardio (16,7%), com fístulas pérvias . Acidente vascular cerebral hemorrágico foi a causa mais freqüente, presente em três casos, aos 14, 16 e 46 meses de evolução . Infarto agudo de miocárdio foi o responsável em dois casos, aos oito e aos 33 meses. A hemorragia digestiva alta e suas conseqüências causou a morte em dois casos: um paciente com 17 meses e uma paciente com 27 meses de evolução. Além destes, houve um caso por insuficiência respiratória aguda aos sete meses e outro comfibrilação ventricular aos 35 meses de acompanhamento . Oito casos (13,6%), ao final do levantamento, encontravam-se regularmente em programa de hemodiálise através da punção das fístulas. Os períodos de evolução eram variados: 8, 9, 14, 15, 18, 19 e 40 meses. Os pacientes submetidos a realização de fístula do tipo braquiobasílica apresentaram a seguinte evolução: três casos (15,8%) foram submetidos a transplante renal: aos 9 meses de seguimento, aos 10 meses e aos 20 meses. Ocorreram dois óbitos (l1,1 % dos pacientes): no 15 2 mês de seguimento, por falha de múltiplos órgãos, e com 41 meses de evolução, por sepse em pós-operatório de tumor renal. Quatro casos (21,0%) mantiveram-se em programa dialítico regular durante diferentes períodos: 45,44, 10 e 8 meses de pós-operatório. A Tabela 5 resume os dados relativos à evolução dos casos no seguimento tardio. Análise estatística No grupo de fístula braquiocefálica foram extluídas as dez tromboses e os dois óbitos registrados no período de seguimento imediato, reduzindo-se a amostra para 47 casos. No grupo de fístulas braquiobasílicas foi excluído um óbito registrado na fase de seguimento imedia to, reduzindo-se a amostra para 18 casos. Não houve significância estatística em nenhuma das complicações diretamente relacionadas com o procedimento , analisadas em cada grupo ou comparativamente entre eles, em ambas fases do estudo aqui abordadas . A probabilidade estimada de perviedade a seis meses de evolução no grupo braquiobasílica é de 87,7%, enquanto no grupo braquiocefálica é de 69,8% e a 12 meses é de 80,4% e 57,6%, respectivamente. No entanto, essa diferença é pequena, não sendo estatisticamente significante (Teste de Cox-Mantel - X2 = 1,8483, P =0,17398), confoffi1e se verifica na Fig. 1. Quanto à comparação da perviedade nos dois grupos, considerando-se a sobrevida da fístula até a ocorrência de trombose, observa-se também maior perviedade para o tipo braquiobasílica. A probabilidade estimada de pervkdade da fístula a seis meses éde 100% para0 tipo braquiobasílica e cÍe 78,9% para o tipo braquiocefálica. A 12 meses de evolução é de 91,7% no grupo braquiobasílica e de 67,9% no grupo braquiocefálica. Embora a diferença seja aparentemente grande, não tem signifi- Tipo de Fístula Evolução, Braqulocelállca (n Transplante Renal Abandono de Tratamento Mudança de Programa Dlalíllco Programa de Hemodiálise Óbitos =59) 2(3,4%) 1 (1,7%) 1 (1,7%) 8 (13,6%) 9 (16,7%) Braqulobasíllca (n =19) 3 (15,8%) O O 4 (21,0%) 2(11,1%) Tabela 5: Distribuição dos casos não complicados no seguimento tardio em relação ao tipo de lístula realizada. CIR. VASCo ANGIOL. 11: 58-67,1995 Ffsfulas arteriovenosas braquiocefálicas e braquiobasflicas para hemodiálise . 100 p n O B , "" Airton Delduque Frankini e cols. cância estatística (reste de Cox-Mantel X2 = 3,5531, P = 0,05943), possivelmente em função do tamanho da amostra. A Fig . 2 resume essas informações. Ao se comparar a perviedade para pacientes diabéticos e não-diabéticos, nos diferentes grupos de fístula com perda por trombose, verifica-se que há maior perviedade no grupo de pacientes nãodiabéticos, qualquer que seja o tipo de fístula realizada, embora não seja estatisticamente significante. As Figs . 