CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DE SÃO PAULO CURSO ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS A IMPORTÂNCIA DO ENDOMARKETING NAS FUSÕES EMPRESARIAS JULIANA VERARDI MENDES R.A.: 19828 DANIELLA BOIRON PADULA R.A.: 19882 PAULA C. P. G. DE JESUS R.A.: 19927 ELOISA REIS GUERRA R.A.: 20397 Sala: 630 Guarulhos 2009 JULIANA VERARDI MENDES DANIELLA BOIRON PADULA PAULA C. P. G. DE JESUS ELOISA REIS GUERRA A IMPORTÂNCIA DO ENDOMARKETING NAS FUSÕES EMPRESARIAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração do Centro Universitário Metropolitano de São Paulo como pré-requisito para obtenção do grau de bacharel em Administração de Empresas. Orientador (a): Prof.(a): PAULO FOLGUERAL CENTRO UNIVERSITÁRIO METROPOLITANO DE SÃO PAULO GUARULHOS – 2009 JULIANA VERARDI MENDES DANIELLA BOIRON PADULA PAULA C. P. G. DE JESUS ELOISA REIS GUERRA A IMPORTÂNCIA DO ENDOMARKETING NAS FUSÕES EMPRESARIAS Guarulhos, _____/_______________ de 2009. Nota ____,__ (______________________________) ______________________________________________ Profº Paulo Folgueral – Orientador Centro Universitário Metropolitano de São Paulo DÉDICATORIA Aos nossos pais que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade. AGRADECIMENTOS Inicialmente, agradecemos a todos os mestres, que nos encaminharam ao longo desses quatro anos. Em especial ao Profº Paulo Folgueral pela dedicação e apoio ao nos orientar no fechamento deste ciclo em nossas vidas. Um agradecimento aos amigos e companheiros da turma de 2009 do curso de Administração da UNIFIG. Agradecemos com muito carinho aos nossos familiares que nos ajudaram direta ou indiretamente para o desenvolvimento deste projeto. EPÍGRAFE “A melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo.” (Peter Drucker) RESUMO A importância do Endomarketing nas fusões empresariais se torna evidente no mundo globalizado. Trabalhar toda a mentalidade das pessoas, que às vezes não tem noção de cultura, educação, satisfação pessoal, na maior parte das vezes preocupada apenas com valores financeiros e que passam por numerosas dificuldades que são ignoradas pela maioria é essencial. Fazê-las entender que esse é um processo que beneficiará a todos e que a participação delas é fundamental para o sucesso é uma tarefa bem complicada. Na verdade é importante fazer com que essas pessoas se interessem pela colaboração e entendam a importância do seu trabalho para que a organização alcance todos os objetivos, num procedimento tão intenso como numa fusão empresarial a implantação do Endomarketing tem como finalidade passar ao funcionário todas as informações, prezar pela sua satisfação e pela total qualidade dos serviços realizados pelos funcionários e principalmente fazer com que os mesmos se mobilizem em função do aumento de competitividade organizacional em empresas prestadoras de serviços. Palavras-Chaves: Sucesso; Satisfação; Qualidade; Colaboração; Competitividade SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................... 10 CAPÍTULO I................................................................................... 12 1. O ENDOMARKETING PARA AS EMPRESAS......................... 12 1.1 Conceituando Endomarketing............................................. 12 1.1.1 Como surgiu o Endomarketing..................................... 13 1.1.2 O conceito de Endomarketing...................................... 14 1.1.3 As três fases do Endomarketing................................... 15 1.1.4 O cliente interno........................................................... 16 1.1.5 Do marketing ao Endomarketing.................................. 17 1.2 A importância do Endomarketing......................................... 18 1.2.1 A cultura de serviços.................................................... 20 1.2.2 A cultura da qualidade.................................................. 22 1.2.3 A comunicação interna................................................. 23 1.3 Implantando o Endomarketing............................................. 26 1.3.1 Como implantar............................................................ 26 1.3.2 As práticas do Endomarketing..................................... 30 1.3.3 Envolvidos e seus objetivos......................................... 34 1.4 O papel da gerência............................................................ 35 1.4.1 Empowerment.............................................................. 38 1.5 O que se Espera do Endomarketing.................................... 39 CAPÍTULO II.................................................................................. 42 2. O ENDOMARKETING NAS FUSÕES EMPRESARIAS............ 42 2.1 Conceito de fusões.............................................................. 42 2.1.1 Tipos de fusões............................................................ 44 2.1.2 As fusões no Brasil...................................................... 45 2.2 A importância das Fusões para as Empresas..................... 47 2.3 Resultados e Impactos das Fusões para as Empresas...... 50 2.3.1 O papel da “História de fundo”..................................... 51 2.3.2 Seus sucessos e insucessos....................................... 52 2.4 As Fusões aos Olhos do Cliente Interno............................. 54 2.4.1 As mudanças na cultura organizacional...................... 55 2.4.2 A recepção negativa e resistência dos colaboradores 57 2.4.2.1 Falha na comunicação.............................................. 59 2.4.2.2 Medos e receios........................................................ 60 CAPÍTULO III................................................................................. 62 3. ESTUDO DE CASO: GRUPO SANTA HELENA...................... 62 3.1 Apresentação do Grupo Santa Helena............................... 62 3.1.1 A marca Cleusa Presentes.......................................... 63 3.1.2 A marca Suxxar........................................................... 64 3.2.3 A marca Espaço Santa Helena................................... 65 3.2 A empresa Durante e Após o Processo de Fusão.............. 66 3.2.1 O conceito de uma nova marca................................... 68 3.3 Pesquisa Interna................................................................. 69 3.3.1 Caracterização da coleta de dados............................. 69 3.3.2 Análise dos dados obtidos........................................... 69 3.3.3 Conclusão da pesquisa................................................ 70 CONCLUSÃO................................................................................. 72 APÊNDICES................................................................................... 74 1. Gráficos...................................................................................... 74 2. Questionário de Pesquisa de Campo......................................... 80 3. Organograma da empresa.......................................................... 83 BIBLIOGRAFIA............................................................................. 84 LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01. Faixa etária dos entrevistados..................................... 74 Gráfico 02. Cargo dos entrevistados.............................................. 74 Gráfico 03. Lojas............................................................................. 75 Gráfico 04. Maneira que a notícia sobre a fusão foi recebida........ 75 Gráfico 05. Relevância da fusão para os entrevistados................. 76 Gráfico 06. Como os entrevistados se sentem após a fusão......... 76 Gráfico 07. Nível de informação antes da fusão............................. 77 Gráfico 08. Treinamento................................................................. 77 Gráfico 09. Avaliação do treinamento pelos entrevistados............. 78 Gráfico 10. Interesse em realização de cursos.............................. 78 Gráfico 11. Nível de comunicação entre os funcionários............... 79 Gráfico 12. Aspectos que devem ser melhorados segundo os entrevistados................................................................................. 79 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Organograma.............................................................. 83 INTRODUÇÃO Ultimamente os empresários e gestores têm diversas dificuldades empresariais a resolver. Uma delas é como aumentar ao máximo os lucros da organização num mundo cada vez mais globalizado e, logo mais competitivo. O Endomarketing aborda a estratégia de aumentar a eficiência e competitividade da empresa como um todo, trabalhando com os clientes internos (funcionários) de modo a ouvir opiniões, e fazer com que participem da tomada de decisão a aumentem um nível de satisfação cada vez maior para com a organização. À medida que há um nível de satisfação aderente e positivo no ambiente de trabalho, os funcionários tornam-se pessoas mais produtivas motivadas e acabam constituindo um importante diferencial de competitividade para as empresas. Uma das estratégias utilizadas para atender aos anseios do cliente interno é o emprego do Endomarketing, responsável pelo efeito direto na satisfação dos clientes externos, além do aumento da produtividade do funcionário em função do seu bem estar. O Endomarketing funciona atualmente como uma ferramenta necessária para o sucesso da empresa, para as empresas que desejam crescer, conquistar o mercado, manter os índices que possuem e garantir a sua sobrevivência em longo prazo. De forma ampla, é um membro de ligação entre a empresa e empregado, fortalecendo a importância e responsabilidade de cada funcionário sobre o resultado final. Não há como medir o comprometimento e a motivação dos funcionários, porém aquele que é bem informado sente-se a extensão da empresa e em geral, as pessoas sentem-se importantes pelo nível de conhecimento que recebem, e assim o endomarketing pode e deve ser utilizado como tática de gestão decisiva na organização. A idéia para satisfação do cliente externo é ouvir primeiramente a voz do cliente interno procurando satisfazer outras necessidades, ela é crucial para o aprimoramento da qualidade na empresa. È importante que a empresa tenha uma relação interdepartamental, para que trabalhe na mesma direção, em buscas dos mesmos objetivos. É necessário satisfazer primeiro o cliente interno para que ele possa mostrar a marca da empresa para o cliente. O processo do Endomarketing é gerenciado por etapas que são necessárias serem reavaliadas para que a implantação continue com sucesso no andamento da mesma. Através das fusões empresariais muitas empresas fortalecem sua imagem perante seu público-alvo, pois trabalham para conquistar uma fatia maior no mercado, eliminando concorrentes e atraindo ainda mais clientes. Normalmente uma fusão tem como função resolver alguma carência que a empresa possui, melhorando seu desempenho para aumentar sua eficiência e competitividade no mercado. As empresas atualmente utilizam as fusões como estratégias competitivas, para diminui a lucratividade e a produtividade de sua rival, buscando ser um diferencial no mercado. Quando uma fusão empresarial é concretizada é indispensável que a empresa mantenha todos os seus colaboradores informados sobre os novos objetivos e metas que serão desempenhados após essa mudança. A resistência por parte dos funcionários é movida pelos seus medos e receios sobre a sua estabilidade na empresa e isso deve ser trabalhando pela organização através da implantação do Endomarketing, evitando assim um alto de nível de rotatividade, insatisfação e queda na produtividade da empresa. Os funcionários precisam que a empresa lhes forneça informações para que os mesmo possam se sentir seguros e que as mudanças ocorridas no processo de fusão não prejudiquem os seus desempenhos na organização. Escolhemos o Grupo Santa Helena, pois o mesmo passou por um processo de fusão entre as empresas Cleusa presente e Suxxar e implantou o Endomarketing para um melhor sucesso na fusão,mantendo seus funcionários informados, bem treinados e mais envolvidos com a fusão da empresa. Com esta pesquisa evidenciou-se que a cultura se modifica e recebe influencia significativa nessa mudança, pelo modo como os administradores impregnam a empresa como um todo e pelo estilo de gestão que seguem. Neste artigo será possível enxergar um pouco dessas influencias. CAPÍTULO I 1. O ENDOMARKETING PARA AS EMPRESAS 1.1 Conceituando o Endomarketing O conceito de marketing interno ou Endomarketing não é novidade para a maioria das empresas. O mercado assistiu à mudança da denominação “empregado” para “funcionário” e, mais recentemente, para “colaborador”, à medida que as organizações se conscientizam da importância do comprometimento e da satisfação de seu público interno para atingir suas metas, manter uma boa imagem e implementar a qualidade nos processos. “O endomarketing é apontado por especialistas da administração moderna como um dos principais diferenciais competitivos que transforma os colaboradores e os funcionários da empresa nos principais criadores da imagem institucional de uma organização saudável e bem sucedida.” (MATOS, 2009, p.89) Varias foram as ferramentas gerenciais usadas pela área de recursos humanos ao longo dos anos como, por exemplo, programas de reconhecimento e recompensas porém, o mercado começou a perceber que os conhecimentos, a experiência e a lealdade dos funcionários eram um valioso patrimônio intangível que merecia a mesma atenção que o marketing oferecia para os clientes externos e assim se fortaleceu a noção do cliente interno. Segundo Spiller et al. (2008, p. 94): “O funcionário é o consumidor do emprego, e o emprego é um “produto” que pode ser trabalhado com as mesmas ferramentas do marketing externo.” As organizações, por questões de estratégia, precisam privilegiar tanto o seu cliente externo com o interno, pois o grande diferencial da atualidade é o capital intelectual, ou seja, as pessoas que formam as organizações. Para que a empresa caminhe de maneira uniforme em busca de seus objetivos e metas o canal de comunicação com o cliente interno tem que ser constante e direto em busca que a organização fale sempre a mesma língua. As empresas precisam perceber que se elas querem ajeitar o futuro, elas precisam começar a ajeitar a si próprias. Diante da recessão econômica e instabilidade internacional, o que o mundo dos negócios precisa é de menos cobiça e mais comprometimento. O endomarketing é uma das ferramentas mais utilizadas para a melhoria do clima organizacional, facilitando as relações entre patrão e funcionário. O marketing interno está diretamente ligado ao Departamento de Recursos Humanos da empresa. E "vender" o produto para o funcionário passa a ser tão importante quanto para o cliente. Significa torná-lo aliado no negócio, responsável pelo sucesso da corporação e igualmente preocupado com o seu desempenho. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 05): “Em resumo, a organização precisa aprender a considerar que sua função reside não na produção de bens e serviços, mas na aquisição e retenção de clientes, na realização de coisas que levem as pessoas a querer trabalhar com ela”. 1.1.1 Como surgiu o Endomarketing Com o ressurgimento da indústria japonesa, principalmente na área automobilística e eletrônica, globalização e concorrência cada vez mais acirrada, gerou-se a necessidade das empresas alcançarem níveis de produtividade e qualidade cada vez mais elevados. Tais mudanças trouxeram reflexos diretos na forma de administrar que passou a buscar diferenciação pelo serviço e fidelização do cliente. Juntamente com novas ferramentas para a "Nova Administração", como Reengenharia, Benchmarking e Qualidade Total, surge o Endomarketing como uma promessa para elevar o nível de competição através da melhoria da comunicação interna das organizações. Os japoneses foram os pioneiros no desenvolvimento do Endomarketing e os americanos perceberam que a chave do sucesso japonês estava na valorização despedida ao fator humano. Não bastava somente a qualificação técnica, pois a qualidade humana do comportamento e da iniciativa era a força motriz que levava a vantagem competitiva e liderança. O Endomarketing surgiu graças à necessidade de uma ferramenta para promover a reordenação interna da empresa. Para agradar o cliente externo é necessário primeiramente atentar para os valores de cooperação no trabalho e envolver o cliente interno nos programas e objetivos da organização. 1.1.2 O conceito de Endomarketing O Endomarketing pode ser definido como ações gerenciais de marketing conduzidas ao público interno (funcionários) com finalidade de promover entre os funcionários o valor de servir o cliente. O comprometimento pressupõe o trabalho em equipe em um contexto marcado pela cooperação e pela integração dos vários setores da organização. A palavra "Endo" provém do grego e quer dizer "ação interior ou movimento para dentro". Endomarketing é, portanto, marketing para dentro. Segundo Spiller et al. (2008, p. 94): “Oferecer um ambiente interno motivador, atrair e manter talentos é uma das funções do marketing interno.” Atualmente o cliente compra muito mais do que apenas um produto ou serviço, ele compra a performance, o atendimento, a solução do seu problema, e tudo isso depende dos funcionários. Como o gestor de marketing não pode supervisionar todas as fases do contato com o cliente cabe ao funcionário estar preparado para assumir essa responsabilidade. O Endomarketing é um conceito, uma atitude e um comportamento, um instrumental que corresponde a uma nova abordagem para o mercado. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 48): “O conceito, o segundo fundamento do Endomarketing, contempla a preocupação com a comunicação. O objetivo aqui é obter um alinhamento interno, desse alinhamento, uma sintonia, e dessa sintonia, uma sincronização de idéias e ações.” O Endomarketing visa estabelecer um processo de troca que construa lealdade na relação entre a empresa e seus funcionários. Essa comunicação pode ser feita dentro da empresa tanto de uma maneira pessoal como via impressa. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 49): “O objetivo do Endomarketing é tornar transparente ao funcionário os objetivos da organização, de forma a harmonizar o objetivo do funcionário com o objetivo global da empresa”. A organização precisa conhecer a fundo o seu público interno para comunicar-lhe adequadamente seus objetivos. Para que a empresa obtenha a lealdade de seus funcionários os mesmo precisam conhecer os objetivos da organização, com um detalhe adicional, que esses objetivos estejam unidos com os de cada funcionário. Os funcionários devem ser atraídos, motivados, desenvolvidos e retidos, principalmente pelo lado emocional (o famoso “vestir a camisa”), mas para isso a organização precisa oferecer uma causa a ser defendida, um conjunto de valores em que o funcionário acredita e com o qual se identifica. Do contrario, na primeira oportunidade que tiver ele irá fugir dessa crença para fazer as tarefas à sua maneira. Para se aplicar os fundamentos do Endomarketing a empresa precisa visar os seus objetivos. A função do Endomarketing é mostrar para as organizações que internamente também existe uma figura chamada cliente e também tornar claro para os próprios funcionários sobre essa figura assim quem sairá ganhando é o cliente externo. O funcionário precisam se sentir engajado nos objetivos da empresa e motivado, esse apoio trará resultados na maior produtividade que os mesmos demonstrarão. 1.1.3 As três fases do Endomarketing Para que o conceito da palavra Endomarketing chegasse ao que é hoje podemos identificar Três fases anteriores: satisfação do funcionário, orientação para o cliente e implementação de estratégias com gestão de mudanças O Endomarketing na fase da satisfação do funcionário: A maior parte do trabalho inicial do Endomarketing tinha o foco na motivação do funcionário. Acreditava-se que a organização necessitava ter funcionário satisfeito para que seus clientes também ficassem satisfeitos, afinal muito do que os clientes compravam era apenas mão-deobra. Um dos problemas dessa abordagem era que as necessidades dos verdadeiros clientes, os externos, poderiam ser colocadas de escanteio. O Endomarketing na fase da orientação para o cliente: posteriormente os autores reconheceram que a relação cliente e vendedor não somente afetava a decisão do cliente em comprar um produto ou serviço e voltar a consumir a marca, como também oferecia uma grande oportunidade para o marketing da empresa. O objetivo dessa abordagem era fazer com que os funcionários que tratassem diretamente com o cliente externo fossem mais eficazes na motivação conscienciosa dos clientes. O Endomarketing na fase de implementação de estratégias com gestão de mudanças: Quando se chegou a essa abordagem os autores perceberam que o Endomarketing podia ajudar as empresas a alcançar seus objetivos. Acreditava-se que se as estratégias fossem implementadas com maior eficácia, os conflitos internos seria resolvidos O Endomarketing hoje é visto como uma maneira de diminuir o isolamento entre os departamentos empresariais, para reduzir os conflitos internos e fazer com que os funcionários superem suas resistências a mudanças. Endomarketing é, portanto, uma conseqüência da necessidade de se motivar pessoas para os programas de mudança que começaram a ser implantados, desde a década de 50, no mundo inteiro. Daí até o momento atual, as empresas tiveram tempo para encontrar as mais diversas maneiras de se comunicar com o público interno, dando origem às técnicas hoje utilizadas. Hoje ele é adotado como uma necessidade, pois as empresas que desejam crescer, conquistar mercado, manter os índices que já possuem e garantir a sua sobrevivência no próximo ano buscam o Endomarketing como uma ferramenta que ajuda na corrida para o sucesso. Um programa de endomarketing bem feito é capaz de tornar o funcionário um ser comprometido com a nova postura da empresa e com a modernidade, cada um em sua área de atuação e através do seu trabalho. 1.1.4 O cliente interno Este é o tipo de cliente mais importante, do ponto de vista empresarial. É ele quem faz ou deixa de fazer para que a expectativa do cliente final seja superada ou não. O cliente interno é a peça principal na qualidade total em serviços. O cliente interno é a pessoa que trabalha na empresa e influencia o processo produtivo e de fornecimento de serviços. Dentro de uma organização, seja ela pequena, media ou grande quase sempre há uma corrente de clientes internos. Os clientes internos não trocam dinheiro, mas sim trabalho, informação, apoio e cooperação. O conceito de cliente interno pode ser muito útil à organização. O perfeito entendimento do conceito pode garantir um clima organizacional melhor, maior produtividade, mais união dentro da equipe, maior satisfação do cliente externo, e até atrair os clientes da concorrência. Uma ferramenta importante para alavancar a satisfação do cliente e promover a qualidade em todos os setores da empresa é o comprometimento do funcionário. É fundamental motivar os funcionários para executarem melhor suas tarefas por meio do Endomarketing. A idéia que orienta o comprometimento do funcionário é permitir que a energia, a criatividade e o talento de todos contribuam para o progresso da operação e que tudo isso possa fazer aflorar as melhores qualidades do grupo, levando-o a sentir-se melhor em relação a si mesmo e a seu trabalho. Isso também dá à equipe uma sensação de posse, despertando nos funcionários maior orgulho pelo trabalho. Muitas das atitudes que buscam a satisfação do cliente interno também podem ser adotadas para aumentar a satisfação com o cliente externo. Em razão disse, o nível de satisfação dos clientes internos é um importante indicador dos esforços da empresa no sentido de melhorar a satisfação dos clientes externos o desempenho operacional. Ouvir a voz do cliente interno é, portanto, o primeiro passo a ser dado antes de procurar satisfazer outras expectativas e necessidades. A opinião do cliente interno é crucial para o aprimoramento da qualidade na empresa. 1.1.5 Do marketing ao Endomarketing O objetivo final de toda empresa é criar um produto cuja qualidade corresponda às expectativas do consumidor. Com isso todos os setores precisam estar sincronizados com esse objetivo principal, com a própria razão de ser empresa. A velha noção de marketing é uma mera atividade de propaganda e esta completamente superada. O Marketing é o processo que envolve concepção, produção, fixação de preço, promoção e distribuição de produtos e serviços com a finalidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes. Ela entra cada vez mais na rotina das pessoas por muitas vezes de maneira pejorativa. Se a empresa não tem uma interação interdepartamental, ela perde a visão global da empresa. Só mesmos as mais esclarecidas podem avançar bem e conviver com as mudanças. É obvio que isso traz conseqüências tanto positivas como negativas. Positivas quando estão gerando benefícios aos envolvidos e negativas por estarem incomodando os acomodados. O marketing global, introduzido via endomarketing, aponta o objetivo final da empresa proporcionando a interação de todos os setores com o melhor atendimento possível ao cliente. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 73): “[...] se marketing faz pesquisa de mercado, Endomarketing deve pesquisar os funcionários.”. A importância da economia orientada para o cliente e a necessidade de uma concepção globalizantes do marketing nas empresas é necessária para responder as novas características e exigência do mercado e por fim na relação intima desses aspectos com a prática do endomarketing. A empresa precisa liderar a revolução, liderar as mudanças e não devem esperar que elas cheguem. Sua velocidade de reação será tão completa e integrada quanto for seu nível de alinhamento interno em relação a seus objetivos. “Marketing atrai e retém clientes, Endomarketing atrai e retém funcionários [...] que retêm clientes.” (BÉKIN, 2006, p. 76) 1.2 A importância do Endomarketing A importância do endomarketing para as empresas deve-se ao fato de que o mesmo mantém o foco nos objetivos do marketing externo, mas voltando sua atenção para dentro da empresa. Todas as ações são planejadas, desenvolvidas e implementadas com base no seu público interno, visando à transmissão de informação, conhecimento, metas e objetivos. A comunicação é uma importante ferramenta para o desempenho de qualquer organização, além de ser uma prática cotidiana nas relações, seja ela entre empresa e mercado, e entre empresa e seus clientes, internos e externos. Devido ao crescimento competitivo entre as organizações as empresas buscam se adaptar a essas mudanças, visando um processo de comunicação para alinhar e desenvolver um comprometimento de todos. “A integração do público interno é fundamental, pois quando as pessoas dispõem das mesmas informações e compreendem que são parte integrante da vida organizacional, que possuem valores comuns e que compartilham dos mesmos interesses, os resultados fluem. É de extrema importância que todos os funcionários saibam quais são os objetivos da organização, sua missão e valores. Dessa forma, todos se sentem parte do impedimento [...]”. (MATOS, 2009, p. 101) O endomarketing é usado como meio de sobrevivência da empresa, é incluso na estratégia empresarial, sendo um elemento de evolução no sistema produtivo. O endomarketing é um elemento indispensável para o sucesso de qualquer empresa. As empresas procuram vender seus produtos / serviços aos clientes prestando todas as informações para compra, assim é de tão importância “vender” idéias e objetivos aos seus colaboradores, tornando-os aliados e parceiro do negócio. O Endomarketing parte do princípio de que “para que haja excelência no desempenho, é preciso que a pessoa de quem solicitasse essa excelência seja tratada com excelência.” (BÉKIN, 2006, p. 89). O endomarketing existe para atrair e reter seu primeiro cliente: o cliente interno. A opinião do público interno tem grande influência nas opiniões e perspectivas do público externo, do consumidor em geral. Essa atitude estratégica visa dar aos funcionários (colaboradores) uma noção da importância de um serviço orientado para atender aos clientes, fazendo-os ter a capacidade de responder qualquer dúvida que surja dentro da empresa, e isso inclui envolvimento, comprometimento, valorização e, principalmente, qualificação do funcionário, visando assumir responsabilidades e iniciativas. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 09): “A importância do endomarketing e de sua proposta estratégica e de transformar o endomarketing em um valor intrínseco e presente em todas as atividades da empresa”. O capital financeiro antes era visto como o recurso mais importante da empresa, mas atualmente o conhecimento está sendo visto como o insumo fundamental para o sucesso do negócio. A contabilidade tradicional não envolve aspectos intangíveis do negócio, como sistemas internos, clientes e o conhecimento que as pessoas proporcionam, desde então percebe-se que investimento em pessoas proporcionam retornos intangíveis, como a imagem da empresa, clima organizacional, respeito, satisfação no trabalho, atendimento ao cliente, criatividade e inovação . As organizações estão sofrendo uma pressão por conta das exigências do cliente externo por melhoria contínua, pelo mercado incansavelmente competitivo e a internacionalização dos negócios que induzir a transformação dos mercados, que agora se voltam para o setor de serviços com maior interesse e disposição de investimentos. 1.2.1 A cultura de serviços Na disputa no mercado pela liderança competitiva entre concorrentes as empresas devem investir em inovações nos serviços prestados para atender as exigências contínuas dos clientes, que não só esperam a continuidade de um bom atendimento, mas também que ele se amplie. A qualidade de serviços depende em grande parte da qualidade dos funcionários. Com essa cultura de serviços as empresas passam a ter clientes muito mais exigentes esperando sempre mais. E essas organizações devem estar prontas para o nível de expectativas e exigências. A preocupação com o desempenho de serviço precisa fazer parte de toda uma filosofia, de uma cultura empresarial voltada para o bom atendimento. É sempre preciso inovar, pois a concorrência tente a copiar em muitos aspectos os novos produtos presentes no mercado, se a empresa perde em algum momento a rentabilidade, ela precisa buscar alternativas para uma melhoria no desempenho de suas operações: tecnologia, equipamento, layout, etc. A diferenciação está na hora de utilizar esses recursos ou de empregar o capital, é justamente o momento da percepção de que a cultura de serviços traz o diferencial. O talento humano quando é adequadamente estimulado e aplicado gera resultados. As organizações que empregam funcionários satisfeitos serão sempre mais capazes de atender seus clientes externos do que aquelas que os funcionários estão insatisfeitos. As empresas bem sucedidas se responsabilizam a ajudar os funcionários da linha de frente a realizar um ótimo serviço de qualidade aos clientes. Segundo Spiller et al. (2008, p. 95): “Propiciar satisfação é fazer tudo certo e dentro das expectativas do indivíduo.” Mas para superar as expectativas dos funcionários é necessário que a organização esteja dotada de uma cultura de excelência capaz não só de transformar todos os funcionários em profissionais de marketing, mas também de criar para a empresa uma personalidade única que é o seu grande diferencial estratégico. Na cultura de serviços o papel do gerente, supervisor, diretor e até mesmo do dono da empresa é disseminar essa cultura, pois é a fonte necessária para viabilizar esse objetivo. A próxima etapa é alinhar os objetivos por meio de um plano de comunicação: boletins, campanhas, mensagens, incentivos, eventos, intranet e instalações. Harmonizando-se com esses objetivos a empresa deve estabelecer que a cultura de serviços seja praticada por todos. Através do Endomarketing a empresa pode conseguir um destaque no mercado expandindo os negócios. Segundo Hamel apud Békin (2006, p.142): “Para estar à frente, você deve liderar uma revolução, portanto necessita de partidários, não se faz revolução sem adeptos, sem militantes.” O endomarketing é o principal recurso para ganhar adeptos para uma nova revolução que é a liderança saudável. O endomarketing também contribui para a adoção da cultura de serviços. Kotler apud Békin (2006) manifesta a idéia de que a pirâmide organizacional deveria ser invertida, pois a atenção especial deve ser ao pessoal da linha de frente, que atende os clientes. Os clientes ficam na parte superior, a alta direção fica embaixo, no suporte, quem comanda a empresa são os clientes e não a direção. O cliente é a pessoa mais importante da empresa, portanto a pessoa que atende diretamente o cliente são as que merecem maior atenção. O bom relacionamento entre a empresa e seu cliente externo é essencial para a percepção de qualidade. A manutenção de padrões de satisfação de funcionários é voltada para a qualidade. 