UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA TESE DE DOUTORADO AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS EXTRATOS AQUOSO E METANÓLICO ORIUNDOS DE FOLHAS DA SCHNINUS TEREBINTHIFOLIUS, RADDI (AROEIRA) SOBRE CULTURAS DE ESPLENÓCITOS DE CAMUNDONGOS ISOGÊNICOS BALB/C E CBA E SOBRE A BACTÉRIA CORYNEBACTERIUM PSEUDOTUBERCULOSIS. CLÁUDIA VALLE CABRAL DIAS DOS SANTOS Salvador – Bahia 2 2010 CLÁUDIA VALLE CABRAL DIAS DOS SANTOS Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico oriundos de folhas da Schninus terebinthifolius, Raddi (Aroeira) sobre culturas de esplenócitos de camundongos isogênicos BALB/c e CBA e sobre a bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Imunologia. Orientador: Prof. Dr. Roberto José Meyer do Nascimento. Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Erlon Araújo Rodrigues. Salvador – Bahia 3 2010 Ficha catalográfica Biblioteca Prof. Penildon Silva – ICS – UFBA SANTOS C. V. C. 108 f.; 17 il. Avaliação do efeito dos extratos aquoso e metanólico da Schninus terebinthifolius, Raddi (Aroeira) sobre culturas de esplenócitos murinos e sobre a bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis. Cláudia Valle Cabral Dias dos Santos - Salvador, 2010. Orientadores: Prof. Dr. Roberto José Meyer Nascimento. Prof. Dr. Luiz Erlon Araújo Rodrigues. Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Imunologia, 2010. 1. Polifenóis. 2. Schinus terebinthifolius, Raddi. 3. Aroeira. 4. Corynebacterium pseudotuberculosis. I. Nascimento, Roberto José Meyer. II. Rodrigues, Luiz Erlon Araújo. III. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Ciências da Saúde. IV. Título. 4 “CONFIA AO SENHOR TUAS OBRAS E TERÃO ÊXITOS OS TEUS PROJETOS.” (Provérbios: 16, 3) 5 A minha mãe Raimunda do Valle Cabral Dias dos Santos força tão poderosa e luz em minha vida. 6 AGRADECIMENTOS Ao Senhor Deus, meu Pastor em todas as horas, eterno e indefinível, pela oportunidade de viver enriquecedoras experiências e o aprendizado de que “Tudo posso, Naquele que me Fortalece” Aos Magnânimos Professores, Dr. Roberto Meyer e Dr. Luiz Erlon Araújo Rodrigues... não existem vocábulos que possam expressar meu agradecimento e orgulho em tê-los na orientação deste trabalho... A André Nascimento Santos, ex-aluno e agora amigo, pela colaboração preciosa e apoio. Aos examinadores da banca, pelo auxílio na conclusão desta etapa. Aos professores, pesquisadores, funcionários, estudantes e amigos do Laboratório de Pesquisas Básicas da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, que forneceram apoio, amizade e assistência incondicional. Aos professores, pesquisadores, estudantes e funcionários do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular, do Instituto de Ciências da Saúde, UFBA que participaram com atenção, zelo e eficiência neste trabalho. Ao Programa de Pós-Graduação em Imunologia da UFBA pela agradável convivência ao longo desses anos e em especial a amiga Dilcéia, incansável colaboradora sempre. Aos meus alunos e amigos das Universidades, pelo carinho e incentivo em todos os momentos. Ao expressar meus sinceros agradecimentos às pessoas que contribuíram, seja no plano pessoal ou no profissional, para a conclusão desta etapa de minha vida acadêmica, seria impossível listar a todos, porquanto não haveria espaço disponível. Assim, aqui vão minhas escusas por aqueles nomes que omiti! Muito obrigada a todos! 7 “O problema não consiste em saber se os animais podem raciocinar, tão pouco se podem falar ou não; o verdadeiro problema é este: podem eles sofrer?” Jeremy Bentham, 1789 Aos animais de experimentação que contribuíram involuntariamente para a ampliação de meus conhecimentos, minha respeitosa homenagem. 8 POEMA EM LINHA RETA Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sido enxovalhado e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó Príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de Semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. Álvaro de Campos/Fernando Pessoa 9 RESUMO O Brasil possui grande diversidade genética vegetal. O uso de plantas com finalidades terapêuticas se perpetuou na história da civilização e chegou até os nossos dias amplamente difundido. A Schinus terebinthifolius (Raddi), conhecida por Aroeira, pertence a família Anacardiaceae, de grande plasticidade ecológica ocorrendo em quase todo o território brasileiro. É um dos espécimes mais utilizados na medicina popular da região Nordeste do país. Já foram isolados de várias de suas partes, diversos metabólitos secundários, a exemplo de terpenos, lectinas, saponinas, taninos, compostos fenólicos, flavonóides e alcalóides. Seus constituintes químicos exibem amplo espectro de atividades biológicas tais como ação antibacteriana, antiviral, antifúngica, anti-inflamatória, anticarcinogênica, antihipertensiva e hipolipidêmica. A Corynebacterium pseudotuberculosis é o agente etiológico da linfadenite caseosa em caprinos e ovinos, enfermidade de alta prevalência na região Nordeste do Brasil acarretando danos para o criador através da desvalorização das peles, perda de peso e óbito do animal. Neste trabalho foram produzidos extratos aquoso e metanólico obtidos de folhas da Schinus terebinthifolius (Raddi) e analisados seus efeitos no crescimento in vitro de cepas virulentas e atenuadas da Corynebacterium pseudotuberculosis e sobre a proliferação in vitro de esplenócitos de camundongos (Mus musculus). O extrato metanólico foi testado nas concentrações de 2.000, 1500, 1000, 500, 250, 100 e 10 μg/dL, durante 48 horas. Nas quatro primeiras, houve produção de halos de inibição do crescimento do microorganismo de diâmetros variados, demonstrando poder microbicida do extrato da S. terebinthifolius nas concentrações citadas. Os esplenócitos expostos as concentrações de 100, 200 e 500 μg/dL, durante 24 e 72 horas, apresentaram acentuada proliferação celular. A viabilidade, crescimento e ativação celular foi estudada pelo método do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5difeniltetrazolio (MTT). Verificamos que a proliferação significativa observada pela contagem celular foi acompanhada de um bom desempenho pelo teste do MTT, assim como pela análise da atividade da enzima lactato desidrogenase. A atividade do compartimento lisossômico, assim como a dosagem de proteínas totais, demonstrou valores estatisticamente significantes com 24 e 72 horas de exposição sobre o crescimento celular , principalmente na concentração de 500 μg/dL de fenóis totais. Ao que parece, o aumento da atividade enzimática lisossômica aconteceu pela alta proliferação celular desencadeada pelos extratos da aroeira, de modo similar aos valores encontrados da ação da lactato desidrogenase, bem como a dosagem protéica. Foram medidos os níveis de IFN-gama, IL-2, IL-12, IL-17 e TNF-alfa e IL-6, IL-10, IL-13 e não houve diferença significativa entre os tratamentos, tempo ou linhagem murina. Todos os resultados revelam alta capacidade mitogênica dos extratos de aroeira com preservação da viabilidade celular. Palavras-chave: Schinus terebinthifolius, aroeira, fitoterapia, proliferação celular, Corynebacterium pseudotuberculosis. 10 ABSTRACT Brazil has high vegetal genetic diversity. The use of plants for therapeutic purposes has been perpetuated in the history of civilization and even to our days widespread. The Schinus terebinthifolius (Raddi), popularly known as Aroeira , belongs to the Anacardiaceae family, has great ecological plasticity occurring in almost all of Brazilian territory. It is one of most specimens used in folk medicine in the Northeast of the country. Several secondary metabolites have been isolated from its parts, such as terpenes, lectins, saponins, tannins, phenolic compounds, alkaloids and flavonoids. Its chemical constituents exhibit broad spectrum of biological activities such as antibacterial, antiviral, antifungal, anti-inflammatory, anticarcinogenic, antihypertensive and hypolipidemic. The Corynebacterium pseudotuberculosis is the etiologic agent of the caseous lymphadenitis in goat and sheep, with high prevalence at the Brazilian north-eastern and which causes damage to the creator through the devaluation of skins, weight loss and death of the animal. This work evaluated the effects of aqueous and methanolic extracts from leaves of aroeira plant (Schinus terebinthifolius, Raddi) on the in vitro growth of virulent and attenuated strains of Corynebacterium pseudotuberculosis and on the in vitro proliferation of splenocytes from mice exposed to different concentrations and time. The methanolic extract was tested in the concentrations of 2.000, 1.500, 1.000, 500, 250, 100 and 10 μg/dL, during 48 hours. The four first concentrations have inhibited the bacterium growth, producing halos of decreasing diameters. The others ones did not have such effect. The results demonstrate that the growth of the bacillus was inhibited by the extract of the S. terebinthifolius on the cited concentrations. The splenocytes exposed to concentrations of 100, 200 and 500 mg / dL for 24 and 72 hours, showed marked cell proliferation. The viability, growth and cell activation was studied by the method of bromide 3 - (4,5-dimethyl-2-thiazolyl) -2,5-difeniltetrazolio (MTT). We found that the observed significant proliferation by cell count was accompanied by a good performance by the MTT test, as well by the analysis of activity of the enzyme lactate dehydrogenase.The activity of the lysosomal compartment, as well as determination of total protein, showed statistically significant values at 24 and 72 hours of exposure on cell growth, especially at a concentration of 500 mg / dL of total phenols. It seems that the increased lysosomal enzyme activity occurred by high cell proliferation triggered by the extracts of the plant, similar to the values found from the action of lactate dehydrogenase, as well as determination of protein. They measured levels of IFN-gamma, IL-2, IL-12, IL-17 and TNF-alpha and IL-6, IL-10, IL-13 and there was no significant difference between treatments, time or murine strain. The results showed high mitogenic capacity of the plant extract with preservation of cell viability. Keywords: Schinus terebinthifolius, phytotherapy, cell proliferation, Corynebacterium pseudotuberculosis. 11 LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 01 Efeito do extrato metanólico de aroeira sobre bactérias da cepa atenuada T1. Figura 02 Ação do extrato metanólico de aroeira sobre bactérias da cepa virulenta VD57. Tabela 1 Valores das médias e desvios-padrões dos testes de susceptibilidade após exposição das duas cepas da Corynebacterium pseudotuberculosis, durante 48h ao extrato metanólico da aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi). 69 Figura 03 Figura 04 Figura 05 Tabela 02 68 69 Contagem de esplenócitos murinos da linhagem BALB/c após 24 e 72 horas de exposição aos extratos aquoso e metanólico da Schinus terenbintifolius, Raddi (Aroeira). Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 71 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Contagem de esplenócitos murinos da linhagem CBA após 24 e 72 horas de exposição aos extratos aquoso e 72 metanólico da Schinus terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Curva de crescimento celular de esplenócitos de camundongos da linhagem isogênica BALB/c após 24 e 72 horas 75 de exposição aos extratos aquoso e metanólico da Schinus terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Estudo do ciclo celular de esplenócitos murinos após exp. 24h ext. aquoso da S. terebinthifolius (Raddi). 76 Tabela 03 Estudo do ciclo celular de esplenócitos murinos sem exposição aos extratos da S. terebinthifolius (Raddi). Figura 06 Histograma - controle com células de baço de camundongo CBA sem exposição aos extratos da Schinus 77 terebinthifolius, Raddi (Aroeira) e após 24 horas de cultivo. Células contadas versus intensidade de fluorescência. Histograma - esplenócitos de camundongo, após exposição, durante 24 horas, à concentração de 500 μg/dL do 77 extrato aquoso da Schinus terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Células contadas versus intensidade de fluorescência. Ensaio do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazolio (MTT) Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em 79 μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Figura 07 Figura 08 Figura 09 Figura 10 Figura 11 Figura I (apêndice) 76 Dosagem da atividade da enzima lactato desidrogenase. Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em 80 μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Efeito das diferentes concentrações de plifenóis contidos nos extratos aquoso e metanólico da aroeira sobre a atividade lisossômica de esplenócitos murinos. 82 Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Quantificação das proteínas totais. Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em 83 μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Estruturas dos fluorocromos ficoeritrina (PE) e 5-isotiocianato de fluoresceína (FITC). 107 12 Figura II (apêndice) Figura III (apêndice) Estruturas dos polifenóis apigenina, quercetina e eriodictiol. 107 Citometria de fluxo: nas três primeiras imagens observamos esplenócitos de camundongos expostos ao extrato metanólico da aroeira sem marcação com anticorpos monoclonais conjugados aos fluorocromos. Na última, temos células de baço murino sem terem sido expostas ao extrato e marcadas com os monoclonais conjugados aos 108 fluorocromos. Distingue-se facilmente as populações de linfócitos T CD3, CD4 e células que não pertencem a nenhum dos grupos descritos LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS API Coryne BHI Célula NK D.O. ELISA LDH Th1 Th2 IFN-γ IL-2 IL-3 IL-4 IL-12 IL-17 TNF-α IL-6 IL-10 IL-13 kDa M PBS pH PLD PWM MHC T CD4 T CD8 Kit para identificação bioquímica de bactérias Infusão de cérebro-coração (Brain- Heart Infusion) Célula Matadora Natural (Natural Killer) Densidade óptica Ensaio imunoenzimático (Enzyme Linked-Immunosorbent Assay) Lactato desidrogenase Linfócito ou célula T de perfil tipo 1 (T helper cell 1) Linfócito ou célula T de perfil tipo 2 (T helper cell 2) Interferon gama Interleucina 2 Interleucina 3 Interleucina 4 Interleucina 12 Interleucina 17 Fator de necrose tumoral alfa (Tumor Necrosis Factor) Interleucina 16 Interleucina 10 Interleucina 13 Quilo Dalton (Kilo Dalton) Molar Tampão salina fosfato (Phosphate Buffer Saline) Potencial hidrogeniônico Fosfolipase D Pokeweed Complexo Principal de Histocompatibilidade Linfócito ou célula T CD4+ Linfócito ou célula T CD8+ 13 SUMÁRIO 01. INTRODUÇÃO 15 02. REVISÃO DE LITERATURA 17 2.1. Plantas medicinais 17 2.2. Farmacognosia e fitoterapia 20 2.3. Etnofarmacologia 22 2.4. A flora brasileira 24 2.5. Os princípios ativos de plantas medicinais 25 2.6. A planta, Schinus terebinthifolius, Raddi. 35 2.6.1. A aroeira e sua utilização no Brasil 41 2.6.2. . Compostos ativos extraídos da Schinus terebinthifolius, Raddi. 45 2.7. A resposta imune 49 2.8. A Corynebacterium pseudotuberculosis e a linfadenite caseosa 54 03. JUSTIFICATIVA 59 04. HIPÓTESE 60 05. OBJETIVOS 61 5.1. Objetivo geral 61 5.2. Objetivos específicos 61 06. MATERIAL E MÉTODOS 62 6.1. Obtenção dos extratos de Schinus terebinthifolius (Raddi) 62 6.2. Cultivo do bacilo Corynebacterium pseudotuberculosis 63 6.3. Cultivo de esplenócitos murinos 64 14 6.4. Curva de crescimento 64 6.5. Estudo do ciclo celular 65 6.6. Teste do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazólio (MTT) 65 6.7. Dosagem da lactato desidrogenase (LDH) 66 6.8. Determinação da atividade lisossômica 66 6.9. Dosagem de proteínas totais 66 6.10. Quantificação de citocinas. 66 07. RESULTADOS E DISCUSSÃO 68 08. CONSIDERAÇÕES FINAIS 86 09. REFERÊNCIAS 87 10. APÊNDICE 106 10.1. Autofluorescência 106 15 01. INTRODUÇÃO O uso de espécies vegetais com fins de tratamento e cura de doenças se perpetuou na história da civilização e chegou até os nossos dias, sendo amplamente utilizado por grande parte da população mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 80% da população mundial já usaram algum tipo de erva, na busca de alívio de alguma sintomatologia desagradável (CORRÊA et al., 2008). O número de fitomedicamentos vem aumentando em todo o mundo e essa é a realidade também no Brasil. Inúmeras plantas têm sido a opção terapêutica para uma parcela crescente da população brasileira, rural e urbana. Os vegetais produzem uma grande variedade de compostos químicos, dentre eles, terpenos, lectinas, saponinas, compostos fenólicos, flavonóides e alcalóides. Seus princípios ativos exibem amplo espectro de atividades biológicas, dentre elas: ação anticarcinogênica, antibacteriana, antiviral, antifúngica, antiinflamatória, antiulcerogênica, anti-hipertensiva e hipolipidêmica (QUEIRES & RODRIGUES, 1998; AHERNE, O’BRIEN, 1999; DJURIC et al., 2001; JOHANN et al., 2010). A aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) pertence à família Anacardiaceae e pode ser encontrada em quase todo o território nacional. São atribuídas inúmeras qualidades medicinais à planta (BAGGIO, 1988). Segundo QUEIRES & RODRIGUES (1998) a S. terebinthifolius (Raddi) é uma excelente fonte de polifenóis, isolados na forma de extrato aquoso, com potencial para emprego terapêutico de doenças microbianas, parasitárias e tumorais em humanos, animais e plantas. 16 A criação de caprinos e ovinos é uma das principais atividades econômicas de pequenos produtores, principalmente na região Nordeste do Brasil. Esta atividade é muito afetada pela linfadenite caseosa, popularmente conhecida como “mal do caroço”, de grande prevalência em caprinos na Bahia, acarretando danos para o criador através da desvalorização das peles, do emagrecimento do animal, podendo levá-lo ao óbito. O prejuízo causado no estado da Bahia é avaliado em cerca de quatro milhões de reais por ano. Devido à importância financeira da caprinocultura regional, esta patologia tem sido alvo de muitos estudos e revisões por parte de diversos autores (DORELLA et al., 2006). No presente estudo buscou-se produzir extratos aquoso e metanólico da S. terebinthifolius (Raddi) e analisar seus efeitos em duas linhagens de Corynebacterium pseudotuberculosis e sobre a proliferação de esplenócitos in vitro de camundongos (Mus musculus). Todos os procedimentos foram realizados de acordo com as normas dispostas na Lei Nº 11.794, de 08 de outubro de 2008 e regulamentada pelo Decreto Nº 6.899, de 15 de julho de 2009. O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, processo nº 05/09. 17 02. