A conação O que são os processos conativos? Conação e emoção A conação – A conação corresponde à dimensão intencional, empenhada e deliberada dos processos psíquicos, isto é, à dimensão proativa (consciente e dirigida) da motivação. – A conação implica esforço pessoal (vontade) em direção a um objetivo específico. Conação e motivação – A conação remete, pois, para os aspetos que se relacionam com a iniciativa da ação, sendo indissociável da motivação. – Existem várias abordagens e teorias, que procuram explicar a motivação, ora centrando-se em aspetos biológicos ou em aspetos psicológicos, ora procurando um enfoque integrador. Conação e motivação Teorias com enfoque em aspetos biológicos INSTINTO REDUÇÃO DO IMPULSO ATIVAÇÃO Estamos programados com um conjunto de instintos essenciais à sobrevivência Quando o equilíbrio homeostático em alguma necessidade biológica é perdido gera-se um impulso Necessitamos de um nível ótimo de ativação, agindo para o manter INSTINTOS são padrões do comportamento determinados biologicamente O IMPULSO é uma tensão que guia o comportamento A ATIVAÇÃO refere-se ao nível de excitação e atividade do corpo Conação e motivação Teorias com enfoque em aspetos PSICOLÓGICOS INCENTIVO EXPECTATIVA O comportamento motivado está dependente de estímulos externos A motivação (intrínseca e extrínseca) é explicada pela expectativa e atribuição de significados Um INCENTIVO é uma recompensa externa para a qual é dirigido o comportamento A motivação INTRÍNSECA está ligada à satisfação pessoal e a EXTRÍNSECA a recompensas externas Conação e motivação Teoria com enfoque integrador (aspetos biológicos e psicológicos) HIERARQUIA DAS NECESSIDADES As necessidades formam uma hierarquia, sendo indispensável preencher as mais básicas para chegar às superiores As necessidades básicas relacionam-se com os impulsos primários e com a segurança; as necessidades superiores relacionam-se com o amor, a estima e a autoatualização TENDÊNCIAS E INTENÇÕES • As várias teorias sobre o comportamento motivado surgiram de forma sequencial, tentando cada uma delas suprimir as falhas da precedente. • Neste processo passou-se de uma visão centrada nas questões relativas à sobrevivência ( aspetos biológicos), para uma visão humanista e construtivista da motivação, na qual os processos conativos e conceitos como vontade e intencionalidade ganharam um espaço próprio (teorias psicológicos e integradoras). • Destas ressaltam as diferenças entre tendências, mais ligadas a instintos, e intenções, mais ligadas a desejos. TENDÊNCIAS E INTENÇÕES A história do alpinista Aron Ralston permite-nos perceber as diferenças entre tendências e intenções. Em 2003 o alpinista ficou preso enquanto escalava as montanhas do Utah. Enfrentou o frio, a fome e principalmente a sede, necessidades básicas universais que se tornaram tão insuportáveis e prementes que o levaram a beber a própria urina para sobreviver. Tendências Intenções BIOLÓGICAS PSICOLÓGICAS UNIVERSAIS PESSOAIS NECESSIDADES DESEJOS FINS/METAS OBJETIVOS/PROJETOS AUTOCONSERVAÇÃO AUTO-ORGANIZAÇÃO No ano de 2005, dois anos após o acidente, o alpinista tornou-se a primeira pessoa a escalar os 53 picos fourteeners (picos com mais de 4200 metros) das montanhas do Colorado. Tendências • As tendências estão ligadas às necessidades internas que orientam o comportamento. • Todo o comportamento desencadeado por uma tendência ou impulso, obedece ao chamado ciclo motivacional constituído por quatro etapas. Assim: Necessidade – resulta de um desequilíbrio provocado por uma carência, uma privação. Ex: a sede. Impulso – um estado de tensão que ativa e direciona o organismo para um determinado comportamento. Ex: a vontade de beber. Tendências Resposta – constituída pelas atividades desenvolvidas e desencadeadas pelo impulso para se obter o que se necessita. Ex: encher o copo para beber. Saciedade – quando o objetivo é alcançado, o impulso desaparece ou é reduzido. Depois de beber deixamos de sentir sede. O equilíbrio homeostático é restabelecido. Tendências • No que respeita à origem as tendências podem ser: primárias – inerentes à estrutura do organismo, são independentes da aprendizagem visam o equilíbrio interno. Ex: tendência para a alimentação, conservação, defesa, autopreservação… secundárias – aprendidas no processo de socialização, reportam-se às necessidades sociais. Ex: tendência para as línguas, para o desporto, para a música… Tendências • No que respeita ao objeto, as tendências podem ser: individuais – relacionadas com os interesses do indivíduo, visam a sua preservação e desenvolvimento. Ex: alimentação, conforto, saúde, amor-próprio, ambição pessoal… sociais – estão na base das interações sociais e visam as relações com os outros. Ex: afiliação, solidariedade… ideais – relacionam-se com a promoção de valores que podem ser intelectuais (conhecimento, compreensão, curiosidade…) estéticos (arte, beleza) e éticos (igualdade, justiça, solidariedade). Intenções • Nenhuma ação humana é gratuita. Na sua génese há sempre uma intenção. • A intenção da ação humana corresponde ao “porquê” da ação, à finalidade ou ao objetivo dinamizador e organizador de um ato ou comportamento. • Se a ação humana é intencional significa que os atos humanos são constituídos por duas partes interdependentes: A intenção, propósito ou projeto referente a uma representação mental e antecipada do que se quer fazer A ação referente à concretização ou realização efetiva do projeto concebido Esforço de realização • Os processos conativos caraterizam-se por serem intencionais, por visarem um determinado fim. Porém, nem sempre é fácil atingir os objetivos visados, tendo, muitas vezes, o ser humano de realizar tarefas penosas de modo a ultrapassar os seus estados de carência. • O esforço de realização diz respeito ao empenho e interesse que colocamos nas atividades que desenvolvemos para atingir os objetivos selecionados. A teoria da motivação de Maslow • Maslow desenvolveu uma teoria em que procura evidenciar as potencialidades e capacidades humanas. Uma das áreas em que mais investiu foi no estudo das motivações humanas. Segundo Maslow, as motivações organizam-se segundo uma hierarquia de necessidades representada numa pirâmide em cuja base estão as necessidades básicas que garantem a sobrevivência e no topo a necessidade de autorrealização. Pirâmide das necessidades humanas de Maslow Necessidades de realização pessoal Necessidades psicológicas Necessidades primárias ou básicas Pirâmide das necessidades humanas de Maslow Necessidades fisiológicas – correspondem às necessidades orgânicas situadas na base da pirâmide. Sem alimentação, água, oxigénio, sono e estimulação sensorial, o indivíduo não sobrevive. Necessidades de segurança – assegurado o bem-estar fisiológico, o ser humano sente necessidades relativas à segurança, tentando escapar a diversos graus de ansiedade respeitantes a situações de perigo. Necessidades sociais (necessidade de afiliação) – manifestase no desejo do indivíduo estar com os outros e ser aceite pelos outros. É a necessidade de dar e receber afeto, confiança, amor. Reflete-se na procura de integrar grupos: família, amigos, trabalho… Pirâmide das necessidades humanas de Maslow Necessidades de estima – correspondem à necessidade de se sentir respeitado e estimado pelos outros, de sentir a admiração e a simpatia dos que o rodeiam A satisfação das necessidades de estima desenvolve sentimentos de autoconfiança; a sua frustração pode desenvolver sentimentos de inferioridade. Necessidade de autorrealização – é a necessidade de cada um realizar o seu potencial “tornando-se em tudo aquilo em que uma pessoa é capaz de se tornar”. Manifesta-se na concretização das suas potencialidades, de atingir a sua realização pessoal, de conseguir obter êxito e sucesso. Pirâmide das necessidades humanas de Maslow A teoria de Maslow apresenta alguns pressupostos, a saber: As pessoas só tendem a atingir um nível superior de motivação se as necessidades dos níveis inferiores estiverem satisfeitas. À medida que se sobe a escala hierárquica vai crescendo a diferença entre o que é comum a homens e animais e o que é específico dos seres humanos. As necessidades dos níveis inferiores são sentidas por todos os seres humanos, enquanto que as necessidades superiores surgem apenas num número cada vez mais reduzido de pessoas. Concluindo… • Apesar de algumas críticas à sua teoria, Maslow chamou a atenção para o papel da motivação no comportamento humano, para a importância dos contextos para a satisfação das necessidades. • Valorizou a importância do esforço de realização exigido às pessoas para atingirem a concretização das suas potencialidades através da iniciativa, força de vontade, autonomia, criatividade, aceitação de si próprio e do outro, espírito aberto, capacidade de autocrítica… Estruturas biológicas e comportamento motivado • Várias regiões do cérebro estão envolvidas no comportamento motivado, entre elas o sistema límbico e o córtex cerebral, em especial as regiões pré-frontais dos lobos frontais. • Uma outra estrutura importante, principalmente quando nos referimos aos mecanismos de manutenção da vida, é o hipotálamo. Este coordena as respostas fisiológicas aos estímulos e organiza o comportamento que mantém o equilíbrio interno do organismo. • Salientar o papel que as estruturas biológicas desempenham no comportamento motivado não significa que não se reconheça também a relevância dos aspetos pessoais e sociais na motivação.