Jude Lima (TCC 2015.1

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1 INTRODUÇÃO
Este relatório tem o objetivo de mostrar as etapas de produção da grande
reportagem televisiva intitulada “O Tratamento dos Portadores de Fissuras
Labiopalatinas no Hospital Universitário Lauro Wanderley”, elaborada como trabalho
de conclusão de curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.
A proposta da reportagem é expor o tratamento das fissuras labiopalatinas
com ênfase no Centro de Tratamento do Hospital Universitário da UFPB.
Acompanhando a história do paciente Matheus e cobrindo a equipe de saúde.
O vídeo foi realizado no mês de novembro e dezembro de 2014 e sobre todo
processo clínico buscou-se reportar as dúvidas, preconceitos e perspectivas sobre o
tratamento da má formação.
As questões são apresentadas através de depoimentos dos profissionais e
especialistas da área de saúde, além do próprio paciente e de familiares que
acompanham essa rotina.
7
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SOBRE AS FISSURAS LABIOPALATINAS
As fissuras labiopalatinas (FLP) também conhecidas por lábios leporinos são
falhas no desenvolvimento do lábio e do palato, conhecido popularmente como o
céu da boca. Essa má formação tem uma grande ocorrência na população brasileira,
incidindo na proporção de um caso para cada 650 recém-nascidos no país. O
governo federal já disponibiliza gratuitamente todo o tratamento e assistência, tanto
ao fissurado quanto a sua família. Na Paraíba existe um centro especializado no
tratamento das fissuras, localizado no Hospital Universitário Lauro Wanderlei (HU)
na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) na cidade de João Pessoa, uma
referência na área.
O Centro Especializado no tratamento das Fissuras conta com uma equipe de
profissionais que tratam das necessidades dos pacientes e familiares. Primeiro o
portador da má-formação é recebido pela assistente social, que vai encaminhá-lo
aos demais profissionais, passando por psicólogos, médicos, dentistas e chegando
até o serviço de fonoaudiologia para auxiliar no tratamento da fala.
As fissuras labiopalatinas são malformações congênitas identificadas pela
presença de fenda na região óssea ou mucosa da abóbada palatina, podendo ser
completas e totais (FIGUEIREDO et al., 2004). Elas ocorrem normalmente entre a
quarta e a nona semana da gravidez.
A fissura é uma abertura na região do lábio ou do palato, podendo também
acontecer nos dois simultaneamente. Ela tem decorrência, em boa parte dos casos,
de fatores genéticos e hereditários, mas os fatores ambientais também podem
alterar a formação do feto.
Os pacientes sofrem várias complicações decorrentes da má formação, que
se não forem tratadas podem trazer grandes prejuízos para a vida do fissurado. “As
dificuldades em longo prazo incluem a perda de audição, problemas com a fala, a
alimentação e desenvolvimento e alinhamento dos dentes de forma incorreta.”
(SEIDEL ET AL.,2007).
8
O fissurado recém-nascido apresenta alguns problemas no seu dia a dia. O
maior é a dificuldade para alimentar-se, podendo ocasionar desnutrição, anemia,
pneumonia aspirativa e infecções de repetição (RIBEIRO;MOREIRA,2005). O
primeiro caminho a seguir, que é o indispensável também para outros bebês, é o
aleitamento materno. A criança apresenta dificuldades de sucção, principalmente se
a fissura também ocorrer no palato. Caso o bebê não consiga mamar, nem ganhar o
peso adequado, esse aleitamento vai ter que ser acompanhado pelo pediatra.
O tratamento é realizado por uma equipe de profissionais atuantes nas mais
diversas áreas. O tratamento multidisciplinar é uma das condições indispensáveis
para o sucesso na reabilitação dos pacientes com FLP (SILVA ET AL.,2008).
Para que haja um tratamento eficaz, é necessário que seja efetuado por uma
equipe multidisciplinar envolvendo ginecologista obstetra, geneticista, cirurgião
plástico,
pediatra,
nutricionista,
fonoaudiólogo,
psicólogo
e
odontólogo
(RIBEIRO;MOREIRA, 2005). Alguns desses profissionais vão auxiliar e acompanhar
os pacientes desde a sua entrada no setor até a vida adulta.
