N.º37 Jul-Set 2015 Pág. 74-80 Bruno Brito Psicólogo, Mestre em Risco, Trauma e Sociedade, Doutorando em Saúde Pública Terapeuta Traumatic Incident Reduction e Life Stress Reduction, Clínica Alterstatus Artigo original Psicoterapia de apoio a profissionais de saúde com a síndrome de Burnout Palavras-chave: P sicoterapia; Profissional de saúde; Síndrome de Burnout Resumo A psicoterapia para o alívio ou tratamento da síndrome de Burnout com profissionais de saúde tem características próprias, que advém da cultura destes profissionais e das exigências profissionais que têm de enfrentar. No processo terapêutico é relevante a forma como é estabelecida a relação de confiança entre o profissional de saúde e o psicoterapeuta, para que seja possível trabalhar o sistema de crenças sobre o trabalho, que nestes profissionais se encontra profundamente enraizado. O uso de técnicas diretivas como terapia cognitivo-comportamental, traumatic incident reduction, life stress reduction, e de técnicas para o alívio da sintomatologia que advêm da ansiedade, como técnicas de relaxamento, respiração e meditação, têm-se mostrado eficazes. Introdução Este texto surge de um desafio que me foi colocado para descrever em forma de artigo a experiência de alguns anos enquanto psicólogo e psicoterapeuta de apoio a profissionais de saúde, maioritariamente médicos, de diversas especialidades, que sofrem 74 de situações de stresse e Burnout. Apesar de nem todos terem como principal queixa para a procura de apoio psicológico o stresse resultante de situações de trabalho, este apresenta-se como quase sempre presente, sendo uma das razões de maior relevância para o prejuízo da sua qualidade de vida. Houve o cuidado de consultar a revisão sistemática de bibliografia sobre a prevenção do stresse ocupacional em profissionais de saúde mais atual, servindo como referência a este artigo a Cochrane Review, publicada em 20151. Expressão de Burnout em profissionais de saúde A pessoa com a síndrome de Burnout apresenta-se normalmente em consulta com queixas diversas. A ansiedade e os ataques de pânico são as mais comuns. A estas costumam estar associadas a depressão, sintomas somáticos, consumo de substâncias, principalmente café e tabaco, e álcool. No profissional de saúde, estas queixas são acompanhadas com a sensação de não conseguir cumprir as exigências profissionais de acordo com as suas expetativas ou de como o profissional acha que «os colegas fazem». Existe uma cultura de que o profissional de saúde é menos vulnerável a situações de stresse ou transporta uma certa «imunidade» ao sofrimento dos outros, nomeadamente dos doentes que cuida. Assim a síndrome de Burnout, apesar de ser conhecida da maioria dos profissionais de saúde, é algo que é camuflado e até «aculturado» entre estes profissionais. É normal ouvirmos as expressões que atribuem cansaço, esforço, ou o empenho em turnos de trabalho que, em muitos casos, ultrapassam o humanamente aceitável. Este facto é algo que é aceite pela classe dos profissionais de saúde e pela população em geral. Como exemplo, apresento o relato de Manuela C. (nome fictício), médica especialista em medicina geral e familiar: «Desde 2007 que sou médica de família, especialista de Medicina Geral e Familiar (MGF), numa área limítrofe de Lisboa. Nestes últimos 12 anos, incluindo o internato de MGF, tenho assistido a mudanças radi- cais na forma de exercício da especialidade. Todas as pessoas que foram os meus formadores mudaram de local ou estão reformados. Toda a base da medicina familiar deixou de ter como objetivo e centro o doente, sendo agora o indicador, o que implica uma mudança radical na prática clínica. Acrescenta-se ainda uma quase duplicação do número de doentes a cargo de cada médico, de 1500 para 1900 de utilizadores. Este facto resultou num aumento do número de consultas e redução do tempo para cada uma. Acresce uma série de inúmeras tarefas que passaram a ser da responsabilidade dos médicos de família, além de responsabilidade na formação. Houve um aumento súbito do número de internos da especialidade por necessidades formativas nesta área. Devo salientar as carências de pessoal administrativo, auxiliar e de condições do local de trabalho. Apesar de muito exigente do ponto de vista emocional e intelectual, tenho especial gosto na con- 75 N.