resumo. comunidades em frestas - Sistema de Eventos

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RESUMO EXPANDIDO
COMUNIDADES EM FRESTAS: A SEGURANÇA COMO FATOR DE
ASPIRAÇÃO SOCIOCOMUNITÁRIA 1
Julio Francisco Alves Fernandes¹;
Laís Cristina Oliveira².
¹ Aluno de graduação em Geografia e bolsista PIBIC/CNPq/UFMS; [email protected]
² Aluna de graduação em Geografia e bolsista PIBIC/CNPq/UFMS; [email protected]
INTRODUÇÃO
No cotidiano atual a forma de apresentação dos relacionamentos interpessoais
tende a variar de forma a esconder alguns aspectos sociocomunitários. A primazia dos
contatos interpessoais enquanto relacionamentos devem ter atenção para os diferentes
laços encontrados sendo em suma primários e/ou secundários. A existência desses tipos
de laços tendem a nos exemplificar os tipos de relação que coexistem no espaço, tida
como Performance Sociocomunitária as diferentes formas de relação e coexistência dos
arranjos societários desenvolvidos na localidade. Para o ser humano é essencial a
existência dessas relações em busca da convivência, estabilidade e tranquilidade desejos
que vão à direção da formação de comunidades. (FERNANDES, OLIVEIRA e
MARTINS, 2014). As reproduções do espaço dadas através dos obstáculos cotidianos
mostram-se como um desafio para os fenômenos comunitários, pois as relações
pautadas sobre os laços ou performance comunitárias descritas por Tonnies e Tolstói
tomam novas formas sendo influenciadas pelos comportamentos e relações modernas.
Para Tonnies (1947), a comunidade é um fenômeno societário mais complexo do que
sua relação dicotômica com a sociedade. Esse modelo antagônico sociedade e
comunidades tomam novos rumos através dos relacionamentos modernos. As aspirações
coletivas se estendem a criação de laços sejam eles primários ou secundários, como
explica Fernandes e Martins (2015) os laços primários são definidos pelas relações
parentais e os secundários pelas relações profissionais. Os laços comunitários presentes
numa coletividade podem ser expressos nas relações de um grupo.
METODOLOGIA
1
Resultado dos planos de Iniciação Científica 2015/2016 dos autores sob orientação do Prof. Dr.
Sérgio Ricardo Oliveira Martins.
VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos
Fronteiriços
TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração”
Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016
UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande)
ISBN: 978-85-99540-21-3
As metodologias utilizadas para o desenvolvimento dos trabalhos aqui
apresentados foram semelhantes e tiveram mesmo cerne: o levantamento e revisão
bibliográfico de grandes autores da literatura em relação aos estudos realizados bem
como a observação direta e aplicação de questionários semiestruturados com o intuito
de coletar informações primitivas e diretas dos atores sociais envolvidos nos espaços
estudados. Como área primeiro estudo de caso utilizou-se do Parque Estadual Matas do
Segredo onde buscamos analisar e identificar as performances desenvolvidas nas
relações interpessoais e relação da população circunvizinha com a área de proteção
ambiental. O segundo estudo de caso foi realizado no condomínio residencial Piazza
Boulevard procurando entender a performance ali desenvolvida com a relação de
proximidade e da vizinhança, características dos condomínios residenciais fechados.
Ambas áreas de estudo estão localizadas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
DISCUSSÃO
Criado em 1993 com pressão da população local no governo estadual para a criação de
áreas de preservação, o antigo Jardim Botânico Municipal de Campo Grande, localizado
a norte do município passou, com a oficialização do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC em 2000, a status de parque estadual adotando a nomenclatura de
Parque Estadual Matas do Segredo. A população de entorno do Parque Estadual Matas
do Segredo – PEMS se constitui de bairros e vilas urbanas nos limites sul, sudeste,
sudoeste e nordeste e a norte por pequenas propriedades rurais de produção
hortifrutigranjeiros totalizando 7.661 habitantes (PLANURB, 2015) e é atualmente a
maior unidade de conservação do perímetro urbano de Campo Grande. Segundo, Palma
(2004) e Plano de Manejo – PEMS (2009), durante suas pesquisas locais 53% dos
pesquisados acreditavam que a instalação do parque melhorou de alguma forma a vida
naquela região, e utilizando de dados dos questionários aplicados em campo a segurança
foi o fato mais recorrente nas respostas. Segundo, Fernandes, Oliveira e Martins (2014)
a segurança é um dos principais fatores favoráveis ao desenvolvimento de dinâmicas
sociocomunitárias, tendo em vista que a segurança é primordial para o ser humano e
promove as relações interpessoais e de vizinhança, aqui denominados laços primários,
laços estes que desenham uma performance sociocomunitária, em meio as dificuldades
do cotidiano atual. Tendo a sensação de segurança a população estaria então disposta a
intensificar a relação homem x espaço sendo assim a liberdade de acessar e utilizar do
espaço protegido, nesse caso a UC PEMS. Desenvolvida em conjunto com as
performances sociocomunitárias, a territorialidade compõe o arranjo societário e seria
então o que Raffestin (1993) diz ser “multidimensionalidade do vivido territorial pelos
membros de uma coletividade”. Ainda sobre o “vivido territorial” que o autor nos
mostra, a coletividade tem um papel importante em se tratando dessa territorialidade,