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Plantas medicinais Os produtos naturais são utilizados pela humanidade, desde tempos remotos, procurando alívio e cura de doenças pela ingestão de raízes, folhas ou ervas inteiras. É provável que o emprego de plantas como medicamento seja tão antigo quanto a própria espécie humana. Arqueólogos encontraram partes de plantas tidas como medicinais em túmulos pré-históricos (período que antecede a invenção da escrita e que ocorreu aproximadamente em 4.000 a.C.). Estudos realizados na Tanzânia, com chimpanzés, mostraram que estes ingeriam folhas de certas plantas, em jejum, para se livrarem de vermes intestinais (MIGUEL & MIGUEL, 2000). O ser humano obtém do reino vegetal, além de alimentos, matéria-prima para construção de habitações, utensílios para ataque e defesa, objetos de manifestações religiosas e culturais e substâncias que visam a melhoria da saúde, entre outros. Durante o desenvolvimento das civilizações Oriental e Ocidental verificou-se exemplos da utilização de recursos naturais na medicina, no controle de pragas e em mecanismos de defesa, merecendo destaque as civilizações Egípcia, Greco-romana e Chinesa. A medicina tradicional chinesa se desenvolveu de maneira tão significativa e eficaz que até hoje muitas espécies e preparados vegetais medicinais são estudados objetivando a compreensão do mecanismo de ação e isolamento dos princípios ativos (VIEGAS et al., 2006) Muitos venenos também foram descobertos no reino vegetal e utilizados para defesa, caça ou na execução de prisioneiros e suicídios, a exemplo do filósofo 18 Sócrates, que ingeriu bebida preparada a base de cicuta contendo o alcalóide coniína, denominado “veneno de Hemlock” (Conium maculatum) na Antiga Grécia, em 399 a.C. Lívia, a esposa do Imperador Romano Augusto, eliminava seus adversários políticos oferecendo banquetes e adicionava aos alimentos beladona, fonte do alcalóide atropina. A Rainha Cleópatra utilizava extratos de Hyoscianus níger, fonte de atropina, para dilatar suas pupilas e parecer mais sedutora aos seus rivais na corte (SIMÕES et al., 2003). O estudo das plantas medicinais estagnou-se por um longo período na Idade Média, onde a ascensão do Império Romano e o fortalecimento da Igreja Católica desempenharam forte influencia sobre o conhecimento existente na época, inclusive o de plantas. Os trabalhos dos filósofos gregos foram perdidos ou esquecidos, para serem parcialmente recuperados somente no início do século XVI (PHILLIPSON, 2001). Alguns mosteiros europeus mantiveram viva a literatura medicinal, mas fora desses locais, propagava o folclore com rituais de cura místicos. Durante seu processo de evolução, a arte de curar recebeu enorme impulso dos alquimistas, dentre os quais, se destacava Paracelso que lançou as bases da medicina natural e foi um dos principais responsáveis pelo avanço da terapêutica no século XVI. (CORRÊA et al., 2008). No fim do século XVIII, a análise de plantas medicinais se fortaleceu com a consolidação da Química como ciência moderna, e os princípios ativos passaram a ser isolados dos vegetais. Estabelecia-se então, o paradigma ocidental, que apenas um único composto ativo apresenta os efeitos farmacológicos definidos (YUNES & CALIXTO, 2001). 19 As plantas medicinais são utilizadas pela medicina atual (fitoterapia) e suas propriedades são estudadas em laboratórios de pesquisa de Universidades ou em empresas farmacêuticas, a fim de isolar o princípio ativo e assim, produzir novos fármacos. Alguns exemplos são: camomila, Camellia sinensis (chá verde), boldo-dochile, alecrim, alho, arnica, arruda, cânfora, capim-limão, carqueja, erva-cidreira, funcho, gengibre, ginseng, hortelã, jaborandi, jojoba, louro, malva, salsa, sálvia, estévia e urucum. As plantas, no universo das religiões de influência africana, apresentam grande valor por serem utilizadas para propósitos ritualísticos, indispensáveis ao funcionamento dos cultos, a “liturgia das folhas”, além do uso medicinal e ornamental pelas comunidades dos terreiros (VERGER, 1995; PIRES et al., 2009). YUNES et al., (2001) analisaram a necessidade de uma política nacional definida e comprometida com o desenvolvimento da indústria farmacêutica de fitoterápicos. SIMÕES & SCHENKEL (2002) observaram aumento do interesse na imprensa nacional quanto às potencialidades de exploração da biodiversidade brasileira. Após uma série de sugestões apresentadas por diferentes segmentos da sociedade foi estabelecida uma legislação para a área de fitoterápicos com a Portaria nº 06 do Serviço de Vigilância Sanitária, de 31/01/1995. Apesar disso, os autores percebem dificuldades de interação universidade/empresa. Dentre os objetivos dessa aproximação, destacam-se um aumento da geração de empregos, incluindo a mãode-obra qualificada originada das pós-graduações e a formação de uma nova mentalidade que estabeleceria o uso sustentável dos recursos naturais 20 proporcionando desenvolvimento sócio-econômico aliado ao indispensável respeito aos ecossistemas do país. Segundo TOMAZZONI et al., (2006), o emprego de plantas com fins terapêuticos, sem orientação apropriada, é fator de preocupação que deve ser considerado por profissionais do setor de saúde, bem como aqueles envolvidos na educação para a saúde, devido a incidência de espécies com registro de toxicidade e contra-indicações de uso. Assim como as plantas são remédios eficazes, o risco de intoxicação causada pela sua utilização inadequada deve ser sempre levado em consideração. A sociedade e as instituições governamentais apóiam a fitoterapia por considerá-la uma prática de medicina tradicional. Contudo, seu uso requer a identificação e a classificação botânica correta para evitar erros relacionados aos princípios ativos, que podem alternar de planta a planta em função da biodiversidade, do código genético, das condições climáticas, mudanças sazonais, além de fatores como índice pluviométrico, luminosidade e condições do solo (VALE, 2002; FRANÇA et al., 2008; FUKUMASU et al., 2008). 2.2. Farmacognosia e fitoterapia A farmacognosia é um dos mais antigos ramos da farmacologia e tem como alvo os princípios ativos naturais, sejam animais ou vegetais. O termo deriva de duas palavras gregas [pharmakon] ou droga e [gnosis] ou conhecimento. Pode ser definida como o estudo do uso, da produção, da história, do armazenamento e comercialização, além da identificação, avaliação e isolamento de princípios ativos, 21 inativos ou derivados de vegetais e animais. É dividida em fitoterapia, ramo que utiliza drogas de origem vegetal para o tratamento de doenças, e a opoterapia, onde se manipula substâncias de origem animal para a mesma finalidade (SIMÕES et al., 2003) Pedáneo Dioscórides, médico e escritor grego-romano, é considerado o fundador da farmacognosia através de sua obra De materia medica, a principal fonte de informação sobre drogas medicinais desde o século I até o século XVIII. De materia medica possui cinco livros onde são descritas cerca de 600 plantas, 35 fármacos de origem animal e 90 de origem mineral, dos quais só cerca de 130 já apareciam no Corpus hippocraticum, o conjunto das obras atribuídas a Hipócrates, e 100 ainda são considerados como tendo atividade farmacológica. A sua influência foi enorme até o século XVIII, existindo inúmeras traduções do grego para um grande número de línguas. A obra de Dioscórides possui essencialmente um caráter empírico porém, ele procurou desenvolver um método para observar e classificar os fármacos, testando-os clinicamente. Durante o Renascimento, a coleção despertou renovado interesse e estudos por vários autores. A versão latina da De materia medica foi impressa em 1478 (RIDDLE, 1985). JAKI et al., (2008) exploraram a variabilidade de respostas biológicas pela perspectiva de pureza de amostra. Eles analisaram a atividade do triterpeno ácido ursólico contra o Mycobacterium pseudotuberculosis e observaram que o aumento do grau de pureza do composto anulava sua atividade antibacteriana. Desse modo, introduziram o conceito recente de relação pureza/atividade de produtos naturais 22 para aperfeiçoar as descobertas de novas drogas e investigar a sinergia de compostos considerados não puros. 2.3. Etnofarmacologia Etnofarmacologia é a ciência que estuda o conhecimento popular sobre fármacos de determinado grupo étnico ou social, relacionado a sistemas tradicionais de medicina. É a principal estratégia para o desenvolvimento de novas drogas a partir de plantas, onde são examinadas as informações e propriedades alegadas pela população usuária. O profundo conhecimento do arsenal químico da natureza, pelos povos primitivos e indígenas pode ser considerado fator fundamental para descobrimento de substâncias tóxicas e medicamentosas ao longo do tempo. A convivência e o aprendizado com os mais diferentes grupos étnicos trouxeram valiosas contribuições para o desenvolvimento da pesquisa em produtos naturais, do conhecimento da relação íntima entre a estrutura química de um determinado composto e suas propriedades biológicas e das inter-relações animais/plantas. Neste sentido, a natureza forneceu muitos modelos moleculares que fundamentaram estudos de relação estrutura-atividade e inspiraram o desenvolvimento da síntese orgânica clássica. Vários são os exemplos que poderiam ilustrar este extenso e fascinante assunto (VIEGAS et al., 2006). De acordo com HOSTETTMANN et al.,(2003), os curares eram drogas obtidas de diversas espécies de Strychnos e Chondodendron americanas e africanas utilizadas pelos índios para produzir flechas envenenadas para caça, pesca e 23 guerras. A primeira planta de curare identificada foi coletada no Suriname e descrita, em 1783 por Schreber, como Toxicaria americana, tendo sido posteriormente classificada como Strychnos guianensis. Somente no século XIX, Boehm isolou o principal constituinte ativo do curare americano (Chondrodendron tomentosum), o alcalóide tubocurarina. O curare foi também responsável pelo início dos estudos sobre a relação entre estrutura química e atividade biológica (SAR) tendo sido, nesta área, o primeiro trabalho publicado sobre SAR em Química Farmacêutica, datado de 1869. Outro exemplo marcante de produtos naturais que causaram grande impacto na humanidade, e que de certa forma modificou o comportamento do homem moderno, foi a descoberta das substâncias alucinógenas. Os povos antigos utilizavam largamente rapés e bebidas psicotrópicas em práticas religiosas e mágicas. A morfina é um alcalóide natural extraído da planta Papaver somniferum, vulgarmente designada “Papoila do Oriente”, e o ópio é o suco obtido do bulbo da planta. Os Sumerianos, uma das civilizações mais antigas que se tem conhecimento, já utilizavam a flor da papoila para preparar o ópio, há cerca de 4.000 anos a.C. Existem relatos na mitologia grega atribuindo ao ópio o simbolismo de Morfeu, o deus do sonho. As primeiras referências ao uso do ópio já se encontravam nos escritos de Teofrasto, filósofo grego, no século III a.C. e Homero indica o seu uso por Helena de Tróia, não só para anular as dores, como também para melhorar o humor (KLOCKGETHER-RADKE, 2002; NORN et al., 2005). Em 1803, François Derosne descreveu o "sal de ópio", iniciando os primeiros estudos sobre a constituição química desta substância. No ano seguinte na França, Armand Séguin isolou o seu 24 constituinte majoritário, a morfina, e Sertürner publicou seus trabalhos sobre o principium somniferum, tendo sido os pioneiros na busca pela utilização de substâncias naturais na forma pura. O ópio também produz outros alcalóides com propriedades biológicas como a codeína (antitussígeno), a tebaína (antagonista da morfina), a narcotina (antitussígeno e espasmolítico) e a papaverina (espasmolítico). A grande eficácia da morfina como analgésico foi reconhecida após a invenção da seringa hipodérmica (1853) e foi largamente utilizada pelas tropas dos Estados Unidos durante a Guerra de Secessão, entre 1861 e 1865 (HOSTETTMANN et al., 2003; DUARTE, 2005). 2.4. A flora brasileira O Brasil possui grande diversidade genética vegetal, contando com mais de 55.000 espécies catalogadas, de um total mundial estimado aproximadamnente em 550.000. Cerca de dois terços destas espécies se encontram nos trópicos, e calculase que o Brasil detenha cerca de 75% de todas as espécies florestais nas suas duas principais formações, a Floresta Tropical Atlântica e a Floresta Amazônica (GUERRA et al., 1998). A história do Brasil está intimamente ligada ao comércio de produtos naturais, as especiarias, os quais determinaram as várias disputas de posse da nova terra e, por fim, a colonização portuguesa. Além dos remédios naturais usados na terapêutica médica, é preciso mencionar o corante de cor vermelha extraído da árvore do pau-brasil (Caesalpinia echinata), o principal produto de exportação da colônia durante mais de dois séculos. O produto era utilizado para tingimento de 25 roupas e como tinta de escrever, propriedades que já eram conhecidas e utilizadas nas Índias Orientais desde a Idade Média. Até o final do século XIX somente os corantes naturais eram disponíveis, tornando estes produtos valiosos e de enorme interesse dos colonizadores. Neste sentido, além do pau-brasil, que foi extraído de forma predatória do nosso território até quase sua extinção, muitos outros produtos despertaram interesse por parte dos europeus que aportaram na terra recémdescoberta. A morina obtida de Chlorophora tinctoria, foi outro corante natural exportado para a Europa, permanecendo em destaque no comércio até o desenvolvimento da química das anilinas na Alemanha e, até hoje, é utilizada como indicador de açúcares em cromatografia em camada delgada (PINTO et al., 2002). Os índios da bacia Amazônica usavam a planta curare, Strychnos toxifera, donde se extrai a tubocurarina, no preparo de flechas e dardos envenenados empregados para caça e em tempos de guerra (VIEGAS et al., 2006). Em um país biologicamente rico, pesquisas com plantas medicinais devem ser incentivadas, pois elas podem levar à reorganização das estruturas de uso dos recursos naturais e à elevação do produto interno bruto (PIB), visto que há grande tendência mundial de aumento na utilização de fitoterápicos (BRASIL, 1998; GUARIM-NETO & MORAIS, 2003). 2.5. Os princípios ativos de plantas medicinais As plantas produzem uma grande variedade de compostos químicos, os quais são divididos em dois grupos, metabólitos primários e secundários. O metabolismo primário é considerado como uma serie de processos envolvidos na manutenção 26 fundamental da sobrevivência e do desenvolvimento, enquanto o metabolismo secundário consiste num sistema com importante função para a sobrevivência e competição no ambiente. Plantas elaboram uma grande variedade de produtos e muitos deles estão envolvidos em conferir vantagens seletivas contra ataques microbianos. Avanços na tecnologia molecular conduzem ao melhor entendimento dos mecanismos enzimáticos envolvidos nas complexas vias de biossíntese desses produtos. A engenharia das vias metabólicas dos produtos naturais tornou-se uma estratégia para aumentar a resistência da planta às doenças (DIXON, 2001). Os produtos do metabolismo primário são essencialmente sacarídeos formados pela fotossíntese. Os metabólitos secundários são compostos químicos não necessários para a existência imediata da célula, mas servem como vantagem evolucionária para a sua sobrevivência e reprodução. Eles cumprem variadas funções como, por exemplo, atrair insetos para transferir-lhes o pólen ou a animais para que estes possam consumir seus frutos e assim disseminar as sementes; podem agir como pesticidas naturais de defesa contra herbívoros ou microorganismos patogênicos, além de agentes alelopáticos, responsáveis por favorecer a competição com outros vegetais. Estes compostos também são sintetizados em resposta a dano teciduais, proteção para a luz ultravioleta e outros agentes físicos agressivos. Além disso, os produtos secundários das plantas compreendem substâncias possuidoras de aplicabilidade em animais e seres humanos devido aos efeitos terapêuticos. Aproximadamente 100.000 metabólitos já são conhecidos, com cerca de 4.000 novos que estão sendo descobertos a cada ano (VERPOORTE, 2000). 27 Os três grupos de metabólitos secundários mais importantes em plantas são os terpenos, os compostos fenólicos e os alcalóides. Terpenos são compostos orgânicos, voláteis, derivados de uma unidade de cinco átomos de carbono, o isopreno (2-metil-1-3 butadieno). A maioria contém 10,15, 20 ou 30 átomos de carbono e estão bastante presentes nos óleos essenciais, a exemplo de limoneno (obtido do óleo de limão ou laranja), selineno (do aipo), o pineno (do óleo de terebentina) e carotenos, presentes em quase todas as plantas verdes que podem ser convertidos em vitamina A no organismo humano (CARLO et al., 1999). Os compostos fenólicos representam uma grande variedade de substâncias químicas que possuem um ou mais grupos fenólicos. Polifenóis são caracterizados por várias hidroxilas ligadas a um anel aromático, sendo mais ácidos que os alcoois e mais facilmente oxidado. Normalmente são sólidos, cristalinos, tóxicos, cáusticos e pouco solúveis em água (CORRÊA et al., 2008). Os polifenoís constituem uma importante classe de moléculas amplamente presentes no reino vegetal. Sintetizados como mecanismo de defesa dos vegetais, protege os frutos contra os efeitos deletérios causados pela radiação ultravioleta e infecções microbianas. Entre os polifenóis, o grupo dos flavonóides ou bioflavonóides compreende aproximadamente 4.000 compostos fenólicos, de baixo peso molecular, encontrados em plantas vasculadas que geram a coloração de muitos frutos, flores e folhas. Participam da dieta humana como constituintes do vinho, suco de frutas, chá, café e todos os componentes de origem vegetal, em proporções que chegam a alcançar 1g nas 24 horas (CARLO et al., 1999; HAVSTEEN, 2002). 