º37 Jul-Set 2015 Pág. 74-80 sulta e na interação com o doente. Mas uma boa prática clínica implica um profissional em boas condições físicas, psicológicas e emocionais. Em dezembro de 2013 inesperadamente sofri, pela primeira vez na minha vida, um ataque de pânico, o primeiro de vários que implicaram a minha ausência laboral durante alguns meses. Sucedeu após um mês de trabalho sem uma única folga, nem fins-de-semana, contra minha vontade mas por necessidades formativas, como me foi informado. Apesar de ter retomado o trabalho, as condições laborais mantêm-se. É me parece que seja suficiente para manter o barco à tona de água.» Socialmente, é censurável que um piloto ou condutor de transportes pesados faça mais do que oito ou dez horas de trabalho. É comummente aceite que o sono ou o cansaço pode colocar vidas em jogo e que estes profissionais não só têm direito, como o dever (por lei), a descansar. Veja-se o exemplo do uso de dispositivos nos transportes pesados que monitorizam, entre outras coisas, o tempo de atividade de um condutor de camião. Com médicos ou enfermeiros este facto já não acontece. Um dos sintomas frequentes é a pessoa sentir que perdeu o seu valor e que está diminuído relativamente aos seus pares frequente, quando guardo a chave de casa de manhã, pensar quando irei pegar nela outra vez antecipando esse momento. Há algumas semanas aconteceu-me por duas vezes estacionar o carro à porta de casa e adormecer de imediato dentro do carro. Raramente durmo oito horas e sinto-me em abstinência de sono quase sempre. Não tenho insónias. Só não consigo tempo para dormir. É frequente pensar, antes do doente entrar, que a consulta seja breve, o que raramente é. Sinto-me sempre atrasada no trabalho por mais que tente acelerar. Uma semana antes do ataque de pânico um doente de 59 anos disse-me: se continua assim não chega à minha idade. É frequente pensar que trabalhar e viver assim não vale a pena. Sinto que o sistema atual é uma engrenagem inflexível, que é pegar ou largar. O meu grande impulsionador é a resposta dos meus utentes. Durante a minha ausência a maioria insistiu que queria apenas ser consultada por mim mesmo que esperassem dois ou três meses e é muito frequente a manifestação do seu apreço. É muito gratificante mas a longo prazo não 76 Em ambiente hospitalar é comum o profissional entrar para o seu turno de trabalho às 8h da manhã de segunda-feira, fazer banco de urgência nessa tarde, terminando às 8h da manhã de terça e cumprir mais um turno de trabalho até às 16h ou 18h horas desse dia. Apesar de desenvolverem estratégias de descanso durante os turnos, seja por ajuda de equipa, ou por curtos períodos de sono durante o trabalho, pode acontecer uma equipa de cirurgia operar com 24 horas de vigília. Este fator não é, no entanto, o que mais contribui para as causas de Burnout dos profissionais de saúde. A organização de serviços, a relação com colegas e superiores, a pressão do número de doentes a acompanhar e o reconhecimento profissional que lhe é devido são, em muitos casos, o que o profissional de saúde mais aponta como a causa do seu «esgotamento». No entanto, como referíamos, por fazer parte da cultura do profissional de saúde, a abordagem a estes problemas é regularmente vista como «eu não sou capaz de acompanhar», «não consigo ver tantos doentes», «não compreendo como é que os meus colegas aguentam», mais do que colocar em causa as suas condições de trabalho. O que está em causa com o presente artigo não é contestar as condições atuais de trabalho dos profissionais de saúde, mas constatar a forma de como estes as encaram, apesar de se perceber que as exigências que são