Fístula coronário-cavitária como causa de isquemia miocárdica aguda

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FÍSTULA CORONÁRIO-CAVITÁRIA COMO CAUSA DE
ISQUEMIA MIOCÁRDICA AGUDA
Meirelles, A.C.T.1 ; Pinto, C.C.D.2 ; Miguel, M.A.V.3 ; Rezende, G.P.4 ; Mattos, B.I5
1Médico
Residente de Clínica Médica do Hospital de Caridade São Vicente de PauloServiço vinculado à FMJ, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
2, 3, 4, 5 Acadêmicos de medicina da FMJ, Jundiaí, São Paulo, Brasil.
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Fístula coronária é uma anomalia congênita ou
adquirida, de ocorrência incomum (0,2% na
população), sendo diagnosticada na proporção
de 1:500 estudos cinecoronariográficos. É
caracterizada por comunicação anormal entre
uma artéria coronária e uma câmara cardíaca
ou à artéria pulmonar, ocorrendo através da
persistência dos sinusóides embrionários no
miocárdio. Apresenta manifestação clínica
variável, dependendo de seu tipo, volume do
débito, localização e de outras comorbidades.
O presente estudo teve como objetivo a
descrição de um caso raro de fístula
coronariana para ventrículo esquerdo,
evoluindo com síndrome coronariana aguda,
bem como revisão de literatura sobre o tema.
DELINEAMENTO E MÉTODOS
Foi realizado relato de caso, com informações
obtidas por revisão do prontuário do paciente,
após consentimento, e revisão de literatura
através das bases de dados Scielo, Lilacs e
Pubmed.
RESULTADOS
Paciente do sexo feminino,72 anos, diabética, procurou atendimento referindo dor precordial
atípica, com duração de 6 horas. Foi admitida em regular estado geral, boa perfusão periférica,
pulsos presentes e simétricos, PA:160x80mmHg, FC:80bpm; ausculta cardíaca e pulmonar sem
alterações. Eletrocardiograma inicial sem achados de isquemia miocárdica. Pela presença de
marcadores
de
necrose
miocárdica
positivos,
foram
iniciadas
medidas
para
síndrome coronariana aguda. Paciente foi submetida à cineangiocoronariografia, que evidenciou
coronária direita com lesão de 40% em terço médio,coronária esquerda isenta de estenoses, com
presença de microfístulas coronário-cavitárias, as quais foram atribuídas como causa do evento
isquêmico. Ecocardiograma transesofágico mostrou fração de ejeção de 46%, com insuficiência
discreta de valva mitral e acinesia póstero-lateral e inferior. Paciente manteve-se assintomática
durante internação, com níveis pressóricos controlados, recebendo alta para seguimento
ambulatorial, cardiológico a fim de avaliar a possibilidade de reparação mecânica futura.
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Na figura 1 vemos a coronária esquerda e seus ramos sendo perfundidos pelo contraste. Já na figura 2 e
3 devido as microfístulas, vemos indicado pelas setas, o contraste fluir para o ventrículo esquerdo.
DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
As fístulas coronarianas ocorrem em sua
maior parte na coronária direita, sendo as
fístulas relacionadas ao ventrículo esquerdo,
como o caso descrito, ainda mais incomuns
(3%) 1,2,3,4. A apresentação clínica depende da
magnitude do fluxo de sangue através da
fístula e de sua localização. Na sua maioria
são benignas, porém, podem apresentar
alterações hemodinâmicas e complicações
significativas5. Pode ocorrer o fenômeno de
“roubo de fluxo coronariano”, havendo número
reduzido de casos de angina e infarto agudo
do
miocárdio
descritos6.
A
cineangiocoronariografia
é
considerada
padrão-ouro para diagnóstico1,2,5,7. Não há
ainda
conduta
padronizada8,
contudo,
pacientes
assintomáticos
parecem
se
beneficiar
da
terapia
medicamentosa,
enquanto pacientes com repercussões podem
ser tratados com fechamento cirúrgico ou
percutâneo2,8,9,10.
Atribuiu-se como causa do infarto agudo do
miocárdio
a presença das microfístulas
coronárias , tendo sido afastadas outras causas
mais prevalentes. Tal alteração, somada a picos
hipertensivos, possa ter ocasionado distúrbio no
consumo e demanda de oxigênio e, assim, à
isquemia miocárdica. Optou-se por tratamento
conservador, sendo a paciente encaminhada
para seguimento ambulatorial e possível
planejamento de abordagem cirúrgica eletiva.
Assim, o caso descrito mostra-se incomum,
pela presença de microfístulas em localização
anatômica de menor prevalência, e pelo curso
clínico, inicialmente assintomático, e sendo
realizado
diagnóstico
por
cineangiocoronariografia após infarto agudo do
miocárdio.
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