28 Segundo RODRIGUES (2004), em 1936, Szent-Györgyi e Rusznyák extraíram do pimentão e limão, uma substância cristalina, de cor amarela, muito eficaz na contenção de determinadas hemorragias capilares, tanto no homem como na cobaia. A partir dessas observações, a citrina (isolada do limão), a rutina (do trigo) e a esculina (da castanha), apigenina, quercetina, quercitrina, mircetina e outros. Os flavonóides, foram agrupados como vitaminas P, cuja designação deriva de “permeabilidade capilar”. Caracterizam-se por conterem um núcleo trimérico heterocíclico com dois anéis benzênicos, conectados por uma cadeia de três átomos de carbono e uma ponte de oxigênio. (QUEIRES & RODRIGUES, 1998; JOHANN et al., 2010). Alcalóides são substâncias básicas nitrogenadas, de origem vegetal, pouco solúveis em água e dotados de uma estrutura complexa onde os átomos de nitrogênio são parte de um anel heterocíclico da molécula. Morfina, nicotina e atropina são exemplos de alcalóides usados com fins terapêuticos (UCKO, 1992; CARLO et al., 1999; HAVSTEEN, 2002; RODRIGUES, 2004). COSTA et al., (2007) revisaram os resultados fitoquímicos e farmacológicos realizados com o diterpeno trans-desidrocrotonina (DCTN) isolado da Croton cajucara. No estado do Pará, as folhas e cascas do caule desta planta são utilizadas na forma de chá ou pílula, no combate a diabetes, diarréia, malária, febre, problemas estomacais, inflamação do fígado, rins, vesícula e no controle de índices elevados de colesterol. Estudos isolaram os diterpenos trans-desidrocrotonina (DCTN), transcrotonina (CTN), cis-cajucarina B, trans-cajucarina B, cajucarina A, cajucarinolida, isocajucarinolida, isosacacarina e o triterpeno ácido acetilaleuritólico. A partir do 29 metabólito secundário mais importante, o DCTN, foram descritas atividades hipoglicêmica, antigenotóxica (envolvendo mutações e desenvolvimento de câncer), hipolipidêmica, antiulcerogênica, antiinflamatória, antiestrogênica e sobre o sistema cardiovascular. Existem metabólitos secundários que têm estruturas ou origem similar aos primários, exercendo funções semelhantes, como por exemplo, o ácido caurenóico e o ácido abiético, ambos formados por uma seqüência de reações enzimáticas semelhantes. O ácido caurenóico é considerado um metabólico primário porque é um intermediário essencial na síntese de giberelinas (hormônio); o ácido abiético é um componente da resina de alguns grupos de Fabaceae e Pinaceae, sendo portanto um metabólito secundário. A lignina é um polímero estrutural essencial da madeira e é o segundo composto mais abundante nas plantas depois da celulose, considerado mais um metabólito secundário que primário, pois para as plantas não vasculares, a lignina não é um composto essencial na sua sobrevivência (DIXON, 2001; ZHOU et al., 2008). Os taninos são compostos fenólicos do metabolismo secundário vegetal. São responsáveis pela adstringência das plantas. Dividem-se em dois grupos, as proantocianidinas, que são os taninos condensados, responsáveis pela adstringência e precipitação de proteínas e os taninos hidrolisáveis. São bastante empregados na medicina tradicional no tratamento de feridas, queimaduras e inflamações (FUNARI & FERRO, 2006). Os hormônios são compostos orgânicos que promovem, inibem ou modificam os processos fisiológicos de um organismo, tais como crescimento, diferenciação e 30 desenvolvimento. O ergosterol é a molécula precursora dos esteróides vegetais, que estruturalmente são perhidrofenantreno. isoprenóides O cíclicos com brassinoesteróide, entre um anel do outras funções, ciclopentano promove o alongamento do caule (ALMEIDA, 1993). As saponinas são glicosídeos de esteróides ou terpenos policíclicos, que estruturalmente possuem uma parte lipofílica (triterpeno ou esteróide) e outra hidrofílica (carboidratos), que determina a propriedade de redução da tensão superficial da água, característica de sua ação emulsificante. A palavra saponina provém do fato de liberarem espuma quando misturadas com água à semelhança do sabão. A capacidade das saponinas de interagir com esteróis, presentes na membrana plasmática de eritrócitos, aumenta a permeabilidade da membrana, permitindo a entrada de íons e água para o interior das células resultando na ruptura das mesmas e liberação de hemoglobina. As propriedades tensoativa e hemolítica não são comuns a todas as saponinas e, portanto, não podem ser usadas para definir esse grupo de compostos (KARABALIEV & KOCHEV, 2003; SIMÕES et al., 2003). Resina é uma secreção formada especialmente em canais de algumas plantas. As resinas cicatrizam feridas da planta, matam insetos e fungos, e permitem que a planta elimine acetatos desnecessários. As que são obtidas de exudações naturais são formadas por diferentes ácidos, chamados “ácidos da resina”, que se dissolvem em solução alcalina formando "sabões de resina". Estão relacionadas aos terpenos, com os quais ocorrem nas plantas e dos quais são produtos da oxidação. As resinas, quando flexíveis, são conhecidas como "óleo-resinas", e quando contêm 31 ácido benzóico são chamadas bálsamos. Outros produtos resinosos estão em suas condições naturais misturadas com a goma ou substâncias mucilaginosas e conhecidas como resinas de goma. A concepção geral de uma resina é um corpo não cristalino, insolúvel na água e solúvel em álcool, óleos essenciais e éter. Uma resina típica é uma massa translúcida, de cor amarela fraca ou marrom, nãoperfumada ou tendo somente um odor ligeiro de terebentina. As que são transparentes e duras (copals, dammars, mastic e sandarach) são usadas principalmente para vernizes e cimento; enquanto as mais macias e flexíveis (terebentina, copaíba) e as resinas de goma que contêm óleos essenciais (assafétida, gamboge, mirra e escamônio) são usadas para finalidades terapêuticas e incenso (ALMEIDA, 1993; SIMÕES et al, 2003; CORRÊA, 2008; LORENZI & ABREU MATOS, 2008). No passado, os químicos estudavam plantas consagradas pelo uso popular, geralmente incorporadas à farmacopéia da época. Devido à importância das plantas, a Química e a Medicina passaram a ter uma estreita relação, o que permitiu um rápido desenvolvimento de seus campos específicos. Desta forma, muitas substâncias ativas foram conhecidas e introduzidas na terapêutica, permanecendo até hoje como medicamentos. O avanço em importância da ciência e da tecnologia trouxe profundas mudanças sociais e comerciais, culminando com a Revolução Industrial, ocorrida no século XIX (HOSTETTMANN et al., 2003). Talvez o marco mais importante para o desenvolvimento dos fármacos a partir de produtos naturais de plantas tenha sido o descobrimento dos salicilatos obtidos do salgueiro (Salix alba). Em 1757, o reverendo Edward Stone provou o sabor amargo 32 das cascas do salgueiro e associou-o ao sabor dos extratos de Cinchona. Este fato aguçou sua curiosidade e imaginação, e o levou a comunicar o fato a Real Sociedade, seis anos mais tarde, os resultados de suas observações clínicas mostrando as propriedades analgésicas e antipiréticas do extrato daquela planta. Cinqüenta anos mais tarde, França e Alemanha rivalizavam-se na busca pelo princípio ativo do S. alba e, em 1828, no Instituto de Farmacologia de Munique, Johann Buchner isolou uma pequena quantidade de salicina. Vários outros cientistas empenharam-se em melhorar os rendimentos e a qualidade da salicina obtida do extrato natural até que, em 1860, Hermann Kolbe e seus alunos sintetizaram o ácido salicílico e seu sal sódico a partir do fenol; em 1874, Friedrich von Heyden, um de seus alunos, estabeleceu a primeira grande fábrica destinada à produção de salicilatos (WEISSMANN, 1991; YUNES & CALIXTO, 2001). Em 1898, Felix Hofmann pesquisando a cura para a artrite que afligia seu pai, que era sensível aos efeitos colaterais do salicilato de sódio, descobriu o ácido acetilsalicílico (AAS) menos ácido que o ácido salicílico, mas mantendo a propriedade analgésica desejada (VIEGAS, et al., 2006). As propriedades terapêuticas do AAS levaram os laboratórios de pesquisa da Bayer a elegerem o AAS como um novo produto a ser lançado no mercado para competir com os salicilatos naturais, o que ocorreu a partir de 1897 sob o nome de Aspirina. Após mais de 100 anos de sua descoberta, o AAS continua sendo alvo de inúmeras pesquisas sobre sua aplicação terapêutica como analgésico e antiinflamatório, atuando no controle da febre, na artrite reumatóide e na inibição da agregação plaquetária (JACK, 1997; YUNES & CALIXTO, 2001). 33 Outro exemplo significativo do uso de plantas para a produção de fármacos é representado pelo trabalho de Russel E. Marker, que em 1937 sintetizou progesterona a partir de saponinas isoladas de um cactus mexicano popularmente denominado “cabeza de negro” (Dioscorea macrostachya, Benth), que contém diosgenina (LEHMANN et al.,1973). Esta pesquisa colaborou na descoberta subseqüente da pílula contraceptiva feminina. MASQUELIER (1959) já citava que componentes fenólicos presentes em uvas e no vinho eram responsáveis pelos seus efeitos antimicrobianos. PUUPPONENPIMIÄ et al., (2001), testaram as propriedades antimicrobianas de compostos fenólicos isolados de frutos e notaram a inibição do crescimento de bactérias Gramnegativas, mas não em Gram-positivas e concluíram que espécies diferentes de bactérias exibem sensibilidades diferentes aos compostos fenólicos. Os produtos naturais vêm recuperando espaço e importância na indústria farmacêutica como fonte inspiradora de novos padrões moleculares bioativos. Na Europa, a fitoterapia já é parte da medicina tradicional, sendo que extratos de plantas e componentes ativos, além de produtos medicinais acabados, estão descritos em muitas farmacopéias. Exemplos marcantes da importância da fitoterapia de origem oriental são os extratos de ginseng e de Hypericum, o fitoterápico TMPZ-2 (extrato de Ligusticum chuanxiong, utilizado no tratamento da angina), Crategus bu-wang (anticolesterolêmico). O Ginkgo biloba utilizado no controle de problemas vasculares cerebrais, de memória e com propriedades neuroprotetoras ilustra um exemplo de fitoterápico de sucesso. Do extrato da erva-de-São-João (Hypericum perforatum), foi isolada a hipericina utilizada como antidepressivo. Aparentemente, as propriedades 34 atribuídas a este extrato devem-se à hiperforina, que compreende uma mistura de tautômeros. Dentre os quimioterápicos para o câncer, a vimblastina e a vincristina, extraídas de Catharantus roseus, o etoposídeo, o teniposídeo e o taxol são importantes fármacos introduzidos na terapêutica nos últimos 20 anos, fundamentais para o renascimento do interesse nos produtos naturais por parte da indústria farmacêutica (NEWMAN et al., 2000; SIMÕES & SCHENKEL, 2002; NEWMAN et al., 2003; LORENZI & ABREU MATOS, 2008). As oportunidades para a identificação de produtos com possível utilização econômica aumentam com a diversidade das espécies. Um exemplo elucidativo é o do C. roseus, originário de Madagascar. As vendas das drogas antileucêmicas, vincristina e vinblastina, derivadas desta planta, atingem valores anuais de US$ 200 milhões (GUERRA et al., 1998). VAQUERO et al. (2007) investigaram atividades de compostos fenólicos puros e polifenóis de diferentes tipos de vinhos contra patógenos. Foi observado que bactérias exibiram sensibilidades diferentes a concentrações variadas de compostos fenólicos. Todas as amostras de vinho tinto exibiram ação antimicrobiana e maior inibição quando a concentração do vinho aumentava. Vinhos brancos não foram eficazes contra os microrganismos, indicando que os compostos fenólicos presentes nos vinhos tintos são os responsáveis pela atividade biológica verificada. Foi estudado o impacto dos polifenois presentes no vinho tinto no nível de produtos de peroxidação citotóxica lipídica na fase posprandial em seres humanos. Os resultados sugerem que os polifenois do vinho e os provenientes da alimentação 35 exercem ação benéfica por absorção e inibição desses produtos, a exemplo da lipotoxina malondialdeído (MDA) (GORELIK et al., 2008). CORREIA et al., (2006) descreveram aspectos da família Anacardiaceae associando com a presença e distribuição de metabólitos secundários e suas atividades biológicas, com ênfase nos lipídeos fenólicos, flavonóides e triterpenos que são encontrados nesta família. CRAGG et al., (1997) indicaram que aproximadamente 25% das prescrições dispensadas nos Estados Unidos durante os últimos 25 anos estavam relacionadas a medicamentos que continham princípios ativos de origem natural ou semi-sintética, normalmente oriundos de plantas superiores; cerca de 13% relativas a medicamentos de fontes microbianas e 2,7% de origem animal. Os princípios ativos dos produtos naturais são produzidos por biossínteses utilizando enzimas, moléculas com propriedades catalíticas. O discernimento estrutural dos mecanismos enzimáticos contribuirá para a elucidação dessas vias anabólicas e seus biocatalisadores. A biotecnologia pode gerar grandes oportunidades na exploração dessa área, integrando a bioquímica, a bioinformática e as ferramentas biomoleculares (ZHOU et al., 2008). 2.6. A planta, Schinus terebinthifolius, Raddi. A S. terebinthifolius (Raddi) pertence a família Anacardiaceae, representada por 76 gêneros subdivididos em cinco tribos: anacardieae, dobineae, rhoeae, semecarpeae e spondiadeae. Já foram catalogadas cerca de 600 espécies da família conhecidas por serem frutíferas, apresentarem madeira de boa qualidade e pelas 36 propriedades terapêuticas de algumas árvores (CORREIA et al., 2006). Possui diversos nomes populares a exemplo de aroeira-vermelha, aroeira da praia, aroeiramansa, aroeira-branca, aroeira-do-sertão, araguariba, aroeira brasileira, cabuy, cambuy, aroeira do brejo, bálsamo, corneíba, aroeira-pimenteira, árvore-da-pimenta e fruto-de-sabiá. Na França é conhecida como poivrier d´Amerique, e nos Estados Unidos é chamada Califórnia peper tree. Seus frutos são utilizados na Flórida para decoração de Natal, o que lhe conferiu a denominação de Christmas-berry (PIOCORRÊA, 1984; LORENZI, 1998). A aroeira é uma árvore de pequeno a médio porte, capaz de alcançar de 5 a 9 metros de altura. Seu caule é levemente tortuoso e a casca escura e fissurada. As folhas medem de 8 a 12 centímetros de comprimento, com 7 a 13 folíolos verdes, elípticos com nervuras claras. É um vegetal dióico, isto é, existem árvores fêmeas e árvores machos. As flores são pequenas, branco-esverdeadas, dispostas em inflorescências axilares e terminais do tipo rácemo, e são muito atrativas para abelhas. Os frutos são pequenas drupas, esféricas, rosadas a avermelhadas, que servem como condimento e alimentam as aves silvestres (LORENZI, 1998; QUEIRES, 2004). No passado, foi utilizada pelos jesuítas que, com sua resina, preparavam o “Bálsamo das Missões”, famoso no Brasil e no exterior. A planta possui importância econômica por possuir propriedades comerciais e fitoquímicas (ALMEIDA, 1993). De grande plasticidade ecológica, ocorre em quase todo o território brasileiro sendo encontrada no nordeste, cerrados, chegando ao Rio Grande do Sul e estendose à Argentina e Paraguai. Serve a diversos usos, tais como lenha, carvão, cercas 37 vivas, forragem para caprinos, alimentos para aves silvestres, pólen para abelhas, arborização de pastos, ornamentação e medicina doméstica. Contém óleos essenciais amplamente distribuídos nas suas partes vegetais, tais como folhas, frutos e tronco, em teores e composições variáveis. È nativa da América Tropical, introduzida em vários países do mundo com fins ornamentais, sendo considerada uma “praga vegetal”, em alguns países, por ser muito invasiva. A espécie destaca-se ecologicamente em programas de reflorestamentos ambientais, recuperação de áreas degradadas, em projetos de reposição de mata ciliar e estabilização de dunas (EWE, 2001; LENZI & ORTH, 2004; KONAR et al., 2009; STEVENS & BECKAGE, 2009). A incorporação de práticas sustentáveis de uso e exploração dos recursos advindos da biodiversidade pode se tornar um diferencial capaz de gerar vantagens competitivas. Pesquisas vêm sendo desenvolvidas considerando a necessidade da prospecção de novas substâncias vegetais passíveis de utilização no controle de insetos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRABA) do Estado de Rondônia, objetivando avaliar o efeito do óleo essencial de folhas de S. terebinthifolius sobre insetos adultos de Acanthoscelides obtectus e Zabrotes subfasciatus, considerados pragas que atacam os grãos de feijão armazenados e popularmente conhecidos como caruncho, gorgulho ou bicho-do-feijão. Foi analisada a mortalidade dos invertebrados frente a diversas diluições do produto com 24 e 48 horas de exposição. Os resultados evidenciaram a atividade inseticida do óleo essencial, sugerindo seu potencial no controle dos insetos estudados (SANTOS et al., 2007). 38 As cascas e folhas secas da aroeira são utilizadas contra febres, infecções do sistema urinário (cistites e uretrites), diarréias, blenorragia, orquites crônicas, tosse e bronquite, higiene íntima, pós-parto, complicações menstruais com excesso de sangramento, gripes, inflamações e infecções em geral. O chá das cascas é recomendado para curar diarréia e hemoptise e também em banhos contra dor ciática, gota, reumatismo e erisipela. Da casca são descritas propriedades depurativas; as folhas possuem ação diurética e antimicrobiana. O óleo essencial é rico em monoterpenos, responsáveis por várias propriedades biológicas, especialmente a ação antimicrobiana contra bactérias, vírus e fungos de plantas e animais, além de atividade repelente contra moscas e outros insetos. O produto é indicado também para tumores e possui ação regeneradora dos tecidos, por isso utilizado em escaras, queimaduras e problemas de pele. Todos os órgãos do vegetal são utilizados de forma tópica como cicatrizante e anti-séptico, no caso de fraturas expostas, feridas e lesões orais. Externamente, o óleo essencial é usado na forma de loções, géis ou sabonetes para coceiras, acnes, manchas e limpeza da pele. Devido ao alto teor de tanino, é empregada nos curtumes para curtir peles e couros. As folhas maduras passam por forrageiras. No Peru, a aroeira é utilizada após fermentação para se fazer vinagre e bebida alcoólica. Em diversas partes do vegetal foram identificadas a presença de alquilfenóis, substâncias formadas por um grupamento fenólico ligado a uma cadeia carbônica com propriedades surfactantes. Os alquilfenóis podem causar dermatite atópica, por esta razão, o uso de preparações de aroeira deve ser revestido de cautela devido a possibilidade de reações alérgicas de pele e mucosas em pessoas sensíveis (BAGGIO, 1988; 39 GUERRA et al., 2000; SIMÕES et al., 2003; CORREIA et al., 2006; CIAGRI/USP, 2010; JOHANN et al., 2007; CORRÊA et al., 2008). SOARES et al., em 2006, determinaram que o extrato alcoólico da aroeira apresentou significativa capacidade de inibir o crescimento, in vitro, de várias espécies de bactérias do gênero Streptococcus e, principalmente, do Staphilococus aureus. Estudos com extratos de S. terebinthifolius revelaram ação contra Enterococcus faecalis (COSTA et al., 2010), Staphylococcus aureus (LIMA et al., 2006a), Candida albicans (SCHMOURLO et al., 2005), além de terem demonstrado atividade anti-radicalar em ensaios de peroxidação lipídica (VELÁSQUEZ et al., 2003). A cicatrização é evento biológico complexo envolvendo inflamação, quimiotaxia, proliferação celular, diferenciação e remodelação. COUTINHO et al., (2006) investigaram o efeito de extrato hidroalcoólico de S.terebinthifolius na cicatrização de anastomoses no cólon ascendente em ratos e observaram um efeito favorável da planta, em nível microscópico, neste processo. No entanto, estudos analisando o processo de cicatrização após cirurgias abdominais em ratos, usando extratos desta mesma espécie, verificaram que não houve alteração nas cicatrizações de feridas cirúrgicas (NUNES Jr. et al., 2006; SANTOS et al., 2006). Já LUCENA et al, (2006) constataram que o uso de extrato hidroalcoólico de aroeira mostrou efeito cicatrizante favorável nas cistotomias em ratos. AMORIM & SANTOS (2003) relataram que o gel vaginal de aroeira é efetivo e seguro para o tratamento da vaginose bacteriana, sugerindo também potenciais efeitos benéficos na flora vaginal. Em 2007, AGRA et al., realizaram uma 40 investigação etnomedicinal nos estados no Nordeste Brasileiro, registrando 483 plantas com propriedades bioativas; 466 usadas com fins medicinais e somente 27 apresentaram toxicidade. O estudo determinou que produtos oriundos das folhas e da entrecasca da S. terebinthifolius são usados, pela população da região, em inflamações de ovários, em úlceras e outras finalidades terapêuticas. A semente do fruto da aroeira é considerada uma especiaria, sendo muito popular na França, chamada poivre-rose (pimenta-rosa) onde é utilizada na ornamentação e tempero de preparações culinárias. Seu sabor é levemente picante e adocicado (CERUKS et al., 2007). Segundo estudo do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A (BANDES, 2008) atualmente, o componente que oferece maiores possibilidades de geração de renda e crescimento sustentável é aquele utilizado na culinária. A S. terebinthifolius, além de apresentar folhas aromáticas, permite o beneficiamento de seus pequenos frutos, do que resulta a pimenta-rosa. A demanda por este produto tem sido crescente em feiras e casas especializadas do Rio de Janeiro. A Brazilian Peppertrade Board, empresa especializada em especiarias, informou em junho de 2007, que o mercado de pimenta-rosa vem apresentando uma tendência de alta, por causa das más condições meteorológicas das ilhas do Oceano Índico, maior fornecedora ao mercado europeu. A produção de pimenta-rosa gera subprodutos que também podem ser comercializados, a exemplo do óleo essencial, empregado nas indústrias de flavorização de carnes e lingüiças e na de cosméticos. 