colocadas são propícias ao aparecimento de tal sintomatologia. A mesma cultura que é responsável pela aceitação destas exigências profissionais também encerra em si algumas formas de adaptação a estes stressores. Normalmente, os profissionais de saúde desenvolvem um contacto com o doente de forma empática, mas igualmente rápida e distanciada, ficando quase sempre circunscrito ao ato clínico. Fora deste ato, é normal lidar com os doentes e os seus problemas de forma dissociada. Quanto maior for o nível de Burnout mais comum é o profissional de saúde não se lembrar, por exemplo, do nome ou problema dos doentes que tratou nesse dia. Paradoxalmente, pode acontecer o efeito contrário que é uma excessiva preocupação e imersão nos problemas dos doentes que cuida. Com este facto vem a sensação de que «não se fez tudo o que se podia» ou o empenho para além do que deveriam ser os limites da sua intervenção, como por exemplo, pagar por medicamentos ao doente que não pode pagar por eles. Quando a síndrome de Burnout já se encontra instalada é normal ouvir do profissional um discurso que indica as cróni�cas falhas do sistema de saúde, da sua organização, dos meios que são insuficientes, da não compreensão das chefias, colegas e utentes, etc. Percebe-se que a pessoa já não está a lidar de forma adaptativa com as exigências profissionais quando a sua vida pessoal e as suas necessidades básicas começam a ser postas em causa. A falta de tempo para a organização do seu tempo pessoal, como cuidado da casa ou família, tempo para outras atividades para além do trabalho, qualidade dos relacionamentos afetivos, etc., são problemas que se começam a instalar com a síndrome. Em resposta a estas queixas é normal observar um comportamento depressivo ou irritável, com explosões de ira ou choro fácil (labilidade emocional), discurso de desistência, ironia ou sarcasmo. Apesar destes sintomas não adaptativos, o profissional de saúde que apresenta síndrome de Burnout manifesta uma dependência ou incapacidade para limitar a sua atividade profissional. Normalmente, argumenta razões de que «não tem escolha», ou que o seu emprego, estabilidade financeira ou familiar depende do ritmo e exigências de trabalho que tem. É um discurso sem alternativa, ou de alternativa tão extrema, que não parece ser exequível. A sintomatologia vai-se instalando, por vezes durante anos, antes de haver um pedido de ajuda. Este pedido é frequentemente antecedido por reparos familiares, de outros colegas ou chefias, ou de médicos assistentes que indicam o ritmo de trabalho como uma provável causa pelos problemas de saúde observáveis (ex: ansiedade, obesidade, problemas cardíacos, respiratórios, sono, stresse, etc.). É frequente estes serem 77 N.º37 Jul-Set 2015 Pág. 74-80 minimizados pelo profissional de saúde, pois estão associados, para ele, ao significado de fraqueza ou incapacidade para responder ao que acha que seria normal responder. Podem existir situações extremas, num curto espaço de tempo, capazes de igualmente causar síndrome de Burnout. Nestes casos, o Burnout pode apresentar-se em co-morbilidade com a Perturbação de Stresse Traumático. O recurso a ajuda de saúde mental é feito maioritariamente por indicação do especialista de medicina geral e familiar. O profissional de saúde aparece com frequência já medicado com ansiolíticos e/ou antidepressivos, prescritos pelo colega de medicina geral e familiar, ou automedicados. Só em situações de maior incapacidade aceitam fazer acompanhamento psicoterapêutico ou consultar um psiquiatra para ajustar corretamente a medicação mais indicada. Psicoterapia com profissionais de saúde A psicoterapia com profissionais de saúde apresenta-se como um desafio. Habituados a tomar decisões importantes e a blema psicológico, o profissional de saúde opta, ou por querer saber com exatidão que tipo de tratamento clínico psicoterapêutico será submetido, ou despe-se do papel de técnico de saúde e não contesta o tratamento apresentado. Apesar de ser um