3 e 4 contêm essas informações. " ...L"".. . . ." " "" 80 .l 60 D E s O B 40 n E V I 20 D A O+-----~----~----~----~----~---+~~ O 10 20 BASILICA Q CEFALICA 30 40 50 TEt1PO 60 (t'IE:!"E~3) Figura 1: Comparação da pervledade das tístulas braqulocelállcas e braqulobasHlcas até a perda do acesso por qualquer motivo. 100 i - T " - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , .' I. p f'l. U 80 [I D 60 [. U 40 B n E V I D f4 20 Or---~----~----_,----,_----,_--4,~ O 10 BAS ILI CA 20 Q CEFALI CA 30 40 50 60 Agura 2: Comparação da pervledade das tístulas braqulocelállcas e braqulobasíllcas até a ocorrência da trombose. As complicações encontradas em ambos os grupos de fístula, nos seguimentos precoce e tardio, foram as seguintes: trombose, hipofluxo, isquernia, obstrução de veia subclávia, infecção e pseudo-aneurisma. Cada uma das complicações diretamente ligadas ao procedimento foi analisada, em cada grupo de fístula, para verificar se havia alguma diferença em relação ao tempo de seu surgimento, nos períodos precoce e tardio . Não houve significância estatística em nenhuma delas, nem mesmo quando os grupos foram comparados entre si. Na literatura consultada, nenhum trabalho fez esse tipo de análise estatística. Sendo assim, considerando não ter havido significância estatística na análise realizada, a evolução dos casos será discutida sem levar em consideração se ocorreu no seguimento precoce ou tardio . A trombose da fístula foi a complicação mais freqüente em ambos os grupos, estando presente em 11,9% dos casos de fístula braquiocefálica (7/59 casos) e em 5,3% dos casos de fístula braquiobasílica (1/19 casos). Nas fístulas braquiocefálicas, os resultados de Cantelmo e cols.2, com 9,7% de incidência, e os de Zibari e cols. 29 , com 10,4%, assemelham-se aos registrados na presente série. Contudo, nas fístulas braquiobasílicas, somente o trabalho de Dagher, de 19867, reunindo 176 desses procedimentos, mostrou índice semelhante ao presente estudo, com CIR. VASCo ANGIOL. 11 : 56-67, 1995 .. Ffsfulas arferiovenosas braquiocefálicas e braquiobasflicas para hemodiálise incidência de 5,7% de trombose verificada entre seis e oito meses de seguimento. Os demais autores registraram incidências muito superiores: Hatjibaloglou e cols. IS encontraram tromboses em 2/25 casos (8,0%); Mazzitelli e cols.20 tiveram cinco tromboses em 35 casos operados com mais de dois meses de seguimento (14,3%); Hibberd 16, em 15 casos operados, teve três tromboses (20,0%), todas com mais de quatro meses de evolução. Esses dados sugerem que na fístula braquiobasílica a trombose ocorre com maior freqüência. Entretanto, não foi o que se verificou no presente trabalho. A análise estatística utilizada para estudar a perda da fístula, independentemente da causa, mostrou perviedade para as braquiocefálicas, a seis e 12 meses de evolução, de respectivamente 69,8% e 57,6%. No mesmo período, para as fístulas braquiobasílicas, os índices foram 87,7% e 80,4%, respectivamente. Estes valores não mostraram significância estatística (p = 0,17398) (Fig. 1). Quando se considerou a perda da fístula por trombose, no seguimento de ambos os grupos, a probabilidade de perviedade da fístula braquiobasflica, a 6 e 12 meses de evolução, foi respectivamente 100% e 91,7%, enquanto para a fístula braquiocefáliéa, no mesmo período, foi de 78,9% e 67,9%, respectivamente. Essa diferença, embora não seja estatisticamente