41 2.6.1. A aroeira e sua utilização no Brasil A aroeira tem uma tradição importante na medicina popular brasileira, principalmente no Nordeste, sendo uma das plantas de uso mais freqüente e antigo entre a população. Segundo OLIVEIRA & SÁ (2009), no Estado do Ceará, o Projeto Farmácias Vivas idealizado pelo Prof. Francisco José de Abreu Matos em 1983, consta de plantas medicinais com eficácia e segurança terapêuticas comprovadas. O projeto deu origem, em 1997, ao Programa Estadual de Fitoterapia, atualmente designado de Núcleo de Fitoterápicos da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará e produz medicamentos a partir de plantas medicinais cultivadas em farmácias vivas. O Núcleo distribui medicamentos fitoterápicos para hospitais e unidades da rede estadual de saúde e mantém o Horto de Plantas Medicinais e a Oficina Farmacêutica para preparação de fitoterápicos. Também presta apoio técnico-científico e faz capacitação de pessoal para promover a fitoterapia em Saúde Pública no estado com a implantação de farmácias vivas em 28 municípios. O povo já sabia e a ciência só confirmou. As mudas das plantas mais usadas na medicina popular são repassadas para cerca de 50 Farmácias Vivas no Ceará, uma retribuição aos ensinamentos colhidos em aldeias, quilombos, junto a rezadeiras e aos moradores mais antigos do interior. A Água Rabelo é um medicamento fitoterápico composto, que apresenta como componentes três plantas medicinais de nossa flora, a aroeira (S. terebinthifolius), a hortelã (Peltodon radicans) e o eucalipto (Eucaliptus globulus) cujo potencial farmacológico e terapêutico traduz a multiplicidade de ação do produto. Sua fórmula 42 possui 121 anos e foi desenvolvida pelo farmacêutico Antônio José Rabelo, fundador do Laboratório Rabelo LTDA, em 1889, empresa de capital exclusivamente brasileiro, pioneira na produção de fitoterápicos com princípios ativos conjugados. Atualmente, o Laboratório Rabelo está situado na região metropolitana de João Pessoa, capital da Paraíba e tem como principal local de atuação, o mercado nordestino, onde se apresenta consolidado e já tradicional em várias gerações de consumidores. A empresa destaca-se como o maior laboratório de fitoterápicos daquele estado. A aroeira possui ação cicatrizante e é utilizada em inflamações urinárias e uterinas com lavagens internas e banhos de assento. Por suas atividades antiinflamatória e cicatrizante, seu uso tópico é indicado em hemorróidas, ferimentos na pele, inflamações de mucosas a exemplo da gengiva e garganta (http://www.aguarabelo.com.br). Em 2007, MEDEIROS et al., avaliaram a propriedade antiinflamatória deste medicamento fitoterápico. Para tal, foram utilizadas as técnicas de edema de orelha em camundongos induzido por 12-Otetradecanoilforbol 13-acetato (TPA) ou capsaicina e o edema de pata de rato induzido por carragenina. O produto, na dose de 26 mL/kg, inibiu tanto edema de orelha induzido por TPA como por capsaicina. Os resultados demonstraram que o medicamento fitoterápico brasileiro apresentou propriedades antiinflamatórias e a melhor dose foi aquela que é usada pela população. Outro exemplo de produto fitoterápico cuja produção demonstra caráter empreendedor é o do Elixir Sanativo, fabricado desde 1888, pelo Laboratório Pernambucano LAPERLI. O Estado de Pernambuco é o maior e mais importante centro produtor de medicamentos do Norte e Nordeste, possuindo posição de 43 destaque no ranking da indústria farmacêutica nacional. Ainda assim, poucos remédios, a exemplo do Sanativo, são encontrados com facilidade no Centro-Sul. A direção do LAPERLI, que possui estrutura familiar, trabalha para reposicionar ainda mais a marca no mercado com o lançamento de novas versões do remédio como o sabonete Sanativo, anti-séptico e bactericida. O Elixir Sanativo é a imagem do “remédio da família” bastante valorizado pela população nordestina. É um produto fitoterápico composto de uso tradicional na região Nordeste do Brasil. Este medicamento sob a forma de extrato fluido é indicado no tratamento de feridas, queimaduras, gastrites, úlceras gastroduodenais, hemorragias, inflamações de garganta e de tecidos epiteliais lesionados. Sua fórmula é constituída por 20% de angico (Piptadenia colubrina, Benth); que possui ação hemostática e cicatrizante; 20% de aroeira (S. terebinthifolius, Raddi); usada em processos inflamatórios e infecciosos; 1;7% de camapu (Physalis angulata, Linn); empregada por sua atividade balsâmica e analgésica e 1;7% de mandacaru (Cereus peruvianus, Miller); com o qual procura-se a assepsia das regiões afetadas. Visando observar a eficácia e segurança do uso da associação destas espécies vegetais, foram realizados testes de atividade cicatrizante no modelo de ferida aberta em dorso de rato utilizando o Elixir Sanativo a 4% sob a forma de spray além de análises da toxicidade aguda por via oral. Os resultados mostraram uma diminuição no tempo requerido para a completa reepitelização da área lesionada e, na administração oral de até 5g/kg não produziu morte nos animais. Os perfis hematológicos e bioquímicos permaneceram dentro da faixa de referência para a espécie. A análise histológica dos diferentes órgãos não revelou alterações. O conjunto dos resultados permitiu concluir que o 44 fitoterápico possui significativa propriedade cicatrizante em tecidos epiteliais lesionados e baixo grau de toxicidade em ratos Wistar (LIMA et al., 2006b). No ano de 2008, PESSOA avaliou o tratamento da alveolite de extração dental em ratos machos cuidados com o Elixir Sanativo, através de exame histológico com microscopia óptica. Os resultados demonstraram que o fitoterápico contribuiu para que o processo de cicatrização fosse o mais próximo possível dos padrões de normalidade, ou seja, mais semelhante ao processo de cicatrização do alvéolo quando sem a infecção dental. Cirurgiões-dentistas prescrevem infusões realizadas com a entrecasca da planta para gargarejos e bochechos após cirurgias bucomaxilares (LANZONNI, 2007). SAWAYA, em 2006, estudou a composição química da própolis brasileira. Seguindo indicações de apicultores sobre plantas visitadas por abelhas nativas do país Tetragonisca angustula, popularmente chamada de jataí. Apenas uma delas, a S. terebinthifolius apresentou alguns dos componentes encontrados na própolis desta abrelha sendo, portanto, produzidos extratos metanólicos com suas flores, frutos e folhas individualmente. Realizada análise por espectrofotometria de massas, foram encontrados vários íons em comum entre partes do vegetal e da própolis que permitiram indicar esta planta como uma fonte importante da própolis da jataí. Devido a ampla distribuição geográfica da aroeira, foi observado que ela é a fonte vegetal de própolis nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil. Dentre os compostos encontrados, os ácidos masticadienóico e hidroximasticadienóico possuem 45 importantes propriedades farmacológicas por serem inibidores da fosfolipase A2, podendo ser usados para o controle de processos inflamatórios. A aroeira vem sendo mencionada em estudos relacionados com as religiões afrobrasileiras. O uso de plantas sagradas atende aos aspectos litúrgicos das casasde-santo possuindo um caráter etnofarmacobotânico. A espécie S. terebinthifolius foi identificada e seu uso observado com finalidades medicinais e litúrgicas, na forma de banhos, defumadores, benzeduras e rezas pelos pais-de-santo, além de erveiros que trabalham em feiras livres (VERGER, 1995; MAIOLI-AZEVEDO & FONSECAKRUEL, 2007; PIRES et al., 2009). 2.6.2. Compostos ativos extraídos da Schinus terebinthifolius, Raddi. Do seu óleo essencial, já foram identificados mono e sesquiterpenos (em teor de 1% para as folhas e 5% para os frutos), além de taninos, resinas, alcalóides, flavonóides, saponinas, esteróides e triterpenos. Para as sementes é citado um teor de óleo fixo da ordem de 14%. (ALMEIDA, 1993). O produto contém, dentre outros compostos, cis-sabinol, p-cimeno, limoneno, simiarenol, alfa e beta-pineno, deltacaroteno, terebintona, eschinol, ácido masticadienóico, ácido hidroximasticadienóico, sitosterol, baruenona, ácido terebentifólico, quercetina e kaemferol (SAWAYA, 2006; JOHANN et al., 2010). QUEIRES (2004) estudou o efeito antiproliferativo de extrato da S. terebinthifolius sobre células de câncer de próstata humano, verificando efeito inibidor da proliferação celular, com indução à morte das células cancerígenas. Também foram isoladas 12 substâncias a partir de seu extrato: rutina, quercetina, 46 quercetina glicosilada, quercitrina, isoquercitrina, kaempferol, ácido quínico, apigenina, ácido caféico, ácido cítrico e resveratrol. Na análise, por espectroscopia de massas e cromatografia gasosa do óleo essencial obtido de suas folhas, GUNDIDZA et al., (2009) identificaram como constituintes majoritários: sabineno, α-pineno, β-pineno, terpineno-4-ol, trans-βocimeno e mirceno. O produto exibiu propriedades contra os patógenos: Yersinia enterocolitica, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Acinetobacter calcoaceticus, Bacillus subtilis e Klebsielia pneumoniae. EL-MASSRY et al., (2009) prepararam um óleo essencial e dois extratos (diclorometanólico e etanólico) de folhas da aroeira cultivadas no Egito e observaram que o óleo continha 4,97% de monoterpenos, 56,96% de sesquiterpenos, 34,37% de monoterpenos oxigenados e 3,32% de sesquiterpenos oxigenados. Os principais elementos encontrados no óleo foram cis-β-terpineol, (E)-cariofileno, β-cedreno e citronela. Os compostos fenólicos identificados no extrato etanólico foram ácido caféico, ácido coumarico e ácido siríngico. A atividade antioxidante deste extrato foi superior tanto ao óleo quanto ao extrato diclorometanólico. Já este último exibiu o maior efeito antimicrobiano, seguido da fração etanólica e do óleo essencial. LIMA et al., (2006a) analisaram quimicamente extratos em etanol e em hexano da casca do tronco e das folhas da S. terebinthifolius detectando a presença de fenóis, triterpenos, antraquinonas, flavonóides, leucoantocianinas e esteróides livres. LIMA et al, (2006b) realizaram uma triagem fitoquímica com o fitoterápico Elixir Sanativo que contém S. terebinthifolius além de outros vegetais. O estudo revelou a presença majoritária de taninos e, em menor intensidade, flavonóides, esteróides e 47 açúcares. Os taninos são compostos fenólicos do metabolismo secundário vegetal, sendo amplamente empregados na medicina tradicional no tratamento de feridas, queimaduras e inflamações. O poder anti-séptico dos taninos pode ser explicado por sua capacidade de precipitar as proteínas das células superficiais das mucosas dos tecidos, formando uma camada protetora (complexo tanino-proteína e/ou polissacarídeo) sobre a pele ou mucosa danificada, impedindo, assim o desenvolvimento de microrganismos. Embora o efeito cicatrizante possa ser atribuído aos taninos, não se deve descartar a participação de flavonóides na recuperação de tecidos, uma vez que estes possuem atividade antiinflamatória, analgésica, cicatrizante, antimicrobiana e antioxidante. A presença de taninos na dieta de animais experimentais tem sido descrita na literatura como causadora de redução do consumo de alimento, da taxa de crescimento e da eficiência nutricional. VALLET et al. (1994) observaram que ratos alimentados com dieta rica em tanino, de sementes de uva, tiveram redução no ganho de massa corporal e na digestão de proteínas. VIANA (2002) isolou e caracterizou lectinas da casca da S. terebinthifolius. Lectinas formam uma classe de glicoproteínas amplamente difundidas en a natureza, encontradas em seres unicelulares, pluricelulares, animais e vegetais, que possuam pelo menos um sítio de ligação reversível a um mono ou oligossacarídeo, sem apresentar função catalítica e de origem não-imunológica. Elas aglutinam células e precipitam polissacarídeos, glicoproteínas ou glicolipídeos. O termo lectina, do latim lectus que significa “selecionado”, inicialmente referiu-se à habilidade de algumas moléculas ligarem-se seletivamente e reversivelmente a carboidratos da superfície 48 celular aglutinando eritrócitos. A palavra “aglutinina” é utilizada como sinônimo de lectina porque se refere a capacidade de aglutinar células. Elas podem ser agrupadas de acordo com os monossacarídeos pelos quais apresentam afinidade. Desse modo, existem as lectinas ligantes de D-galactose/N-acetil-D-galactosamina, as ligantes de D-glicose/manose e as que se ligam a L-fucose (PEUMANS & VAN DAMME, 1998; COELHO & SILVA, 2000). Nos vegetais, possuem diversas funções, entre elas, o transporte de carboidratos, estocagem e mobilização de proteínas e glicídios, alongamento da parede celular e ação defensiva contra fungos, bactérias, vírus e insetos (PEUMANS & VAN DAMME, 1998; RATANAPO et al., 2001). Estudos fitoquímicos e biológicos efetuados com espécies do gênero Schinus descrevem a ocorrência de terpenóides e ácidos graxos em S. molle e em S. terebinthifolius. Dentre os terpenóides, dois triterpenos isolados de S. terebinthifolius foram caracterizados como inibidores específicos da fosfolipase A2 (JAIN et al., 1995). DEGÁSPARI et al., (2005) analisaram a atividade antimicrobiana de extratos aquoso e alcoólico obtidos de frutos da aroeira, diretamente ligados à quantidade de compostos fenólicos existentes nestes. Pelos testes, verificou-se que o extrato alcoólico apresentou efeito inibitório sobre o crescimento de Staphylococcus aureus e Bacillus cereus, já o extrato aquoso não apresentou efeito inibitório sobre o crescimento dos microrganismos testados. O extrato alcoólico mostrou-se com quantidade significativa da flavona apigenina, além de ácido elágico, ao passo que no extrato aquoso foi observada a presença da flavanona naringina. 49 Um estudo fitoquímico do extrato em etanol das folhas de S. terebinthifolius com potencial anti-radicalar foi realizado e conduziu ao isolamento dos compostos fenólicos: galato de etila, miricetrina, quercitrina, galato de metila e miricetina (CERUKS et al., 2007). O extrato de aroeira contém catecóis, taninos, terpenos, flavonóides e saponina. Sobre os flavonóides já foi descrito potencial mutagênico e propriedade antioxidante. A mutagenicidade de alguns flavonóides está associada com a formação de espécies reativas do oxigênio e parece depender do número e posição dos grupos hidroxilas. CARVALHO et al., (2003) avaliaram um extrato da casca do tronco da planta em ensaios bacterianos para determinar seu potencial genotóxico. Os resultados indicaram que a solução produziu mutações e lesões no DNA das bactérias e que o estresse oxidativo pode ter sido responsável pela genotoxidade. Em vista dos achados, é importante analisar o potencial mutagênico dos produtos fitoterapêuticos comerciais, inclusive a legislação brasileira exige testes de atividade mutagênica para registrar esses medicamentos. 