Alguns fatos históricos do A grande pirâmide de Gizé, construída entre 2589-2566 a.C, foi erguida sobre um perímetro de 1760 blocos e uma altura de 280 blocos, uma razão 1760/280 ≈ 2π. A mesma proporção fora utilizada antes na pirâmide Meidum, 2613-2589 a.C, e posteriormente na pirâmide de Abusir, 2453-2422 a.C. Alguns egiptólogos consideram que essa razão não fora utilizada por acaso, e sim, escolhida como uma proporção de “design”. Embora os egípcios não conhecessem a definição exata do , na prática eles o utilizavam. O início da história do a partir de fontes escritas é aproximadamente paralelo ao desenvolvimento na matemática como um todo. Alguns fatos históricos do e A primeira referência ao número de Euler foi publicada em 1618 em uma tabela de um trabalho sobre logaritmos de John Napier. No entanto, nessa tabela não constava o número em si, mas uma lista de logaritmos calculados a partir dele. A descoberta do número em si é creditada à Jacob Bernoulli, que tentou encontrar o valor da seguinte expressão: 1 lim(1 ) n , n n que de fato é o valor do número de Euler. A primeira utilização do número, que era representado pela letra b, foi em uma correspondência de Gottfried Leibniz para Christiaan Huygens entre 1690 e 1691. Leonhard Euler, entre 1727 e 1728, começou a usar a letra e para representar o número em um artigo não publicado sobre forças em canhões, e a primeira aparição da letra e em uma publicação foi em Euler’s Mechanica em 1736. Nos anos posteriores, outros pesquisadores usaram diferentes letras para representar o número, mas e era mais comum e naturalmente se tornou o padrão. A irracionalidade do LEMA 1: Uma função f : que tende a zero quando sua variável tende a infinito deve ser nula a partir de algum ponto. DEFINIÇÃO 1: Um número é racional se ele pode ser representado pela razão de dois números inteiros não nulos. Caso contrário, ele é irracional. TEOREMA 1: O número real é irracional. DEMONSTRAÇÃO: Considere a integral: 1 I n (1 x 2 )n cos( x)dx 1 Integrando por partes obtemos: 2 I n 2n(2n 1) I n 1 4n(n 1) I n 2 se n 2 . Por indução em n, segue que: 2 n 1 I n n ![ Psen( ) Q cos( )] onde P e Q são polinômios em com grau < 2n + 1 e coeficientes inteiros. Assuma que seja racional, então a b , com a, b e b 0. Seja 2 , então: J n b 2 n 1I n n ! é um número inteiro. Assim: 1 b2 n1 Jn (1 x 2 )n cos( x 2)dx n ! 1 O integrando é positivo para 1 x 1 então J n 0 . Então J n 0, n . Assim: Jn b 2 n 1 1 cos( x 2)dx C b 2 n 1 n! n ! 1 onde C é uma constante. Então J n 0 quando n , contradizendo o lema 1. Logo, é irracional. A irracionalidade do e TEOREMA 2: O número real e é irracional. DEMONSTRAÇÃO: Vamos utilizar e na sua representação em série: 1n 1 1 1 e 1 ... 1! 2! 3! n 0 n ! Vamos supor que e p q , onde p e q são números inteiros positivos. Multiplicando a equação acima por q!, temos que: p q! q! q! q! q ! q ! ... R q 1! 2! 3! q! Como q ! p q e 1 q ! 1! q ! 2! q! 3! ... q! q! são números inteiros, então R também é inteiro. Mas, q! q! q! 1 1 1 R ... ... (q 1)! (q 2)! (q 3)! q 1 (q 1)(q 2) (q 1)(q 2)(q 3) Logo, 1 1 1 1 R ... 2 3 q 1 (q 1) (q 1) q que é absurdo, pois q é inteiro. Logo, e é irracional. A transcendência do DEFINIÇÃO 2: Um número real ou complexo é transcendente ou transcendental se ele não é raiz de nenhuma equação polinomial com coeficientes inteiros. TEOREMA 3: O número real é transcendente. DEMONSTRAÇÃO: Suponha que é raiz de um polinômio não-nulo sobre , então i também é. Seja 1 ( x) [ x] um polinômio com raízes 1 i , 2 , ..., n . Então: (e1 1)(e 2 1)...