significante, aproxima-se bastante de um valor significante (p. = 0,05943). Pode-se supor que a amostra de casos de fístulas braquiobasílicas não foi suficientemente grande para detectar essa significância, razão pela qual podemos apenas sugerir que as fístulas braquiobasílicas apresentaram menor possibilidade de trombose com o passar do tempo que as braquiocefálicas. Esta é uma observação importante, já que verificamos numericamente, nas séries acima referidas, uma incidência maior de tromboses nos casos de fístulas braquiobasílicas em relação às braquiocefálicas. Por outro lado, a literatura consultada não mostra análise estatística comparativa entre esses tipos de fístula levando em consideração a trombose que, Airton Delduque Frankini e cols. 100 h P 80 R O B 60 h -- j " -1 - -- - D E - 40 o B R E V I 20 D {\ O~--~----~----~----~----~--~ O ro COM DIAS ~ o SEM DIAS w w ~ ~ Figura 3: Comparação da pervledade das líslulas braqulocetállcas em pacientes diabéticos e nãodiabéticos considerando-se a perda do acesso por trombose. roo - 'l. P H O B D E c' 80 " 60 '" 40 V 20 O B H EC " I D !4 O O C 10 COM DIAS 20 o SEM DIAS 30 40 50 TEt-IPO 60 (t-I LSE~; ) Figura 4: Comparação da pervledade das lístulas braqulobasíllcas em pacientes diabéticos e nãodiabéticos considerando-se a perda do acesso por trombose. CIR. VASCo ANGIOL. 11: 58-67, 1995 Fístulas arteriovenosas braquiocefálicas e braquiobasOicas para hemodiálise como vimos, é a responsável pelo maior número de perdas de acessos vasculares para hemodiálise, em qualquer fase do estudo. Em nenhum dos casos foi realizada trombectomia como forma de desobstruir a fístula, já que a trombose tardia foi resultante das constantes punções que determinaram lesões na parede do vaso, com conseqüente fibrose e pontos de estenose, portanto de difícil solução após instalada a trombose 7.14.15.19. O hipofluxo na fístula esteve presente em dois casos no grupo de fístulas braquiocefálicas (3,4%) e em dois casos no grupo braquiobasílica (10,6%), determinando a perda dos acessos em ambos os grupos. Cantelmo e cols. 2 , observaram fluxo inadequado através da fístula em 2/31 fístulas braquiocefálicas (6,4%), em 5/68 fístulas braquiobasílicas (7,3%) e em 10/ 111 fístulas radiocefálicas (9,0%), em todos os casos determinando a perda do acesso. Porter e cols 2 3, em estudo prospectivo multicêntrico, encontraram uma incidência de l3,4% de hipofluxo independente do tipo de fístula e do período em que tenham ocorrido, correspondendo à segunda causa mais comum de complicação das fístulas. A isquemia na mão correspondente ao lado da fístula ocorreu em dois casos no grupo de fístulas braquiocefálicas (3,4%), não sendo verificada no grupo de fístulas braquiobasílicas. As medidas conservadoras iniciadas desde a fase do pós-o operatório imediato não foram suficientes para controlar a situação, determinando a ligadura dos acessos aos dois e quatro Autores/ Ano Airton Delduque Frankini e cols. meses de seguimento, respectivamente. A isquemia por síndrome de roubo foi responsável por 0,2% das complicações no levantamento feito por Porter e cals .23, que, como já foi dito, não considerou tipo de fístula nem período de aparecimento da complicação. Para Zibari e cols. 29 a incidência foi de 8,3%, estando presente em 4/ 48 fístulas braquiocefálicas. A infecção esteve presente em apenas um caso no grupo de fístulas braquiobasílicas (5,3%), no segundo mês de seguimento. Houve desenvolvimento de abscesso que resultou na rotura da fístula e necessidade de ligadura em regime de emergência. Esse tipo de complicação decorre das repetidas punções, daí ser mais comum durante a evolução do programa de hemodiálise e da debilidade e baixa resistência que costumam acompanhar esses pacientes I4 . 