O fator estético mexe muito com o emocional, não só do fissurado, como
também da sua família. “Com o propósito de melhorar e fazer com que a criança
tenha uma vida normal, o tratamento tem como aspectos propiciar nutrição,
estimulação neurossensorial e harmonia com a família, por meio de assistência e
orientação aos pais.” (ARARUNA; VENDRÚSCOLO, 2000).
Os portadores de fenda lábia palatina, além de alterações estéticas,
apresentam distúrbios funcionais, que vão desde a alimentação até a fonação, que
se não tratados no tempo certo podem causar também problemas psicológicos
(FIGUEIREDO et al., 2004).
A grande importância do tratamento psicológico é a preparação das famílias
para a aceitação do problema. A desinformação a respeito da doença é muito
grande e o mais importante a salientar é que as fissuras têm tratamento e
reabilitação completa.
Com o intuito de buscar assistência adequada a ser prestada a criança com
essa patologia, a procura de treinamento técnico, sensibilidade e habilidade da
equipe multidisciplinar tornam capaz a percepção e intervenção na dimensão
biopsicossocial e espiritual da criança e da família (SANTOS; DIAS, 2005).
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O diagnóstico da fissura labiopalatina pode ser obtido ainda durante o período
da gestação. “Todavia é necessário que o ultra-sonografista seja experiente e tenha
capacidade para observar malformações como a fenda palatina.” (TRENT, 1997).
Na maioria das vezes, as mães não sabem que estão gestando um bêbe
fissurado. Seria interessante que os pais da criança fissurada já soubessem o
diagnóstico quando a criança ainda está no ventre. Assim eles teriam tempo para se
prepararem. Decorrendo disso se dá a importância de resultados precisos. “
Diagnósticos imprecisos podem levar aconselhamentos imprecisos, o que poderá
ser desastroso.”(BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2001)
Além dessas dificuldades, o fissurado acaba encontrando barreiras sociais em
sua vida adulta. O espaço de trabalho devido ao preconceito permanece cada vez
mais restrito. Uma das justificativas da falta de oportunidade para essas pessoas é o
som nasalizado que elas emitem ao falar.
A cirurgia fetal é uma das perspectivas de tratamento para as fissuras
labiopalatinas, esse procedimento já é realizado esse tipo de cirurgia para o
tratamento de outras doenças em grandes centros. Outra saída também poderia ser
a manipulação genética.
2.2 SOBRE O GÊNERO JORNALÍSTICO DA GRANDE REPORTAGEM
O intuito deste trabalho é produzir uma grande reportagem televisiva
abordando o tratamento das fissuras labiopalatinas no HULW.
Para Sodré e Ferrari (1986) o exercício da reportagem se decompõe em
alguns tipos. As atividades ficam distribuídas em três modelos: a reportagem de
ação (Action- story) que reproduz um certo movimento na narrativa e se conduz de
acordo com a passagem e a ordem dos acontecimentos, envolvendo o repórter
como parte complementar da narrativa, tornando-o componente do cenário; a
reportagem de fatos (Fact-story) se apresenta na forma objetiva da descrição de um
fato, constituindo um texto escrito no formato da pirâmide invertida, ela é um relato
linear das ocorrências; e a reportagem documental (Quote-story) que se aproxima
da pesquisa, ela é narrada com caráter expositivo, explicando o objeto abordado e
utilizando vários subsídios que dão suporte às informações do texto.
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A reportagem documental também pode ter caráter delator, “na maioria dos
casos, apoiada em dados que lhe conferem fundamentação, adquire cunho
pedagógico e se pronuncia a respeito do tema em questão.” (FERRARI; SODRÉ,
1986, p. 64). Este é o tipo de modelo que irá ser utilizado neste trabalho, por admitir
um alicerce e uma base maior nos fatos.
