Sobre Trabalho de Base, Educação Popular e Agroecologia GAIA - Grupo de Ação Interdisciplinar em Agroecologia Síntese do caminho que estamos percorrendo... A fim de construir um documento síntese das nossas discussões, que alimentem a nossa reflexão constante sobre o Trabalho de Base, vamos colocar os principais elementos discutidos por cada Frente de Trabalho de Base do GAIA, bem como estabelecer o que para o coletivo é fundamental considerar quando analisamos essas 4 categorias. 1. Do Contexto da comunidade: Para o coletivo, quando pensamos em contexto da comunidade, logo precisamos compreender os processos históricos que antecedem a nossa aproximação com a comunidade, bem como os que dizem respeito a própria historicidade do lugar onde estamos nos inserindo. Por isso, os elementos de identidade, o conhecimento sobre a forma como as pessoas desse lugar vem se organizando, são peças fundamentais para que o/a militante esteja em contato, metendo o corpo na realidade em que pretende-se conhecer e por isso mesmo intervir. 2. Da aproximação com a comunidade: Entendemos que esse elemento é fundamental para a construção de qualquer atividade e para isso é preciso conhecer de uma forma que esteja para além do nível de ter informações sobre a realidade, que são necessárias, mas precisam ser geradas através do processo de conversa, visita, observação. Compreender a motivação desta aproximação, os fatores facilitadores, as ferramentas e as formas de aproximação é um exercício de reflexão importante para o andamento das atividades. Nessa aproximação, muitos elementos do contato, da integração com a comunidade, permitem que a confiança vá sendo estabelecida e além disso cria um espaço de diálogo, o coletivo vai se achegando e começa a deixar de ser estranho. Além disso, cada forma pensada para auxiliar nesse processo tem sua intencionalidade e cumpriu ou não com o objetivo. 3. Dos Conflitos que se estabelecem Quando essa aproximação vai sendo feita, aos poucos vamos tomando “ciência”, dos conflitos que se estabelecem na comunidade, que de alguma forma estão articulados com a totalidade da vida em sociedade. A consciência e a reflexão sobre essas relações conflituosas, são essenciais para o desenvolvimento das ações, uma vez que vão aparecendo no caminho várias contradições que precisam ser compreendidas em suas raízes e precisa apontar rumos para uma intervenção com o horizonte da superação. A luta nos ensina também, que há um potencial acumulador de força nas situações conflituosas. O povo tem nos mostrado que é também nas situações de conflito que se estabelece uma possibilidade de vitória e de derrota. Vitória essa que reacende a necessidade de se continuar lutando e derrota que reafirma a necessidade de lutar ainda mais organizado. Por isso, em cada conflito estabelecido há potencial para que a comunidade se empodere no processo e busque de forma prática e fazendo análises, avaliações formas de superá-lo. Esse processo também abre caminhos para novas perspectivas, novos enfrentamentos, novas formas de se alcançar determinados objetivos. 3. Dos Conflitos que se estabelecem Quando essa aproximação vai sendo feita, aos poucos vamos tomando “ciência”, dos conflitos que se estabelecem na comunidade, que de alguma forma estão articulados com a totalidade da vida em sociedade. A consciência e a reflexão sobre essas relações conflituosas, são essenciais para o desenvolvimento das ações, uma vez que vão aparecendo no caminho várias contradições que precisam ser compreendidas em suas raízes e precisa apontar rumos para uma intervenção com o horizonte da superação. A luta nos ensina também, que há um potencial acumulador de força nas situações conflituosas. O povo tem nos mostrado que é também nas situações de conflito que se estabelece uma possibilidade de vitória e de derrota. Vitória essa que reacende a necessidade de se continuar lutando e derrota que reafirma a necessidade de lutar ainda mais organizado. Por isso, em cada conflito estabelecido há potencial para que a comunidade se empodere no processo e busque de forma prática e fazendo análises, avaliações formas de superá-lo. Esse processo também abre caminhos para novas perspectivas, novos enfrentamentos, novas formas de se alcançar determinados objetivos. 