64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 COMPROMETIMENTO GENÉTICO DE POPULAÇÕES DE Schinus terebinthifolius (ANACARDIACEAE) EM MINAS GERAIS 1* 1 1 1 Sheila V. A. Carvalho , Jaqueline F. Duarte , Luiz Eduardo Silva , Dulcinéia de Carvalho , Rubens M. dos 1 Santos 1 Universidade Federal de Lavras. Departamento de Ciências Florestais. Laboratório de Conservação Genética de Espécies Arbóreas *[email protected]. Introdução No âmbito conservacionista é consensual a necessidade de se preservar a máxima variabilidade genética dentro das espécies. Os efeitos da perda de habitat sobre a viabilidade da população são um tema relevante para estudos de conservação da biodiversidade. Portanto, com o aumento progressivo das taxas de desmatamento sobre as florestas tropicais nas últimas décadas, é importante conhecer os padrões de distribuição das frequências alélicas de cada população para inferir sobre a manutenção das mesmas nas próximas gerações. Neste contexto, a proposta deste trabalho foi avaliar as frequências alélicas de indivíduos de pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius Raddi.) em duas localidades no estado de Minas Gerais e inferir sobre a sua viabilidade nas próximas gerações. fixação (>0,95), ou seja, p=1. Estes dados levam a questionamentos sobre a viabilidade dessas populações nas próximas gerações, pois quando o alelo encontra-se fixado, a população diminui sua variabilidade genética e consequentemente poderá estar comprometida geneticamente. Figura 1. Padrões de bandas entre populações. Análise gráfica das frequências alélicas de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi.). Metodologia O DNA genômico foi extraído de folhas de S. terebinthifolius pelo método de CTAB otimizado com 0,2% de b-mercaptoetanol adicionado ao tampão de extração. Foi obtida amostragem de 31 indivíduos em Barbacena e 27 na região da Serra da Canastra, nos quais foram utilizados seis marcadores moleculares ISSR. O padrão de bandas foi avaliado a partir de AMOVA usando o programa GenAlEx [1]. Resultados e Discussão A amplificação do DNA genômico resultou em 116 bandas, sendo 90 para a população de Barbacena e 103 para a população Canastra (Figura 1), apresentando um polimorfismo de 73,3% e 82,8% respectivamente. De acordo com a AMOVA, a maior parte da variabilidade genética ocorreu dentro das populações (67,6%). Apesar de este ser o padrão esperado para espécies perenes e de cruzamento [2], este valor é considerado baixo quando comparado a outros estudos com a mesma espécie no estado do Paraná [3]. As populações apresentam índice de heterozigosidade esperada (He) no valor de 0,22 para Barbacena e 0,24 para a região da Serra da Canastra. A população S. terebinthifolius de Barbacena apresentou 13 bandas exclusivas e a população da Canastra apresentou 26 (Figura 1). Estes resultados favoreceram a diferenciação genética entre as populações (Fst=0,32), estando esta dentro do limite encontrado para espécies arbóreas [4]. Entretanto, a população de Barbacena apresenta três alelos fixados e 14 apresentam frequências acima de 0,95. Na Canastra, cinco alelos encontram-se fixados e sete apresentam tendência à Conclusões A presença de alelos exclusivos nas populações analisadas gerou diferenciação significativa entre elas. No entanto, as frequências alélicas em cada população apresentam tendências para a homozigose. Diante do processo de destruição e fragmentação de habitats, que acarreta a redução de indivíduos e a interrupção do fluxo gênico, aliado a baixa diversidade genética detectada, estas populações podem estar comprometidas geneticamente nas próximas gerações, caso não seja realizado um plano de restauração genética das mesmas. Agradecimentos CAPES CNPq FAPEMIG Referências Bibliográficas [1] Peakall, R. e Smouse, P.E. 2012. GenAlEx 6.5: genetic analysis in Excel. Population genetic software for teaching and research-an update. Bioinformatics 28: 2537-2539. [2] Hu, Y.P.; Wang, L.; Xie, X.L.; Yang, J.A.; Li, Y. eZhang, H.G. 2010. Genetic diversity of wild populations of Rheum tanguticum endemic to China as revealed by ISSR analysis. Biochemical Systematics and Ecology 38: 264-274. [3] Ruas, E. A,; Ruas, C. F.; Medri, P. S.; Medri, C.; Medri, M. E.; Bianchini, E.; Pimenta, J. A.; Rodrigues, L. A. e Ruas, P. M. 2011. Anatomy and genetic diversity of two populations of Schinus terebinthifolius (Anacardiaceae) from the Tibagi River basin in Paraná, Brazil. Genetics and Molecular Research 10 (1): 526-36. [4] NYBOM, H. 2004. Comparison of different nuclear DNA markers for estimating intraspecific genetic diversity in plants. Molecular Ecology 13: 1143–1155.