Como uma opção para aprofundar um assunto ou tema, a grande reportagem
televisiva torna real o que é impraticável no imediatismo da notícia quotidiana, a
rapidez das informações no meio televisivo caracterizam uma cristalização sobre o
tema, além de trazer notas mais superficiais. Diversos estudiosos apontam esse
modelo jornalístico como uma chance para o rompimento desse padrão clássico das
notícias, utilizando uma duração máxima de um minuto e meio, dá base para a
construção de histórias mais elaboradas. A essência da grande reportagem traz em
si a importância desse tempo a mais agrupado ao interesse em ouvir e apurar sobre
um elemento ou objeto social. Como disse Lage (2005):
A intensidade, a profundidade e autonomia do jornalista no
processo de construção da matéria são, por definição, maiores
na reportagem do que na notícia. O imediatismo é menos
importante: algumas das mais famosas reportagens foram
escritas- ou produzidas- muito tempo depois dos fatos a que se
reportam.
Torna-se expressa então, o valor da apuração, da roteirização das narrativas,
das experiências do repórter em relação ao fator da temporalidade e das contagens
dos
segundos
que
governam
nos
relacionamentos
habituais
entre
os
acontecimentos e os meios de comunicação, até a publicação. Como citou Lage
(2005), o imediatismo torna-se desimportante diante do aprofundamento dos fatos.
De acordo com isso, estabelecem-se as características do gênero grande
reportagem que podem contribuir amplamente com a abordagem dos fissurados.
11
3 REALIZAÇÃO DO PROJETO
A realização da grande reportagem televisiva envolve as etapas de préprodução, produção e pós-produção.
3.1 PRÉ-PRODUÇÃO
O processo de pré-produção da grande reportagem teve início no mês de
julho de 2014, quando foi definido o tema para a realização do projeto experimental.
Desde então comecei a fazer pesquisas sobre o assunto, realizando leituras em
livros, artigos científicos, reportagens e notícias na televisão e em portais.
Para expor o tratamento das fissuras labiopalatinas precisava apresentar a
história de um personagem, pois dessa forma humanizaria a reportagem e
aproximaria o espectador. Fui em busca de uma criança que mexesse
emocionalmente com as pessoas, pela sua história de vida e pelos agravantes que a
má formação ocasiona. Com o acompanhamento desse paciente, apresentaríamos
a doença e as etapas do seu tratamento.
Depois de delimitar os objetivos a serem alcançados, o seguinte passo foi a
escolha da equipe de trabalho, Gustavo Peixoto ficou responsável por me auxiliar
nas filmagens e no processo de edição. No mês de setembro foi produzida uma
pauta inicial da reportagem, que no decorrer do tempo foi se aprimorando. Como
base teórica utilizei artigos e entrevistas para a formação da pauta jornalística.
De acordo com José Marques de Melo (1994, p. 73) a pauta é um roteiro que
pré-seleciona as informações que serão publicadas, além de indicar a forma como
os acontecimentos serão relatados.
Os principais entrevistados serão os pacientes em atendimento e suas
famílias. Como na maioria dos casos são crianças, a conversa será com os pais, que
explicarão o tratamento desde o momento da descoberta da doença até os
resultados finais. Assim pretendemos coletar dados importantes para a finalização,
validação e sustentação dos argumentos e fatos mostrados na grande reportagem
aqui sugerida.
Várias visitas foram feitas ao Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU),
para a realização de entrevistas prévias com a equipe de saúde e em busca do
12
personagem para a matéria. E na segunda visita, conheci a história de Matheus, que
me encantou. O garoto estava prestes a fazer sua cirurgia corretora, momento ideal
para apresentarmos a doença e falarmos e presenciarmos os benefícios da
transformação.
Foi estudada parte da literatura sobre as fissuras labiopalatinas e coletado
dados, além da arrecadação de informações com toda a equipe de saúde que faz
atendimento no setor de fissurados do HU, já selecionando as falas que serão
usadas como passagem na reportagem televisiva.
Uma das vantagens deste modelo jornalístico é a possibilidade da prática de
entrevistas, além do emprego de citações para adicionar mais informações ao tema.