problema sistémico, afetando várias dimensões de vida do profissional de saúde, é no trabalho que se encontra parte da resolução do problema instalado. Claro que a personalidade do profissional de saúde influencia a forma como este se relaciona com o seu trabalho, e em sequência, a forma como este é afetado pelo trabalho. No entanto, sendo um problema de contexto profissional, a maneira como este é gerido, ao qual é dado prioridade e importância, pode, em muito, mudar a qualidade de vida do profissional de saúde. O sentido que este atribui ao trabalho na sua vida é uma peça importante no processo psicoterapêutico. Assim, depois da avaliação psicológica inicial, urge em confrontar e adotar estratégias de gestão da atividade profissional, para que se consiga ir ganhando espaço para outro tipo de atividades que contri- A terapia deve ser um espaço motivador e de reflexão sobre quais as melhores estratégias que estão ao alcance do profissional de saúde cuidar de outros é frequente apresentarem um discurso defensivo relativamente à sua situação, por vezes descrita como se fosse o boletim clínico de outro doente, como que se se tivessem a referenciar a outro colega. O enfoque é normalmente colocado nas queixas físicas e não é raro a consulta de psicologia ser precedida de uma série de outras consultas e exames médicos para despistar todas as causas físicas que possam estar a provocar a sintomatologia sentida. Quando aceite que pode ser um pro78 buam para o equilíbrio mental do profissional de saúde. Por esta razão, o uso de técnicas cognitivo-comportamentais dirigidas à fonte do stresse, são consideradas como metodologias terapêuticas eficazes. No entanto, não chega apenas trabalhar com o profissional de saúde as suas atitudes e escolhas face a um problema específico. É importante também trabalhar o sentido e a sua própria perceção das escolhas que efetua. Esta abordagem aflora-se como mais existencialista ou humanista. Assim, pode- mos dizer que o trabalho com o profissional de saúde é um trabalho integrativo, sendo adaptado ao seu quadro específico, mais do que sujeito a programas de tratamento prédefinidos. A confrontação com os horários e a carga de trabalho é uma das primeiras tarefas a fazer com o profissional de saúde. Ajuda fazer representações gráficas, como o preenchimento de um horário semanal ou nais. É conhecido que profissionais com uma boa gestão de stresse, fisicamente mais preparados e com atividades diversas, para além das de trabalho, também apresentam melhores resultados profissionais. Relação psicoterapêutica com o profissional de saúde A relação terapêutica é de extrema importância no trabalho com o profis- A discussão de uma melhor gestão de tempo permite que seja sugerido que sejam adotadas atividades desportivas ou de lazer que ajudem o profissional de saúde a retirar o foco da situação profissional uma lista de atividades. Esta técnica psicoterapêutica pode ser utilizada durante um conjunto de sessões pois, após ser identificada a carga real de trabalho, pode ser usada como ferramenta de gestão de expectativas para o futuro. Por exemplo, pode ser perguntado ao profissional de saúde qual das horas apresentadas podem ser suprimidas, ou que tarefas podem ser melhor geridas. O trabalho com este tipo de técnicas comportamentais deve ser apresentado gradualmente, devendo-se ter o devido cuidado com a ansiedade apresentada pelo profissional de saúde. Pessoas muito ansiosas podem sentir-se desconfortáveis ao serem confrontadas com a sua inaptidão para gerir o seu horário ou trabalho. Pode também ser discutido que importância têm outras tarefas fora do contexto profissional e qual o espaço que podem ter no seu horário. Profissionais muito orientados para o trabalho, naturalmente, serão mais defensivos contra um discurso psicopedagógico sobre os benefícios de atividades de lazer ou desporto, até porque estas informações já são do seu conhecimento. Nestes casos, deve ser explorado o sentido de otimização do seu