2.7. A resposta imune Em 2002, VIANA isolou e caracterizou parcialmente lectinas da casca da S. terebinthifolius observando produção de óxido nítrico, liberação de peróxido de hidrogênio por macrófagos e baixa atividade mitogênica sobre linfócitos de camundongos suíços, indicando futuras perspectivas de sua aplicação em biotecnologia. A ligação de lectinas às células pode gerar diversas atividades 50 biológicas, a exemplo de estimulação mitogênica de linfócitos T humanos (PAJIC et al., 2002), As propriedades antioxidantes dos flavonóides, pela atuação como captadores de espécies reativas de oxigênio, podem ser benéficas a saúde, pelo fato de prevenirem a oxidação das lipoproteínas de densidade baixa (LDL) (ARAÚJO et al., 2005). Dentre as funções dos macrófagos estão a fagocitose de partículas estranhas, recrutamento de leucócitos, reparo de tecidos, produção de citocinas e compostos intermediários de oxigênio, peróxido de hidrogênio (H 2O2) e óxido nítrico, produzido durante a conversão da L-arginina em L-citrulina pela atividade catalítica da óxido nítrico sintase. A sintase induzível de óxido nítrico é uma isoforma desta enzima ausente nos macrófagos em repouso, podendo ser induzida quando são estimulados com lipopolissacarídeo (LPS) ou interferon-gama -gama). O óxido nítrico possui efeitos citostático e citotóxico contra células tumorais, micróbios, vírus, bactérias e protozoários, sendo uma molécula regulatória importante (ABBAS et al., 2003) O peróxido de hidrogênio, produzido por células inflamatórias ativadas, também atua na toxicidade intra e extracelular, em diferentes tipos de células (MOREIRA et al., 2001). O oxigênio molecular e seus radicais são os reagentes mais importantes na bioquímica dos radicais livres nas células aeróbicas. O termo “espécies reativas de oxigênio” inclui os radicais livres contendo oxigênio, como o ânion superóxido (O2-), o radical hidroxila (HO-), o radical peroxila (ROO-) e espécies não radicalares como o peróxido de hidrogênio (H2O2). Esses grupos químicos reativos podem causar danos celulares ao reagirem com lipídeos, proteínas, 51 carboidratos e ácidos nucléicos, estando envolvidos no processo de envelhecimento e em muitas desordens biológicas, incluindo inflamações crônicas, problemas respiratórios, doenças neuro-degenerativas, doenças auto-imunes, carcinogênese e mutagênese. Para alguns compostos fenólicos, como ácido clorogênico, ácido caféico, ácido ferúlico e seus ésteres com esteróis e triterpenos têm sido relatadas atividades antioxidantes, sugerindo que doenças causadas pelas reações oxidativas em sistemas biológicos poderiam ser retardadas pela ingestão de antioxidantes naturais encontrados em plantas e na dieta (ANDRADE et al., 1999; AL-MAMARY et al., 2002; SIMÕES et al., 2003 ; CHANWITHEESUK et al., 2005 ; TUNG et al., 2007). Citocinas e fatores de crescimento são reguladores importantes da resposta imune, reações inflamatórias, angiogênese, apoptose e proliferação celular. GU, et al., (2009) investigaram a estabilidade e reprodutibilidade temporal de um painel de citocinas e fatores de crescimento, em soros de mulheres pré e posmenopausadas utilizando a tecnologia Luminex xMap de múltiplas dosagens. Observaram que 16 dentre os 41 marcadores medidos, entre eles, IL-1, IL-2, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-12, IL-1 e TNF-alfa, mostraram sensibilidade e reprodutibilidade suficientes ao longo de dois anos, sugerindo que a avaliação pelo Luminex pode ser realizada em amostras congeladas coletadas para estudos prospectivos. Estudos realizados com Mangifera indica (Linn), planta tradicionalmente usada na medicina popular da Índia relatam suas atividades antiviral, antibacteriana e antiinflamatória. Os efeitos de seu extrato sobre componentes da resposta imune humoral e celular em camundongos foram investigados e o principal componente identificado foi a mangiferina, além de polifenóis, terpenóides, esteróides, ácidos 52 graxos e microelementos. O produto demonstrou efeito imunoestimulatório dosedependente, promovendo aumento do título de anticorpos, sugerindo ser uma droga promissora por suas propriedades imunológicas (MAKARE et al., 2001). Citocinas e fatores de crescimento são reguladores importantes da resposta imune, reações inflamatórias, angiogênese, apoptose e proliferação celular. GU, et al., (2009) investigaram a estabilidade e reprodutibilidade temporal de um painel de citocinas e fatores de crescimento, em soros de mulheres pré e posmenopausadas utilizando a tecnologia Luminex xMap de múltiplas dosagens. Observaram que 16 dentre os 41 marcadores medidos, entre eles, IL-1, IL-2, IL-4, IL5, IL-6, IL-10, IL-12, e TNF-alfa, mostraram sensibilidade e reprodutibilidade suficientes ao longo de dois anos, sugerindo que a avaliação pelo Luminex pode ser realizada em amostras congeladas coletadas para estudos prospectivos. CERQUEIRA-LIMA et al., (2010) examinaram os efeitos de um extrato total da Cissampelos sympodialis, de uma fração dos alcalóides totais e de um extrato de warifteina purificada, em modelo experimental de alergia respiratória murina induzida por extrato do ácaro Blomia tropicalis. A sensibilização com o ácaro aumentou a atividade das peroxidades eosinofílicas indicando degranulação dessas células. O tratamento com as três frações reduziu a densidade de células inflamatórias (eosinófilos) e a atividade da peroxidase eosinofílica no fluido broncoalveolar assim como os níveis de IL-5 e IL-13, sendo que quando foi usado o extrato total, os resultados foram estatisticamente mais significantes comparados com as frações de alcalóides totais e o alcalóide puro (warifteina). Os resultados demonstram o potencial dessa planta como um novo agente no tratamento da asma. 53 A atividade antialérgica de extrato de S. terebinthifolius foi investigada por CAVALHER-MACHADO et al., (2008). A análise por HPLC revelou que os principais componentes aromáticos isolados foram o ácido gálico, metil-galato e 1,2,3,4,6- pentagaloilglicose. O tratamento oral prévio com o extrato total e suas frações isoladas, inibiu o edema induzido provocado por inoculação de histamina em patas de camundongos suíços, prevenindo a degranulação de mastócitos. O prétratamento com o extrato também inibiu significativamente o acúmulo de eosinófilos e leucócitos totais na cavidade pleural 24 horas após injeção intratoráxica de ovoalbumina. Foi observada diminuição, no lavado pleural, dos níveis das quimiocinas CCL11/eotaxina (que em conjunto com IL-5 induz liberação de eosinófilos da medula óssea para o sangue) e CCL5/RANTES (proteína com quimiotaxia por monócitos). A atividade de extratos metanólicos oriundos de 20 plantas, utilizadas na medicina tradicional brasileira, contra as formas promastigotas da Leishmania amazonensis e Leishmania chagasi, além dos fungos Candida albicans e Cryptococcus neoformans foi investigada. As frações oriundas das plantas Vernonia polyanthes e Ocimum gratissimum foram ativas contra L. amazonensis e L. chagasi respectivamente. Em relação à atividade antifúngica, as espécies Bixa orellana, O. gratissimum e Syzygium cumini exibiram melhor resposta contra o C. neoformans . Os extratos de S. terebinthifolius, O. gratissimum, Cajanus cajan e Piper aduncum apresentaram efeitos mais efetivos na defesa contra C. albicans. A atividade biológica dos extratos de várias partes dos vegetais testados parecem ter ocorridos devido a presença de metabólitos secundários tais como os flavonóides, identificados 54 em 92% das amostras, alcalóides (88%), tanino (83%), triterpenos (67%), antraquinonas (42%), esteróides (33%) e saponinas (25%). O mecanismo de ação de alguns alcalóides poderia ser atribuído a sua habilidade de intercalar com o DNA do microrganismo; enquanto a propriedade antimicrobiana dos taninos pode estar relacionada a sua capacidade de inativar adesões microbianas, enzimas e proteínas de transporte (BRAGA et al., 2007). 2.8. A Corynebacterium pseudotuberculosis e a linfadenite caseosa A caprino-ovinocultura é uma atividade rural de grande importância para o Brasil, principalmente para os pequenos e médios produtores da região Nordeste, particularmente da zona semi-árida, pois os rebanhos de pequenos ruminantes constituem as principais fontes econômicas e nutricionais dessa população. Também exercem uma função social de elevada importância, devido à fixação do homem no campo, contribuindo, assim, para a diminuição do êxodo rural (DORELLA et al, 2006). Entre as doenças que acometem os rebanhos caprinos e ovinos, nesta e em outras regiões brasileiras, com alta prevalência, está a linfadenite caseosa, doença crônica infecciosa cujo agente etiológico é a bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis (SEYFFERT et al, 2009). A linfadenite caseosa dos caprinos e ovinos é considerada uma doença infectocontagiosa crônica, cujas manifestações clínicas são caracterizadas por caseação necrótica dos linfonodos. Os abscessos podem ser superficiais ou internos com lesões de vísceras. Após penetrar no hospedeiro, a C. pseudotuberculosis é transportada pelas vias linfáticas aferentes aos linfonodos regionais, nos quais os 55 granulomas característicos são formados. Os sinais clínicos só são observados com a presença de granulomas externos. Pode acometer outros animais domésticos, causando, por exemplo, a dermatite ulcerativa em equinos e a linfangite ulcerativa em bovinos (AYERS, 1977; DORELLA et al, 2006) A formação de granulomas em linfonodos e vísceras atua como um mecanismo de defesa do hospedeiro a fim de limitar a disseminação do patógeno. Sua transmissão se dá principalmente através da pele, pelo contato de animais hígidos com fômites contaminados no ambiente, bem como através de um animal infectado portador de abscesso que evolue até a supuração transmitindo então para um exemplar sadio (MOURA-COSTA et al, 2008). O microorganismo tem sido identificado em países com grandes criações de pequenos ruminantes como Austrália, Nova Zelândia, Argentina, África do Sul e Estados Unidos e em países da Comunidade Européia (STING et al., 1998). No Brasil já foi isolada e caracterizada no interior da Bahia e em outros Estados Nordestinos (MOURA-COSTA et al., 1973). O Nordeste brasileiro concentra aproximadamente 90% do rebanho caprino e 40% do rebanho ovino nacional, entretanto, a região possui alta prevalência de linfadenite caseosa, resultando em importantes prejuízos econômicos. A alta incidência da enfermidade na região Nordeste se deve ao tipo de vegetação encontrada, no bioma caatinga, a qual é caracterizada pela presença de pequenas árvores, arbustos e ervas espinhosas, que, se contaminados com o microrganismo, ao serem consumidos pelos animais e/ou entrarem em contato com as suas peles, provocam ferimentos que servem como porta de entrada para a bactéria (NANIAN et al., 1985). 56 Os abscessos provocam danos na pele e a condenação da carne, gerando problemas ao comércio exterior. A infecção também causa mastite, diminuindo a produção de leite. Em Israel, YERUHAM et al., (2004) descreveram surto de linfadenite em rebanho bovino causando tanto lesões na pele quanto mastite, resultando em acentuada perda econômica. A infecção no homem, apesar de baixa freqüencia, pode ocorrer pelo contato manual com material purulento procedente de granulomas e, ocasionalmente, pela ingestão do leite de animais com mastite. Apresenta também caráter ocupacional acometendo médicos veterinários, criadores, tratadores e açougueiros (MILLS et al., 1997; PEEL et al., 1997). Diversos ensaios imunoenzimáticos e avaliação de antígenos somáticos e secretados assim como genes da bactéria foram descritos objetivando melhorias no diagnóstico e desenvolvimento de vacina contra a enfermidade (CARMINATI et al., 2003; VALE, 2005; D´AFONSECA et al., 2008). O gênero Corynebacterium pertence ao grupo supragenérico dos actinomicetes, que também incluem o gênero Mycobacterium, Nocardia e Rhodococcus. O microrganismo C. pseudotuberculosis foi isolado em 1888 por Nocard. No ano de 1894, foi descrito detalhadamente por Preizs, observando sua semelhança com o bacilo da difteria. A nomenclatura atual foi adotada em 1948 na 6ª edição do Bergey’s Manual. Sinônimos para Corynebacterium pseudotuberculosis são: Baccilus pseudotuberculosis ovis, Baccilus pseudotuberculosis, Corynebacterium ovis (MOURA-COSTA, 2002a; DORELLA et al., 2006). É um bacilo Gram-positivo curto e irregular com aspecto cocóide. Pode se mostrar isolado, em grupamentos irregulares ou em paliçada. É uma bactéria não- 57 capsulada, anaeróbia facultativa, fermentativa e não forma esporos. Exigente do ponto de vista nutricional, cresce bem em meios enriquecidos com agar-sangue, BHI (infusão de coração e cérebro) ou soro animal (BATTEY, 1986). Em 2002b, MOURACOSTA et al., descreveram um meio de cultura sintético quimicamente definido para o crescimento da bactéria, capaz de permitir uma melhor caracterização das funções biológicas e imunológicas das proteínas secretadas pela C. pseudotuberculosis. Bioquimicamente, caracteriza-se pela produção de catalase e urease, redução de nitrato a nitrito e fermentação de carboidratos, a exemplo da maltose, manose, glicose, galactose (variável), sem produção de gás. Não fermenta lactose, não tem atividade proteolítica, não hidrolisa a gelatina, nem digere a caseína. Já foram descritos alguns fatores de virulência como agentes da patogenia. Um exemplo é a camada lipídica localizada na face externa da parede, cuja composição assemelha-se ao ácido micólico encontrado no gênero Mycobacterium e que teria uma ação letal sobre macrófagos (HARD, 1975). Outro fator importante é a atividade da enzima fosfatidilcolina fosfatidohidrolase ou fosfolipase D, que hidrolisa a esfingomielina, componente importante da membrana, em colina e ceramida fosfato. Sendo considerada uma exotoxina, sua ação compromete as células do epitélio vascular, aumentando a permeabilidade capilar, e favorecendo a disseminação do microorganismo a partir do local inicial da infecção (CARNE & ONON, 1978; BARKDALE et al., 1981). Por ser uma bactéria intracelular facultativa, a resposta mediada por células se constitui uma importante arma do hospedeiro para combater a infecção. Dessa 58 forma, o perfil de células Th1 é responsável pela indução da produção de citocinas essenciais para o controle da doença. Proteínas secretadas têm demonstrado exercer papel na indução de uma resposta celular protetora (PAULE et. al., 2004; MOURA-COSTA et. al., 2008). Em 2005, MEYER et al., observaram que antígenos secretados e somáticos apresentaram diferenças na capacidade de indução de resposta celular através da quantificação de IFN-gama. Em 2008, ABREU et al, avaliaram o perfil de sensibilidade in vitro de 31 isolados de C. pseudotuberculosis de caprinos e ovinos de quatro municípios do sertão de Pernambo, Brasil. Para a realização dos antibiogramas utilizou-se a técnica de difusão em discos. Foi verificado que 87,1% dos isolados foram resistentes a novobiocina; 80,6% a neomicina; 41,9% a gentamicina; 19,3%, a lincomicina; 16%, a ampicilina, orbifloxacina e penicilina; 12,9%, a sulfa-trimetoprim; 6,4%, a cefazolina, norfloxacina e amoxicilina; 3,2% a ciprofloxacina, cloranfenicol e tetraciclina. Com exceção de uma linhagem, todas as demais apresentaram algum grau de resistência múltipla, sendo 16% multirresistentes a aproximadamente 50% dos antimicrobianos testados. Os autores inferem que existe variação no perfil de sensibilidade desta bactéria a antimicrobianos na região, reforçando que o sucesso da terapia antimicrobiana contra o agente deve ser preconizada com base em testes de sensibilidades (antibiograma), no intuito de alcançar melhor efetividade. 59 03. JUSTIFICATIVA A natureza proporciona aos animais, e em particular, ao ser humano, uma enorme variedade de plantas com valores medicinais. Sua utilização na prevenção e tratamento de doenças está associado à história da nossa própria espécie. Informações oriundas de observações populares das diversas potencialidades de plantas medicinais contribuíram para estudos sobre suas propriedades terapêuticas. Em todo o mundo, principalmente na América do Sul e na Ásia, “plantas que curam” são frequentemente indicadas, e até mesmo prescritas, mesmo que seus constituintes químicos não sejam completamente conhecidos. A Schinus terebinthifolius, Raddi (aroeira) é encontrada em quase todo o território brasileiro. Estudos diversos relatam seu potencial para emprego terapêutico em doenças microbianas, parasitárias e tumores. A Corynebacterium pseudotuberculosis é o bacilo causador da linfadenite caseosa em caprinos e ovinos, doença infectocontagiosa crônica caracterizada clinicamente por abscessos dos linfonodos e responsável por grande prejuízo à economia do Nordeste Brasileiro, detentor do maior rebanho caprino do país. Este trabalho pretende contribuir com novas informações visando o aumento dos conhecimentos na área, além de obter recursos que possam ser úteis na aplicação de biotecnologia, contribuindo para melhorar a efetividade do uso de biofármacos pela população. 60 04. HIPÓTESE Os extratos, aquoso e metanólico, oriundos de folhas da Schinus terebinthifolius, Raddi (aroeira) possuem ação microbicida, in vitro, sobre o bacilo Corynebacterium pseudotuberculosis além de possuírem efeitos estimulatórios in vitro sobre células esplênicas de camundongos (Mus musculus) das linhagens isogênicas BALB/c e CBA. 61 05. OBJETIVOS 5.1. Objetivo geral ▪ Estudar os efeitos de extratos obtidos de folhas da Schinus terebinthifolius, Raddi (aroeira) sobre a susceptibilidade in vitro do bacilo Corynebacterium pseudotuberculosis e sobre a proliferação de esplenócitos in vitro de camundongos (Mus musculus). 5.2. Objetivos específicos ▪ Produzir extratos, aquoso e metanólico, obtidos de folhas da S. terebinthifolius. ▪ Investigar, in vitro, as propriedades antibacterianas dos extratos em concentrações que variam de 10 a 2.000 μg/dL de fenóis totais, em cepas virulentas e atenuadas da C. pseudotuberculosis após 48 horas de exposição. ▪ Analisar a resposta in vitro de esplenócitos de camundongos (Mus musculus) das linhagens isogênicas BALB/c e CBA, após exposição aos extratos de aroeira, em diferentes tempos e concentrações. ▪ Observar o perfil de citocinas produzidas pelas células do baço submetidas a 24 e 72 horas de exposição aos extratos, em concentrações variadas. 62 06. MATERIAL E MÉTODOS Obtenção dos extratos de Schinus terebinthifolius (Raddi). As folhas foram selecionadas, lavadas e secadas em estufa a 60ºC até apresentarem peso constante. A seguir, trituradas e acondicionadas em sacos plásticos, sob pressão negativa, mantidos a – 20ºC, até as subseqüentes análises. Para a promoção do extrato aquoso, em dez gramas de folhas trituradas foi adicionado 40 mL de água destilada a 100ºC sob agitação constante durante 15 minutos e, após filtração e centrifugação (8000g, 10 minutos) o sobrenadante foi transferido para ampola de decantação com 80 mL de clorofórmio sob agitação por 5 minutos. A fração clorofórmica foi desprezada e a fração aquosa reduzida a um quinto do volume inicial, em evaporador rotatório a 70°C sobre pressão negativa. O extrato aquoso (EA) resultante foi filtrado sob vácuo usando membranas esterilizadas (5μm) e congelado a 70ºC negativos. No preparo da fração metanólica, para cada grama de folha triturada, foram utilizados 10 mL de metanol, em uma primeira extração a quente, em banho-maria a 60ºC, sob agitação durante 10 minutos. Após filtração, o volume total foi reduzido a 25% do inicial, em evaporador rotatório aquecido a 70ºC, sobre pressão negativa. O extrato metanólico (EM) resultante foi esterilizado e estocado nas mesmas do primeiro (QUEIRES et al., 2006). A concentração dos fenóis totais foi dosada utilizando-se o reagente de Folin segundo a técnica descrita por QUEIRES e RODRIGUES, 1998. Os extratos, aquoso e metanólico, secos e 63 obtidos a partir de um militro de cada solução concentrada, foram pesados, diluídos em água destilada e diluídos para obtenção das diferentes concentrações utilizadas. Cultivo do bacilo Corynebacterium pseudotuberculosis. Nas amostras-controle foi utilizado metanol diluído em água destilada a 50% v/v. Para as culturas da bactéria foram utilizadas as cepas T1, atenuada e a VD57, virulenta, isoladas de abscessos de caprinos com linfadenite caseosa e mantidas na coleção do setor de Microbiologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia, identificadas como Corynebacterium pseudotuberculosis pelo sistema API Coryne (Biomérieux, França). Elas foram cultivadas em balão de vidro contendo caldo BHI (brain-heart infusion), conservadas em estuda bacteriológica a 37 oC em aerobiose. Foram repicadas em intervalos de 48 horas até obtenção de crescimento satisfatório. Foi utilizada alça de Drigansky, adicionando-se um volume de 500 microlitros do meio líquido para a repicagem no meio sólido por placa (MOURA-COSTA et al., 2002b). Foram utilizadas 40 placas contendo meio sólido ágar-BHI, distribuídas com as cepas e o extrato. Em todas as placas foram colocados discos de papel de filtro, com 6 mm de diâmetro e um volume de 10 microlitros do extrato de aroeira nas concentrações de 2.000, 1.500, 1.000, 500, 250, 100 e 10 μg/dL de fenóis totais e incubadas durante 48 horas. O crescimento “in vitro” da bactéria foi expresso pela média desvio-padrão, tendo sido realizada análise de variância e teste de Tukey. As diferenças entre o controle e as diferentes concentrações dos significativas com valores de p<0,05. extratos vegetais foram estatisticamente 64 Cultivo de esplenócitos murinos. Dez camundongos da linhagem BALB/c e outros dez da linhagem CBA foram sacrificados por deslocamento cervical e os baços removidos assepticamente. Os esplenócitos foram obtidos por divulsão em meio RPMI 1640 (Sigma Chemical Company, St. Louis) mantidos no mesmo meio. Retirada alíquota de 40 microlitros (μL) para contagem pela técnica de bioimpedância elétrica em contador de células CelM CC-530. As células foram cultivadas em concentração de 106/mL, em placas de 24 poços contendo meio de cultura RPMI, pH 7,2 suplementado com 10% de soro bovino fetal (SBF) (Gibco, Brasil) e 1% de uma associação de estreptomicina e penicilina (Gibco, Brasil). Aos poços foram adicionados os extratos aquoso ou metanólico nas concentrações de 500, 200 e 100 μg/dL de fenóis totais; preparado poço do controle positivo contendo o mitógeno pokeweed (PWM, Sigma) na concentração de 2,5 μg/mL, e o controle negativo preparado apenas com células. As placas foram incubadas em estufa com 5% CO 2 a 37oC por 24 e 72h. Após o período de incubação, o conteúdo dos poços foi coletado, lavado com solução de tampão fosfato (PBS). As células foram contadas e os sobrenadantes identificados e armazenados em freezer a - 70oC. Curva de crescimento. Foi estabelecida curva para verificação da velocidade de proliferação dos esplenócitos de camundongos BALB/c durante 24 e 72 horas de cultivo e exposição aos extratos aquoso e metanólico da aroeira. 