Desse modo, por meio destas aspira-se levantar os mais importantes assuntos da
discussão acerca da temática social, respondendo também questionamentos com
fidelidade que só os personagens reais podiam realizar.
3.2 PRODUÇÃO
A etapa da produção da grande reportagem começou no mês de novembro
de 2014, conforme o cronograma.
Em campo, foram feitas as gravações das entrevistas, das passagens e das
imagens para os offs. Entrevistei Matheus e sua mãe Patrícia, no antes e depois da
cirurgia, e também o médico e a psicóloga do setor de fissurados.
Todas as entrevistas foram realizadas por mim e na tarefa da captação de
imagens recebi a ajuda de um amigo também comunicador social com habilitação
em jornalismo, Gustavo Peixoto.
Os materiais utilizados foram uma câmera DSLR Canon T2i, claquete, um
tripé e um microfone direcional ligado no gravador digital, além de um iluminador de
LED portátil em algumas ocasiões.
Trabalhamos muito com planos abertos, para uma identificação dos locais e
para através deles conhecermos a história do personagem, identificando seus traços
e seu meio social. Dando ênfase sempre ao ambiente para engloba-lo junto com o
protagonista. Os planos fechados foram utilizados apenas nos momentos com maior
dramaticidade, onde tentamos nos aproximar mais do íntimo do personagem.
Concluí com quatro diárias as gravações, duas na casa de Matheus, uma no
Setor de Fissurados do HULW e uma no hospital Arlinda Marques.
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As tomadas realizadas na parte interna e externa do setor de fissurados do
Hospital Universitário Lauro Wanderlei tinham uma boa luminosidade, o que facilitou
a captura das imagens. Utilizamos a iluminação natural na maioria dos casos. Na
casa do entrevistado tivemos um pouco de dificuldade com relação à luz, mas uma
troca de lugares acompanhados da ajuda de um iluminador de LED portátil
conseguiu amenizar o problema.
A maior dificuldade mesmo foi em relação ao
barulho. Matheus e sua mãe moram em uma comunidade simples na cidade de
Cabedelo, lá as casas são pequenas e muito juntas, então barulhos como o de uma
televisão ou o choro de uma criança já atrapalhavam muito. Sem contar com uma
vizinha que estava ouvindo música muito alta, tivemos que educadamente pedir para
que ela abaixasse o volume para concluirmos nossas gravações.
Passamos por várias dificuldades com relação a data da cirurgia de Matheus,
que foi adiada três vezes, o que nos atrasou um pouco.
No processo das entrevistas o que me preocupou foi a pouca fala de
Matheus, o garoto só respondia com sim ou com não, e foi bastante difícil conseguir
que ele falasse frases completas. O médico Paulo Germano e a Psicóloga Lúcia
Lima foram extremamente atenciosos e prestativos com o meu trabalho. As
entrevistas só poderiam ser realizadas nas quintas-feiras, dia que os profissionais
estão disponíveis no setor para atendimento, e como são marcadas consultas para
essas datas, acabei interrompendo alguma delas, mas sem prejuízo.
3.3 PÓS-PRODUÇÃO
Com aproximadamente cinquenta minutos de entrevistas, comecei o processo
de seleção das falas e das imagens a serem usadas, o qual durou três dias. Pensei
em várias maneiras de como dispor as informações mais científicas sem ser
cansativa, via e revia as entrevistas para utilizar o material da melhor maneira.
Preferi uma montagem mais dinâmica possível, ia separando as sonoras e
enxugando cada vez mais o texto. Intercalando no texto a experiência dos
entrevistados com a ciência.
O Processo de edição foi feito em parceria com Gustavo Peixoto, utilizamos o
Adobe Premiere CS6. Comecei fazendo a seleção final para o que realmente
permaneceria na reportagem, para poder prosseguir e juntar o texto do off, as
14
sonoras e as imagens que seriam usadas. Terminados os ajustes e corte,
encaixamos uma trilha sonora de piano para dar mais fluidez à matéria. Na abertura
e no fechamento utilizamos uma melodia semelhante de tom mais emotivo, e no
meio optei por uma mais discreta, apenas para preencher e colocar o espectador no
fluxo, sem se afastar, mas mantendo aquele clima mais leve e ameno para receber
as informações.