1.2.2 A cultura da qualidade Segundo Spiller et al. (2008, p. 95): “O alicerce da reputação de uma empresa é a cultura da qualidade.” Isso significa não se satisfazer em fazer apenas o trabalho corretamente, mas buscar incansavelmente a perfeição. É acreditar que é possível fazer tudo certo da primeira vez e tornar isso um compromisso de toda a organização. Na fabricação de produtos é possível implementar um tipo de cultura de qualidade através de sistemas e técnicas de qualidade total, no caso dos serviços é mais complicado devido a sua intangibilidade e variabilidade. Além disso, contam também com critérios totalmente subjetivos a avaliações como, por exemplo, estado de espírito, a expectativa, a necessidade ou a urgência do cliente. Segundo Spiller et al. (2008, p. 19): “A menor tangibilidade implica maior dificuldade na avaliação prévia da qualidade e dos resultados.” Para se desenvolver a cultura da qualidade é necessário: Buscar a perfeição; Difundir internamente essa meta; Recompensar os funcionários por desempenho perfeito; Buscar aprimoramento contínuo e Estar em sintonia com o consumidor, conhecendo suas demandas, interesses, expectativas e problemas. Para que a cultura da qualidade obtenha sucesso é necessário que os gerentes exerçam um papel de liderança, orientando que o comportamento de seu funcionário seja voltado para a qualidade. A qualidade do produto que é avaliada pelo cliente externo não pode ser desvinculada da qualidade do funcionário que executa o processo. A qualidade de uma pessoa pode ser observada em três níveis: Qualidade Técnica: são aspectos objetivos e mensuráveis, ao domínio de técnicas inerentes ao trabalho. Qualidade de relacionamento: trata-se do modo como o individuo se relaciona com seu trabalho, sua equipe, seus clientes, sua comodidade e principalmente com ele mesmo. Qualidade intelectual: é a visão do mundo do funcionário, a ética (valores) com que conduz todas as suas atividades. Segundo Spiller et al. (2008, p.111): “[...] os clientes e as equipes de trabalho precisam confiar no empenho, na capacidade técnica, na eficiência, na honestidade e na ética do profissional que está realizando o serviço.” O critério de avaliação da qualidade em serviços será sempre subjetivo, afinal cada pessoas fará seu julgamento, segundo seus próprios valores e expectativas. Portanto, trata-se de um trabalho permanente de sintonia entra a empresa e o funcionário e principalmente entre o funcionário da linha de frente e o cliente externo, por isso é essencial a gerência acompanhar o nível de satisfação do cliente interno que mantém contato direto com o consumidor. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 71): “Produtos e serviços de qualidade só podem ser feitos por pessoas de qualidade. A qualidade dos recursos humanos de uma empresa emergiu como a verdadeira fonte de competitividade.” 1.2.3 A comunicação interna A comunicação interna é atualmente uma das principais preocupações dos gestores das empresas e um dos fatores para essa preocupação é a construção de uma imagem positiva da empresa para seus clientes externos. Essa imagem está ligada às pessoas da organização, e como elas se relacionam com seu público. A comunicação interna funciona como base de sustentação para a comunicação externa. A construção da imagem de uma empresa faz parte das estratégias da organização e nada vale essa construção, se ela não atingir os funcionários da mesma. A missão da comunicação interna é contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um clima positivo, próspero ao cumprimento das metas e estratégias da organização e ao crescimento continuado de suas atividades e serviços e à expansão de suas linhas de produto. A comunicação empresarial deve ser um processo ativo, por meio do qual a empresa possa informar, formando opinião e transformando cenários e ambientes desfavoráveis a sua volta. A comunicação revela a maneira de ser da empresa e é necessário que a mesma avalie o nível real de comunicação interna, identificando os pontos fracos, que geram improdutividade e ineficiência, para poder traçar uma estratégia de comunicação mais eficaz. “As organizações não podem existir sem a comunicação. Se não houver comunicação, os empregados não sabem aquilo que os seus colegas estão realizando, a gerência não recebe as informações necessárias e os supervisores não podem das instruções. A coordenação do trabalho é impossível e a organização entrará em colapso pro falta dela.” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 05). Quando a comunicação é eficaz, ela tende a incentivar um melhor desempenho e satisfação no trabalho. Os colaboradores passam a compreender melhor suas tarefas, sentindo-se mais envolvidos com elas. O papel da gerência na comunicação interna é de suma importância, eles devem, além de começar as comunicações, passá-las adiante e interpretá-las para os funcionários. Os gerentes não podem transmitir uma mensagem mais claramente do que a sua própria compreensão, por isso eles necessitam de informações úteis e oportunidades para tomar decisões corretas. Dados inadequados ou insuficientes podem prejudicar toda uma área da organização, afinal o alcance do gerente é grande e as suas decisões afetam os funcionários e as atividades realizadas pela empresa. A comunicação interna é dirigida ao público interno da organização, principalmente funcionários, o objetivo é promover a máxima integração entre a organização e seus colaboradores e buscar uma constante melhoria de qualidade de vida no trabalho. Uma comunicação eficaz requer habilidades para interpretar, ouvir, usar e aceitar estilos diferentes de comunicação, que tendem a proporcionar atitudes mais adequadas em diferentes situações na rotina da empresa. A excelente comunicação interna pode ser considerada um ativo da empresa, pois tende a criar um ambiente propício à criatividade, à inovação e à aprendizagem. As empresas modernas, cada vez mais, vêm tratando a comunicação empresarial como uma ferramenta estratégica, onde sua gestão pode transformar-se em vantagem competitiva. “A empresa que não favorece a cultura da comunicação e da participação acaba perdendo confiança, produtividade, qualidade, credibilidade e, conseqüentemente, clientes, negócios e mercado, o que significa baixa competitividade. E no contexto de globalização, perda de competitividade quer dizer a mesma coisa que desempenho negativo ou falência. Esta é uma relação de causa e efeito incontestável. Hoje, no mundo dos negócios é unânime o reconhecimento da comunicação empresarial como uma função estratégica de resultados.” (MATOS, 2009, p. 91) Um bom sistema de comunicação é o que fará com que todos dentro da empresa trabalhem na mesma direção, em busca dos mesmos objetivos. Não adianta empenhar tempo e dinheiro na elaboração de projetos se a empresa não é capaz de transmitir suas idéias de maneira clara e precisa a seus colaboradores, parceiros e clientes. A comunicação interna deixou de ser um meio de troca entre os funcionários e passou a ser utilizada como ferramenta estratégica de resultados das empresas e organizações líderes no mercado globalizado. Clientes e colaboradores satisfeitos ou insatisfeitos são capazes de levarem informações para inúmeras pessoas, por isso a importância da empresa em tomar todo cuidado possível para conhecer muito bem quem leva sua marca, quem é capaz de comunicar o que a empresa é por dentro para quem está do lado de fora. O endomarketing tomou uma importância hoje tão grande quanto o próprio marketing, normalmente planejado olhando para o mercado, mas de costas para aqueles que atuam por trás dos bastidores e são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da empresa. A comunicação interna gera resultados aos negócios. Com a globalização, que mudou a realidade mundial e fez emergir novas exigências de excelência em produtos e serviços, o publico interno adquiriu papel de destaque no sucesso dos negócios. Hoje a comunicação de duas vias entre a organização e seu público interno é fundamental. A comunicação integra os funcionários aos objetivos da empresa. A comunicação de duas vias, que informa os funcionários deixando claro por que determinadas decisões são tomadas e, ao mesmo tempo, estimula os colaboradores a participar, ouvindo suas opiniões e contribuições, faz com que o público interno se sinta co-responsável pelo sucesso da organização. 1.3 Implantando o Endomarketing O ambiente externo da organização vive em constante mudança e a empresa não é capaz de controlar os movimentos do mercado, diferente de seus movimentos internos que a mesma é capaz de conduzir. O mundo externo é o grande desafio de qualquer organização que busque o lucro. É possível concluir que, quanto mais as empresas conhecerem e potencializarem as suas limitações internas, melhor será o seu desempenho no externo. A atividade do Endomarketing deve ser praticada constantemente na organização, mas existem momentos de maiores alertas para a empresa, onde é observado uma falta de harmonia em um todo. Essa atividade pode ser utilizada, por exemplo, quando um departamento é mal-entendido pelas outras divisões da empresa, o que o isola, distancia e dificulta seu desenvolvimento. Existem ângulos para as atividades de Endomarketing que são canalizadas para unificar todos na empresa para o público externo. 1.3.1 Como Implantar O processo de implantação do Endomarketing se inicia no diagnóstico, ele possibilita que os pontos fracos e fortes da empresa sejam conhecidos e comparados com as ameaças e oportunidades do mercado. Um bom passo de partida para o Endomarketing é verificar como o seu cliente interno descreve a sua empresa. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p.64): “Endomarketing significa olhar a parte interna da empresa, a parte que conhecemos: instalações, equipamentos, pessoas etc.” O primeiro passo para a implantação do endomarketing é ouvir o cliente interno, ou seja, os funcionários. De fato os instrumentos utilizados para o endomarketing é o arsenal já existente no marketing. São dois passos que dividem a implantação. O primeiro é o diagnóstico, onde a empresa deve fazer uma série de avaliações e análises. Este processo se dará no ambiente interno da organização, dentro dos setores, avaliando a integração dos funcionários e das equipes, analisando o desempenho, potencial e limitações de cada envolvido, o espírito de equipe, necessidades de treinamento entre outros itens de importância para o bom desenvolvimento dos funcionários e da organização. O segundo passo é o Programa de Ação. Depois de verificada as necessidades da empresa é o momento de agir, colocar em prática os planos de melhoria do Endomarketing. Este plano visa desenvolver as pessoas, através de treinamentos, programas de motivação contínua, valorização dos funcionários, oferecimento de recompensas, desenvolvimento de planos de carreira e manter as pessoas envolvidas e comprometidas. A empresa deve disponibilizar um sistema de informações e rede de comunicação interna, promover serviços e campanhas publicitárias internas. Para que a implantação do Endomarketing obtenha sucesso é necessária uma avaliação minuciosa do ambiente interno da organização. Durante o processo de avaliação os pontos fracos e fortes da empresa serão destacados de acordo com o ponto de vista do seu ambiente interno. Essa avaliação do ambiente pode ser chamada de SWOT interna. “Fazemos uma radiografia interna da empresa que leva em conta suas forças (Stenghts), suas fraquezas (Weaknesses), as oportunidades existentes (Opportunities) e as ameaças a se desempenho (Theats)”. (BÉKIN, 2006, p. 62). Nesse processo avaliatório a intenção é localizar os erros cometidos pela empresa e resolvê-los. No diagnóstico é possível localizar esses erros que são chamados de Ponto de Estrangulamento, e são exatamente esses pontos que devem receber um tratamento prioritário do Endomarketing. É fundamental que junto com o diagnóstico ambiental a empresa tenha bem definido seus objetivos. O diagnóstico mostra a empresa sobre a óptica de seus funcionários, a visão que os mesmos têm do local onde trabalham. É necessário buscar um equilíbrio entre a visão dos nossos clientes (externa) e a visão dos nossos colaboradores (interna). Para que todas as ações da empresa para o público externo obtenham respostas é necessário o trabalho do público interno. Para que a implantação do Endomarketing seja eficiente é necessária que o programa se adéqüe a realidade da empresa. Após o diagnóstico a empresa é capaz de identificar seus pontos vulneráveis e assim poderá trabalhar maneiras para corrigi-los. Desse modo, vamos saber em que pontos específicos o Endomarketing deve agir e em que medida ou extensão. É o que se chama de Abrangência do Endomarketing. De acordo com o diagnóstico obtido, podem surgir três níveis de abrangência para um programa de Endomarketing ou três tipos de situação interna. Primeira situação: Essa situação surge quando a empresa percebe que não possui uma estratégia voltada ao atendimento do cliente. O Endomarketing precisa criar uma nova mentalidade, a noção do marketing deve estar presente em todos os setores e na consciência dos funcionários, que devem ser vistos também como clientes. É o nível mais abrangente. Segunda situação: Essa situação ocorre quando já se foi criada a mentalidade de uma cultura de serviços e agora se torna necessário a criação de um processo para manter essa cultura. É preciso fazer com que os valores da cultura de serviço possam se integrar ao dia-a-dia da empresa, para torná-los efetivos. Terceira situação: A mentalidade da cultura de serviços já foi criada e é mantida. Porém mais tarde se verifica que é preciso expandir essa mentalidade, introduzindo novos bens e serviços para os funcionários, ao lado de atividades e campanhas de marketing. Independente dos níveis de abrangência do Endomarketing há sempre duas linhas de ação que comandam esses processos: atitude e comunicação. A linha de ação de atitude: Essa linha inclui as ações que visam mostrar ao funcionário a importância do serviço ser orientado para atender o cliente. Nela inclui envolvimento, o comprometimento, a valorização e a qualificação do funcionário. A linha de ação de comunicação: Essa linha deve criar um sistema de informação capaz de oferecer apoio a todos para que as tarefas possam ser realizadas com eficiência, afinal todos na empresa necessitam de informação. Mais essa linha de comunicação pode se perder se não houver entre os funcionário o feedback e o diálogo. Assim como o marketing, o endomarketing também se subdivide em segmentos de mercado, que é a divisão interna dos funcionários da empresa. Essas subdivisões permitem a melhora da comunicação interna. No endomarketing, a linguagem interna deve ter um idioma único, para que a mensagem seja clara para todos, ela apenas se ajusta a linguagem de acordo com cada segmento. Desse modo, a técnica de segmentação interna pode ser perfeitamente transplantada para o endomarketing com grande utilidade. O novo processo organizacional criado pelo endomarketing desenvolve uma série de noções e procedimentos gerenciais na empresa. Um instrumento empregado é o Grupo Interno para Diagnóstico, o Grid. Ele faz a avaliação a partir de reuniões, onde se deve esclarecer e resolver problemas que possam surgir na prática do Endomarketing. O objetivo do Grid é por meio de discussões em grupo, diagnosticarem internamente o que é urgente para que a empresa ganhe flexibilidade e eficiência no atendimento às demandas e às expectativas dos clientes. Assim como o Grid, existe outra técnica de acompanhamento e avaliação usada pelo endomarketing que é chamada de espelho. Conforme Békin: “Metaforicamente, fotografa-se, por assim dizer, a empresa no momento zero, ou seja, exatamente no início do programa de Endomarketing. Gradativamente são feitas leituras a intervalos regulares [...], com o objetivo de verificar como está se processando a assimilação dos novos valores, o grau de comprometimento e envolvimento dos funcionários, a relação interna entre os departamentos, os prováveis pontos de resistência e seus motivos”. (BÉKIN, 2006, p. 113). O gerenciamento de serviço interno possui alguns procedimentos que dizem respeito ao departamento ou a departamentos que prestam serviços a outros departamentos, por interfaces caracterizadas pela prestação de serviços. Esses procedimentos são cinco. Primeiro cada departamento deve identificar seus clientes e segmentá-los segundo o tipo de serviço a ser prestado. Após isso o departamento tem à sua disposição um mapa dos clientes, apontando quem é quem e o que é preciso fazer para cada um deles, isto é, a natureza de cada serviço. Em segundo lugar, é necessária uma atitude proativa, que consiste em procurar o cliente interno para obter o feedback em relação ao serviço que está sendo prestado. O terceiro procedimento é onde a empresa seleciona os chamados “momentos da verdade”. Segundo Spiller et al.: “O funcionário da linha de frente serve de contato entre a empresa e o cliente, contribuindo para torná-la tangível. Esse é o “momento da verdade”, quando o cliente entra em contado com algum aspecto da organização – pessoas, instalações ou equipamentos – e tem uma “impressão” da qualidade do serviço.” (SPILLER et al., 2008, p. 34) Cada funcionário da linha de frente é, de certo modo, um administrador. Cada um deles controla o resultado do “momento da verdade”, na medida em que controla seu próprio comportamento diante do cliente. O quarto procedimento refere-se à identificação e análise do ciclo de serviço, que são todas aquelas etapas percorridas pelo cliente ao utilizar determinado serviço. O quinto que encerra a série, trata-se de um procedimento usado para avaliação dos atributos do serviço. Esse mecanismo serve para avaliar o grau de comprometimento dos funcionários, o quanto estão envolvidos no processo e o quanto prezam pela qualidade dos produtos e do bom nome da empresa, chamamos esse tipo de marketing de branding interno. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 71): “Brandig interno é um dos elementos mais eficazes em custo para reter talentos e integrá-los. É uma fonte de motivação ao tratar a empresa e seus produtos de forma diferenciada para todo o público interno.” Uma das técnicas que pode ser utilizada pelo endomarketing é trazer o cliente externo para a empresa e promover o encontro entre ele e os funcionários, como uma espécie de intercâmbio para os colaboradores, este tipo de iniciativa ilustra com clareza a quem se destina o fruto da rotina de trabalho. Fazendo essa ligação com o cliente aos olhos do funcionário, conseguimos fazer com que ele visualize novas alternativas na execução de suas funções. Estudos comprovam que, sempre que é dado espaço à contribuição dos funcionários, há melhoria no desempenho da empresa e no grau de satisfação deles. 