desempenho enquanto profissio- sional de saúde em Burnout. Um dos sintomas frequentes é a pessoa sentir que perdeu o seu valor e que está diminuída relativamente aos seus pares. No relacionamento terapêutico, deve ser incentivada a relação entre profissionais de saúde, dentro dos limites necessários de uma psicoterapia. Deve haver espaço nas sessões para se falar dos casos que o profissional acompanha, inclusive trocar algumas opiniões, respeitando as áreas profissionais. Desde que seja mantido o cuidado de não fazer com que o assunto dos doentes do profissional de saúde se torne um evitamento para falar da sua vida e do seu problema, esta pode ser uma estratégia para valorizar as suas ações no trabalho, e os seus sentimentos face as adversidades que o seu emprego pode trazer. A relação terapêutica deve também apresentar-se de forma incondicionalmente positiva, acreditando que o profissional de saúde detém muitas das soluções para os seus problemas. Assim, a terapia deve ser mais um espaço motivador e de reflexão sobre quais as melhores estratégias que estão ao alcance do profissional de saúde do que um espaço 79 N.º37 Jul-Set 2015 Pág. 74-80 de aconselhamento direto sobre o que fazer. Sendo uma psicoterapia, e como se mencionou acima, os assuntos profissionais e pessoais cruzam-se, devendo ser entendido com o profissional de saúde de como é que eles se interinfluenciam. No entanto, o terapeuta não deve perder mite que seja sugerido que sejam adotadas atividades desportivas ou de lazer que ajudem o profissional de saúde a retirar o foco da situação profissional. É esperado que, com uma boa adesão ao processo terapêutico, com sessões semanais, que o profissional de saúde apresente melho- Métodos como o Traumatic Incident Reduction, ou Life Stresss Reduction, Terapia Cognitivo-Comportamental, adoção de métodos de relaxamento e meditação ou Mindfulness, estão entre os considerados com melhores resultados num menor período de tempo de terapia. o foco do pedido de ajuda. Se o assunto que levou o profissional de saúde ao apoio psicológico foi a síndrome de Burnout, mesmo que sejam identificados outros problemas na vida da pessoa, as questões laborais devem ser a prioridade na psicoterapia. São exceções quando excesso de trabalho aparece como uma fuga a situações de vida pessoal, como por exemplo, problemas nas relações afetivas ou na família. Mesmo assim, existem sempre indicações importantes sobre a gestão do trabalho que devem ser exploradas. Os sintomas resultantes do stresse e da ansiedade são umas das primeiras preocupações a lidar, nos primeiros momentos do processo psicoterapêutico. Por norma, apenas o facto de verbalizar o problema com o terapeuta, de colocar as preocupações numa narrativa inteligível, ajuda a aliviar os sintomas. Podem também ser dadas estratégias específicas que ajudem, em situações de pânico ou de maior ansiedade, a controlar os sintomas físicos. Entre estas estratégias, resultam técnicas de respiração ou de relaxamento progressivo. Como foi mencionado atrás, a discussão de uma melhor gestão de tempo per80 rias significativas no alívio da ansiedade durante os primeiros seis meses de acompanhamento. Conclusão A psicoterapia com profissionais de saúde que sofrem de Burnout é um trabalho conjunto, de relação de confiança e de estratégias muito diretivas. Existem técnicas que se têm provado eficazes e que se devem de complementar, de acordo com as especificidades da pessoa que se encontra em acompanhamento. Métodos como o Traumatic Incident Reduction, ou Life Stresss Reduction2, Terapia CognitivoComportamental, adoção de métodos de relaxamento e meditação ou Mindfulness, estão entre os considerados com melhores resultados num menor período de tempo de terapia. Referências: 1. Ruotsalainen, JH., Verbeek, JH., Mariné, A., Serra, C. Preventing occupational stress in health care workers (Review), 2015, The Cochrane Colaboration 2. Traumatic Incident Reduction e Life Stress Reduction We- bsite, www.tir.org