Ao final da parte técnica, elaborei a capa do DVD com o título da grande
reportagem, ficha técnica e logomarca da UFPB. Comprei os DVDs virgens
necessários e as capas, e finalizei copiando o conteúdo para os dispositivos. A
reportagem ficará disponível na página da Instituição dos Fissurados no facebook e
no you tube, caso seja aprovada pela banca.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pacientes e familiares de portadores de fissuras labiopalatinas sofrem com
falta de informação, quer seja sobre a doença, tratamento, direitos ou até mesmo
grupos, entidades e associações existem que enfrentam o caso. Muitos acreditam
que a má-formação não tem tratamento e permanecerão com sequelas pelo resto da
vida. Como boa parte dos pacientes do Lauro Wanderley são de cidades do interior
da Paraíba, onde a falta de informação é maior, é necessário que se promova uma
maior disseminação sobre os conceitos básicos sobre as fissuras labiopalatinas.
A informação levada ao público é uma grande aliada no combate a síndrome.
É importante que o assunto seja sempre debatido, explicado, interpretado,
analisado, esclarecido. A comunidade precisa conhecer o problema, saber as formas
de tratamento e sua gratuidade pelo o Sistema Único de Saúde (SUS).
Na tentativa de desmistificar e humanizar a doença precisamos mostrar o que
ela causa na vida de um indivíduo, o cotidiano de um fissurado, as dificuldades de
socialização, a aceitação do paciente e a negação inicial da família.
Desta forma optamos pelo gênero de grande reportagem televisiva, porque a
imagem se destaca em relação ao conceito, ela nos permite ver as fissuras, isso
facilita o entendimento de fato das causas e consequências da má formação. Além
disso, o vídeo admite a captação das expressões e declarações momentâneas, das
incertezas e suspeitas, das falas e depoimentos espontâneos dos entrevistados.
As dificuldades que ocorrem ultrapassam o período do tratamento chegando
até a vida adulta do paciente. O preconceito da sociedade, as portas fechadas do
mercado de trabalho e a falta de oportunidade levantam uma bandeira de uma
parcela da população que parece ser invisível aos nossos olhos.
Esta grande reportagem televisiva responde algumas questões e mostra na
prática como é a vida de um fissurado. Expondo as causas e consequências da
doença.
Fazendo um apanhado desde a elaboração do projeto de conclusão de curso,
destaco que o foco foi mantido, passando por mudanças apenas no número de
entrevistados, iria fazer com vários pacientes sem dar muita ênfase em nenhum,
mas posteriormente decidi focar no acompanhamento de apenas um.
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O objetivo da grande reportagem foi mostrar que se o tratamento for feito no
tempo correto, as sequelas vão ser mínimas. Quanto mais tarde for a procura clínica
mais atrasos na vida do paciente.
Durante todo o processo de produção da reportagem eu exerci todas as
funções necessárias para a realização do projeto experimental. Atuei como
produtora de pauta, roteirista, repórter, cinegrafista, diretora de imagens e editora.
Apesar de ter sido extremamente difícil tomar algumas das decisões.
Com a finalização deste relatório, percebo o quanto foi importante para mim a
escolha deste tema. Questões de saúde devem ser seriamente consideradas pela
sociedade, e devem ser assunto de pauta em todo meio midiático, de maneira ética
e responsável.
17
5 REFERÊNCIAS
ARARUNA, R. C.; VENDRÚSCOLO, D. M. S. Alimentação da criança com fissura de lábio
e/ou palato- um estudo bibliográfico. Revista Latino-America de enfermagem, Ribeirão
Preto, v. 8, n. 2, abr. 2000. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n2/12424.pdf>.
Acesso em: 19 jul. 2014.
BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
FIGUEIREDO, I. M. B.; BEZERRA, A. L.; MARQUES, A. C. L.; ROCHA, I. M.;
MONTEIRO, N. R. Tratamento cirúrgico de fissuras palatinas completas. Revista Brasileira
em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 17, n. 3, jul. 2004. Disponível
em:<http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/408/40817309.pdf>. Acesso em: 19 jul 2014.
FIGUEIREDO, M. C.; PINTO, N. FABRICIO, F. K.; BOAZ, C. M. S.; FAUSTINO-SILVA,
D. D. Pacientes com fissura labiopalatina- acompanhamento de casos clínicos. ConScientiae
Saúde, Porto Alegre, v. 9, n. 2, maio. 2010. Disponível em:
<http://www4.uninove.br/ojs/index.php/saude/article/view/2256/1736>. Acesso em: 15 jul.
2014.
LAGE, Nilson. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda,
2005.
MELO, José Marques de. A opinião no Jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1994.
RIBEIRO, E. M.; MOREIRA, A. S. C. G. Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das
fissuras labiais e palatinas. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 18, n.
1, 2005. Disponível em:
<http://200.253.187.1/joomla/joomla/joomla/images/pdfs/pdfs_notitia/432.pdf>. Acesso em:
20 jul. 2014.
SANTOS, R. S.; DIAS, I. M. V. Refletindo sobre a malformação congênita. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 58, n. 5, set./out. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n5/a17v58n5.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2014.
SEIDEL, H. M.; BALL, J. W.; DAINS, J. E.; BENEDICT, G. W. Mosby – guia de exame
físico. 6. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
SILVA, D. P.; DORNELLES, S.; PANIAGUA, L. M.; COSTA, S. S.; COLLARES, M. V. M.
Aspectos patofisiológicos do esfíncter velofaríngeo nas fissuras palatinas. Arquivos
Internacionais de Otorrinolaringologia, São Paulo, v. 12, n. 3, ago. 2008. Disponível em:
<http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/pdfForl/551.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2014.
18
SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa
jornalística. São Paulo: Summus, 1986.
TRENT, R. J. Manual de diagnóstico pré-natal. São Paulo: Santos, 1997.
19
APÊNDICE A – CAPA DE PAUTA
CAPA DE PAUTA
_____________________________________________________________________________________________________
GRANDE REPORTAGEM
_____________________________________________________________________________________________________
Quinta-feira 4/12/14
_____________________________________________________________________________________________________
REPÓRTER – JUDE ALVES
MARCAÇÃO: 10H00
10H30 – ENTREVISTA/ PORTADOR DE FISSURA LABIOPALATINA MATHEUS ANTES
DA CIRURGIA-GRAVADO
____________________________________________________________________________________________________
Quinta-feira 11/12/14
_____________________________________________________________________________________________________
REPÓRTER – JUDE ALVES
MARCAÇÃO: 08H00
08H30 – ENTREVISTA/ PSICÓLOGA DO SETOR DE FISSURADOS LÚCIA LIMAGRAVADO
REPÓRTER – JUDE ALVES
MARCAÇÃO: 09H00
09H30 – ENTREVISTA/ MÉDICO-CIRURGIÃO PAULO GERMANO -GRAVADO
_____________________________________________________________________________________________________
Terça-feira 23/12/14
_____________________________________________________________________________________________________
REPÓRTER – JUDE ALVES
MARCAÇÃO: 14H00
14H30 – ENTREVISTA/ PORTADOR DE FISSURA LABIOPALATINA MATHEUS
DEPOIS DA CIRURGIA-GRAVADO
REPÓRTER – JUDE ALVES
MARCAÇÃO: 15H00
15H30 – ENTREVISTA/ MÃE DO PORTADOR DE FISSURA LABIOPALATINA
PATRÍCIA DEPOIS DA CIRURGIA-GRAVADO
20
APÊNDICE B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E TURISMO
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Eu, _________________________________________________, portador da
Cédula de Identidade RG _____________, AUTORIZO o uso da minha imagem
para fins de ampla divulgação dentro da grande reportagem televisiva intitulada “ O
Tratamento dos Portadores de Fissuras Labiopalatinas no Hospital Universitário
Lauro Wanderley” , sejam essas destinadas à divulgação ao público em geral e/ou
apenas para uso interno desta instituição.