65 Estudo do ciclo celular. Células de camundongo CBA oriundas dos poços do grupo controle e as tratadas com a fração aquosa da aroeira, durante 24h foram lavadas, centrifugadas, incorporadas com iodeto de propídio (10 μg/mL) e RNAse A (100 mg/mL), incubadas na ausência de luz durante 30 minutos, expostas por 4 minutos a radiação ultravioleta, acrescentada solução salina de PBS com 20% de Triton-X100, iodeto de propídio (10 μg/mL), mais uma vez, na mesma concentração e, por fim realizada leitura no citômetro de fluxo para análise das fases G1, S, G2 e M do ciclo celular. Teste do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Esplenócitos de dez camundongos BALB/c foram utilizados para análise de viabilidade celular. As células foram cultivados em placas de 96 poços e expostas aos extratos aquoso ou metanólico da planta; após o período de exposição, as amostras foram incubadas com 1mg de brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5difeniltetrazólio (Sigma M2128) por mililitro de meio RPMI puro. As placas foram mantidas por 24 h em estufa a 37° C e 5% de CO 2. Após este período, foi acrescentada solução de lise contendo propanol-HCl 8% (v/v) em cada poço. A leitura da densidade óptica das soluções foi realizada após 24 horas, em espectrofotômetro ajustado em 570 nm de comprimento de onda. O valor da média das absorvâncias das células tratadas menos a absorvância do branco foi dividido pelo valor da média das absorvâncias das amostras do controle negativo menos a absorvância do branco. O branco foi representado pela absorvância do poço vazio. 66 Dosagem da lactato desidrogenase (LDH). A oxidação da L-lactato pela enzima Llactato: NAD oxidoredutase (EC 1.1.1.27) gera piruvato e uma molécula de nicotinamida adenina dinucleotídio reduzida (NAD reduzido). Reações sucessivas de oxidorredução da coenzima geram um complexo cuja coloração é medida espectrofotometricamente. Determinação da atividade lisossômica. A determinação da atividade lisossômica foi determinada nos sobrenadantes do meio de cultura das células e permite avaliar as condições físico-químicas relacionadas com a estabilidade das membranas (RODRIGUES et al., 1998). Para isso, foi realizada a medida da atividade da enzima ortofosfórico monoéster fosfohidrolase (EC 3.1.3.2) ou fosfatase ácida, de acordo com a técnica de Bassey-Lowry modificada, em culturas incubadas com diferentes concentrações da S. terebinthifolius. . Dosagem de proteínas totais. A determinação de proteínas totais foi efetuada pela técnica de Folin-Biureto descrita por KOMSA-PENKOVA et al., (1996). Quantificação de citocinas. Os níveis de interferon-gama (IFN-gama), interleucina2 (IL-2), interleucina-12 (IL-12), interleucina-17 (IL-17), fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa), interleucina-6 (IL-6), interleucina-10 (IL-10) e interleucina-13 (IL-13) dos sobrenadantes armazenados a 70oC negativos foram determinados pelo Bio-Plex Pro Assays (Bio-Rad Laboratories Incorporation, USA) usando o Luminex System. Uma diluição seriada da solução- padrão de cada citocina foi feita e, em placa específica 67 do sistema, distribuídos o anticorpo de captura, os padrões e os sobrenadantes das amostras. A seguir foram realizadas etapas de incubação, lavagem, adição do anticorpo de detecção, incubação, lavagem, acréscimo da solução de streptavidina/ficoeritrina, incubação e realização da leitura no aparelho. Os dados foram analisados pelo Bio-Plex Manager Software. As concentrações de citocinas nas amostras foram calculadas a partir das curvas-padrão geradas pelo sistema com os resultados expressos em picogramas por mililitro (pg/mL). O método combina princípios do ensaio imunoenzimático de captura sanduíche com técnica baseada em fluorescência de esferas (beads fluorescence) permitindo análises múltiplas de até cem citocinas ou fatores de crescimento diferentes em um único poço, utilizando volume de apenas cinquenta microlitros de sobrenadantes de culturas celulares. Análise estatística. Todas as avaliações dos dados foram realizadas com análise de variância e teste pos hoc de Tukey com o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS, versão 13.0 para Windows). A média foi selecionada como medida de tendência central para comparar a magnitude das variações das amostras. Resultados com valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significantes. 68 07. RESULTADOS E DISCUSSÃO O extrato metanólico revelou atividade microbicida, em ambas as cepas, nas concentrações de 2.000, 1.500, 1.000 e 500 μg/dL após 48h de exposição. Também foram avaliadas as concentrações de 250, 100 e 10 μg/dL, porém não apresentaram atividade antibacteriana nas duas linhagens avaliadas. As Figuras 1 e 2 mostram, respectivamente, uma placa do teste de crescimento da cepa atenuada T1 com o extrato metanólico e, o mesmo teste, com a cepa virulenta VD57. A Tabela 1 resume os resultados expressos como médias e desvios-padrões dos diâmetros dos halos de inibição para as duas cepas bacterianas. Figura 1. Efeito do extrato metanólico da aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) sobre o crescimento da Corynebacterium pseudotuberculosis, cepa atenuada T1. 69 Figura 2. Ação do extrato metanólico de aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) sobre o crescimento da Corynebacterium pseudotuberculosis, cepa virulenta VD57. Diâmetro dos halos de inibição (mm) Concentrações do extrato metanólico Cepa T1 Cepa VD57 Média Desviopadrão Média Desviopadrão --- --- --- --- 2.000 μg/mL 10.8 0,45 10,75 0,5 1.500 μg/mL 10,2 0,45 9,5 0,58 1.000 μg/mL 8,4 0, 55 7,75 0,5 500 μg/mL 7,0 0,1 7,0 0,1 Controle negativo (metanol 50%) Tabela 1. Valores das médias e desvios-padrões dos testes de crescimento após exposição das duas cepas da C. pseudotuberculosis, durante 48h ao extrato metanólico da S. terebinthifolius. 70 PUUPPONEN-PIMIÄ et al., (2001), testaram as propriedades antimicrobianas de compostos fenólicos isolados de frutos e notaram a inibição do crescimento de bactérias Gram-negativas, mas não de Gram-positivas e concluíram que espécies diferentes de bactérias exibem sensibilidades diferentes aos compostos fenólicos. DEGÁSPARI et al., (2005) analisaram a atividade antimicrobiana de extratos aquoso e alcoólico obtidos de frutos da aroeira. A fração alcoólica apresentou efeito inibitório sobre o crescimento de Staphylococcus aureus e Bacillus cereus e mostrou-se com quantidade significativa da flavona apigenina e ácido elágico. A fração aquosa não demonstrou ação antimicrobiana e nela foi observada a presença da flavanona naringina. SOARES et al., (2006) avaliaram que o extrato alcoólico da aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) apresentou significativa capacidade de inibir o crescimento, in vitro, de várias espécies de bactérias do gênero Streptococcus e, principalmente, do Staphilococus aureus. Em 2008, ABREU et al, avaliaram a sensibilidade in vitro de 31 amostras de Corynebacterium pseudotuberculosis isoladas de caprinos e ovinos em Pernambuco, Brasil a antibióticos variados. Foi verificado que 87,1% dos isolados foram resistentes a novobiocina; 80,6% a neomicina; 41,9% a gentamicina; 19,3%, a lincomicina; 16%, a ampicilina, orbifloxacina e penicilina; e percentuais menores a sulfa-trimetoprim, cefazolina, norfloxacina, amoxicilina, ciprofloxacina, cloranfenicol e tetraciclina. Com exceção de uma linhagem, todas as demais apresentaram algum grau de resistência múltipla aos diversos quimioterápicos, demonstrando que existe variação no perfil de sensibilidade da bactéria. COSTA et al., (2010) concluiu que extratos etanólicos da 71 aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius) e da aroeia-do-sertão (Astronium urundeuva) apresentaram atividade contra o Enterococcus faecalis. O efeito dos extratos aquoso e metanólico sobre a proliferação de esplenócitos murinos in vitro pode ser observado nas figuras 03 e 04. Os valores entre os diferentes tipos de tratamento e controles foram significativos com p<0,05. 72h 50 0 M 20 0 M 10 0 M 00 A5 00 A2 00 A1 Co nt Po s Ne g 5000 4000 3000 2000 1000 0 Co nt Células por uL meio 24h Tratamento BALB/c Figura 3: Contagem de esplenócitos murinos da linhagem BALB/c após 24 e 72 horas de exposição aos extratos aquoso e metanólico da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Os valores entre os diferentes tipos de tratamento e controles foram significativos. Os dados representam a média ± dp (ANOVA seguida de teste de Tukey; p<0,05). 72 72h 50 0 M 20 0 M 10 0 M 00 A5 00 A2 00 A1 Po s Co nt Ne g 4000 3000 2000 1000 0 Co nt Células por uL meio 24h Tratamento CBA Figura 4: Contagem de esplenócitos murinos da linhagem CBA após 24 e 72 horas de exposição aos extratos aquoso e metanólico da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Os valores entre os diferentes tipos de tratamento e controles foram significativos. Os dados representam a média ± dp (ANOVA seguida de teste de Tukey; p<0,05). A capacidade de indução da proliferação dos extratos da aroeira pode ter origem na presença de lectinas, já isoladas da Schinu. terebinthifolius por VIANA, em 2002. Em 1960, Peter Nowell na Universidade da Pensilvânia demonstrou que a lectina da Phaseolus vulgaris, conhecida como fitohemaglutinina (PHA) possuía a habilidade de estimular linfócitos. Posteriormente, outras lectinas tiveram esta propriedade confirmada. Da Phytolacca americana foi extraída a lectina comercializada sob o nome de pokeweed mitogen (PWM). Da Canavalia ensiformis foi isolada a concanavalina A (Con-A) que, ao contrário da fitohemaglutinina, pode ter sua atividade inibida por baixas concentrações de monossacarídeos, por exemplo, manose, sugerindo que a estimulação resultou da ligação da lectina a carboidratos 73 da superfície celular dos linfócitos (SHARON & LIS, 1987). A ligação de lectinas às células pode gerar diversas atividades biológicas, a exemplo de estimulação mitogênica de linfócitos T humanos (PAJIC et al., 2002), produção de óxido nítrico por macrófagos (ANDRADE et al., 1999), liberação de peróxido de hidrogênio por neutrófilos (TIMOSHENKO et al., 1995), aglutinação de eritrócitos (COELHO & SILVA, 2000), antiinflamatória (ASSREUY et al., 1999), antifúngica (FREIRE et al., 2002), hipotensiva (WANG et al., 1996) e antitumoral (ELSASSER–BEILE et al., 2001). A estimulação in vitro de linfócitos por mitógenos supostamente mimetiza a estimulação específica por antígenos. Con-A é mitogênica para linfócitos T humanos e murinos e o PWM estimula células T e B humanas (JANEWAY et al., 2004). Evidências indicam que a ligação das lectinas mitogênicas aos linfócitos T acontece através de dois efeitos diferentes e independentes. O primeiro é a indução da formação de receptores funcionais para interleucina-2; o segundo relaciona-se com a produção de fator de crescimento, que ativa a proliferação de células. Existem lectinas que podem ativar apenas a resposta inicial dos linfócitos, enquanto que as lectinas mitogênicas possuem a habilidade de induzir a produção e secreção de interleucina-2 (SHARON & LIS, 1987). BARBOSA et al. (2001), relataram que lectinas extraídas das leguminosas Canavalia brasiliensis, Dioclea violacea e Dioclea grandiflora apresentaram alta capacidade de estimular células T de linfonodos de camundongos BALB/c, estímulo maior que o mitógeno concanavalina A. Elas também induziram apoptose, inflamação e necrose venosa endotelial. Segundo BARRAL-NETTO et al. (1992), essas mesmas lectinas induziram proliferação e 74 produção de interferon-gama em cultura de células mononucleares de sangue periférico em seres humanos. Neste trabalho, a observação de que o pokeweed utilizado nos controles positivos não demonstrou atividade de proliferação celular coincide com os achados de GARFIN et al, (1978). Estes autores observaram que os mitógenos de linfócitos T fitohemaglutinina (PHA) e concanavalina-A (Con-A); de linfócitos B lipopolisacarídeos bacterianos (LPS) e o estimulador de ambos os linfócitos T e B, o pokeweed (PWM) não foram capazes de gerar ativação de células de camundongos C57B1 e BALB/c do grupo controle (não inoculados) nem nos esplenócitos de animais infectados com o agente da doença de scrapie (paraplexia enzoótica dos ovinos). Produtos naturais vêm sendo usados como agentes imunomoduladores permitindo que a função do sistema imune seja modificada por estimulação ou supressão. ZANDONAI et al., (2010) avaliaram extratos das plantas medicinais: Calophyllum brasiliense, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaeagnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis e Vernonia scorpioides sobre o desenvolvimento de esplenóctos de camundongos. Os extratos metanólicos das três primeiras plantas mostraram indução dose-dependente de proliferação celular. Em contraste, os extratos dos vegetais restantes revelaram percentual negativo de crescimento sugerindo inibição da proliferação das células murinas. 75 Foi produzido um gráfico para verificação da proliferação das células murinas após exposição de 24 e 72 horas aos extratos aquosos e metanólico da aroeira, que pode ser observado na figura 05. Figura 5: Curva de crescimento de esplenócitos de camundongos da linhagem isogênica BALB/c após 24 e 72 horas de exposição aos extratos aquoso e metanólico da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira). O controle positivo é representado por células expostas ao mitógeno pokeweed (PWM). O controle negativo contém as células sem nenhum tipo de tratamento. 76 A comparação do ciclo celular entre o experimento controle e as amostras tratadas com extrato aquoso da aroeira demonstra aumento das fases do ciclo, estando de acordo com os achados de proliferação e o teste do brometo de 3-(4,5dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazólio. Os valores podem ser avaliados nas tabelas 02 e 03, e nas figuras 06 e 07. Fases do ciclo celular 100 Extrato aquoso Concentração de fenóis totais em μg/dL 200 G0/G1 48,55% 59,32% 63,87% S 8,22% 5,17% 1,44% G2/M 33,11% 25,01% 26,83% Total 100% 100% 100% 500 Tabela 2: Estudo do ciclo celular de esplenócitos de camundongo, após exposição durante 24 horas ao extrato aquoso da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Fases do ciclo celular Experimento controle G0/G1 54,32% S 23,33% G2/M 22,35% Total 100% Tabela 3: Estudo do ciclo celular de esplenócitos de camundongo sem exposição aos extratos da S. terebinthifolius, (controle) e após 24 horas de cultivo. 77 Figura 6: Histograma do experimento controle contendo células de baço de camundongo CBA sem exposição aos extratos da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira) e após 24 horas de cultivo. Células contadas versus intensidade de fluorescência. Figura 7: Histograma de esplenócitos de camundongo, após exposição, durante 24 horas, à concentração de 500 μg/dL do extrato aquoso da S. terebinthifolius, Raddi (Aroeira). Células contadas versus intensidade de fluorescência. 78 A determinação da viabilidade, crescimento e ativação celular foi estudada pelo método do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazólio (MTT), composto de coloração amarela que, ao ser incubado em células viáveis, é convertido pelas enzimas dehidrogenases mitocondriais a um composto de cor violácea formado por cristais de formazan. A técnica é baseada na capacidade que as células metabolicamente ativas têm de reduzir sais de tetrazólio a derivados formazólicos de coloração púrpura, insolúveis em água. Para este processo ocorrer é necessária a participação de mitocôndrias funcionais e, portanto de células viáveis. É uma dosagem colorimétrica, cuja intensidade da coloração final é proporcional ao número de células viáveis (ISSA et al., 2004; FERRARI, 2008; PERES et al., 2008). Verificamos que a proliferação significativa observada pela contagem celular foi acompanhada de um bom desempenho pelo teste do MTT, com tratamento estatístico mostrando valores de p<0,05 altamente significativos entre o controle negativo em relação às células tratadas com aroeira, conforme a figura 08. 79 MTT 14 Crescimento em número de vezes comparado ao controle negativo 12 10 8 6 4 2 0cont − 24h 72h + A 100 A 200 A500 M200 M100 M500 Tratamento Figura 8: Ensaio do brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. A análise estatística da atividade da enzima lactato desidrogenase revela um valor significativo (p<0,05) entre os tratamentos, com 24 e 72 horas de exposição apenas com extrato metanólico na concentração de 500 μg/dL de fenóis totais em relação aos demais. Apesar desta observação em relação a amostra M 500, parece que o aumento da dosagem da atividade enzimática nesta amostra, aconteceu por instabilidades de membranas originárias, aparentemente, pelo excesso de células nestes poços (figura 09), gerando maior competição entre elas nas concentrações mais altas. Atividade da LDH (UI/L) 80 800 700 600 500 24h 400 72h 300 200 100 50 0 M 20 0 M 10 0 M 50 0 A 20 0 A 10 0 A os Co nt P Co nt N eg 0 Tratamento Figura 9: Dosagem da atividade da enzima lactato desidrogenase. Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. Este microambiente populoso gera entre outros fatores, diminuição da nutrição e consequentemente maior desgaste celular diminuindo as condições boas para o crescimento e sobrevivência dos esplenócitos cultivados. Segundo ISSA et al., (2004) a análise da enzima lactato desidrogenase (EC 1.1.1. 27) é utilizada para observação da integridade de membrana e viabilidade celular em resposta à exposição a compostos farmacêuticos, químicos e ambientais. A citotoxicidade é determinada pela avaliação dos danos à membrana. A quantidade de lactato desidrogenase (LHD) liberada das células danificadas para o sobrenadante de cultura celular é inversamente proporcional à viabilidade celular. 