RESUMO EXPANDIDO ABORDANDO A GEOMORFOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: A APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO TEÓRICO NO COTIDIANO Daniel Queconi Mariano¹ Ivani Fonseca da Cruz² Roberto Ortiz Paixão³ INTRODUÇÃO Após analisar dois exemplares de livros didáticos, percebeu-se que o conteúdo de geomorfologia é apresentado de uma forma simples sem remeter a sua real importância. Sua abordagem é muitas vezes apresentada como complemento de outras disciplinas da geografia física. Os livros resumem algumas informações impossibilitando que os alunos conheçam de forma ampla a estrutura geológica de sua região ou país. O objetivo deste trabalho é remeter aos estudantes o real significado da referida disciplina e o quanto ela é ampla e está inserida no nosso cotidiano. Percebe-se nas escolas de ensino fundamental que alguns professores não possuem especialização. Estão inseridos no meio escolar apenas com a graduação em Geografia. Essa falta de qualificação limita o aprendizado dos alunos, pois a maior parte de conhecimento vem do professor através de seus estudos e experiências em campo. A ausência de especialização do professor e o conteúdo programático resumido dos livros didáticos resultam num ensino fundamental limitado de informações. O correto seria um complementar o outro. O livro iniciar o tema e o professor o apresentar de forma ampla, porém de fácil entendimento. O aluno precisa entender que o relevo está inserido em seu cotidiano e exerce uma importância significativa, pois o homem está ligado ao meio ambiente e o meio ambiente está ligado ao homem. O relevo influencia nas ações de infraestrutura e urbanismo das cidades, pois é ele quem determina como se dará o curso de uma nova ferrovia ou rodovia, como podem ser aplicadas técnicas de urbanização e exploração das áreas desocupadas sem que cause impactos ambientais e a sociedade. 1 Acadêmico do 2º ano do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMS. Bolsista PIBID. E-mail: [email protected] 2 Professora de Geografia do 7º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Zamenhof. E-mail: [email protected] 3 Professor adjunto do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMS. E-mail: [email protected]. VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 O homem depende do relevo, precisa entender sua dinâmica para que consiga viver em harmonia com a natureza. É notável a importância de outros fatores físicos para tal convivência, porém é o relevo o mais importante desses fatores. Nota-se que a geomorfologia surgiu como ciência em meados do século XVIII, e desde então vem sendo analisada, explorada e aprimorada por diversos profissionais. Podemos confirmar essa informação a partir da definição de Casseti (2001) sobre a geomorfologia. Ele afirma que ela é uma ciência que estuda as formas de relevo do planeta e que os primeiros registros de pesquisas foram datados ainda no século XVIII por profissionais de diversas áreas que analisavam a natureza de forma mais focada. O conteúdo de geomorfologia é repassado aos alunos de forma tão superficial que para eles o relevo se resume a morros ou montanhas. É necessário que seja repassado a esses alunos as especificidades de cada elemento do relevo e sua função no ecossistema. Utilizando uma dinâmica de ensino inovadora que leve o aluno a pensar o meio em que vive fará com que ele tenha facilidade em assimilar o conteúdo exposto no material didático. Através de todo esse processo de aprendizado, os alunos olharão ao seu redor e poderão identificar com facilidade o que são morros, serras, montanhas, vales e processos erosivos. O conhecimento cientifico passará a fazer parte do conhecimento empírico. E o conhecimento empírico será aprimorado através das novas orientações recebidas em sala de aula. Sugere-se que profissional de educação ao perceber que o conteúdo programático abordado no livro didático não é suficiente para o conhecimento da geomorfologia, deverá abordar o tema através da realidade, do cotidiano e do espaço vivido, inserindo o aluno ao meio através de experiências e exemplos. Bordenavave e Pereira (1994) afirmaram que a aplicação do ensino e a percepção dos alunos podem ser aguçadas através da observação, da sua capacidade de análise, da capacidade de teorizar e da capacidade de aplicar o método. Sendo assim, é importante que o estudo da geomorfologia