19 • Contudo, apesar de sua baixa incidência, confirmada por outros autores, pode se tornar grave a ponto de comprometer o acesso 7.14.15.18.29. O pseudo-aneurisma foi registrado em apenas um caso desta série, no grupo de fístu1as braquiocefálicas (1,7%), resultante de punções sucessivas no decorrer do nono mês de seguimento. Não acarretou a perda do acesso porque o segmento da veia arterializada foi substituído por prótese de PIFE. Os pseudo-aneurismas resultam de áreas de punção e estão mais freqüentemente associados a fístulas com prótese arterial 2.4.8.19.21.29 • Alguns autores relataram a existência de aneurismas verdadeiros decorrentes do Seguimento 6 meses 12 meses 24 meses CANTELMO e cols., 1982 2 (n 31 casos) 75,0% 74,6% 74,6% DUNLOP e cOls., 1986' (n 81 casos) 79,0% 70,0% 57,0% - 70,0% 60,0% 69,8% 57,6% 57,3% = = MARX e cols., 1990 19 (n 25 casos) = FRANKINI, 1994' Tabela 6: Pervledade acumulada da fístula arlerlovenosa do tipo braqulocelállco para diferentes autores. enfraquecimento da parede da veia arteri ali zada, embora do ponto de vista de comportamento tenham a mesma evo1uçã08 •21 . Quanto à incidência, Dunlop e cols. 8 referiram 3/81 fístu1as braquiocefálicas (3,7%), considerando dois deles como verdadeiros e um como pseudo-aneurisma, todos ressecados e substituídos por segmento de veia safena. Corry e cols. 4 encontraram 1/36 fístulas braquiocefálicas (2,8%) e Cantelmo e cols.2 relataram 1/31 fístulas braquiocefálicas (1,2%) e 1/ 68 fístulas braquiobasílicas (l ,5%), todas tratadas cirurgicamente. Embora não diretamente relacionados com o procedimento, registraram-se neste estudo dois casos de obstrução de veia subclávia (3,4%) que determinaram a perda dos acessos. Em uma paciente, no terceiro mês do seguimento, queixando-se de ruído constante no ouvido esquerdo, observouse dilatação da veia jugular externa, resultante da circulação colateral desenvolvida face à obstrução da veia su bclávia do mesmo lado. Na investigação, verificou-se que a paciente não havia utilizado cateter nessa veia, nem mesmo na jugular, para hemodiálise. A etiologia dessa trombose de veia subclávia foi dada como sendo espontânea. A ligadura da veia cefálica determinou a perda do acesso, porém com melhora do sintoma. Em outro paciente, no 19 Q mês de seguimento, a fístula passou a apresentar pressões venosas elevadas que difi cultavam a utilização do acesso. De acordo com o trabalho de Schwab e cal., de 1988 26 , a pressão venosa elevada na fístula arteriovenosa pode estar relacionada com dificuldade de retorno venoso e, nesse caso, a flebografia está indicada. O estudo flebográfico realizado confirmou a presença da obstrução da veia subclávia em paciente que usara cateter para iniciar hemodiálise. A conduta foi realizar nova físt ula previamente à ligadura, de modo que o paciente nãó perdesse o acesso, conforme já enfatizado por Piotrowski & Rutherford22 . O cuidado para não se realizar a fístula no mesmo lado onde estivesse o cateter ou no lado já utilizado para punção da veia CIR. VASCo ANGIOL. 11: 56-67. 1995 , 1 .~ Airton Delduque Frankini e cols. Ffstulas arteriovenosas braquiocefálicas e braquiobasilicas para hemodiálise Seguimento Autores/ Ano CANTELMO e cols., 1982 2 (n 68 casos) DAGHER, 1986 7 .