1.3.2. As práticas do Endomarketing As ações do marketing interno devem abranger diferente aspectos, tais como o treinamento, processo de integração dos funcionários, captação e seleção entre outros. O treinamento esta sob a necessidade da empresa para seu crescimento e a avaliação da expectativa dos funcionários. Ele integra a capacidade técnica e a motivação do funcionário. “A visão do treinamento deve ser sempre estratégica, no sentido de ser considerado e tratado como um investimento com retorno garantido em termos de qualidade, excelência e dedicação.” (BÉKIN, 2006, P. 75) A empresa muitas vezes faz com que o funcionário receba o treinamento e execute o que aprendeu em suas tarefas diárias. É uma mera formação de informações sem feedback. O treinamento, em forma de programas internos ou externos, é quase sempre um componente básico necessário a um programa de endomarketing. Quatro tipos de treinamento podem ser assim incluídos: Desenvolvimento de uma visão holística de como funciona uma estratégia voltada para prestação de serviços e qual o papel de cada indivíduo em relação aos outros indivíduos, funções dentro da empresa e clientes; Reforço de atitudes favoráveis em relação a uma estratégia voltada para diferenciação através da prestação de serviços e Desenvolvimento e reforço das habilidades de comunicação, vendas e interação Inter e intradepartamental. O treinamento, junto com a comunicação interna, constitui a ferramenta predominante do gerenciamento do endomarketing. Os programas de treinamento não são o bastante em um programa de endomarketing. Para que se obtenha continuidade do programa, o papel da alta gerência, das gerências de nível médio e dos supervisores é de suma importância. O suporte por parte das lideranças pode ocorrer de várias maneiras: ● Continuidade ao programa formal de treinamento por meio de ações gerenciais cotidianas. ● Encorajamento ativo dos liderados como parte das tarefas cotidianas da liderança. ● Envolvimento dos liderados no planejamento e na tomada de decisão. ● Feedback aos liderados e fluxo de informações e comunicação nos dois sentidos,nas interações formais e informais. ● Estabelecimento de um clima aberto e encorajador. O apoio das lideranças e a comunicação interativa interna são ferramentas predominantes no aspecto de gerenciamento de atitudes no endomarketing, mas são também, é claro, ingredientes-chave no gerenciamento da comunicação. Há diversos meios para se realizar a comunicação interna nas organizações como, por exemplo, jornais internos, intranet, panfletos, pôsteres, manuais, quadros de aviso, filmes e etc. As oportunidades de contato com o funcionário já existem naturalmente, desde o processo de seleção até a freqüência ao refeitório. No processo de seleção é o momento que a empresa define o tipo do funcionário que ela pretende atrair e ter como garantia de qualidade e eficiência pra o mercado competitivo. É muito importante que na hora da entrevista o avaliador analise o candidato sobre sua capacidade de iniciativa, liderança e trabalho em cooperação com os membros da sua equipe. Segundo Spiller et al. (2008, p. 107): “O processo de entrevista com os candidatos deve ser mais criativo e abrangente, visando conhecer não apenas as aptidões e a capacidade de integração dos candidatos, mas também sua identificação com os valores da empresa são necessários.” Há uma troca entre empresa e empregado para haver um relacionamento duradouro a empresa oferece ao funcionário dinheiro, carreira, status e reconhecimento; e o empregado oferece conhecimento, experiência, talento e empenho. O perfil dos candidatos para cada posição deve ser preparado de acordo com a filosofia e os objetivos da empresa. O profissional precisa apresentar um amplo conhecimento da empresa e dos cargos em questão. A combinação da capacidade de avaliar o candidato certo com a capacidade de vender a idéia da empresa para ele torna-se um dos requisitos para o profissional, pois a idéia da empresa, seu objetivo, seu nível de excelência constituem o ponto mais forte para atrair o candidato e encantá-lo, da mesma maneira como a empresa deve encantar o cliente externo Segundo Spiller et al. (2008, p. 107): “O programa de integração do novo funcionário deve ser o primeiro passo para envolvê-lo com a visão da empresa, e não apenas com suas atividades e organograma.” O programa de integração faz com que o novo funcionário se adapte de maneira mais tranqüila e mais completa, incorporando-se a seu novo ambiente de trabalho e a sua equipe. Um dos objetivos desse programa reside exatamente no fato de comunicar ao novo funcionário o valor dado pela empresa à cooperação e ao trabalho em equipe, assim como informá-lo sobre sua historia, seus produtos e serviços. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 72) o programa de integração: “Tratase de fazer com que o funcionário não se limite apenas a saber o que tem de fazer e como, mas saiba também por que está fazendo e para quem está fazendo determinada coisa.” O processo de integração interna também é utilizado num programa de Endomarketing. É preciso quebrar as barreiras entre os departamentos, realizando sempre que possível um treinamento cruzado, em que os funcionários vivenciam por determinado período as funções de outro departamento com o qual se relaciona, e vice-versa. A inversão de papeis permite não apenas conhecer melhor as limitações e a realidade das outras áreas, mas também compreende o que é possível ou não exigir do outro. Os planos de carreira são válidos para o endomarketing, à medida que contêm as funções do cargo em questão, as qualidades para exercê-lo, a atitude desejável e o objetivo final da empresa. Os planos de carreira devem estar abertos a mudanças e atualizações e de acordo com a cultura organizacional da empresa. O profissional deve estar atento às mudanças organizacionais e propor planos de carreira atualizados. O caminho das promoções e até a possibilidade de se chegar ao topo. Um plano de carreira pode ser um instrumento eficaz para motivar os funcionários. “Para que os planos de carreira possam cumprir seu papel de motivação, a primeira regra é divulgá-los, tornando-os um estímulo sempre presente para os funcionários. Quanto mais aberta for uma empresa, quanto mais delegar responsabilidades de forma precisa e valorizar os funcionários como parte de uma estratégia de eficiência, maiores serão as perspectivas de que obtenha o máximo do potencial deles. É nesse aspecto ligado à cultura organizacional, que torna os planos de carreira instrumentos atuantes, integrados aos objetivos e processos da empresa, e não meras promessas ou prescrições burocráticas.” (BÉKIN, 2006, p. 78) O que caracteriza precisamente o endomarketing é o seu objetivo de estabelecer um processo permanente de motivação do colaborador, tratando-o como cliente interno. A motivação das pessoas é a base para a harmonia e eficiência no ambiente organizacional. O profissional de RH precisa desenvolver pesquisa de clima organizacional, objetivando verificar o grau de motivação de seus colaboradores. 1.3.3 Envolvidos e seus objetivos no Endomarketing O endomarketing não se aplica apenas aos funcionários que visam lucro. É um forte coadjuvante na mobilização do público interno e respectivas famílias na sociedade, atuando em nome da empresa. O ambiente de interação ideal significa pessoas informadas sobre a empresa onde trabalham, voltadas para um trabalho em equipe baseado em comunicação e que permite o desenvolvimento do potencial do funcionário. Cada indivíduo do departamento tem uma percepção de sua área em relação às demais da empresa. O gerente deve começar a desenvolver um trabalho de aproximação entre todos os departamentos, para que estes entendam melhor o que a área faz. O gerente também deve retornar aos seus subordinados as informações captadas das outras áreas e alinhar esse grupo em torno da importância do departamento. A maneira mais eficaz de tornar os efeitos da implantação do programa de endomarketing algo positivo, tanto para a organização quanto para o seu cliente externo, é fazendo com que haja um grande envolvimento das pessoas, participantes do processo interno da empresa, no desenvolvimento dos trabalhos de conscientização quanto à melhoria da qualidade dos serviços prestados, com o aumento da eficácia na comunicação entre os diversos setores. Para isso se concretizar, deve haver um equilíbrio entre três fatores: motivação, participação e premiação. Motivação - estimulação do funcionário a envidar seus esforços na mesma direção que a empresa, entusiasmando-se quando do alcance das metas para ele estabelecidas; Participação - permissão dada ao funcionário para fazer parte do processo de implantação e desenvolvimento das atividades inerentes ao endomarketing, por meio da criação de canais de comunicação com o colaborador, através do qual ele possa colocar suas idéias ao conhecimento da alta direção, não se esquecendo do reconhecimento à sugestão dada; Premiação - fechamento do ciclo de envolvimento, quando se coloca em prática um programa de premiação às idéias apresentadas, exaltando a participação do funcionário. Há dois tipos de premiação: a honorífica e a material, sendo a primeira, a colocação em destaque do funcionário perante sua empresa, e a segunda, o reconhecimento por meio de vantagens que podem ser até em termos monetários. 1.4 O papel da gerência Os responsáveis pelo sucesso do Endomarketing são todos os integrantes da empresa, do gerente ao servente, pois é necessário que todos conheçam sobre a cultura da empresa e tenham informações sobre os clientes para que ocorra uma integração entre os setores. O marketing interno deve fazer parte da gestão estratégica da empresa e, para ser bem sucedido, deve começar na alta gerência. O executivo de marketing ou de comunicação corporativa assume o papel de facilitador, multiplicador e líder, juntamente com a área de recursos humanos, tornando-se uma espécie de “advogado” da qualidade na organização. (SPILLER et al., 2008, p. 96). Os gerentes têm muita importância na contribuição para as empresas e seu foco deverá estar voltado sempre nos resultados, significa que os processos internos da organização estão submetidos ao resultado, que é o atendimento ao cliente. Os gerentes são transmissores de valores, eles recebem e transmitem valores. Como líderes devem ter o perfil de comunicador, passando bem a mensagem e transmitindo confiança e credibilidade. Esta comunicação deve ser limpa, prevenindo desempenhos irregulares e contribuindo para a sincronicidade. Segundo Spiller et al. (2008, p.97): “Uma de suas atribuições é transformar os funcionários em profissionais de marketing.” Os gerentes devem fornecer aos funcionários ferramentas para que eles possam cumprir seu papel. Estando preparados para atender às demandas do consumidor, os funcionários provavelmente se sentirão mais engajados em todo o processo e consciente da importância de seu papel para o sucesso da organização e a construção da fidelidade do cliente. As principais atividades do líder (gerente) são: Orientar seu pessoal para a noção do serviço pára o cliente, estimulando seus funcionários os valores para a máxima atenção aos momentos da verdade; Sob a sua liderança deve consultar e ouvir o que pensam seus funcionários sobre o valor entregue ao cliente e sobre a eficácia do serviço: o que vai bem, se há pontos críticos e quais são. Deve incluir o feedback dessas consultas em suas decisões, tendo a percepção e a expectativa dos clientes , como referencia principal para as suas decisões. Deve recompensar seus funcionários, tendo em vista os resultados obtidos seguindo claros critérios de avaliação. Assim reafirmando seu compromisso, como um líder que lidera e não que manda fazer. O papel do gerente é acompanhar a qualidade de vida de seus colaboradores, pois a propriedade dos produtos e serviços depende dessa qualificação. A função destas áreas internas é garantir o bom desempenho do trabalho, e o cumprimento das funções, além do entendimento que o trabalho técnico que é executado tem um impacto no público externo da empresa. O sucesso da implantação do Endomarketing depende 10% do próprio programa. O gerenciamento e a execução ficam com a responsabilidade dos 90% restantes. Daí a importância total do comprometimento e envolvimento pessoal da alta direção da empresa. É necessária uma harmonização entre os objetivos do indivíduo e os da organização. O papel do endomarketing aqui é integrar e alinhar as duas partes para garantir um sincronismo de atividades. Para termos uma boa adesão do processo de endomarketing nos escalões inferiores, é necessária a mobilização de seus superiores. Pois muito importante para o Endomarketing são os líderes, este quando é coerente com os valores de cooperação, trabalha com e para o grupo, tem perfil democrático, divide responsabilidades, delega poderes, dialoga e ouve. Se o gerente não desenvolve sua liderança sobre seus colegas, parceiros e colaboradores, dificilmente a atividade de Endomarketing progride, ela será implantada, mas com resultados bem menos estimulantes. A vantagem deste envolvimento dos funcionários é que todos ficam sabendo para onde estão indo e por quê. Assim ninguém estará saindo fora do objetivo. Segundo Saul Faingaus Békin (2006, p. 110): “Os profissionais devem ser cientes que para atingir crescimento no faturamento e nos lucros, a pesquisa de questões relacionadas aos funcionários não devem ser ignorada”. Isto porque os funcionários são clientes de serviços internos, uma vez que a qualidade desses serviços afeta a qualidade do serviço externo, é essencial medir a qualidade dos serviços internos. Os funcionários podem e devem oferecer percepções e contribuições sobre as condições que afetam a qualidade do serviço na organização. As pesquisas com funcionários servem como sistema de alerta aos profissionais de marketing, pois eles que são capazes de identificar quando o sistema terá alguma interrupção ou quebra, além de serem mais bem preparados para acionar o conserto e a manutenção. As pesquisas internas de satisfação devem ser realizadas periodicamente e ajudam a gerência na formulação das políticas de benefícios, avaliar a consistência da cultura organizacional, colher dados para o balanço social e ate inovar no tratamento do cliente interno. É importante dar ao cliente interno um feedback do resultado das pesquisas realizadas internamente, demonstrando assim que a empresa esta realmente comprometida com a sua evolução e a do grupo como um todo. Segundo Spiller et al. (2008, p. 108): “Quando as avaliações de desempenho não são discutidas abertamente entre as chefias e os funcionários, obtém-se o efeito oposto: insegurança, desequilíbrio de poder e ressentimento com a postura da empresa.” A alta direção deve acompanhar de forma organizada as interfaces de serviço, isto para que uma visão global de todas as interfaces e processos internos de prestação de serviço sejam efetivamente colocados em prática, assim é preciso que a alta direção esteja de fato, engajada e comprometida com os princípios do endomarketing. 1.4.1 Empowerment A palavra empowerment significa “dar poder”. Esse tipo de gestão procura exatamente isto: dar poder e autonomia para o funcionário. O empowerment ganhou adeptos em virtude de vários fatores, como a busca de maior competitividade e a redução da burocracia e do trabalho inútil por meio da tecnologia, que liberou o funcionário das tarefas repetitivas e melhorou a distribuição das informações dentro da organização. De modo geral, as pessoas passaram a ver no trabalho uma forma de auto-realização, reconhecimento e liberdade, afinal é no trabalho que elas passam a maior parte de seu tempo e vivenciam a maioria das interações interpessoais. Os gerentes começaram a ter a seu cargo equipes cada vez mais numerosos, o que acabou deixando-os sobrecarregados em suas atividades de supervisão e controle. “Logo, a solução é treinar, delegar e confiar, ou seja, em vez de “gerenciar”, passar a “liderar”.” (SPILLER et al., 2008, p.98) A década de 1990 trouxe um novo estilo gerencial baseado no compromisso com metas, e na mutua confiança entre a empresa e seus funcionários, na capacidade de se adaptar rapidamente a situações inesperadas, na flexibilidade para mudanças e no compartilhamento da informação e do conhecimento. Segundo Spiller et al. (2008, p.99): “Na gestão do empowerment, a diretoria estabelece claramente as metas, mas quem decide o que fazer e como fazer são os funcionários.” O empowerment não é algo imposto pela gerência, os funcionários aceitam maiores responsabilidades pelas suas ações em troca da liberdade de decisão. É comum confundir a gestão participativa com a gestão por empowerment, quando na verdade essas gestões são diferentes. Na gestão participativa as linhas de ação estão nas mãos da gerência e há muitos controles e níveis hierárquicos já na gestão do empowerment o funcionário está motivado a agir por conta própria porque sabe que será recompensado. “O empowerment é uma filosofia que só pode funcionar com colaboradores preparados e conscientes dos objetivos da organização.” (MATOS, 2009, p. 102) O empowerment pode ser implantado nos níveis diretivo (executivo e gerentes) e individual ou em equipe multifuncionais. Os benefícios do empowerment são: Redução de custos; Satisfação psicológica; Agilidade de resposta ao cliente; Compartilhamento do conhecimento e Comunicação aberta. Já os riscos do empowerment são: Metas erradas ou obscuras; Avaliações injustas ou malformadas; Treinamento inadequado ou suficiente; Tensão interna; Falta de autoridade e Imposição de responsabilidades. A comunicação com os funcionários pode ocorrer em várias frentes e oportunidades diferentes. Muitos são os meios a serem utilizados e os momentos de contato, que devem ser aproveitados para praticar o marketing interno. 