Deste modo, por esta ser a expressão da minha vontade declaro que autorizo,
livre e espontaneamente, o uso acima descrito sem que nada possa a ser reclamado
a título de direitos conexos à minha imagem ou a qualquer outro.
João Pessoa,_______de_________________de 201_.
__________________________________
Nome - Assinatura
21
APÊNDICE C – SCRIPT DA VIDEOREPORTAGEM
GRANDE REPORTAGEM
JUDE ALVES
O TRATAMENTO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS NO HOSPITAL LAURO WANDERLEY
ÁUDIO
IMAGEM
OFF - Matheus é um garoto de 9 anos IMAGENS DE MATHEUS BRINCANDO,
ESCREVENDO, COMENDO,
que divide sua vida entre brincadeiras,
ILUSTRANDO O COTIDIANO DA
sonhos e o preconceito. Ele mora junto CRIANÇA. IMAGENS DE DETALHES
DO CORPO DE MATHEUS
com a sua mãe e mais 5 irmãos numa
comunidade simples na periferia de João
Pessoa. O menino nasceu com uma
fissura labiopalatina, uma má formação
congênita na região do lábio ou do
palato, céu da boca. Aos três meses de
idade,
Matheus
deveria
ter
sido
submetido a uma cirurgia para correção
da fissura, mas isso não aconteceu.
Esse atraso hoje implica em inúmeros
problemas na vida da criança. Matheus
relata
timidamente
rejeição
que
sofria
o
processo
entre
os
de
seus
colegas.
BG – SONORA MATHEUS 3’49’ – 3’51
TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
OFF: As dificuldades aparecem quando
o garoto precisa se expressar. Matheus
está
no
segundo
ano
do
ensino
fundamental, não fala corretamente, não
consegue pronunciar as palavras e isso
IMAGENS DE MATHEUS
ESCREVENDO.
22
dificulta o processo de aprendizagem.
Esse conjunto de sintomas justifica a
timidez que ele apresenta na escola.
BG – SONORA LÚCIA LIMA 5’18’’ –
6’00’’
TUDO QUE ELA FALA NA SONORA
OFF: Devido a falta de condições
IMAGENS DE MATHEUS BRINCANDO.
financeiras da família, o tratamento do IMAGENS DO SETOR DE
FISSURADOS DO HOSPITAL LAURO
garoto foi sendo adiado ano após ano, e
WANDERLEY
os problemas de convívio social foram
só aumentando. O menino contou com
todo apoio da equipe multidisciplinar do
setor
de
fissurados
do
Hospital
Universitário Lauro Wanderley, que vem
concedendo novos sorrisos e novas
oportunidades
a
quase
dois
mil
fissurados na Paraíba.
BG – SONORA PAULO GERMANO
TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
13’26’’ – 14’01’’
BG – PASSAGEM DA REPÓRTER NA
FRENTE
DO
HOSPITAL
REPÓRTER INTRODUZ O ASSUNTO
UNIVERSITÁRIO
é IMAGENS DOS PACIENTES SENDO
ATENDIDOS NO SETOR DE
composta por especialistas das áreas de
FISSURADOS DO HOSPITAL
enfermagem,
cirurgia
plástica, UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY
Off:
A
equipe
fonoaudiologia,
de
atendimento
assistência
social,
cirurgia buco-maxilo-facial e psicologia.
Esses
profissionais
vão
auxiliar
e
acompanhar o paciente desde a sua
entrada no setor até a vida adulta.
Matheus passou por cada etapa do
23
tratamento,
e
agora
espera
ansiosamente o dia da cirurgia.
BG - SONORA MATHEUS 3’36’’ –
TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
3’38’’
OFF: Os pais se enchem de dúvidas na IMAGENS DE CRIANÇAS EM
ATENDIMENTO. IMAGENS DE
hora do tratamento (?) Como vai ser a
CRIANÇAS BRINCANDO.
alimentação do bebê? (?)Será que ele
vai falar? Mas a maior preocupação é
sempre a parte estética.