(n = 176 casos) MARX e cols., 1990 I' (n 55 casos) HIBBERD,I991 1• (n 15 casos) RIVERS e cols., 1993 os (n 65 casos) FRANKINI, 1994' (n 19 casos) = = = = = 6 meses 12 meses 24 meses 88,0% 70,0% 66,0% 83,0% 75,0% 73,5% 78,0% 74,0% 78,6% 70,3% 50,2% 65,0% 55,0% 50,0% 87,7% 80,4% 67,0% - Tabela 7: Pervledade acumulada da listula arterlovenosa do tipo braqulobasíllca para diferentes autores. subclávia foi seguido ao longo de toda a presente série, embora não tenha sido possível em todas as condições. De 17 pacientes que estavam em programa de hemodiálise com uso de cateter em veia subclávia, realizou-se a fístula no membro contralateral em 15 deles (88,2%). Por outro lado, tendo em vista as fístulas braquiobasílicas serem realizadas como segunda alternativa no presente estudo, a mudança de lado só foi possível em 3/8 casos que se encontravam em hemodiálise com uso de cateter de veia subclávia (37,5%) nesse grupo. Glaze e col. 12 e Schwab e col. 26 chamaram a atenção para que fosse evitada essa situação, tendo em vista o elevado número de casos que são seguidos por estenoses hemodinamicamente importantes ou obstruções totais da veia subclávia que poderão intervir no funcionamento da fístula pos.teriormente. A análise da perviedade das fístulas, nos diferentes grupos, mostra pequena diversidade entre as séries consultadas, embora poucas dêem ênfase ao estudo comparativo. Na presente série, como já foi mencionado, sem se levar em consideração o fator determinante da perda do acesso, embora os índices sejam bastante diferentes em relação aos dois grupos estudados, não houve significância estatística na análise. Para efeito apenas de demonstração, a Tabela 4 mostra a perviedade acumulada desta série e das que serviram de consulta no grupo de fístulas do tipo braquiocefálica. A Tabela 7 faz a mesma exposição em relação à perviedade das fístulas do tipo braquiobasílica. Como pode ser visto, não há diferenças marcantes quando apresentados os índices de perviedade do presente estudo e dos demais que serviram como fonte de consulta e de referência. A incidência do diabetes melito em 35,2% dos pacientes no grupo de fístulas braquiocefálicas e 38,9% dos pacientes no grupo de fístulas braquiobasílicas propiciou estudo em relação ao resultado dos acessos neste tipo de paciente, conforme já referido por outros autores 1.4.23 . Na presente série, tanto no grupo de fístula braquiocefálica quanto no de fístula braquiobasílica, os resultados mostraram uma perviedade maior para o grupo nãodiabético, quando considerada a perda do acesso devido a trombose, embora sem significância estatística (p = 0,11882 para as fístulas braquiocefálicas e p = 0,23672 para as fístulas braquiobasílicas) (Figs . 3 e 4) . Albers 1 encontrou resultado melhor em 30 dias para os não-diabéticos, embora sem significãncia estatística, quando comparou as fístulas proximais com as distais. Contudo, em se tratando de fístulas proximais, estas apresentaram a mesma durabilidade funcional em diabéticos e nãodiabéticos, tendo o autor atribuído o fato ao maior calibre dos vasos proximais em ambos os grupos de pacientes. Porter e cols 23 , independentemente do tipo de acesso, observaram que nos pacientes diabéticos, raramente se conseguia acesso por mais de 43 meses de seguimento. Apesar dos bons resultados tardios verificados com esses tipos de fístulas, é CIR. VASCo ANGIOL. 11: 56-67. 