1.5 O que se espera do Endomarketing Mais do que simplesmente informar, o endomarketing serve para disciplinar a direção da empresa para determinadas atitudes de aproximação com o funcionário. Nesse contexto, a comunicação é tratada de uma forma bastante simples: como um processo pelo qual idéias e sentimentos são transmitidos de indivíduo para indivíduo dentro de um mesmo ambiente de trabalho. A afirmação de que não existe endomarketing sem que a direção queira é forte, porém verdadeira, por se tratar de um processo vertical, na maior parte das vezes de cima para baixo, que exige uma participação efetiva da direção. As pessoas que ocupam cargos de direção nas empresas devem se disciplinar para as atividades de comunicação interna, realizando reuniões, ministrando palestras, participando de festas e atividades interativas. O processo de implantação e concretização do Endomarketing requer persistência, apoio do pessoal da área de Recursos Humanos, Marketing, Operacional, e, acima de tudo, da Diretoria. Os ganhos são imediatos, mas os resultados operacionais virão a partir do segundo ano de implantação. O gerenciamento no processo de implantação deve ser constante para que os ajustes necessários sejam feitos de forma imediata, para inibir erros futuros. Esse processo deve ser coordenado por um grupo de colaboradores em busca de um conhecimento profundo das necessidades reais de cada área e devem avaliar e programar melhorias de acordo. O processo de implantação é realizado em etapas, e em cada etapa, o programa deve ser reavaliado, para que a implantação continue em andamento. Essa análise ajuda a traçar o planejamento e gerenciamento do processo de Endomarketing. Após a concretização das atividades referentes ao programa de implantação de endomarketing nos diversos setores da organização, deve-se constantemente avaliar os procedimentos implantados, fazendo uma análise dos resultados alcançados e, havendo dificuldades na obtenção dos objetivos estipulados, aprimorando as ações inicialmente implementadas ou, se for o caso, redirecionando os focos ou alterando as metas anteriormente estabelecidas. “[..]. o sucesso da implantação do Endomarketing depende 10 por cento do próprio programa ou plano. O gerenciamento e a execução ficam com a responsabilidade dos 90 por cento restantes. Daí a importância da liderança, do comprometimento e do envolvimento pessoal da alta direção da empresa.” (BEKIN, 2008, p.70) Atualmente a expectativa das pessoas em relação à empresa na qual trabalham envolve muito mais do que um bom salário. Todos querem trabalhar numa organização conhecida no mercado e que seja respeitada. A confiança é basicamente uma questão de atitude. Atitude de respeito pelas pessoas, que gera credibilidade e também comprometimento, fundamental no desenvolvimento das organizações. As atitudes de endomarketing podem ser expressadas no dia-a-dia, nos pequenos detalhes, na convivência, nas atividades que não representam custo para a empresa, mas que demonstram respeito e consideração ao elemento humano. O marketing externo se torna muito mais abrangente quando o marketing interno é bem feito. Os funcionários precisam expandir a boa imagem da empresa para o público externo, para que os serviços oferecidos por ela sejam bem aceitos pelos seus clientes. Um programa de Endomarketing facilita a realização de trocas, construindo relacionamentos com o público interno, compartilhando os objetivos da empresa, harmonizando e fortalecendo essas relações. “O Endomarketing não é uma novidade qualquer, um modismo. É uma inovação ditada pela necessidade. É uma inovação em termos de administração interna, porque parte da noção do funcionário como cliente e do marketing como processo que deve abranger todas as atividades da empresa.” (BÉKIN, 2006, p.71) O Endomarketing é uma necessidade atual porque estamos diante de um mercado voltado para a qualidade de serviços, qualidade de atendimento aos clientes segundo a percepção desses clientes. O Endomarketing introduz uma nova perspectiva, a da cultura organizacional voltada para o atendimento ao cliente, orientada por uma noção de excelência no serviço e valorização daqueles que prestam o serviço, os funcionários. Na prestação de serviços é impossível haver uma padronização como a que existe nos produtos, por isso a qualidade é em grande parte o maior componente do atendimento prestado pelo pessoal, um programa de Endomarketing visa conscientizar os Recursos Humanos da importância da prestação de serviços de elevada qualidade ao consumidor. Além disso, outra componente de qualquer Programa de Endomarketing é motivacional – ou seja, procura fazer com que as pessoas comprem a idéia, e, por conseqüência, trabalhem com maior dedicação. Neste capítulo estudamos o endomarketing, sua utilização e como ele pode ser importante para as organizações, no capítulo seguinte mostraremos como esta ferramenta pode ser vantajosa para a obtenção do sucesso no processo das fusões empresariais. CAPÍTULO II 2. O ENDOMARKETING NAS FUSÕES EMPRESARIAIS 2.1 Conceituando fusões No capítulo anterior abordamos o tema endomarketing, e os benefícios que ele pode oferecer paras organizações que o utilizam. Neste capítulo estudaremos as fusões empresárias, que são uma estratégia competitiva para as empresas, e vamos mostrar a relação dessa estratégia com o endomarketing, como ele pode ajudar para que este processo seja bem sucedido. Fusão é a união de duas ou mais companhias que se extinguem formando uma nova e única grande empresa, que as sucede em direitos e obrigações. Após uma fusão empresarial o controle administrativo é de responsabilidade da empresa maior ou mais próspera das envolvidas no processo. Esse tipo de união possibilita a redução dos custos, mas pode monopolizar o mercado. Conforme definição do próprio direto positivo brasileiro (lei 6.404, artigo 228), “fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma sociedade nova que lhes sucederá em direitos e obrigações.” Independente do seu setor as empresas trabalham para superar seus concorrentes e conquistar uma fatia maior do mercado, atraindo assim mais clientes. Na atual economia capitalista obter lucros é também de suma importância para empresas e, por isso que, na maior parte das vezes, algumas organizações optam por juntar forças. Normalmente uma fusão tem como função resolver deficiências em termos de mercado, tecnológico ou de capacidade para a gestão do negocio. As fusões são vistas como uma forma de melhorar o desempenho da administração ou de alcançar algum tipo de sinergia, aumentando assim a eficiência e competitividade da empresa como um todo. No dia do anúncio de uma fusão ou aquisição, o mercado pré-avalia o impacto da aquisição na lucratividade futura da empresa. No entanto, os resultados reais podem ir ao encontro das percepções do mercado, superar essas percepções, mostrando que a transação de fato valeu a pena, ou ser inferiores a elas. A qualidade e a rapidez na integração entre as empresas será fator determinante do sucesso ou insucesso de uma transação deste tipo. Os balanços futuros mostrarão como isso ocorreu, e o mercado acionário saberá reconhecer as transações criadoras de valor, assim como as destruidoras. È consenso entre os profissionais da área que as fusões e aquisições precisam ocorrer em função de uma estratégia de crescimento baseada no valor que essas transações vão agregar, e não apenas no crescimento em si. Cada pessoa jurídica resolverá a fusão em reunião dos sócios ou em assembléia geral dos acionistas e aprovará o projeto de estatuto e o plano de distribuição de ações, nomeando os peritos para a avaliação do patrimônio das sociedades que serão objetos da fusão. A fusão caracteriza-se pelo fato de desaparecerem as sociedades que se fundem, para, em seu lugar, surgir uma nova sociedade. A fusão, entretanto, não importa na dissolução das sociedades fundidas, mas na extinção formal das sociedades que passaram pelo processo de fusão. Não havendo dissolução, não há que se falar em liquidação do patrimônio social, posto que a sociedade surgida da operação em questão assumirá toda e qualquer obrigação, ativa e passiva, das sociedades fusionadas. Por fim, ressalta-se que a fusão de empresas, dada a sua complexidade, não apenas do ponto de vista jurídico, mas também em razão de suas inúmeras implicações fiscais, é um procedimento que por longo período foi relegado ao esquecimento e desuso pela pratica jurídica. Os profissionais e as empresas precisam compreender que a fusão tem que ser uma estratégia de crescimento baseada no valor que as transações vão agregar, e não apenas no crescimento em si. Para evitar que problemas ocorram após um processo de fusão, as empresas precisam: Dispor da maior quantidade possível de informação confiáveis; Checar se o potencial de mercado da empresa considerada e Evitar que critérios subjetivos, como vaidade e ambição pelo poder, sejam a principal força motriz de uma fusão. A fusão é um instituto complexo, uno, sempre de natureza societária, que se apresenta com três elementos fundamentais e básicos, conforme a denominação de Waldírio Bulgarelli (1999). Transmissão patrimonial integral e englobada, com sucessão universal; Extinção (dissolução sem liquidação) de, pelo menos umas das empresas fusionadas e “congeminação” dos sócios, isto é, ingresso dos sócios da sociedade ou das sociedades extintas na nova sociedade criada. 2.1.1 Os tipos de fusões As formas mais importantes que o processo de fusão pode assumir são três: a fusão horizontal, a fusão vertical e a fusão de conglomerado, segundo Brealy, Myers e Marcus (2003). Em uma fusão horizontal, as empresas que se fundem operam no mesmo tipo de negócio. Considerando as economias de escala, penetrar rapidamente em novas regiões e a redução de custos. Como por exemplo: Itaú e o Unibanco. A fusão vertical se caracteriza quando as empresas que se fundem estão em etapas diferentes processos da operação. Como a fusão de uma fabrica de massas com um moinho de trigo, ou uma montadora de automóveis com um fornecedor de autopeças. Objetivo é diminuir os custos de transação externa causadores pela existência do mercado imperfeito, tendo uma facilidade em distribuir os produtos ou procurar realizar economias através de operações integradas como planejamento de estoque e da produção, transporte, etc. A fusão por conglomerado é a combinação de empresas em negócios não relacionados. Como foi o caso entre a RJR (empresa de tabaco) com a Nabisco (empresa de alimentos). É a diversificação de investimentos, visando a reduzir riscos e aproveitar oportunidades de investimento. As fusões de conglomerados podem ser divididas nos três tipos abaixo: Extensão de Produtos: são quando as linhas de produtos da empresa aumentam. Ocorrem entre empresas que atuam em negócios que possuem certa relação entre si. Extensão Geográfica do mercado: ocorre quando uma empresa atua somente no mercado interno e a outra somente no mercador externo. Envolvem empresas cujas operações são conduzidas em mercados com localização geográfica distinta. Conglomerado Puro: envolvem empresas que atuam em negócios não relacionados. Pode ser entendido como uma empresa que controla diversas atividades em diferentes negócios que requerem habilidades diferentes, aproveitar as oportunidades de investimento e diversificação do risco. 2.1.2 As fusões no Brasil A partir de 1990 o Brasil deixou de ser um país de economia fechada e sem competitividade para se tornar uma economia aberta e globalizada. A abertura do Brasil ao comércio internacional ganhou força no começo do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992). As empresas internacionais começaram a incorporar as empresas nacionais, que eram tradicionalmente familiares, devido o fato de que elas não tinham potencial de concorrência de mercado. Nessa época o Brasil percebeu que era importante aumentar a capacidade produtiva e que as fusões empresariais era uma maneira de concretizar esse aumento. Após o surgimento do Plano Real em 1994, houve um controle na inflação e levou a um crescimento na taxa de consumo no mercado. Com isso começou a atrair investidores e empresas estrangeiras ao Brasil, utilizando o processo de fusão para entrar e conquistar o mercado brasileiro. O processo de globalização também incentivou o desenvolvimento das operações de fusões de empresas no cenário mundial. Inúmeros fatores como a necessidade de atuar em outras regiões e a busca de sinergia tecnológica e financeira levaram as grandes empresas a atuar em outros países por meio das fusões empresariais. Sob um ponto de vista positivo, os processos de fusão, causam benefícios ao mercado consumidor, desde que não atrapalhem a livre concorrência, pois obrigam as empresas a investir em tecnologia e preços baixos. E é fato que apenas as grandes empresas têm capital e tecnologia para atender o crescimento de demanda e apresentar preços baixos. Assim para que a empresa nacional tenha competitividade em relação à empresa estrangeira é necessário, atos concentracionistas de empresas nacionais, sendo um verdadeiro atrativo para a sociedade empresária que pretenda a diminuição nos custos da produção e nas despesas administrativas e, conseqüentemente o aumento de lucros e de mercado consumidor, visando competir numa economia globalizada. Porém, como não vivemos numa concorrência perfeita, estamos sujeitos por causa dos atos concentracionistas, ao monopólio prejudicial, ou seja, uma verdadeira dominação do mercado consumidor, ocasionado a falência de pequenas empresas, visto que não apresentam competitividade em relação às grandes empresas. No Brasil um dos grandes problemas encontrados é a dificuldade do empresário em saber como estruturar a sua empresa para o inicio do processo de fusão, quais alternativas adotar, quais tipos de operações, como se elabora um projeto e quais suas fases, e principalmente qual é o valor da sua empresa para uma eventual operação de venda ou compra. Apesar disso, os processos de fusão no Brasil e no mundo são irreversíveis. Independente de qual setor do mercado cabe aos empresários adequar suas empresas a esta novidade e prepará-las para o futuro. No Brasil, o crescimento do número de fusões de empresas tem sido incentivado por diversas iniciativas, sendo uma das mais importantes a criação do Programa Nacional de Desestatização (PND), gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O PND brasileiro privatizou grande número de empresas estatais, oferecendo oportunidades de expansão não só para as empresas locais, mas também para as empresas ainda não instaladas no país, interessadas em expansão geográfica dentro de um mercado potencial. 