81 A avaliação do metabolismo lisossômico em resposta à exposição de compostos diversos pode ser medida pelos níveis de fosfatase ácida (EC 3.1.3.2) marcador funcional da atividade do compartimento lisossômico (DAVIES et al., 1974 ; RACHER et al., 1990 ; REZZANI et al., 2002; CAVIEDES-BUCHELI et al., 2006; JIN et al., 2007). Macrófagos peritoneais de camundongos expostos a polissacarídeos da parede celular de streptococcus (PPG) apresentaram modificações morfológicas e bioquímicas. As células aumentaram de tamanho além de elevar os níveis de proteínas. A exposição ao PPG por 24 horas não alterou significativamente os valores de LDH; com 72 h houve aumento significante. Ocorreu elevação dos níveis de hidrolases ácidas, incluindo as fosfatases lissosomais. Altas doses de PPG causaram aumento na liberação de hidrolases para o meio extracelular sem detecção de perda de viabilidade celular (DAVIES et al., 1974). Na determinação da atividade do compartimento lisossômico (figura 10), observamos valores estatisticamente significantes (p<0,05) nos tratamentos com 24 e 72 horas de exposição, principalmente entre os extratos metanólico e aquoso na concentração de 500 μg/dL de fenóis totais em relação aos demais, e principalmente aos controles. Apesar dos achados, em relação a amostra M 500, parece que o aumento da atividade enzimática aconteceu pela alta proliferação celular desencadeada pelos extratos da aroeira, de modo similar aos valores encontrados da atividade da LDH. Os componentes do compartimento lisossômico são lisossomos primários, vesículas auto e heterofágicas, lisossomos secundários (fagossomos) e corpúsculos residuais. Lisossomos são orgânulos multifuncionais responsáveis pela degradação de todos 82 os componentes celulares e macromoléculas que derivam do espaço extracelular via endocitose. São compostos por diversas enzimas hidrolíticas tais quais lípases, glicosidases, nucleases, proteases e fosfatases, sendo as fosfatases ácidas utilizadas como marcadores enzimáticos da atividade lisossomal. Desse modo, sua função primária está envolvida nos mecanismos de defesa da célula e também na proteção contra agentes tóxicos e infecções (CUERVO & DICE, 2000). Modificações físico-químicas que levam a perda da integridade de membranas dos diversos componentes do compartimento lisossômico são associadas com disfunção celular, doenças inflamatórias e degenerativas, além de apoptose e morte celular (VAN 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 24h 50 0 M 20 0 M M 10 0 00 A5 00 A2 00 A1 os Co nt P eg 72h Co nt N Atividade das fosfatases ácidas (UI/L) NIEROP et al., 2006). Tratamento Figura 10: Efeito das diferentes concentrações de plifenóis contidos nos extratos aquoso e metanólico da aroeira sobre a atividade lisossômica de esplenócitos murinos. Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. 83 Os valores em microgramas por mililitro de concentração protéica total das amostras podem ser visualizados na figura 11. Na análise estatística valores significantes com p<0,05 se revelaram principalmente com o uso do extrato metanólico na concentração de 500 μg/dL de fenóis totais em relação aos demais. Essa medida permitiu observar a proliferação celular baseada no aumento protéico 350 300 250 200 24h 150 72h 100 50 50 0 M 20 0 M M 10 0 00 A5 00 A2 00 A1 os Co nt P eg 0 Co nt N Concentração protéica (ug/mL) nas amostras. Tratamento Figura 11: Quantificação das proteínas totais. Cont Neg – controle negativo; Cont Pos – controle positivo; A 100, A 200, A 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato aquoso; M 100, M 200, M 500 – concentração de fenóis totais em μg/dL do extrato metanólico. 84 Os níveis de cinco citocinas com padrão de resposta Th-1 (IFN-gama, IL-2, IL12, IL-17 e TNF-alfa) e de três com modelo Th-2 (IL-6, IL-10, IL-13) foram medidos. Na análise estatística, não houve diferença significativa entre os tratamentos, tempo ou linhagem murina. Nas condições deste experimento, a ausência de significância pode ter ocorrido devido à grande variabilidade de respostas entre os grupos, gerando desvios padrões elevados. Citocinas e fatores de crescimento são reguladores importantes da resposta imune, reações inflamatórias, angiogênese, apoptose e proliferação celular. Interferon-gama (IFN-gama) é uma citocina que promove a modulação da resposta imune pelo controle da expressão das moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) classes I e II por diversos tipos de células, ativação e regulação da diferenciação de fagócitos induzindo a expressão de moléculas co-estimulatórias e a produção de produtos microbicidas como radicais de oxigênio e óxido nítrico, possuindo também a capacidade de regular a ativação e a diferenciação das células T CD4+, tornando esta citocina um componente chave no curso da resposta imune (MEYER et al., 2005). A molécula induz macrófagos a produzirem óxido nítrico devido à ação da enzima óxido nítrico sintetase, processo conhecido como via clássica de ativação (ABBAS et al., 2003; WYNN, 2004). A interleucina-10 (IL-10) foi originalmente descrita como uma citocina produzida por células Th2 e mediadora de efeitos anti-inflamatórios, atuando primariamente em células fagocíticas e em células apresentadoras de antígenos, inibindo a transcrição e a produção de citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF e IL-12, a expressão do MHC de classe II e de moléculas co-estimulatórias, bem como a produção de intermediários reativos de oxigênio e nitrogênio (MOORE et al., 2001). Esta citocina 85 previne apoptose mediada pelo TNF-alfa sobre macrófagos infectados por Mycobacterium tuberculosis, possibilitando, a manutenção da infecção crônica (ROJAS et al., 1999). Muitos estudos experimentais e clínicos têm demonstrado que a produção de IL-10 in vivo durante a infecção por patógenos intracelulares representa um mecanismo regulatório para prevenir respostas inflamatórias sistêmicas patogênicas. Estudos em diversos modelos murinos vêm demonstrando que a IL-10 além de regular a atividade das citocinas do perfil Th1 como IFN-gama, também regula a formação de fibrose (granuloma) mediada por citocinas do perfil Th2 como IL-4. Nessa regulação do granuloma a IL-10 interage com as citocinas do perfil Th1 como IFN-gama suprimindo a deposição de colágeno (WINN, 2004). 86 08. CONSIDERAÇÕES FINAIS ▪ A formação de halos de inibição do crescimento das cepas T01 e VD57 de Corynebacterium pseudotuberculosis evidencia efeito microbicida dos princípios ativos presentes no extrato metanólico da Schinus terebinthifolius, Raddi (Aroeira), nas concentrações de 2.000, 1.500, 1.000 e 500 μg/dL após 48 horas de exposição; ▪ Os extratos, aquoso e metanólico, obtidos de folhas da S. terebinthifolius possuem atividade estimulatória sobre a proliferação de esplenócitos de camundongos (Mus musculus) das linhagens isogênicas CBA e BALB/c, nas concentrações de 100, 200 e 500 μg/dL de fenóis totais e após 24 e 72 horas de exposição; ▪ Os extratos de aroeira não interferem na estabilidade e viabilidade celular; ▪ A dosagem das atividades enzimáticas da LDH e fosfatases ácidas não sustenta a idéia vigente, na maioria dos trabalhos científicos, de que a elevação destas é sinal de degradação celular; ▪ Os extratos revelam aumento da fase do ciclo celular preparatória para a mitose, de modo dose-dependente; fato este que pode explicar sua capacidade proliferativa; ▪ A dosagem de citocinas não foi capaz de permitir análise satisfatória do perfil da resposta imune de esplenócitos murinos submetidos à presença de extratos de aroeira. ▪ A autofluorescência dos polifenóis é um fenômeno restritivo para avaliações diversas por técnicas que necessitem do uso de fluorocromos, a exemplo da citometria de fluxo. 87 09. REFERÊNCIAS ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J.S. Imunologia Celular e Molecular. 4ed., Rio de Janeiro: Revinter, 2003. 544p. ABREU, S.R.O.; MOTA, R.A.; PINHEIRO JÚNIOR, J.W.; ROSINHA, G.M.S.; CASTRO, R.S. Perfil de sensibilidade antimicrobiana in vitro de isolados de . Corynebacterium pseudotuberculosis de caprinos e ovinos com linfadenite caseosa no sertão de Pernambuco, Brasil. Vet. & Zoot., v.15, n.03, p.502-509, 2008. AGRA, M.F.; FREITAS, P.F.; BARBOSA-FILHO, J.M. Synopsis of the plants known as medicinal and poisonous in Northeast of Brazil. Braz. J. Pharmacog., v.17, n.1, p.114-140, 2007. AHERNE, S.A. & O’BRIEN, N.M. The flavonoids, myricetin, quercetin and rutin, protect against cholestan-3β,5α,6β-triol – induced toxicity in chinese hamster ovary cells in vitro. Nutr. Res., v.19, n.5, p.749-760, 1999. AL-MAMARY, M; AL-MEERI, A.; AL-HABORI, M. Antioxidant activities and total phenolics of different types of honey. Nutr. Res., v.22, p.1041-1047, 2002. ALMEIDA, E.R. Plantas Medicinais Brasileiras – conhecimentos populares e científicos. Ed. Hemus, São Paulo, SP, 1993. 342p. AMORIM, M.M.R.; SANTOS, L.C. Tratamento da vaginose bacteriana com gel vaginal de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi): ensaio clínico randomizado. Rev. Bras. Ginecol. Obstet.,v.25, n.2, 2003. 88 ANDRADE, J. L.; ARRUDA, S.; BARBOSA, T.; PAIM, L.; RAMOS, M. V.;BARRALNETO, M. Lectin-induced nitric oxide production. Cell Imunol., v.194, n. 1, p. 98-102, 1999. ARAÚJO, PWB; QUINTANS JUNIOR, JL; VASCONCELOS HD; ALMEIDA JGS. Flavonóides e Hipertensão. Rev. Bras. Hipert., v.12, n.3, p.188-189, 2005. AYERS, J.L. Caseous lymphadenitis in goat and sheep: review of diagnosis, pathogenesis and immunity. JAVMA, n.171, p. 1251-1254, 1977. BAGGIO, A.J. Aroeira como potencial para usos múltiplos na propriedade rural. Bol. Pesq. Florest., n.17, p.25-32, 1988. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A. A cultura da aroeira em São Mateus e arredores: um pioneirismo que o BANDES deve apoiar. BANDES, Vitória-Espírito Santo, 2008. 39 p. (Estudos BANDES). Disponível em: http://www.bandes.com.br/menuazul/estudos/documentos/Nota_Tecnica_Aroeira_Fin al_06.06.2008.pdf. Página visitada em outubro de 2010. BARKDALE, L., LINDER, R., SULEA, I.T., POLLICE, M. Phospholipase D activity of Corynebacterium pseudotuberculosis (Corynebacterium ovis) and Corynebacterium ulcerans, a distinctive marker within the Genus Corynebacterium. J. Clin. Microbiol., v.13,n.2,p.335-343, 1981. BATTEY, R.G. Factors affecting the yeld of viable cells of Corynebacterium pseudotuberculosis in a liquid medium.Vet. Microbiol., v.11,n.63,p.269-272,1986. BRAGA, F.G.; BOUZADA, M.L.M.; FABRI, R.L.; MATOS, M.O.; MOREIRA, F.O.; SCIO, E.; COIMBRA, E.S. Antileishmanial and antifungal activity of plants used in traditional medicine in Brazil. J. Ethnopharmacol., v.111, p.396–402, 2007. 89 BRASIL. 1998. Primeiro relatório nacional para a conservação sobre diversidade biológica: Brasil. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Brasília. CARLO, G., MASCOLO, N., IZZO, A.A., CAPASSO, F. Flavonoids old and new aspects of a class of natural therapeutics drugs. Life Sci., v.65,n.4,p.337-353, 1999. CARMINATI, R.; BAHIA, R.; MOURA-COSTA, L.F.; PAULE, B.J.A.; VALE, V.L.V.; REGIS, L.; FREIRE, S.M.; NASCIMENTO, I.; SCHAER, R.; MEYER, R. Determinação da sensibilidade e da especificidade de um teste de ELISA indireto para o diagnóstico de linfadenite caseosa em caprinos. Rev. Ci. Med. Biol. , v.2, n.1, p. 88-93, 2003. CARNE, H.R. ONON, E.O. Action of Corynebacterium ovis exotoxin on endothelial cells of blood vessels. Nature, v. 271, p. 246-248, 1978. CARVALHO, M.C.R.D.; BARCA, F.N.T.V.; AGNEZ-LIMA, L.F.; MEDEIROS, S.R.B. Evaluation of Mutagenic Activity in an Extract of Pepper Tree Stem Bark (Schinus terebinthifolius Raddi). Environm. Molec. Mutag., v. 42, p.185–191, 2003. CAVALHER-MACHADO, S.C.; ROSAS, E.C.; BRITO, F.A.; HERINGE, A.P.; OLIVEIRA, R.R.; COELHO KAPLAN, M.A.C.; FIGUEIREDO, M.R.; HENRIQUES, M.G.M.O. The anti-allergic activity of the acetate fraction of Schinus terebinthifolius leaves in IgE induced mice paw edema and pleurisy. Int. Immunopharmacol., v.8, n.11, p.1552-1560, 2008. 90 CERQUEIRA-LIMA, A.T.; ALCÂNTARA-NEVES, N.M.; PONTES- DE-CARVALHO, L.C.; COSTA, R.S.; BARBOSA-FILHO, J.M.; PIUVEZAM, M.; RUSSO, M.; BARBOZA, R.; OLIVEIRA, E.J.; MARINHO, A.; FIGUEIREDO, C.A. Effects of Cissampelos sympodialis Eichl. and its alkaloid, warifteine, in an experimental model of respiratory allergy to Blomia tropicalis. Curr. Drug Targ., v.11, n. 9, p.1-10, 2010. CERUKS, M.; ROMOFF, P.; FAVERO, O.A.; LAGO, J.H.G. Constituíntes fenólicos polares de Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae). Quím. Nova , v.30, n.3, p.597-599, 2007. CHANWITHEESUK A; TEERAWUTGULRAG A; RAKARIYATHAM N. Screening of antioxidant activity and antioxidant compounds of some edible plants of Thailand. Food Chem., v.92, p.491-497, 2005. CIAGRI - Banco de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Universidade do Estado de São Paulo (USP), 2007. Disponível em http://ci- 67.ciagri.usp.br/pm/ver_1pl.asp?f_cod=13 Visitada em janeiro de 2010. COELHO, L.C.B.B; DA SILVA, M.B.R. Simple method to purity milligram quantities of the galactose-specific lectin from the leaves of Bauhinia monandra. Phytochem. Anal., v.11, p.1-6, 2000. CORRÊA, A.D.; BATISTA, R.S.; QUINTAS, L.E. Plantas Medicinais: do cultivo a terapêutica. 7ª ed.. Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 2008. 248p. CORREIA, S.J.; DAVID, J.P.; DAVID, J.M. Metabólitos secundários de espécies de Anacardiaceae. Quim. Nova, v.29, n.6, p.1287-1300, 2006. 91 COSTA M.P.; MAGALHÃES, N.S.S.; GOMES, F.E.S.; MACIEL, M.A.M. Uma revisão das atividades biológicas da trans-desidrocrotonina, um produto natural obtido de Croton cajucara. Rev. Bras. Farmacogn. v.17, n.2, p.275-286, 2007. COSTA, E.M.M.B.; BARBOSA, A.S.B.; ARRUDA, T.A.; OLIVEIRA, P.T.; DAMETTO, F.R.; CARVALHO, R.A.; MELO, M.D. Estudo in vitro da ação antimicrobiana de extratos de plantas contra Enterococcus faecalis. J. Bras. Patol. Med. Laborat., v.46, n.03, p.175-180, 2010. COUTINHO, IHILS; TORRES, OJM; MATIAS, JEF; COELHO, JCU; SAHLKE Jr, HJ; AGULHAM, MA; BACHLE, Ê; CAMARGO, PAM; PIMENTEL, SK; FREITAS, ACT. Efeito do extrato hidroalcoólico de aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) na cicatrização de anastomoses colônicas. Estudo experimental em ratos. Acta Cir. Bras., v.21, sup.3, p. 49-54, 2006. CRAGG, G.M.; NEWMAN, D.J.; SNADER, K.M. . Natural products in drug discovery and development, J. Nat. Prod., v.69, n.1, p.52-60, 1997. D´AFONSECA, V.; MORAIS, P. M.; DORELLA, F. A.; PACHECO, L.G.; MEYER R.; PORTELA, R. W. D.; MIYOSHI, A.; AZEVEDO, V. A. Description of genes Corynebacterium pseudotuberculosis useful in diagnostics and vaccine applications. Genet. and Mol. Res., v. 07, p.252, 2008. DEGÁSPARI, C.H.; WASZCZYNSKYJ, N.; PRADO, M.R.M. Antimicrobial activity of Schinus terebenthifolius Raddi. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.29, n.3, p.617-622, 2005. DIXON, RA. Natural products and plant disease resistance. Nature, v.411, p.843– 847, 2001. 92 DORELLA, A.F., PACHECO, L.G.C. OLIVEIRA, S.C., MIYOSHI, A., AZEVEDO. V. Corynebacterium pseudotuberculosis: microbiology, biochemical properties, pathogenesis and molecular studies of virulence. Vet. Res., 37, p. 201-218, 2006. DJURIC. Z., CHEN, G., DOERGE, D.R., HEILBRUN, L.K., KUCUK, O. Effect of soy isoflavone supplementation on markers of oxidative stress in men and women. Canc. Letters, v.172, p.1-6, 2001. DUARTE, D.F. Opium and opioids: A brief History; Rev. Brás. Anest., v.55, n.1, p.135-146, 2005. EL-MASSRY, K.F.; EL-GHORAB, A.H.; SHAABAN, H.A.; TAKAYUKI SHIBAMOTO, T.Y. Chemical compositions and antioxidant / antimicrobial activities of various samples prepared from Schinus terebinthifolius leaves cultivated in Egypt. J. Agric. Food Chem., v. 57, n.12, p. 5265–5270, 2009. EWE, S. Ecophysiology of Schinus terebinthifolius contrasted with native species in two South Florida ecosystems. 2001, SERC Dissertations & Theses (Working copies). Paper 1. http://digitalcommons.fiu.edu/sercdt/1. FRANÇA, I.S.X.; SOUZA, J.A.; BAPTISTA, R.S.; BRITTO, V.R.S. Medicina popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Rev. Bras. Enferm., v.61, n.2, p.201208, 2008. FUKUMASU, H.; LATORRE, A.O.; BRACCI, N.; GÓRNIAK, S.L.; DAGLI, M.L.Z. Fitoterápicos e potenciais interações medicamentosas na terapia do câncer. Rev. Bras. de Toxicol., v.21, n.2, p.49-59, 2008. FUNARI, C.S.; FERRO, O.V. Análise de Própolis. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.26, n.1, p.171-178, 2006. 93 GORELIK, S.; LIGUMSKY, M.; RON KOHEN, R.; KANNER, J. A novel function of red wine polyphenols in humans: prevention of absorption of cytotoxic lipid peroxidation products. Fed. Am. Soc. Exp. Biol. J., v.22, p.41-46, 2008. GU, Y.; ZELENIUCH-JACQUOTTE, A.; LINKOV, F. ; KOENIG, K.L. ; MENGLING, L. ; VELIKOKHATNAYA, L.; SHORE, R.E.; MARRANGONI, A.; TONIOLO, P.; LOKSHIN,A.; ARSLAN, A.A. Reproducibility of serum cytocines and growth factors. Cytocine, v.45, p.44-49, 2009. GUARIM-NETO, G.; MORAIS RG. Recursos medicinais de espécies do Cerrado de Mato Grosso: um estudo bibliográfico. Acta Bot. Bras., v.17, n. 4, p.561-584, 2003. GUERRA, M.J.M.; BARREIRO, M.L.; RODRIGUEZ, Z.; RUBALCABA, Y. Actividad antimicrobiana de un extracto fluido al 80% de Schinus terebinthifolius, Raddi (copal). Rev. Cub. Plant. Med., v.5, n.1, p.23-25, 2000. GUERRA, M.P; NODARI R.O.; REIS, M.S.; ORTH, A.I. A diversidade dos recursos genéticos vegetais e a nova pesquisa agrícola. Cienc. Rural, v.28, n.3, p.521-528, 1998. GUNDIDZA, M.; GWERU, N.; MAGWA, M.L.; MMBENGWA, V.; SAMIE, A. The chemical composition and biological activities of essential oil from the fresh leaves of Schinus terebinthifolius from Zimbabwe. African J. Biotechnol., vol.8, n.24, p.71647169, 2009. HARD, G.C. Comparative toxic effect of the surface lipid of Corynebacterium ovis on peritoneal macrophages. Infec. Immun., v. 12, p. 1439-1449, 1975. 94 HAVSTEEN, B.H. The biochemistry and medical significance of the flavonoids. Pharmacol. Ther., v.96, n.2, p.67-202, 2002. HOSTETTMANN,K.; QUEIROZ, E.F.; VIEIRA, P.C.; Princípios ativos de plantas superiores, EdUFSCar: São Carlos, 2003, 152p. http://www.aguarabelo.com.br/produtos. Visitada em novembro de 2009. http://www.plantasquecuram.com.br. Visitada em janeiro de 2010. JACK, D. B.A hundred years of aspirin, The Lancet, v.350, p.437-439, 1997. JAKI, B.U.; FRANZBLAU, S.G.; CHADWICK, L.R.; LANKIN, D.C.; ZHANG, F.; WANG, Y.; PAULI, G.F. Purity-activity relationships of natural products: the case of anti-TB active ursolic acid. J. Nat. Prod., v.71, p.1742-1748, 2008. JAIN, MK; YU B; ROGERS, JM; SMITH, AE; BOGER, ETA; OSTRANDER, RL; RHEINGOLD, AL. Specific comtpetitive inhibitor of secretes phospjolipase A2 from berries of Shinus terebinthifolius. Phytochemistry. V.39, p.537-547, 1995 JOHANN, S.; PIZZOLATTI, M.G.; DONNICI, C.; RESENDE, M.A. Antifungal properties of plants used in Brazilian traditional medicine against clinically relevant fungal pathogens. Braz. J. Microbiol. v.38, n.4, p.01-06, p.632-637, 2007. JOHANN, S.; SÁ, N.P.; LIMA, L. A.; CISALPINO, P.; COTA, B.B.; ALVES, T.M.A.; SIQUEIRA, E.P.; ZANI, C.L. Antifungal activity of schinol and a new biphenyl compound isolated from Schinus terebinthifolius against the pathogenic fungus Paracoccidioides brasiliensis. Annals of Clin. Microbiol. Antimicrob., v.9, n.30, p.01-06, 2010. 