1995 importante salientar que nenhuma delas apresenta resultados superiores aos verificados com os acessos localizados no antebraço . Desse modo, devem continuar procedimentos alternativos, de acordo com a literatura consultada. Por outro lado, entre as duas técnicas propostas, a fístula braquiocefálica tem sido empregada com maior freqüência, particularmente em nosso meio, possivelmente por se tratar de procedimento menos agressivo do que a fístula braquiobasílica. Esta, contudo, tem uma tendência a perviedade maior, possivelmente pela situação da veia basílica, menos puncionada na fase investigativa da doença. CONCLUSÕES' A análise do presente material permite chegar às seguintes conclusões: 1. As complicações encontradas nos seguimentos precoce e tardio não mostraram significãncia estatística quando estudadas em função do período , em meses, no qual foram constatadas. 2. Os tipos de fístu las - braquiocefálica e braquiobasílica - não mostraram significância estatística quando suas complicações foram analisadas em função do período, em meses, em que foram constatadas. 3. Considerando a perda da fístula por qualquer motivo nos segmentos precoce e tardio, não houve significância estatística entre os grupos estudados. 4. Considerando a trombose da fístula nos seguimentos precoce e tardio, o estudo sugere haver probabilidade maior de perviedade para as fístulas do tipo braquiobasílica, embora não haja significância estatística. 5. Os pacientes não-diabéticos apresentaram maior perviedade de suas fístulas , independentemente se braquiocefálica ou braquiobasílica, porém sem significância estatística. Agradecimentos Aos professores Neil Ferreira Novo, Yara Juliano e José Eduardo Moncau, do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina, pela criteriosa orientação do trabalho estatístico. Ffstulas arteriovenosas braquiocefólicas e braquiobasilicas para hemodiólise BRACHIOCEPHALlC AND BRACHIOBASILlC ARTERIOVENOUS FISTULAS FOR HEMODIALYSIS AT THE EARLY AND LATE FOLLOW-UP . From June 1985 to September 1992, 78 arteriovenous fistulas were pertormed in patients with end-stage chronic renal failure. The fistulas were divided into two groups, according to REfERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALBERS MTV Análise crítica das fístulas arteriovenosas para acesso vascular à hemodiálise. - São Paulo, 1985 - 113 p. - Tese de Doutoramento Universidade de São Paulo . 2. CANTELMO NL, LoGERFO FW &. MENZOIAN 10. Brachiobasilic and brachiocephalic fistulas as secondary angioaccess routes . Surg Gynecol Obstet 155: 545-548, 1982. 3. CASCARDO S, ACCHIARDO SA, BEVEN EG, POPOWNIAK KL & NADAMOTO S. Proximal arteriovenous fistulas for hemodialysis when radial arteries are unavailable. Proc Europ Dial TransplantAssoc 7: 42-46, 1970. 4. CORRYRJ, PATELNP &WEST Jc. Surgical management of complications of vascular access for hemodialysis . Surg Gynecol Obstet 151 : 4954,1980. •• Airton Delduque Frankini e cols. the techique used: 59 brachiocephalic fistu las in 54 patients, and brachiobasilic fistulas (with the vein placed in a subcutaneous tunnel) in 18 patients. The groups were studied at early and late follow-up, regarding patency and complications. At late follow-up, that ended in April 1993, the estimated probability of fistula patency at six months was 87.7% for the brachiobasilic fistulas, and 69.8% for the brachiocephalic fistulas; at 12 months, it lJ',Ias 80.4% and 57.60/0, respectively. The difference of patency 5. DAGHER F, GELBER R, RAMOS E & SADLER J. The use ofbasilic vein and brachial artery as an A-V Fistula for long term hemodialysis. J Surg Res 20: 373-376, 1976a. 6. DAGHER F, GELBER RL, RAMOS EJ & SADLER JH. Basilic vein to brachial artery fistula: a new access for chronic hemodialysis. South Med J 69: 1438-1440, 1976b. 7. 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