2.2 A Importância das fusões para as empresas As empresas procuram a pratica de fusões para se capitalizar ou ampliar sua abrangência no mercado. Nos tempos de economia globalizada, assistimos uma forte tendência mundial no sentido da concentração das atividades produtivas em torno de um número cada vez mais reduzido de grupos econômicos. explica-se, pela concorrência cada vez mais acirrada existente entre as empresas e pelo fato desta concorrência impor uma otimização na produção e no funcionamento destes entes econômicos a fim de se diminuir os custos de produção e, por conseguinte, possibilitar colocar no mercado produtos mais competitivos e que possam, unitariamente, agregar o máximo possível de valor. Esse é umas cenárias de extrema competição, com a necessidade das empresas se tornarem cada vez mais competitivas, seja para poder abarcar uma fatia mais significativa do mercado, seja para não serem engolidas pela concorrência, a realidade nos coloca diante de fatos que representam saídas e estratégias criadas pelos entes econômicos no objetivo de aumentar sua competitividade. pode-se afirmar que o que leva uma empresa a reorganizar-se societariamente é, por exemplo, a perspectiva da empresa incorporadora ingressar em um determinado nicho do mercado que está sob o domínio da empresa incorporada, ou, ainda, o caso de duas ou mais empresas se unirem em uma só a fim de se tornarem mais fortes frente à concorrência ou para trocarem tecnologias úteis às duas empresas. As empresas hoje usam as fusões como estratégica competitiva, sabendo que a alta rivalidade entre as concorrências diminui a lucratividade, assim as empresas cada vez mais buscam diferenciais, valores agregados para diminuir a rivalidade. Segundo Michael E. Porter (2009, p. 44): “O lema da estratégia competitiva é ser diferente. Significa escolher, de forma deliberada, um conjunto diferente de atividades para proporcionar um mix único de valores.” A integração das atividades em uma fusão resultará na obtenção de sinergias operacionais e administrativas importantes, o que possibilita competir com os principais concorrentes. Uma fusão também trará benefícios para uma empresa, por meio do oferecimento de novos produtos e serviços. A reação ou a antecipação a um movimento dos concorrentes, o surgimento de novos entrantes ou produtos e serviços substitutos são algumas das razões a qual as empresas buscam processos de fusão. A fusão entre empresas soma os esforços das empresas envolvidas e acabam se associando para alcançar um novo mercado, reduzir custos, racionalizar operações e defender interesses do setor que atuam. Segundo Michael E. Porter (2009, p. 09): “A ameaça de entrada, limita o potencial de lucro do setor. Quando esse risco for alto, as empresas estabelecidas precisam reforçar seus investimentos, para deter os novos concorrentes.” A desregulamentação dos mercados locais, associadas às tendências internacionais em direção à globalização, fez com que empresas estrangeiras adquirissem empresas brasileiras esse fator favoreceu os processos de fusão no Brasil. As razões patrimoniais e de preservação de valor pesam na opção de uma fusão, essa decisão pode assegurar a manutenção de valor financeiro aos acionistas. As vantagens dos processos de fusão para as empresas: Viabilização da expansão em prazo mais curto, redução do custo da expansão e diminuição dos prazos de implantação e dos riscos de uma nova linha de produtos; Redução dos riscos inerentes ao desenvolvimento interno de novos projetos ou produtos ou à montagem de estabelecimentos próprios em novos segmentos de mercado; Aumento de poder de mercado diante de clientes, distribuidores e fornecedores; Remoção de um concorrente potencial; Remoção de barreiras a entrada em novos mercados; Entrada em novos mercados (a forma mais rápida). As fusões são justificadas até o ponto em que agregam valor: trazem novos mercados, novos produtos, clientes importantes, força de trabalho dotada de algumas tecnologias ainda não detidas. Valor é agregado se capacidades diferenciadoras ou ativos estratégicos forem explorados de forma mais efetiva; Obtenção de vantagens fiscais; Internalização das funções, as transações verticais proporcionam redução dos custos de transação e Diversificação do risco, a associação das empresas em setores e mercados diferentes, reduz o risco do grupo e a volatilidade da receitas. As fusões e aquisições são umas das principais decisões de investimentos das empresas e que movimentam somas significantes de valores. Vários fatores vêm contribuindo para evidenciar a importância de as organizações refletirem sobre a diversidade da força de trabalho e a forma de gerenciá-la, visando obter uma vantagem competitiva. Movimentos crescentes de fusão e aquisição de empresas, internacionalização dos negócios, avanços em tecnologia de comunicação, permitindo um mundo virtual de trabalho 24h por dia, mudanças comportamentais da sociedade, alteração no perfil demográfico da população têm contribuído para que grupos de trabalho se tornem heterogêneos em diferentes aspectos da natureza humana. “O desafio é comunicar a fusão não simplesmente como uma simples história, mas como episódio de uma história muito maior, que recua no passado de duas companhias e pretende traçar o seu futuro conjunto. [..]. Ela interessa a todos os grandes stakeholders da companhia: clientes, funcionários, parceiros de negócios, investidores e muitos outros. Essa historia simboliza o que é a companhia, para onde se dirige e o que significa para cada um dos stakeholders.” (FUBINI et al., 2008, p. 57). As fusões e aquisições estão se mostrando cada vez mais uma estratégia importante para as empresas que planejam uma expansão sistêmica em um curto espaço de tempo. Por outro lado as empresas familiares encontram dificuldades de sucessão, e percebem que o risco da competitividade é muito alto e com essa rivalidade acirrada do mercado o melhor salvamento do patrimônio familiar se encontra na venda da empresa, e assim que muitas empresas estrangeiras ou não familiares encontram sua estratégia de expansão e competitividade, no intuito de diminuir a rivalidade aumentando assim a lucratividade. 2.3 Resultados e impactos das fusões para as empresas Muita empresa após a fusão tem um resultado concreto onde há um aumento na participação no mercado, uma alta rentabilidade, produtividade, flexibilidade e redução de custos. A empresa se mostra mais participativa, com uma melhor comunicação, um menor índice de demissões e um respeito e dignidade aos funcionários. Se a fusão não for bem sucedida, pode haver muitos impactos negativos em relação às empresas como a perda da visão estratégia, perda de espírito de equipe, perda de liderança, aumento de burocracia, uma crise de comunicação e deteriorização do clima organizacional. Os funcionários diante destes impactos começam a ter raiva e ressentimento em relação à empresa, há uma queda em seu desempenho, perda de comprometimento e desconfiança na empresa. A melhor alternativa de obter um resultado positivo é obter ações e posturas para evitar medidas impositivas, melhorando a estratégias de comunicação, reduzindo ao mínimo as demissões e desenvolver uma atitude de dignidade e respeito com relação aos funcionários é extremamente importante. Alguns fatores críticos para ter resultados positivos são: Eliminar as diferenças culturais existentes; Fundir culturas; Gerir metas o objetivos; Gerir expectativas; Gerir competências; Prover alinhamento estratégico e obter sinergia; Criar cultura favorável; Gerir mudanças e gestão de melhores praticas; Gerir conhecimento; Obter sinergia e engajamento; Alinhar os programas de RH com as pretensões e alvos da corporação; Alinhar as pessoas e reter os melhores profissionais; Prover e integrar ferramentas de trabalho e Promover a nova cultura e o que deseja dela e etc. O processo de reorganização das empresas, que fazem fusões ou aquisições, vai determinar a existência destas corporações no futuro. Este processo de integração entre as empresas é um ponto importantíssimo após as fusões, pois é o que vai determinar o sucesso da empresa conjugada, refletindo-se nos índices de rentabilidade. Quanto mais rápido for feita a integração das empresas, mais rápido aparecerão às sinergias. 2.3.1 O papel da “História de fundo” O futuro de uma companhia é fortemente influenciado pela “História de fundo”, isto é, os eventos da história da companhia que continuam a afetar as suas idéias e seus comportamentos. Se a influência da história de fundo for respeitada é possível que o processo de fusão se construa sobre tais fundamentos, em vez de se entrar em conflito com eles. Alguns diretores tem a falsa idéia que a fusão é algo capaz de proporcionar uma oportunidade de começar as historias das corporações envolvidas por inteiro a partir do momento presente. Eles alegam que a companhia que irá nascer da fusão não tem história. Na verdade, não é possível levar uma empresa para um futuro novo sem que consiga ao mesmo tempo considerar seriamente as poderosas influências da história de fundo. Segundo Fubini et aL. (2008, p. 63): “Não existe fusões sem um passado. Para o bem ou para o mal, a “história de fundo” é sempre importante”. Executivos e funcionários guardam na memória as mais variadas experiências com as reformas organizacionais que não foram em frente, os fracassos e sucessos e vários outros elementos que foram altamente relevantes na história pregressa na companhia na qual trabalha. Por esse motivo que na maior parte do processo de integração entre as empresas envolvidas na fusão ha uma grande resistência dos funcionários a aceitar a nova cultura imposta e que todos os seus hábitos e crenças passadas sejam apagados. Geralmente, a fusão não é o primeiro episódio marcante na história de uma organização. Por mais que os diretores pretendam focar a história no futuro, os funcionários irão naturalmente buscar sentido nela em termos daquilo que eles melhor conhecem: a história pregressa da empresa na qual trabalhavam antes da fusão. A fusão não sinaliza um rompimento com a história pregressa das empresas envolvida ela é a continuação dessa história, por exemplo, uma fusão pode indicar a continuidade da história da empresa na luta pela superação dos seus concorrentes. “Em resumo, a influência da história de fundo pode assumir diversas formas, positivas e/ou negativas. Em geral, a história pregressa tem um efeito conservador sobre a companhia, reforçando qualquer impulso que persista, mas impedindo qualquer grande mudança de rumo. [...]. A fusão poderia ser facilmente interpretada como uma confirmação de sua história pregressa. A reação não é no sentido de “isso também vai passar”, mas no sentido de que “isso não passa de mais um pouco da história de sempre”.” (FUBINI et aL., 2008, p. 67) 2.3.2 Seus sucessos e insucessos As fusões parecem ser mais bem sucedidas quando envolvem firmas que se combinam efetivamente, e não operações que ocorrem pela simples disponibilidade de negócios. O sucesso de fusões está no casamento e não na cerimônia. Empresa que planejam estratégias e estruturas organizacionais tem mais chances de sucesso do que uma que não possui nenhum projeto e nem planejamento. Entre eles: economia em escala, poder no mercado, a maior participação de mercado aumentaria a eficiência da empresa, como decorrência da expansão interna da empresa; eliminação da má administração e ineficiência; uso de fundos em excesso de um lado (uso de caixa livre) e levantamento de fundos de outro, pode ser usado por empresas detentoras de capitais e carentes de bons projetos para financiar empresas em crescimento; vantagens fiscais e diversificação do risco, várias junções de empresas reduzem o risco do grupo e a volatilidade das receitas. “Uma fusão saudável representa uma enorme contribuição para a saúde corporativa da companhia sobrevivente em múltiplas dimensões, como desempenho operacional e financeiro, capacidades de negócios e técnicas, a força das relações com o públicoalvo, a cultura corporativa, o ritmo e o foco do aprendizado e a capacidade da companhia de renovar e aperfeiçoar sua estratégia. Enquanto uma fusão meramente bem-sucedida parece impressionante, com base em algumas escassas mensurações de desempenho e marcos, uma fusão saudável resiste a qualquer escrutínio que venha a ser realizado por conhecedores internos durante muitos anos após sua concretização.” (FUBINI et al., 2008, p. 15) Nos insucessos de uma fusão esta na seqüência de instruções a serem seguidas e/ ou executadas. Com freqüência dizem respeito à convivência forçada de executivos que passaram grande parte de suas vidas competindo e ao rompimento de sólidas culturas corporativas. Os aspectos referentes à publicidade, imagem e relacionamento com fornecedores e clientes podem se tornar vulneráveis com a fusão. Pois cada vez mais são freqüentes os fracassos em reorganizar sistemas de distribuição estabelecidos, necessitando muitas vezes romper o contrato com os agentes e canais especializados. Os funcionários não se adaptam tão facilmente ao organograma. A cultura organizacional permeia a empresa e diferenças podem envenenar a colaboração. Existem algumas barreiras que trazem o insucesso à fusão que são divididas em: Barreira Estrutural, Barreira Técnica, Barreira de Informação e Barreira estrutural. Barreira Estrutural: estão relacionadas com a legislação que impede de algum modo este tipo de atividade ou com a ausência de serviços de apoio aos processos de aquisição, tais como serviços bancários, consultoria financeira, contabilística e jurídico-legal. Barreira Técnica: são as dificuldades criadas pelos gestores nas transmissões de arquivos importantes e ações, outras técnicas de defesa. Barreiras de Informação: são as dificuldades de acesso a informação, inexistência ou fraca qualidade das demonstrações financeiras, desconhecimento público da estrutura de capital as sociedades e incerteza quanto á eficácia da regulamentação ou mudanças dos interessados. Barreiras Culturais e tradição: é a falta de interesse por parte dos empresários, em alienar o controle de capital de suas empresas. Outra situação importante é o fato de nos países onde há estabilidade política é natural a alienação de capital como forma de o empresário resolver problemas de sucessão. Segundo Fubini et al. (2008, p.14): “Mesmo em fusões nas quais foram poucos os efeitos negativos comprovados, é possível que tenham sido desperdiçadas oportunidades valiosas.” Todas as empresas continuam a evoluir depois de um fusão, e aquelas que concretizam significativos sucessos nos seus mercados naturalmente tendem a evoluir de uma forma que contribui para reforçar esse sucesso. Para adotar a perspectiva de sucesso de uma fusão é necessário que se identifique o pleno alcance dos efeitos que a fusão deve ou esta tendo na empresa. O objetivo maior é maximizar o impacto positivo mais amplo da fusão e minimizar o impacto negativo. 2.4 As fusões aos olhos do cliente interno Um dos fatores que mais afetam o sucesso de uma operação como a fusão é a parte emocional das pessoas envolvidas. Grandes mudanças fazem com que os funcionários tenham dúvidas como: Quem será meu chefe? O que vai acontecer comigo? Qual será minha função? São essas dúvidas que geram medo e insegurança na equipe, o que pode interferir para que o projeto não seja bem sucedido. “Funcionários [...] não conseguem colocar a fusão no contexto. Na verdade, eles não conseguem imaginá-la. Ouvem a racionalização estratégica apresentada para a necessidade do negocio, é claro, mas em um nível mais profundo eles ainda não conseguem “comparar” essa idéia, pois ela não se enquadra no que é o seu entendimento da companhia e nem em como eles poderão se relacionar com essa situação.” (FUBINI et al., 2008, p.56) Nos primeiros dias deve-se dispor de uma arquitetura de trabalho de tempo integral dedicada à fusão, e simultaneamente formar uma equipe de especialistas em recursos humanos, para garantir que tão logo todos saibam o que podem esperar da nova organização, o que vai mudar e o que permanecerá igual. Para que a organização continue tendo sucesso após a fusão, é preciso que os funcionários estejam focados na equipe e nos clientes, e não se concentrarem em rumores e incertezas sobre seu emprego. Para preservar os talentos das empresas envolvidas na fusão, é preciso dar atenção aos aspectos estruturais e ao organograma da empresa, à avaliação de perfis, harmonização de estruturas de retribuição, redefinição da cultura organizacional e principalmente muita comunicação. Uma boa ferramenta para as organizações é realizar pesquisas de percepção, para saber se as mudanças estão sendo recebidas de forma positiva. É importante solucionar todas as dúvidas dos funcionários, sempre com muita transparência nas informações prestadas, comunicando todas as decisões no menor tempo possível, avaliando o impacto econômico e pessoal, planejando a integração e realização da nova estrutura. O departamento de recursos humanos deve se preocupar com as pessoas e com o clima organizacional. Deve apoiar a empresa e os funcionários na obtenção do conhecimento necessário ao sucesso empresarial, e identificar necessidades de conhecimento que apóiem o sucesso da fusão. O departamento tem que acompanhar os conflitos entre as culturas, para poder evitá-los. A dinâmica organizacional somente é possível quando a organização assegura que todos os seus membros estejam devidamente conectados e interligados. É exatamente por essa razão que uma das finalidades mais importantes do desenho organizacional é assegurar e facilitar o processo de comunicação e de tomadas de decisão, conforme definição de Chiavenato (2005). 2.4.1 As mudanças na cultura organizacional Estudos desenvolvidos desde os anos 90 mostram que existem grandes dificuldades de compatibilização das culturas organizacionais das empresas envolvidas nos processos de fusão. Mesmo assim muitas organizações se surpreendem com resultados a quem dos esperados. Segundo Davis e Newstrom (2003, p. 36): “[...], toda a organização pode ser afetada por alguma mudança em qualquer uma de suas partes.” Para a empresa a cultura funciona como um mecanismo de controle, pois reprime ou estimula certas ações comportamentais. A organização compartilha sua cultura com as pessoas que estão nela, fazendo-as agir conforme seus padrões de comportamento. Um desempenho eficaz é resultado de arquiteturas organizacionais flexíveis e adaptativas, o que é importante para ambientes de grande volatilidade, esse é o ambiente ideal para o processo de fusão. A gestão de mudanças trata da implantação da nova cultura organizacional, o que representa grandes impactos, e essas mudanças podem desmotivar os colaboradores, pois qualquer mudança deve envolver as pessoas no processo. Isto quando mal administrado é uma das principais causas do fracasso da fusão. “Mudanças podem levar a pressões e conflitos que eventualmente possam causar um colapso em algum setor da organização.” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 36). Junto com uma mudança organizacional vem à exigência de novos ajustes, a organização precisa buscar um novo equilíbrio. Quando os funcionários são incapazes de fazer ajustes adequados, a organização fica em estado de desequilíbrio. “O objetivo humano da administração é restaurar e manter o equilíbrio do grupo e a adaptação pessoal perturbada pela mudança” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 37). Ainda que as pessoas interpretem uma mudança individualmente, muitas vezes elas mostram sua ligação com os outros funcionários a se juntar a eles como um grupo, com a semelhança em algumas reações uniformes à mudança. Estas reações tornam possíveis algumas ações, como as greves. Os funcionários que estão infelizes vão unir-se ao movimento como uma chance de mostrar a sua insatisfação e confirmar a sua participação no grupo juntando-se em uma ação social. Uma vez iniciada a mudança, a gerência é responsável pela sua implementação com sucesso. O papel da gerência é iniciá-la e ajudá-la a funcionar. Apesar da gerência iniciar as mudanças, quem controla o seu sucesso final são os funcionários, os quais fazem a maior parte delas funcionar. Por esta razão é que o apoio dos colaboradores é um grande passo para o sucesso de uma mudança organizacional. No inicio de uma mudança organizacional ocorre um queda de eficiência. Segundo Davis e Newstrom: ‘É o período de adaptação que se segue a uma mudança, significando que haverá um declínio temporário na eficácia até que o grupo chegue a um novo equilíbrio para poderem aceitá-la, os funcionários precisam de tempo para entendê-la e se adaptarem. Durante este período, eles estão tentando integrar a mudança e, provavelmente, irão ficar menos eficazes do que costumavam ficar. Eles devem se livrar dos velhos hábitos (descongelar) e adquirir outros novos (recongelar).” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 49). Para as mudanças produzirem resultados positivos para a organização, cada um deve saber suas metas e saber que para alcançá-las as pessoas dependem umas das outras, por esse motivo é tão importante a harmonia na empresa, entre os funcionários que foram unidos com a fusão. A lealdade, o orgulho que as pessoas de uma equipe sentem uns em relação aos outros e em relação ao seu líder podem estar relacionados a uma produtividade maior. As boas interações, aquelas que ajudam a atingir uma meta e mantêm ou valorizam os relacionamentos profissionais, são indicativos de administração efetiva. “A questão definitiva sobre pessoas pode ser, portanto, o desafio enfrentado por uma companhia em processo de fusão no sentido de aprender a respeito dela mesma.” (FUBINI et al., 2008, p. 29) 2.4.2 A recepção negativa e resistência dos colaboradores A resistência a mudança consiste em qualquer atitude intencional de um funcionário para desacretidar, atrasar ou impedir a implementação de uma mudança no trabalho. “Os funcionários resistem a elas por ameaçarem suas necessidades de segurança, uma interação social, posição ou estima pessoal.” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 43) Todos os tipos de funcionários tendem a resistir às mudanças por causa dos custos psíquicos que as acompanham. Os gerentes também podem resistir com a mesma obstinação dos seus subordinados. Segundo Davis e Newstrom (2003, p. 43): “Uma lição para a administração é que uma mudança pode ser um sucesso ou um problema, dependendo da habilidade com a qual for gerenciada para minimizar a resistência.” Existem três tipos de resistência à mudanças organizacionais que são: Resistência Lógica: refere-se ao tempo e esforço necessários à adaptação a uma mudança, inclusive novas atribuições de trabalho que devem ser aprendidas, são os custos reais sofridos pelos funcionários. Resistência Psicológica: são as atitudes e sentimentos individuais dos funcionários sobre a mudança. Eles podem temer o desconhecido, desconfiar da liderança gerencial ou sentir sua segurança ameaçada. Resistência Sociológica: são os interesses e valores coletivos. Os valores sociais são poderosas forças no ambiente. No nível do pequeno grupo, existem amizades de trabalho que podem ser perturbadas pelas mudanças. Os três tipos de resistências devem ser previstos e tratados efetivamente pela empresa se quiserem que os funcionários aceitem a mudança de forma cooperativa. Se a gerência trabalha apenas a dimensão lógica e técnica da mudança, eles falharão em suas responsabilidades com os funcionários. “A resistência não é de todo ruim. Ela pode trazer alguns benefícios e encorajar a gerência a reexaminar suas propostas de mudança para se assegurar de sua validade. Dessa forma, os funcionários atuam como um controle e equilíbrio para assegurar que a gerência planeje e implemente corretamente as mudanças.” (DAVIS e NEWSTORM, 2003, p. 45). A resistência também pode ajudar a identificar áreas específicas com problemas fazendo com que a gerência adote medidas corretivas antes que se desenvolvam sérios problemas. Ao mesmo tempo, ela pode ser encorajada a realizar um melhor trabalho de divulgação da mudança organizacional, uma abordagem que em longo prazo conduz uma aceitação melhor. Quase toda a atenção, no processo de fusão é voltada para aspectos ligados a recursos físicos, mercadológicos e econômico-financeiros, poucos são as preocupações com as pessoas, ou seja, os colaboradores, bem como suas crenças, atitudes, naturezas. Os processos desenvolvidos desta maneira podem gerar um caos organizacional, comprometendo não só a saúde financeira da empresa como também sua vantagem competitiva. As organizações só existem por que as pessoas existem. As pessoas devem ser levadas em conta, caso contrário a empresa estará indo rumo ao fracasso. Os seres humanos consideram “invasores-parasitas” tudo que entra em seu espaço, seja ele social, pessoal ou profissional, portanto, é natural do ser humano ser resistente a mudanças. Desta forma, as fusões por gerarem grandes mudanças, são consideradas invasores pelas pessoas envolvidas, por isso é muito comum que ocorra uma resistência ou receio da parte dos funcionários. “[...] as pessoas reagem de diferentes formas às mudanças. Algumas vêem somente os benefícios, enquanto outras vêem apenas o que a mudança irá lhes custar. Outras, ainda, reagem inicialmente com medo, mesmo que todos os efeitos sejam positivos para elas. Parte dessas reações contraditórias reflete uma realidade, já que freqüentemente não há 100% dos benefícios para todos. Ao contrário, há uma série de custos e benefícios quem devem ser considerados separadamente.” (DAVIS e NEWSTROM, 2003, p. 41). É necessária para a organização, a criação de um sistema de valores compartilhados, deixando clara a importância de uma harmonização duradoura de objetivos. Isto vai permitir uma redução significativa das rejeições internas. Uma organização está posicionada para o crescimento, quando seus funcionários estão. Portanto, quando orientada para o crescimento, trabalha em série para focalizar a atenção dos funcionários nas exigências do caminho escolhido e direcionar para elas suas ações. 2.4.2.1 Falha na comunicação Quando a fusão é efetivada, é muito importante agir rapidamente para que seja colocada em funcionamento a estratégia que foi definida. Neste momento outro aspecto de extrema importância é a comunicação, externa e principalmente interna. A comunicação não se limita a transmitir mensagens, mas trata igualmente de estabelecer conexões com pessoas de uma forma que seja relevante para elas e que provoque reações positivas. O maior desafio da comunicação é entender com profundidade a rede de pessoas, funcionários e outros, da qual a saúde de uma fusão depende tanto. Isso é um trabalho duro e exigirá um grande comprometimento de tempo da Diretoria. O erro mais comum e mais grave durante o processo de fusão é a falta de comunicação. Quando a empresa não obtém os resultados esperados, deve informar os funcionários, a fim de corrigir o que está errado, ao em vez de simplesmente ficar em silencio e futuramente ter que tomar uma atitude mais drástica. “Os funcionários [...] não costumam avaliar as comunicações em compartimentos separados, mas sim procuram comparar as mensagens com as realidades que estão permanentemente observando e vivendo.” (FUBINI et al., 2008, p.55) O comportamento dos colaboradores com relação à organização está diretamente ligado com a percepção de como é valorizado dentro dessa organização. Se houver uma insatisfação da parte do funcionário, isso impedirá que ele se comprometa com os desafios e objetivos da empresa. A análise do Clima Organizacional possibilita gerar um diagnóstico da empresa, com relação à comunicação empregado-empresa. A organização então deve ouvir a opinião dos seus membros e manter o seu foco para as necessidades que eles apontarem. A empresa precisa conservar um constante feedback desta maneira haverá um comprometimento, pontualidade, aceitação das mudanças, desempenho funcional. Segundo Gustavo Gomes de Matos (2009, p. 17): “O retorno (feedback) é o que garantirá a realimentação da comunicação e o prosseguimento do fluxo de mensagens.” Para ter resultados positivos no processo de fusão, a organização deve garantir que o departamento de marketing e comunicação criem uma estratégia de comunicação interna que seja capaz de facilitar o alcance dos alvos do processo de fusão. Eles devem enfatizar os valores, visão e missão da nova empresa. Segundo Gustavo Gomes de Matos (2009, p. 101): “Os bons resultados e desempenho da empresa dependem diretamente do grau de entusiasmo e dedicação do seu público interno.” 2.4.2.2 Medos e receios As mudanças geradas pela fusão nas organizações causam insegurança nos profissionais envolvidos. Primeiro porque mudam os objetivos empresariais, as metas de cada um, a rotina de trabalho, os processos e etc. Depois pelo risco de demissões, pois em termos de desligamentos, não há nada na lei que proteja o funcionário. Quando ocorre a fusão ou uma aquisição, mesmo que parcial, os salários e benefícios não podem ser reduzidos, de acordo com a justiça, eles devem ser nivelados por cima, e a jornada de trabalho também não pode ser aumentada. Independentemente se antes um determinado funcionário pertencia à empresa compradora ou à adquirida, eles possuem os mesmos direitos de outros funcionários do mesmo escalão, pois não podem existir diferenças entre os trabalhadores. Caso um funcionário possua um benefício maior que de outro, a empresa terá que igualar todos os benefícios tendo por base sempre o valor mais alto, desta forma melhorando então o benefício dos demais funcionários. Mesmo que por lei os benefícios não têm natureza salarial, eles também não poderão ser reduzidos, assim como os salários. Isto de acordo com a lei protege o funcionário, mais o fato é que a empresa além de não poder reduzir salários e benefícios, ainda tem que aumentá-los, o que acarreta em um prejuízo grande para a organização. Assim elas normalmente não têm alternativa, se não demitir aqueles que recebem mais ou que possuem benefícios mais altos. Essas demissões acontecem devido à necessidade de manter a empresa funcionando, ou seja, para evitar sua falência. Por tanto é daí que vem o medo dos funcionários de serem demitidos. Antes que ocorra a fusão, existe uma metodologia envolvendo o processo, com o objetivo de levá-la a bom termo. Primeiro lugar deve-se formular e definir as estratégias de expansão, deixando claro o motivo de estar ocorrendo esta fusão. Em seguida é necessário um responsável que possa analisar as vantagens e desvantagens desta operação, inclusive calculando custos financeiros. A parte essencial da fusão é a negociação, que é tão importante quanto à integração. A gestão de recursos humanos é que vai ser responsável para que os benefícios obtidos com a sinergia dos colaboradores, não se percam com este aumento de funcionários, e até mesmo com algumas possíveis demissões. Fusão e sinergia devem caminhar de mãos dadas, mas o que causará esta sinergia está condicionado ao numero de cargos e funcionários que terão que ser alterados durante o processo. Neste capítulo mostramos como o endomarketing pode ser aplicado no processo de fusão empresarial, seus pontos fortes e fracos e o impacto que ele proporciona neste momento de mudança organizacional. No próximo capitulo mostraremos o estudo de caso sobre o Grupo Santa Helena, uma empresa de sucesso que passou por um processo de fusão e como a implantação do Endomarketing ajudou o Grupo a passar por mudanças da melhor maneira possível. CAPÍTULO III 3. ESTUDO DE CASO: GRUPO SANTA HELENA 3.1 Apresentação do Grupo Santa Helena O Grupo Santa Helena, dirigido pela terceira geração de empresários, por meio de José Eduardo Sanches, traz vasta e bem sucedida experiência nos mais de 50 anos de existência do grupo que atua em diferentes seguimentos do comércio de varejo. No ano de 2.002 com a compra da Cleusa Presentes, uma das mais renomadas lojas de presentes do país, começa a operar nesta nova frente de negócios, com expertise de varejo e determinação estratégica para atingir posicionamento top no segmento. Em 2.007, a fusão com a Suxxar e o começo da implementação do Espaço Santa Helena foram passos de fundamental importância para a expansão e sedimentação das metas da administração. Hoje o grupo engloba as marcas Cleusa Presentes e Suxxar e Espaço Santa Helena. Empresas de conceitos, produtos, serviços e públicos complementares que atuam em sinergia sob a comum filosofia e dinâmica de operações do Grupo Santa Helena, que nas palavras do próprio José Eduardo resumem-se na “paixão em fazer bem feito”. Desde sua formação em 1.948, o Grupo Santa Helena tem como objetivo principal se reinventar continuamente para que a qualidade seja sempre o elemento presente em sua marca. O ano de 2.007 além da fusão com a Suxxar e da revitalização da marca Cleusa Presentes, encararam o desafio de unir esses dois nomes de personalidade forte. E deram início ao maior projeto do grupo, o Espaço Santa Helena. São opções que resultam na constante revisão e consolidação das marcas e relacionamento com os colaboradores, fornecedores e cliente. 3.1.1 A marca Cleusa Presentes A Cleusa Presentes sempre foi uma referência para compra de presentes de bom gosto, requinte, qualidade e sofisticação. A marca Cleusa Presentes tem um histórico no segmento de presentes finos. É reconhecida pela variedade do seu mix de produtos, atendimento, credibilidade e logística de funcionamento. Ao longo do sues mais de 30 anos, com a gestão do Grupo Santa Helena tem proporcionado aos seus clientes ampla facilidade de compra e um mix de 12.000 produtos de grifes nacionais e internacionais, de artigos de decoração, mesa posta, linha de cristal, prata e utensílios de cozinha. Atualmente a Cleusa Presentes conta com quatro endereços e vem sofrendo constantes mudanças em busca da excelência! Um atendimento personalizado, opções de presentes dos mais variados estilos e grifes e umas séries de vantagens oferecidas aos clientes fazem da loja uma referência no segmento. Lojas: Shopping Iguatemi Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232 – Jardim Paulistano Piso Faria Lima Moema Av. Ibirapuera, 3336 Santana Rua Pedro Doll, 500 Shopping Iguatemi Campinas Av. Iguatemi, 777 – Vila Brandina 1º Piso Site: http://www.cleusapresentes.com.br/ 3.1.2 A marca Suxxar Depois da aquisição da Cleusa Presentes, o Grupo Santa Helena se funde com a rede de lojas Suxxar que complementa as lojas Cleusa Presentes. A Suxxar apresenta um mix de produtos que vai desde uma completa linha de eletrodomésticos até utensílios diferenciados para a cozinha. Atualmente a Suxxar conta com dois endereços e uma grande variedade de produtos - mais de 8.000 itens -, além de uma completa linha de Appliances, que somam às tradicionais Coifas (hoje importadas da Itália), Fogões, Refrigeradores, Máquinas de lavar e outros produtos diferenciados, como Caves para vinho, Máquinas de fazer gelo, utensílios de design, etc. Lojas: Suxxar Vila Olímpia Av. Nova Faria Lima, 4.433 Suxxar Pinheiros Praça Panamericana, 51 Site: http://www.suxxar.com.br 3.1.3 A marca Espaço Santa Helena Com as duas marcas Suxxar e Cleusa Presentes o Grupo Santa Helena investe em mais uma marca, o Espaço Santa Helena que surge da fusão entre as duas. Inovando o mercado de presentes com a junção da duas marcas em um só espaço, são três unidades que compõem o Espaço Santa Helena. O grupo investiu aproximadamente R$ 4.000,00 em casa unidade, investimentos que inclui Recursos Humanos, infra-estrutura, tecnologia da informação e exclusividades de grifes importadas e nacionais. As lojas Espaço Santa Helena proporciona aos seus clientes um espaço inovador que contem tecnologia e design por meio do Home theater Experience, onde os clientes entram em uma sala de áudio e vídeo, sentam em uma cadeira giratória que vira ao meio de vários Home Theater com um efeito acústico único, O