4. Das Ferramentas do Trabalho de Base As ferramentas, dizem respeito a forma como na prática conseguimos transformar esse trabalho de base em um processo educativo que possibilite a tomada de consciência da base, a compreensão de como se organizada a sociedade e por isso mesmo, mobilizar, acumular força junto com o povo para travar a luta contra as opressões, contra a super exploração humana e da natureza que sustentam esse modo de produção capitalista. É importante destacar que como ferramentainstrumento, cada ação educativa cumpre/cumpriu um objetivo imediato, possui/possuiu uma intencionalidade imediata que necessariamente está (e precisa está!) articulada com o processo educativo do Trabalho de Base, que em sua totalidade aponta para a criação do poder popular, através da tomada de consciência do povo. Assim o que orientou/orienta cada frente a construir determinada ferramenta deve ser sempre a leitura da realidade em que nos inserimos articulada as possibilidades de intervenção, tendo como princípios orientadores a práxis da Educação Popular, que orienta a construção de metodologias que garantam a horizontalidade nos processos, que desperte a autonomia e que colocam a centralidade do processo nas demandas do povo. Idas à campo – De que forma fazemos trabalho de base? Partilhando de momentos juntos/as. Por isso, essas atividades são essenciais para a frente, pois não há como fazer Trabalho de Base sem corpo militante presente, observando, conhecendo, participando, intervindo. Intercâmbio com outras comunidades: A frente faz a reflexão que é muito importante está unindo uma luta imediata que se estabelece no plano local, com uma luta mais geral a nível de transformação social, por isso as ações que favorecem as trocas de experiência, o intercâmbio entre as comunidades e as lutas que travam, alargam o horizonte e os conhecimentos, sendo essencial para o fortalecimento do TB. Oficinas: As oficinas tem cumprido um papel de diálogo importante, entendendo-a como um espaço que metodologicamente é pensado para trazer à tona alguns elementos da leitura histórica da realidade. Para o coletivo é fundamental que o conjunto de ações desenvolvidas estejam coerentemente articulados com os princípios da Educação Popular, sobretudo aqueles que nos fazem lembrar, didaticamente escrito pelo educador Paulo Freire, sobre a importância de lidar com um povo na perspectiva da “ação cultural para a liberdade”. Por isso, é fundamental: Compreender que “ninguém está só no mundo”, que implica em respeitar nos outros o direito de dizer a palavra; Saber ouvir, implica no falar com e não falar ao, implica que quando falamos porque ouvimos o outro, falamos mais do que falar ao outro, falamos com o outro; Desmontar a visão mágica, que nos leva a querer um engajamento político imediato do povo; Partir do nível da massa, tendo consciência de que a transformação social se faz com ciência, com humildade, criatividade, coragem e que e trabalhosa, não se faz na marra; Viver o “ninguém sabe tudo e ninguém ignora tudo”, o que equivale dizer que não há sabedoria absoluta, nem ignorância absoluta. Superar os equívocos do Basismo e do Elitismo, para compreender a sabedoria que se constitui na massa popular, pela prática e reconhecer a contribuição que, enquanto militantes, temos à dar na medida em que aprendemos com a massa. É estar com povo e não simplesmente para ele, e jamais sobre ele. Assumir a ingenuidade do educando, quando de um lado também assumimos a nossa, e numa prática libertadora assumimo-nos como educando-educadores e educadores-educandos; Discutir e praticar a educação como um ato político, porque discutir esses princípios e as posturas pedagógicas é política, tanto um ato politico é educativo, como a educação é um ato político; Combater a marca do autoritarismo, que transforma-se na arrogância com que lidamos com o povo, inclusive quando somos de esquerda; Reaprender de novo, esquecer-se da falsa sabedoria; Ser pacientemente impaciente, a opção libertadora coloca para o educador/a viver a relação entre impaciência e a paciência. Trabalho de Base! Unidade, Autonomia e Poder Popular!