Quanto
mais
cedo
for
a
intervenção, melhor será o resultado.
Por
isso
a
pressa
da
equipe
no
atendimento a Matheus que chegou
tardiamente no setor.
As sequelas
geradas devido a esse atraso podem
seguir por toda vida do garoto.
BG – SONORA LÚCIA LIMA 4’54’’ –
TUDO QUE ELA FALA NAS SONORAS
5’18’’
BG – PASSAGEM DA REPÓRTER NA REPÓRTER INTRODUZ ASSUNTO
FRENTE
DO
HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO
BG – SONORA PAULO GERMANO
3’15’’ – 3’31’’
OFF: Uma semana após nosso primeiro
TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
IMAGENS DO HOSPITAL ARLINDA
encontro, foi a data escolhida para MARQUES
grande mudança na vida de Matheus.
Ele e sua mãe chegaram cedo ao
hospital. A nossa equipe infelizmente
não foi autorizada pela direção do
24
Arlinda
Marques
a
acompanhar
a
cirurgia, mas o doutor Paulo Germano,
responsável pela operação, nos contou
todos os detalhes da transformação que
vai dar um novo sorriso ao menino.
IMAGENS DE FOTOS DA CIRURGIA
DE MATHEUS. IMAGENS DO MÉDICO.
BG – SONORA PAULO GERMANO
12’22’’ – 13’09’’
OFF: A desinformação a respeito da
doença
é
muito
grande.
Mas
é
IMAGENS DE ATENDIMENTO NO
SETOR DE FISSURADOS
fundamental entender que as fissuras
têm tratamento e reabilitação completa.
O
tratamento
psicológico
ajuda
a
preparar as famílias na aceitação do
problema.
E essa conscientização é
feita de forma gradativa.
BG – SONORA LÚCIA LIMA 2’55’’ –
TUDO QUE ELA FALA NA SONORA
3’21’’
fissura IMAGENS DE CRIANÇAS. IMAGENS
DE UMA MÃE COM UM BEBÊ NO
labiopalatina pode ser obtido ainda
COLO.
durante o período da gestação. Na
OFF:
O
diagnóstico
da
maioria das vezes, as mães não sabem
que estão gestando um bebê fissurado.
Seria
primordial
que
os
pais
já
soubessem o diagnóstico quando a
criança ainda está no ventre.
BG – SONORA PAULO GERMANO
6’31’’ – 7’00’
TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
OFF: É na adolescência, onde o jovem IMAGENS DE APOIO DE LÚCIA LIMA
EM CONVERSA COM A REPÓRTER
vai criar relações com o mundo externo,
que os pacientes sofrem muito com a
25
rejeição
social.
Isso
acaba
comprometendo o tratamento pela baixa
autoestima. Por isso é fundamental a
continuidade
aos atendimentos para
uma reabilitação completa.
BG – SONORA LÚCIA LIMA 1’05’’ –
TUDO QUE ELA FALA NA SONORA
1’28’’
BG – PASSAGEM DA REPÓRTER NA REPÓRTER INTRODUZ O RETORNO
A CASA DE MATHEUS.
COMUNIDADE
ONDE
MATHEUS
RESIDE
BG – SONORA PATRÍCIA 3’13’’ – TUDO QUE ELA FALA NA SONORA
3’59’’
OFF: A diferença na expressão do
IMAGENS DE MATHEUS RINDO
menino é facilmente notada. Ele conta,
com
alegria,
como
as
pessoas
o
enxergam agora.
BG – SONORA MATHEUS 0’35’’ – TUDO QUE ELE FALA NA SONORA
0’38’’
nova IMAGEM DE MATHEUS COM
ESPELHO. IMAGEM DE MATHEUS
oportunidade de ser feliz. É assim que
OLHANDO UMA FOTO ANTIGA.
Matheus enxerga seu futuro.
OFF:
um
novo
sorriso,
uma
Download