espaço Gourmet, que se trata de um espaço para chefes de cozinha que oferecem cursos de culinária para os clientes, entre outros. Os serviços inteligentes deixam ainda mais em evidencia as especialidades da loja, como o uso de um software que evita presentes repetidos, ajuda na confecção da lista de casamento e entrega de presentes, alem disso oferece um espaço reservados para as noivas confeccionarem suas listas e trocarem seus presentes nesse espaço as noivas podem usufruírem de drinks e pet fours. Lojas: Bourbon Shopping São Paulo R. Turiaçú, 2100 – Perdizes Piso Pompéia Espaço Santa Helena Jardins Rua Oscar Freire, 777 com Rua Haddock Lobo, 1.530 Galeria Shopping Campinas Rodovia Dom Pedro I, Km 1315 – Jardim Nilópolis - 2º Piso Site: http://www.espacosantahelena.com.br/ 3.2 A empresa durante e após o processo de fusão O Grupo Santa Helena, que em 2002 assumiu a administração da Cleusa Presentes e em 2006 se funde com a Suxxar, empresa do ramo de eletrodomésticos e produtos gourmets. Inicialmente as duas marcas mantiveram as suas identidades independentes. A Cleusa Presentes continua atuando no segmento de presentes finos e decoração e a Suxxar manteve sua linha voltada para os eletrodomésticos e utensílios para cozinha. Com essa fusão, em 2008 surge uma nova marca para o grupo, O Espaço Santa Helena que passa a comercializar produtos finos, decoração, eletrodomésticos e utensílios para cozinha. Esse novo conceito foi inovador deixando o Espaço Santa Helena à frente dos concorrentes sendo a primeira loja a vender uma gama de produtos diferenciados. Antes das lojas Espaço Santa Helena serem inauguradas a marca Suxxar foi apresentada aos funcionários da Cleusa Presentes como mais uma conquista do Grupo Santa Helena. A apresentação ocorreu através de uma reunião com todos os funcionários da Cleusa Presentes, sendo palestrada pelo sócio-proprietário José Eduardo Sanches, que durante a apresentação abordou a história das duas empresas, segmentos que atuam, suas expectativas com a fusão e a cultura que predominaria após essa junção. Uma outra apresentação foi direcionada aos funcionários da Suxxar ministrada também pelo Jose Eduardo Sanches, o conteúdo da apresentação foi o mesmo e a idéia central foi a inovação do conceito para a marca. Com a fusão das empresas, foi implantado o departamento de marketing e o e-commerce no grupo, assim as vendas passaram a ser efetuadas também via online. Com a fusão a empresa precisou se preocupar com outro patrimônio de extrema importância, os funcionários, para isso a empresa implantou o departamento de Recursos Humanos, assumindo as atividades que antes eram realizadas pelo Departamento Pessoal. Essa implantação foi necessária para a organização em vários aspectos: O crescimento de números de funcionários; A unificação da cultura organizacional para as duas marcas e A independência dos setores. Após a consolidação das lojas Espaço Santa Helena, houve uma redução de 80% na confecção de listas de casamento nas lojas de bandeira Cleusa Presentes que migrou para o Espaço Santa Helena onde o numero de listas cresceu 30%. Isso ocorreu devido à nova Bandeira oferecer mais opções e atendimento especializado para as noivas. Afim de melhorar a comunicação interna, recentemente a empresa implantou o jornal de comunicação interna (News) e “ O Fique Por Dentro” que são informação enviadas aos e-mails dos colaboradores. Todos os colaboradores da linha de frente (equipe de vendas, gerência e atendimento ao cliente) das duas marcas participaram de um processo de treinamento cruzado com a duração de 60 dias, que foram realizados nas lojas da Cleusa Presentes com os funcionários da Suxxar e vice-versa. Assim os funcionários puderam conhecer os produtos comercializados, o publico alvo, padrão de atendimento, a cultura independente e as rotinas praticadas. Durante esse processo houve uma rotatividade de funcionários a serem treinados, os mesmos eram recebidos nas lojas das duas marcas pelos gerentes comerciais e treinados cada um com um funcionário de vendas. Ao final do treinamento foi realizada uma avaliação com todos os colaboradores envolvidos para analisar o grau de aprendizado e a satisfação dos colaboradores para com as duas marcas. Após o processo de fusão uma das inovações da empresa foi um centro de distribuição, antes as entregas dos produtos eram feitas através das lojas que efetuavam as vendas, esse era processo que demorava três dias para o produto ser entregue ao cliente com a implantação do centro de distribuição a entrega é de 24 horas e o estoque das lojas não ficam congestionados e desfalcados. Todo esse investimento foi usado com um propósito para o Grupo Santa Helena se destacar no mercado tendo em suas lojas produtos e serviços diferenciados, deixando para traz os concorrentes no aspecto inovação. 3.2.1 O Conceito de uma nova marca O Grupo Santa Helena criou um novo conceito para a empresa com a introdução da nova marca “O Espaço Santa Helena”. O objetivo do Grupo era expandir seus negócios atuando em um segmento inovador e completo para o mercado. Inicialmente, logo após o processo de fusão, a empresa informou a seus funcionários a intenção de desenvolver uma nova marca que nasceria da junção das marcas Cleusa Presentes e Suxxar, por se tratar de uma estratégia de negocio a empresa reservou muitas informações até a concretização das lojas. Um ano antes da inauguração da primeira loja, foi encaminhado um comunicado interno aos supervisores e gerentes que passaram essa informação aos demais funcionários. A escolha do quadro de funcionários para as novas lojas foi feita pela direção da empresa entre os colaboradores que já faziam parte do Grupo. Os funcionários não tiveram direito de escolha, a proposta foi imposta a eles, gerando um grande desconforto e constrangimento entre os funcionários. A escolha foi baseada no perfil, no desempenho de vendas e boa comunicação. Dias antes da inauguração o Grupo comandou uma apresentação onde introduziu um novo conceito da marca, essa apresentação foi realizada nas próprias lojas a serem inauguradas, o conteúdo baseava-se nos objetivos a serem alcançados, produtos que seriam comercializados e serviços a serem prestados. As lojas Espaço Santa Helena foram inauguradas trazendo conceito diferenciado tanto nos produtos como nos serviços, afim de agregar valor buscando a excelência no atendimento, a credibilidade e legitimação junto ao seu publico interno e externo, sempre com foco no cliente e na equipe. O grupo busca fazer com que a equipe enxergue que há uma grande preocupação e um grande investimento na construção da satisfação dos colaboradores. 3.3 Pesquisa Interna 3.3.1 Caracterização da coleta de dados Os dados apresentados foram obtidos através de pesquisa de campo, realizada entre os menses de Agosto e Setembro do ano de 2009. Abordando os seguintes aspectos: A fusão entre as empresas; informação, comunicação, treinamento, satisfação. 3.3.2 Análise dos dados obtidos Ao todo 30 pessoas foram entrevistadas, sendo todas mulheres, tendo todos uma ligação direta com o cliente. Dentre essas pessoas, algumas já estavam na empresa antes do processo de fusão, outras entraram apesas após a sua concretização. Entre os entrevistados 40% tem entre 18 a 28 anos de idade, 30% tem entre 29 a 39 anos, e os outros 30% tem de 40 a 49 anos, confome Gráfico 1. 70% dos das funcionárias entrevistadas trabalham como vendedora, 20% como recepcionista de lista e 10% como recepcionista bilingue em uma das nove lojas do Grupo, conforme Gráfico 2. O percentual de 40% dos entrevistados trabalham nas lojas com Bandeira Cleusa Presentes, 40% nas lojas de Bandeira Espaço Santa Helena, e 20% nas lojas da marca Suxxar, confome Gráfico3. Quando perguntado de que maneira os funcioários receberam a notícia da fusão, 60% se mostraram indiferente a fusão das empresas, já 40% das pessoas acharam uma mudança positiva, enquanto nenhum dos funcionários considerou a fusão como algo negativo, Conforme ilustrado no Gráfico 4. Relacionado a isto, perguntamos se as pessoas consideram relevante a fusão entre a Cleusa e a Suxxar, observamos que 70% das pessoas não acham relevante, e apenas 30% consideram um aspecto importante para o desenvolvimento profissional, como pode ser observado no gráfico 5. Comparando os dados vimos que os funcionários que se mostraram indiferente acharam a fusão irrelevante, e até mesmo pessoas que receberam de forma positiva, também consideraram da mesma forma. Pedimos para que dentre as opções, os funcionários escolhessem apenas uma opção de resposta, constatamos que dos 30 funcionários entrevistados 12 se sentem informados após a fusão, 5 estão satisfeitos, 4 inseguros, 6 insatisfeitos e 3 desmotivados, nenhum dos entrevistados respondeu estar integrado, motivado ou desinformado. Todos esses dados podem ser verificados no Gráfico 6. Perguntamos aos entrevitados como era nível de comunicação dentro das empresas antes do processo de fusão, 50% dos entrevistados afirmaram recebiam informações sobre lançamentos, já 10% afirmaram não receber informações na época. 40% dos entrevistados não trabalhavam na empresa antes da fusão, conforme Gráfico 7. No aspecto treinamento, todos os funcionários afirmaram receber treinamento mensalmente. Dentre eles 60% avaliaram como sendo bom o treinamento, e 40% consideram regular, como pode ser observado nos Gráficos 8 e no Gráfico 9. Para avaliação do crescimento pessoal/profissional, perguntamos aos entrevistados o interesse na realização de cursos. 13 pessoas se interessam em realizar curso de idiomas, 6 graduação, 1 profissionalizante e 10 pessoas não tem interesse em realizar nenhum curso. Todos os dados podem ser verificados no Gráfico 10. Observou-se que 60% dos colaboradores entrevistados classificam a comunicação interna como sendo Boa, 30% classifica como regular, e apenas 10% acredita que a comunicação interna é fraca, dados elustrados no Gráfico 11. Ao perguntarmos quais aspectos devem ser melhorados na empresa 12 pessoas responderam benefícios, 10 motivação e 8 comunicação. Esses dados estão ilustrados no Gráfico 12. 3.3.3 Conclusão da Pesquisa Com base na pesquisa feita, podemos concluir que os funcionários se sentem informados, porém não se sentem tão motivados e integrados. Em geral os funcionários se mostraram indiferentes a respeito da fusão da empresa, mas se mostram intereçados com as mudanças pela qual a empresa passou. Os funcionários acreditam que a expansão da empresa obtida com a fusão, não irá afetar diretamente no seu desenvolvimento individual, o que é em si relevante para os funcionários, seriam projetos desenvolvidos pelo departamento de recursos humanos em pról do desenvolvimento de pessoas, como benefícos, e motivação. A empresa implantou o endomarketing positivamente em aspectos como informação e treinamento, e seu ponto fraco está em características como motivação e satisfação, desenvolver estes aspectos tornariam esta inplantação mais bem sucedida. CONCLUSÃO A globalização incentivou o desenvolvimento das operações de Fusões de empresas no cenário mundial. Fatores como a necessidade de diminuir os custos no processo de produção; atuação em outras regiões; surgimento de novos produtos; e busca de aliar a tecnologia ao orçamento levaram grandes empresas a realizar parcerias. Esse processo é visto pelas empresas hoje no Brasil, como uma estratégia de crescimento tanto em capital como em mercado, buscando unir os capitais e clientes em busca de uma maior competitividade no mercado econômico atual que está em mudança constante. Esta expansão possibilita às empresas consolidarem sua marca. As grandes empresas visam a fusao com pequenas e médias empresas com uma saúde estável pensando em diminuir a concorrência e monopolizar o ramo em que atuam. Uma fusão para ser bem sucedida não deve objetivar um retorno de curto prazo, unindo-se simplesmente a um concorrente grande e com grandes lucros no momento, ela deve unir-se a uma empresa que tenha objetivos parecidos, e com projetos de desenvolvimento a longo prazo, devem ser empresas que se complementam, para que tenha sincronismo após a realização do processo. Esta estratégia traz muitas mudanças na estrutura organizacional das empresas envolvidas, e junto a ela muitas dificuldades também. Este choque de culturas e todas essas mudanças causam medos e incertezas por parte dos funcionários, estes que a todo momento, devem sentir-se seguros e satisfeitos para desempenhar um bom trabalho, o que vai fazer com que o sucesso da empresa seja garantido. Por isso a importância de se implantar o endomarketing durante este processo, já que o endomarketing visa satisfazer o cliente interno. Geralmente as empresas tem uma visão sistêmica, e os funcionários tem uma visão individual, o departamento de recursos humanos junto ao departamento de marketing devem integrar estas visões. O endomarketing deve ser usado para evitar uma reação negativa dos colaboradores durante este período de mudanças. Deve mantê-los bem informados sobre tudo que está acontecendo e de que forma isto irá afeta-los, é necessário mantê-los atualizados. O endomarketing está presente nas empresas de diversas formas, não busca apenas dar as informações e objetivos da empresa aos funcionários, busca dar auxilio para que o funcionário execute suas funções da melhor forma, ou seja ele oferece recursos e ferramentas. E principalmente na área comercial, com os funcionários da linha de frente que mantém uma ligação direta com o cliente externo. Ele tem que vender o conceito e as idéias da empresa para o cliente interno, pois é ele que vai absorver, e comprar esta idéia para transmiti-la ao cliente externo. Esta ferramenta de marketing que possibilita para a empresa desenvolver seu capital intelectual, o que é uma vantagem competitiva. Focando nos colaboradores, para integrar os objetivos organizacionais com os objetivos pessoais, para que ao realizar esses objetivos a empresa tenha resultados positivos. A satisfação do cliente interno é um alvo para a empresa, pois um funcionário instruído e satisfeito é capaz produzir e prestar serviços de qualidade. . APÊNDICE 1. GRÁFICOS Gráfico 1 (Faixa Etária dos Entrevistados) Gráfico 2 (Cargo dos Entrevistados) Gráfico 3 (Lojas) Gráfico 4 (Maneira que a Notícia sobre a Fusão foi Recebida) Gráfico 5 (Relevância da Fusão para os Entevistados) Gráfico 6 (Como os Entrevistados se Sentem Após a Fusão) Gráfico 7 (Nível de Informação antes da Fusão) Gráfico 8 (Treinamento) Gráfico 9 (Avaliação do Treinamento pelos Entrevistados) Gráfico 10 (Interesse em Realização de Cursos) Gráfico 11 (Nivel de Comunicação entre os Funcionários) Gráfico 12 (Aspectos que Devem ser Melhorados Segundo os Entrevistados) 2. QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO Dados Pessoais: 1) Nome: 2) Idade: 3) Sexo: 4) Cargo Exercido: 5) Duração: Questionário de Pesquisa 1) Em que loja do grupo você trabalha? _____________________________________________________________ 2) De que maneira a notícia da fusão foi recebida por você? ( ) Positivamente ( ) Negativamente ( ) Indiferente 3) É relevante para você a fusão entre a Suxxar e a Cleusa Presentes? ( ) Sim ( ) Não 5) Como você se sente após a fusão ocorrida na empresa? ( ) Integrado ( ) Motivado ( ) Informado ( ) Satisfeito ( ) Inseguro ( ) Desinformado ( ) Insatisfeito ( )Desmotivado 4) Antes da fusão, você recebia informações sobre lançamentos e produtos? ( ) Sim ( ) Não 6) A empresa lhe oferece treinamentos? ( ) Mensalmente ( ) Anualmente ( ) Não ofereça 7) Como você avalia esses treinamentos: ( ) Fraco ( ) Regular ( ) Bom ( ) Excelente 8) Você tem interesse em realizar algum curso? ( ) Idiomas ( ) Informática ( ) Graduação ( ) Profissionalizantes ( ) Não tem interesse ( ) Outros: _______________________________________________________ 9) Como você classifica a comunicação entre funcionários e superiores dentro da empresa: ( ) Fraco ( ) Regular ( ) Bom ( ) Excelente 10) Quais aspectos você acredita que ainda devam ser melhorados da empresa: ( ) Comunicação ( ) Motivação ( ) Treinamento ( ) Benefícios BIBLIOGRAFIA BARÇANTE, Luiz Cesar; CASTRO, Guilherme Caldas de. Ouvindo a Voz do Cliente Interno. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002 BEKIN, Saul Faingaus. Endomarketing: Como praticá-lo com sucesso. 3. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006. BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de Relacionamento. São Paulo: Nobel, 2000. BREALY, Richard A.; MYERS, Stewart C.; MARCUS, Alan J. Fundamentos da Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2003. BULGARELLI, Waldírio. Fusões, Incorporações e Cisões de Sociedades. São Paulo: Atlas, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional – A Dinâmica do Sucesso nas Organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2005. CLEUSA PRESENTES. Disponível em < www.cleusapresentes.com.br >. Acesso em: 22/08/09. DAVIS, Keith; NEWSTROM, John W. Comportamento Humano no Trabalho: Uma Abordagem Psicológica. Volume 1. São Paulo: Pioneira, 2003. DAVIS, Keith; NEWSTROM, John W. Comportamento Humano no Trabalho: Uma Abordagem Organizacional. Volume 2. São Paulo: Pioneira, 2003. ESPAÇO SANTA HELENA. 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