seria então a aspiração humana em compartilhar dos desejos, inseguranças e problemas
cotidianos levando a criação de laços comunitários. O individualismo, a insegurança e o
próprio medo são sentimentos que marcam a sociedade contemporânea. Por estes, entre
outros motivos, novos espaços ou novas formas de moradias surgem para atender as
aspirações de muitas famílias. Uma forma caracterizada como moderna se moradia
compartilhada, são os condomínios fechados. O aumento dos condomínios fechados
traduz um pouco das necessidades de “refúgios” fortificados, frente aos possíveis
perigos de se viver, principalmente em cidades maiores.A busca por novas formas de
moradia, associada aos medos das cidades, relacionada também a grande valorização do
espaço, os anseios de uma vida mais tranquila em relação às famílias e também as
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TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração”
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ISBN: 978-85-99540-21-3
estratégias usadas por imobiliárias são os possíveis fatores de crescimento e expansão
dos condomínios, sejam eles verticais ou horizontais. Assim, a produção da paisagem
vista nas moradias e inclusive nos condomínios são definidas como uma forma histórica
específica que se explica através da sociedade que a produz, um produto da história das
relações materiais dos homens que, a cada momento, adquire uma nova dimensão
(CARLOS, 2007). Como diria, Souza (2010) a grande aceitação dessas moradias
fortificadas não são mais exclusividades de classes ricas e nem estão mais localizadas só
em grandes cidades, assim já são construídas para classes de menor poder aquisitivo, e
em diversos lugares. Esse fator de estreitamento sociocomunitário através da busca por
segurança é um dos fatores primordiais para entender a dinâmica das novas
performances comunitárias e pela compartilha territorial ou efeito vizinhança vistos
nesse trabalho. Dentre os resultados alcançados através das entrevistas semiestruturas
dos dois ambientes observados aqui, podemos relacionar que os resultados
estabeleceram a proximidade como uma forma de reconhecimento, além disso, os
anseios comunitários acompanham a trajetória evolucionista da sociedade,
estabelecendo-se de maneira diferente, porém, com grande similaridade ao cruzar-se
com a questão de segurança em diferentes espaços.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A comunidade como um fenômeno societário é mais complexo do que sua dicotomia
comunidade e sociedade. Sua natureza fraterna e orgânica se colocaria totalmente
antagônica as relações de impessoalidade vistas nas relações societárias (TONNIES,
1947). Todavia, fica claro, que as relações comunitárias passam por reconfigurações
com as influências da modernidade. Os condomínios, defendidos por muitos autores
como a mais clássica forma de segregação dentro de uma cidade, por sua vez, podem
despertar dentro dos muros alguns laços e ajudas que refletem semelhanças aos modelos
vividos dentro de uma comunidade. A vivência dentro de um condomínio pode
intensificar o reconhecimento dos moradores e as instituições de relacionamentos ou
laços mais proximais, que o balanço de relações primárias e secundárias pode ocorrer no
cotidiano dos moradores, sendo favorecidas principalmente pelas premissas da
insegurança e o medo da cidade e ao mesmo tempo proteção que essas moradias trazem
aos que vivem dentro dela. Em se tratando de população de entorna de unidades de
conservação a percepção dos bairros pesquisados em relação ao PEMS segue na
contramão do isolamento das áreas de preservação, podendo ser explicado pela forma
como a segurança enquanto aspiração contemporânea estabelece relações em ambientes
distintos. A junção de ambientes diferentes de convívio pode ser configurada pelos
muros de um condomínio ou a criação de espaços como os de áreas de preservações no
meio urbano incitam a aproximação dos relacionamentos sociais sendo eles primários
ou secundários.
REFERÊNCIAS
CARLOS, A. F. A. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo:
Labur Edições, 2007.
FERNANDES, J.F.A, MARTINS, S.R.O, Performances sociocomunitárias no espaço
da pecuária de corte em mato grosso do sul: territorialidade e configuração
sociopolitica de comunidade locais, Campo Grande/MS, 2015.
, OLIVEIRA, L.C., MARTINS, S.R.O, Dinâmicas Sociocomunitárias no
espaço urbano. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL AMÉRICA PLATINA, 7.,2014,
Dourados/MS. Anais... Dourados/MS: UFGD, 2014. 1 CD-ROM
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ISBN: 978-85-99540-21-3
INSTITUTO MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO URBANO – PLANURB, Perfil
Socioeconômico, Campo Grande/MS, 2015.
INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE DE MATO GROSSO DO SUL – IMASUL,
Plano de Manejo do Parque Estadual Matas do Segredo, Campo Grande/MS, 2009.
PALMA, L. T., A implementação do Parque Estadual Matas do Segredo como
oportunidade de desenvolvimento local para as comunidades circunvizinhas,
Campo Grande/MS, Dissertação de Mestrado, UNIDERP, 2004.
RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. Rio de Janeiro: Ed. Ática, 1993.
SOUZA, Renato M. de. Os Condomínios Horizontais: Qual é a sua Gênese e por que
tanto crescem?. Goiânia: Estudos, 2010.
TÖNNIES, F. Comunidad y Sociedad, Buenos Aires: Losada, 1947.
VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos
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