95 KARABALIEV, M.; KOCHEV, V. Interaction of solid supported thin lipid films with saponin. Sens. Actuat. B: Chemical, v.88, p.101-105, 2003. KLOCKGETHER-RADKE, A.P. Sertürner and the discovery of morphine. 200 years of pain therapy with opioids. Anesth. Intensiv. Notfallmed. Schm., v.37, n.5, p.244249, 2002. KOMSA-PENKOVA, R.; SPIROVA, R.; BECHEV, B.Modifications of Lowry’s method for collagen concentration measurement. J. Biochem. Bioph. Meth., v. 32, p. 33-43, 1996. KONAR, L.; SHELDON, T.; GARVIS, S.; DONNELLY, M. Allelopathy of invasive brazilian pepper (Schinus terebinthifolius) on mobile invertebrates from the Indian river lagoon. Undergrad. Res. J., vol.3, p. 22-29, 2009. LANZONNI, T.A. “Efeito dos extratos de folhas de Schinus terebinthifolius, Raddi (Aroeira) sobre lesões transfixantes induzidas na língua de ratos”. Curitiba, 2007. 68p. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. LEHMANN, F.A.; BOLÍVAR, A.; QUINTERO, R. Russel E. Marker: Pioneer of the Mexican steroids industry. J.Chem. Educ., v. 50, n.3, p.195-199, 1973. LENZI,M.; ORTH, A.F. Fenologia reprodutiva, morfologia e biologia floral de Schinus terebinthifolius, Raddi (Anacardiaceae) em restinga da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Biotemas, v.17, n.2, p.67-89, 2004. LIMA, M.R.F.; LUNA, J.S; SANTOS, A.F.; ANDRADE, M.C.C.; SANT’ANA, A.E.G.; GENET, J.P.; MARQUEZ, B. ; NEUVILLE, L.; MOREAU, N. Anti-bacterial activity of some Brazilian medicinal plants. J. Ethnopharmacol., v.105, p.137-147, 2006a. 96 LIMA, C.R.; COSTA-SILVA, J.H.; LYRA, M.M.A.; ARAÚJO, A.V.; ARRUDA, V.M.; DIMECH, G.S.; EVÊNCIO, L.B.; FRAGA, M.C.C.A.; LAFAYETTE, S.S.L.; WANDERLEY, A.G. Atividade cicatrizante e estudo toxicológico pré-clínico do fitoterápico sanativo. Acta Farm. Bonaerense, v.25, n.4, p.544-549, 2006b. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo. 4ª ed., Ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1998. 202p. LORENZI, H. & F.J. ABREU MATOS. Plantas Medicinais no Brasil. 2ª ed., Ed. Instituto Plantarum, 2008. 576p. LUCENA, P.L.H.; RIBAS-FILHO, J.M.; MAZZA, M.; CZECZKO, N.G.; DIETZ, U.A.; CORREA-NETO, M.A.; HENRIQUES, G.S.; SANTOS, .J.; CESCHIN, L.P.; THIELE, E.S. Avaliação da ação da Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) na cicatrização de feridas cirúrgicas em bexiga de ratos. Acta Cir. Bras., v.21, supl.2, p.46-51, 2006. MAIOLI-AZEVEDO, V.; FONSECA-KRUEL, V.S. Plantas medicinais e ritualísticas vendidas em feiras livres no Município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil: estudo de caso nas zonas Norte e Sul. Acta Bot. Bras., v.21, n.2, p.263-275, 2007. MAKARE, N.; BODHANKAR, S.; RANGARI, V. Immunomodulatory activity of alcoholic extract of Mangiferaindica L. in mice. J. Ethnopharmacol., v.78, p.133137, 2001. MANSFIELD, J.R.; GOSSAGE, K.W.; HOYT, C. C.; LEVENSON, R.M. Autofluorescence removal, multiplexing, and automated analysis methods for in-vivo fluorescence imaging. J. Biomed. Opt., v.10, 2005. 97 MASQUELIER, J. The bactericidal action of certain phenolics of grapes and wine. In: FAIRBAIRN, J.W. The Pharmacology of Plants Phenolics. Academic Press: London, 1959. 151p. MEDEIROS, K.C.P.; MONTEIRO, J.C.; DINIZ, M.F.F.M.; MEDEIROS, I.A.; SILVA, B.A.; PIUVEZAM, M.R. Effect of the activity of the Brazilian polyherbal formulation: Eucalyptus globulus Labill, Peltodon radicans Pohl and Schinus terebinthifolius, Raddi in inflammatory models. Rev. Bras. Farmacogn., v.17, n.1, p.23-28, 2007. MEYER, R., REGIS, L.F., VALE, V., PAULE, B., CARMINATI, R., BAHIA, R., MOURA–COSTA, L., SCHAER, R., NASCIMENTO, l., FREIRE, S. In vitro IFNgamma production by goat blood cells, after stimulation with somatic and secreted Corynebacterium pseudotuberculosis antigens. Vet. Immunol. Immunopathol., v.107,n.3/4,p.249-254, 2005. MIGUEL, M.D.; MIGUEL, O.G.; Desenvolvimento de fitoterápicos. São Paulo: Ed. Robe, 2000. 115p. MILLS, A. E.; MITCHELL, R. D.; LIM E. K. Corynebacterium pseudotuberculosis is a cause of human necrotizing granulomatous lymphadenitis. Pathology. v. 29, p. 231233, 1997. MONICI, M. Cell and tissue autofluorescence research and diagnostic applications. Biotechnol. Ann. Rev., v.11, p.227-256, 2005. MOREIRA, R.R.D.; CARLOS, I.Z.; VILEGAS, W. Release of intermediate reactive hydrogen peroxide by macrophage cells activated by natural products. Biolog. & Pharmaceut. Bullet., v.24, p.201-204, 2001. 98 MOSIMAN, V.L.; PATTERSON, B. K.; CANTERERO, L.; GOOLSBY, C. L. Reducing cellular autofluorescence in flow cytometry: an in situ method. Cytometry, v.30, p.151–156, 1997. MOURA–COSTA, M.D.; CÂMARA, J.Q.; da ROCHA, J.V.N.; MARTINEZ, T.C.N. Linfadenite caseosa dos caprinos no Estado da Bahia. Distribuição geográfica da doença. Bol. Inst. Bio. Bahia, v.12, n.1, p.1-7, 1973. MOURA–COSTA, L.F. Corynebacterium pseudotuberculosis, o agente etiológico da linfadenite caseosa em caprinos. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v.01, n.01, p.105-115, 2002a. MOURA–COSTA, L.F., PAULE, B.J.A., AZEVEDO, V., FREIRE, S.M., NASCIMENTO, l., SCHAER, R., REGIS, L.F., VALE, V.L.C., MATOS, D.P., BAHIA, R.C., CARMINATI, R., MEYER, R. Meio sintético quimicamente definido para o cultivo de Corynebacterium pseudotuberculosis. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.3,n.1,p.1-9, 2002b. MOURA-COSTA, L.; BAHIA, R.; CARMINATI, R.; VALE, V.; PAULE, B.; PORTELA, R.; FREIRE, S.; NASCIMENTO, I.; SCHAER, R ; BARRETO, L.; MEYER, R. Evaluation of the humoral and cellular immune response to different antigens of Corynebacterium pseudotuberculosis in canindé goats and their potential protection against caseous lymphadenitis. Vet. Immunol. Immunopathol., v.126, n.3, p. 41315, 2008. NANIAN, M.M.; FELICIANO-SILVA, A.E.D.; PANT, K.P. Abscesses and caseous lymphadenitis in goats in tropical semi-arid north-east Brazil. Trop. Anim. Health. Prod., v. 17, p. 57-62, 1985. 99 NEWMAN, D.J.; CRAGG, G.M.; SNADER, K.M. The influence of natural products upon drug discovery, Nat .Prod. Rep.., v.17, n.3, p.215-234, 2000. NEWMAN, D.J.; CRAGG, G.M.; SNADER, K.M. Natural products as sources of new drugs over the period 1981-2002. J. Nat. Prod. v.66, n.7, p.1022-1037, 2003. NORN, S; KRUSE, P.R.; KRUSE, E. History of opium poppy and morphine. Dan Med. Arbog, v. 33, p. 171-184, 2005. NUNES Jr., J.A.T.; RIBAS-FILHO, J.M.; MALAFAIA, O.; CZECZKO, N.G.; INÁCIO, C.M.; NEGRÃO, A.W.; LECUNA, P.L.H.; MOREIRA, H.; WAGENFUHR Jr., J.; CRUZ, J.J. Avaliação do efeito do extrato hidroalcoólico de Schinus terebinthifolius Raddi (Aroeira) no processo de cicatrização da linea alba de ratos. Acta Cir. Bras., v. 21, sup.3, p.8-15, 2006. OLIVEIRA, S. & SÁ, M. Globo Repórter destaca fitoterápicos do Ceará. Reportagem realizada em outubro de 2009. Disponível em http://www.saude.ce.gov.br/index.php/noticias/44039-globo-reporter-destacafitoterapicos-do-ceara Visitada em 30/11/2009. PAJIC, I.; KLJAJIC, Z.; DOGOVIC, N.; SLADIC, D.; JURANIC, Z.; GASIC, MJ. A novel lectin from sponge Haliclona cratera: isolation, characterization and biological activity. Comp. Biochem. Phys. Part C, v. 132, p.213-221, 2002. PAULE, B.J.A.; MEYER, R.; MOURA-COSTA, L.; BAHIA, R.C.; CARMINATI, R.; REGIS, L.F.; VALE, V.L.C.; FREIRE, S.M.; NASCIMENTO, I.; SCHAER, R.; AZEVEDO, V. Three extraction/concentration phase of partitioning immunoreactive as an efficient method for excreted-secreted proteins of Corynebacterium pseudotuberculosis. Prot. Express. Purif., v. 34, p.311-316, 2004. 100 PEEL, M.M.,PALMER, G.G.; STACPOOLE, A.M.; KERR, T.G. Human lymphadenitis due to Corynebacterium pseudotuberculosis: report of ten cases from Australia and review. Clin. Infect. Dis., n. 24 v. 2, p. 185-191, 1997. PESSOA, W.S. “Avaliação do elixir sanativo® sobre o processo de alveolite dental induzida em ratos (Rattus norvegicus albinus).” Recife, 2008. 68f. Dissertação (Mestrado em Patologia) – Universidade Federal de Pernambuco. PEUMANS, W.J.; VAN DAMME, E.J.M. Plant lectins: versatile proteins with important perspectives in bitechnology. Biotech. Gen. Eng. Rev., v. 15, p. 199-228, 1998. PHILLIPSON, J.D. Phytochemistry and medicinal plants. Phytochemistry, v.56, p.237-243, 2001. PINTO,A.C.; SILVA, D.H.S.; BOLZANI, N.P.; EPIFÂNIO, R.A. Produtos naturais: atualidade, desafios e perspectivas no Brasil. Quím. Nova, v.25, n.1, p.45-61, 2002. PIO-CORRÊA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Ed. Ministério da Agricultura – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1984, seis volumes, 4.330p. PIRES, M.V.; ABREU, P.P.; SOARES, C.S.; SOUZA, B.; MARIANO,D.; SILVA, D.C.; ROCHA, E.A. Etnobotânica de terreiros de candomblé nos municípios de Ilhéus e Itabuna, Bahia, Brasil. Rev. Bras. Bioci., v.7, n.1, p.3-8, 2009. PUUPPONEN-PIMIÄ, R; NOHYNEK, L; MEIER, C; KÄHKÖNEN, M; HEINONEN, M.; HOPIA, A; OKSMAN-CALDENTEY, M.K. Antimicrobial properties of phenolic compounds from berries, J. App. Microb., v.90, p.494-507, 2001. 101 QUEIRES, L.C.S. & RODRIGUES, L.E.A. Quantificação das substâncias fenólicas totais em órgãos da aroeira Schinus terebenthifolius (Raddi). Braz. Arch. Biol. Technol., v.41,n.2, p.247-253,1998. QUEIRES, L.C.S. “Effet antiprolifératif de l’Aroeira (Schinus terebinthifolius, Raddi) sur lês cellules de cancer de la prostate hormonorésistante et fonctions de la Protocadhérine-PC, un nouveau marqueur potentiel dês pathologies prostatiques.“ Paris, 2004. 194f. Tese (Docteur en Genie Biologique et Medical) – Université Paris XIII, France. QUEIRES, L.C. ; FAUVEL-LAFÈTVE, F.; TERRY, S. ; TAILLE, A.; CHOPIN, D.K.; VACHEROT, F. ; KOUYOUMDJIAN, J.C. ; RODRIGUES, L.E.A.; CRÉPIN, M. Polyphenols purified from Brazilian aroeira plant (Schinus terebinthifolius, Raddi) induce apoptotic and autophagic cells death of DU145 cells. Anticancer Research, v. 26, p.379-388, 2006. RATANAPO, S.; NGAMJUNYAPORN, W.; CHULAVATNATOL, M. Interaction of a mulberry leaf lectin with a phytopathogenic bacterium, P. Syringae pv mori. Plant Sci., v.160, p.739-744, 2001. REZZANI R, ANGOSCINI P, BORSANI E, RODELLA L, BIANCHI R. Cyclosporine Ainduced toxicity in two renal cell culture models (LLC-PK1 and MDCK). Histochem J. v.34, p.27-33, 2002. RIDDLE, J.M. Dioscorides on Pharmacy and Medicine. Austin: University of Texas Press, 1985. 298p. RODRIGUES, L.E.A.; PAES B.I.; JACOBINA, H. Role of lysosomes on human ulcerogenic gastropathies. Effect of zinc ion on the lysosomal stability. Arch. Gastroent., v.35, p.247-251, 1998. 102 RODRIGUES, L.E.A. Vitaminas-Verdades & Mitos, Ed. O Lutador, Belo Horizonte, MG, 2004. 252p. SANTOS, O.J.; RIBAS FILHO, J.M.; CZECZKO, N.G.; CASTELO BRANCO NETO, M,L.; NAUFEL Jr, C.; FERREIRA, L.M.; CAMPOS, R.P.; MOREIRA, H.; PORCIDES, R.D.; DOBROWOLSKI, S. Avaliação do extrato de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) no processo de cicatrização de gastrorrafias em ratos. Acta Cir. Bras., v.21, supl.2, p.39-45, 2006. SANTOS, M.R.A.; LIMA,R.A.; SILVA, A.G.; FERNANDES, C.F; LIMA, D.K.S.; SALLET, L.A.P.; TEIXEIRA, C.A.D.; FACUNDO, V.A. Atividade inseticida do óleo essencial de Schinus terebinthifolius, Raddi sobre Acanthoscelides obtectus, Say e Zabrotes subfasciatus, Boheman. Bol. Pesq. Desenv., Porto Velho, EMBRAPA Rondônia, 2007, 13p. SAWAYA, A.C.H.F. “Análise da composição química de própolis brasileira por espectrofotometria de massas”. Campinas, SP, 2006. 87f. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas. SCHMOURLO, G.; MENDONÇA-FILHO, R. R.; ALVIANO, C. S.; COSTA, S. S. Screening of antifungal agents using ethanol precipitation and bioautography of medicinal and food plants. J. Ethnopharmacol., v. 96, p.563-568, 2005. SEYFFERT, N. ; GUIMARÃES, A.S. ; PACHECO, L.G.C. ; PORTELA, R.W. ; BASTOS, B.L. ; DORELLA, F.A. ; HEINEMANN, M.B. ; LAGE, A.P. ; GOUVEIA, A.M.G. ; MEYER, R. . High seroprevalence of caseous lymphadenitis in Brazilian goat herds revealed by Corynebacterium pseudotuberculosis secreted proteins-based ELISA. Res. Vet. Sci., v.88, n.1, p.50-55, 2009. 103 SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P. A pesquisa e a produção brasileira de medicamentos a partir de plantas medicinais: a necessária interação da indústria com a academia. Rev. Bras. Farmacog., v.12, n.1, p.35-40, 2002. SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMAN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A. PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5.ed. Porto Alegre: Editora da UFRG; Florianópolis:Editora da UFSC, 2003. 833p. SOARES, D.G.S.; OLIVEIRA, C.B.; LEAL, C.; DRUMOND, M.R.S.; PADILHA, W.W.N. Susceptibilidade in vitro de bactérias bucais à tinturas fitoterápicas. Rev. Odont. Ciên., v.21, n.53, p.232-237, 2006. STEVENS, J.T.; BECKAGE, B. Fire feedbacks facilitate invasion of pine savannas by Brazilian pepper (Schinus terebinthifolius). New Phytologist., v.184,p.365-375, 2009. STING, R., STENG, G., SPENGLER, D. Serological studies on Corynebacterium pseudotuberculosis infection in goats using enzyme-linked immunosorbent assay. J. V.Med., n.45, p.1-9, 1998. TOMAZZONI, M.I.; NEGRELLE, R.R..; CENTA, M.L. Fitoterapia popular: a busca instrumental enquanto prática terapêutica. Texto & Contexto Enferm., v.15, n.1, p.115-121, 2006. TUNG, Y.T.; WU, J.H.; KUO, Y.H.; CHANG, S. T. Antioxidant activities of natural phenolic compounds from Acacia confusa bark. Biores. Technol., v.98, n.5, p.11201123, 2007. UCKO, D.A. Química para as Ciências da Saúde: uma Introdução à Química Geral, Orgânica e Biológica. 1ª ed., São Paulo, SP, Ed. Manole, 1992. 659p. 104 VALE, N.B. A farmacobotânica ainda tem lugar na moderna anestesiologia? Rev. Bras. Anestesiol., v.53, n.3, p.368-380, 2002. VALE, V. “Avaliação de aspectos da resposta imune de camundongos balb/c contra a linhagem T1 de Corynebacterium pseudotuberculosis”. Salvador, 2005. 109f. Tese (Doutorado em Imunologia) – Programa de Pós-Graduação, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia. VALLET J; ROUANET JM ; BESANCON P . Dietary grape seed tannins: effects of nutritional balance and on some enzymic activities along the crypt-villus axis of rat small intestine. Ann. Nut. Metab., v.38, p.75-84, 1994. VAQUERO, M.J.R.; ALBERTO, M.R.; M.C. MANCA DE NADRA, M.C. Antibacterial effect of phenolic compounds from different wines. Food Control, v. 18, p.93-101, 2007. VELÁSQUEZ, E.; TOURNIER, H. A.; BUSCHIAZZO, P. M.; SAAVEDRA, G.; SCHINELLA, G. R. Antioxidant activity of Paraguayan plant extracts. Fitoterapia, v. 74, p. 91-97, 2003. VERGER, P.F. Ewé: o uso de plantas na sociedade Ioruba. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 768p. VERPOORTE, R. Molecular cloning and analysis of stritosidine β-D.Glucosidase, an enzyme in terpenoid indole alkaloid biosynthesis in Catharantus roseus. J. Biol. Chem., v. 275, p.3051-3056, 2000. VIANA, A.M.A. “Isolamento, caracterização parcial e atividades biológicas da entrecasca da aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi)”. Recife, 2002. 45p. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) – Universidade Federal de Pernambuco. 105 VIEGAS Jr, C.; BOLZANI, V. S.; BARREIRO, E. J. Os produtos naturais e a química medicinal moderna. Quím. Nova, v.29, n.2, p.326-337, 2006. YERUHAM, I., FRIEDMAN, S., PERL, S., ELAD, D., BERKOVICH, Y., KALGARD, Y. A herd level analysis of a Corynebacterium pseudotuberculosis outbreak in a dairy cattle herd. Vet. Dermatol., v.15, n.5, p.315-320, 2004. YUNES, R. A.; CALIXTO, J.B. Plantas medicinais sob a óptica da química medicinal moderna. Chapecó, Ed. Argos, 2001, 523p. YUNES, R.A.; PEDROSA, R.C.; CECHINEL FILHO, V. Fármacos e fitoterápicos: a necessidade do desenvolvimento da indústria de fitoterápicos e fitofármacos no Brasil. Quím. Nova, v.24, n.1, p.147-152, 2001. WEISSMANN, G. Aspirin. Scient. Am., v.264, n.01, p.84-90, 1991. ZHOU, H.; XIE, X.; TANG, Y. Engineering natural products using combinatorial biosynthesis and biocatalysis. Curr. Opin. Biotechnol., v.19, p. 590–596, 2008. 106 10. APÊNDICE 10.1. AUTOFLUORESCÊNCIA Na autofluorescência biológica as células contêm moléculas, que se tornam fluorescentes quando animado por radiação de comprimento de onda adequado. Esta emissão de fluorescência, decorrentes de fluoróforos endógenos, é uma propriedade intrínseca das células e é chamado de auto-fluorescência deve ser diferenciado de sinais fluorescentes obtidos após adição de marcadores exógenos. A fluorescência natural ocorre devido a substâncias como aminoácidos aromáticos, flavina, porfirinas e clorofila. Em tecidos, a matriz extracelular, muitas vezes contribui para a emissão de fluorescência mais do que o componente celular, devido ao colágeno e a elastina. A autofluorescência pode ser um problema em algumas técnicas, tais quais a microscopia de fluorescência e depende da fluorescência de outras substâncias que o fluoróforo de interesse ocorrendo aumento do sinal de fundo ou background (MANSFIELD, et al.,2005; MONICI, 2005). MOSIMAN et al., (1997) comentam sobre como a autofluorescência afeta a sensibilidade de ensaios em citometria de fluxo, interferindo com a detecção de baixo nível de fluorescência específica. Os autores testaram, com sucesso o produto azul de trypan para reduzir a autofluorescência intracelular. Neste trabalho a autofluorescência dos polifenóis presentes nos extratos de aroeira impossibilitaram a análise fenotípica de populações celulares utilizando anticorpos monoclonais anti CD-3, anti CD-4 e anti CD-8 conjugados, respectivamente aos fluorocromos PE-Cy5, FITC e PE por citometria de fluxo, além 107 da técnica de imunocitoquímica utilizada com anticorpos conjugados com fluorocromos. Foram testados os métodos de diluição, banho de ultrasom e azul de tripan, porém todos sem sucesso. Nas figuras A e B podemos observar as semelhanças estruturais desses cromógenos com alguns polifenóis isolados da aroeira. Ficoeritrina (PE) 5-isotiocianato de fluoresceína (FITC) Figura I: Estruturas dos fluorocromos ficoeritrina (PE) e 5-isotiocianato de fluoresceína (FITC). Apigenina Quercetina Figura II: Estruturas dos polifenóis apigenina, quercetina e eriodictiol. Eriodictiol 108 Figura III: Citometria de fluxo: nas três primeiras imagens observamos esplenócitos de camundongos expostos ao extrato metanólico da aroeira sem marcação com anticorpos monoclonais conjugados aos fluorocromos. Na última, temos células de baço murino sem terem sido expostas ao extrato e marcadas com os monoclonais conjugados aos fluorocromos. Distinguem-se facilmente as populações de linfócitos T CD3, CD4 e células que não pertencem a nenhum dos grupos descritos.