contenha o máximo de imagens, visitas a campo e debates sobre o que foi estudado, visto e vivido. Todas as colocações dos alunos devem ser consideradas, pois cada pessoa observa o mundo de sua forma. Quando apresentamos o espaço geográfico ao aluno, transmitimos a ele que a linguagem gráfica (mapas) não representa apenas uma imagem ou um símbolo, mas sim a realidade vivida. É preciso que ele se encontre naquela imagem, fazendo parte do meio. Podemos facilitar esse entendimento solicitando que o aluno desenhe o relevo ao seu redor, que eles especializem o meio em que vivem através do que viram na pesquisa de campo (trajeto casa x escola). O objetivo desse método é que o aluno aprenda e não simplesmente decore as nomenclaturas. O ideal é que ele observe o meio e defina suas características. Graves (1985) destaca que existe nas crianças uma percepção conceitual característica que limita seu entendimento a partir das informações contidas em um mapa. Ressalta que é importante que as informações a serem passadas pelos professores sejam claras. Gonçalves (2001) complementa afirmando que é importante a representação de imagens para melhor compreensão dos alunos. Destaca que a comunicação visual é etapa importante no aprendizado, porém é necessário destreza para a explicação. Métodos simples auxiliam na compreensão. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os acadêmicos da UEMS realizaram atividade de campo interdisciplinar com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos e coletar informações relevantes à sua graduação. VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 A expedição ocorreu no Estado do Mato Grosso do Sul, partindo de Campo Grande em direção a Corumbá, onde foram coletados fragmentos de rochas sedimentares ricas em calcário e registrados pontos de GPS nos locais onde as rochas foram coletadas. Após o regresso, elaborou-se um relatório contendo dados da viagem. Posteriormente, foi ministrada uma aula explicativa em PowerPoint, contendo fotografias, amostras de rocha, texto e mapa de localização aos alunos do 7º ano do ensino fundamental – turma A da Escola Estadual Zamenhof. A aula foi finalizada com um debate e esclarecimento das dúvidas apresentadas pelos alunos. Na conclusão da aula foi aplicado exercício de fixação em que os alunos analisaram a paisagem, as rochas e o local onde eles moram. Figura 1: Alunos conhecendo as rochas Figura 2: Rochas coletadas em Corumbá e Estrada Parque Figura 3: Aula expositiva RESULTADOS E DISCUSSÕES Observou-se que após a explicação, utilizando um método dinâmico, houve grande interesse dos alunos no tocante da geomorfologia e das experiências obtidas na viagem de Campo Grande a Corumbá. Os alunos solicitaram esclarecimentos sobre como ocorre o processo de formação das rochas e como é feita a identificação de cada tipo de elementos geomorfológicos e ansiavam por discernir um conceito de outro. Desejavam ter a facilidade de classificar as paisagens de acordo com suas características e classificações predeterminadas nos livros didáticos. VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A geomorfologia deverá ser aplicada nas escolas com linguagem simples e materiais lúdicos, incentivando o aluno a se encontrar no espaço geográfico através do meio em que vive e observando suas próprias experiências. Essas ideias associadas com o conteúdo do material didático farão com que este aluno leve para sua vida um ensino fundamental de qualidade. Passará a entender e viver o meio em que vive. Sugere-se que as escolas selecionem profissionais que possuam especializações, que busquem aprimorar seu conhecimento e aplicar aulas dinâmicas pautadas nas especificidades de cada conteúdo programático, evitando que assuntos importantes deixem de ser abordados de forma clara e objetiva. Ressalto que o processo de desenvolvimento deste trabalho ainda está em curso e que novas explanações serão apresentadas aos alunos do ensino fundamental. VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS BORDENAVAVE, J. D. PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1998. CASSETI, Valter. Elementos de Geomorfologia. Ed.: UFG, 2001. p.11-38. GONÇALVES P. W. Saberes pedagógicos: atividade docente em Geografia. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 24 Caxambu, 2001. Anais... Caxambu, ANPED. p. 1-16. (CD-ROM). VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3