(e n 1) 0 (2) Agora vamos construir um polinômio com coeficientes inteiros tal que suas raízes são as exponenciais de e com expoentes i1 ... ir que aparecem na expansão do produto acima. Por exemplo, termos da forma: e s et .1...1 restando expoentes da forma s t . Tomando todos os pares s,t obtemos 1 2 , ..., n 1 n , cujo polinômio simétrico elementar é simétrico em relação a i ... n , podendo ser expressado como polinômios nos polinômios simétricos elementares em i ... n . Este, por sua vez, pode ser expressado em termos dos coeficientes do polinômio 1 ( x ) cujas raízes são i ... n . Então os pares s t satisfazem a equação polinomial 2 ( x) 0 , onde 2 tem coeficientes racionais. Similarmente, i são raízes do polinômio k ( x) sobre obtido sobre a soma dos k. Então: 1 ( x) 2 ( x)... n ( x) é um polinômio sobre os racionais cujas raízes são as exponenciais de e na expansão (2). Dividindo por uma potência conveniente de x e multiplicando por um inteiro conveniente, obtém-se um polinômio ( x) sobre , cujas raízes são as exponenciais de e com expoentes não-nulos 1 , ..., r da expansão (2). Assim: e1 ... er k 0 onde k é um inteiro positivo. Suponha que: ( x) c0 x r c1 x r 1 ... cr onde o termo independente é não-nulo, pois 0 não é raiz desse polinômio. Defina: c s x p 1[ ( x)] p f ( x) ( p 1)! onde s = r(p - 1) e p é um primo qualquer. Defina: F ( x) f ( x) f '( x) ... f ( s p r 1) ( x) No que a derivada de ordem s + p + r de f(x) é nula. Calculando: d x [e F ( x)] e x [ F '( x) F ( x)] e x f ( x) dx Então: 1 e x F ( x) F (0) e y f ( y)dy 0 Fazendo y x , temos que: 1 F ( x) e F (0) x e(1 ) x f ( x)d x 0 Fazendo x variar sobre 1 , ..., r e somar, temos que: r r 1 j 1 j 1 0 F ( j ) kF (0) j e (1 ) j f ( j )d Afirmamos que para todo primo p suficientemente grande o lado esquerdo da equação acima é um inteiro não-nulo. Agora: r f j 1 (t ) ( j ) 0 Se 0 < t < p. Cada derivada f (t ) ( j ) com t p tem um fator p já que derivamos [ ( x )] p no mínimo p vezes para obter um termo não-nulo. Para qualquer t: r f (t ) j 1 ( j ) É um polinômio simétrico de grau s . O fator c s , por definição de f(x), é um inteiro. Então para t p r f (t ) j 1 para um kt ( j ) pkt conveniente. Por outro lado, temos que: f (t ) se t p 2 0 (0) c s crp lp t se t p 1 se t p para um lt conveniente. Consequentemente: r F ( j 1 ) kF (0) Kp kc s crp j para algum K inteiro. Então, k 0, c 0, cr 0 . Se tomarmos p máx( k , c , cr ) então lado direito da equação acima é não-nulo. Por outro lado: c j s f ( j ) p 1 (m( j )) p , onde m( j ) sup ( j ) ( p 1)! 0 1 Então: r 1 j e j 1 (1 ) j r f ( j )d j 1 0 j p s p c m( j ) B ( p 1)! 1 , onde B máx e j (1 ) j d 0 que 0 quando p , contradizendo o lema 1. Logo, é transcendente. A transcendência do e TEOREMA 4: O número real e é transcendente. DEMONSTRAÇÃO: Assuma que e não é transcendente. Então: am e m ... a1e ao 0 onde, sem perda de generalidade, podemos supor que ai , i e a0 0 . Defina: x p 1 ( x 1) p ( x 2) p ...( x m) p ( p 1)! onde p é um primo qualquer. Então f é um polinômio em x de grau mp + p – 1. Defina: F ( x) f ( x) f '( x) ... f ( mp p 1) ( x) Note que a derivada de ordem mp + p de f(x) é nula. Calculando: f ( x) d x [e F ( x)] e x [ F '( x) F ( x)] e x f ( x) dx Então para qualquer j: j a j e x f ( x)dx a j [e x F ( x)]0j a j [ F (0) e j F ( j )] 0 j Multiplicando por e e fazendo o somatório em j = 0, ..., m temos que: j m m m m mp p 1 a j e j e x f ( x)dx F (0) a j e j a j F ( j ) j 0 j 0 0 j 0 j 0 i 0 a j f (i ) ( j ) (*) (i ) Afirmamos que cada f ( j ) é um inteiro e que esse inteiro é divisível por p, menos para j = 0 e i = p – 1. Usando a regra de Leibniz; o único termo não-nulo para j diferente de zero vem do fator ( x j ) p sendo derivado p vezes. Como p ! ( p 1)! p , todos os termos são inteiros e divisíveis por p. No caso em que j = 0, o único termo não nulo é quando i = p -1 e f ( p 1) (0) (1) p ...(m) p O valor de (*) fica: Kp a0 (1) p ...(m) p para algum K inteiro. Agora, se p máx(m, a0 ) então o inteiro a0 (1) p ...( m) p não é divisível por p. Então para primos p suficientemente grandes o valor de (*) é um inteiro não divisível por p, então não-nulo. Estimando a integral, se 0 x m , temos que: f ( x) mmp p1 ( p 1)! Então: j m a je j 0 j 0 j 0 m mmp p 1 mmp p 1 j dx a e j j 0 ( p 1)! ( p 1)! j 0 j m e f ( x)dx a j e x j que 0 quando p , contradizendo o lema 1. Logo, e é transcendente. Referências BECKMANN, Petr; A history of pi, St. Martin Press, 1971. EVES, Howard W.; An introduction to the history of mathematics, Holt, Rinehart & Winston, 1969. STEWART, Ian; Galois Theory, Chapman and Hall Mathematics Series, 1973.