Diogo Araujo – Med 92 Neurorradiologia I Professor Luciano Farage O RX tem pouquíssima aplicação em neurorradio. Ela só é interessante quando há lesão óssea vista previamente na TC ou RM (ela nunca é feita como primeira escolha). O USG não é bom para avaliação do adulto porque existe o osso. O USG só é aplicável nas crianças com menos de 1 ano de vida porque as fontanelas estão abertas (principalmente em crianças com menos de 6 meses). É muito bom nessa idade. A TC ainda é um método muito bom. Rápido, barato (se comparado à RM) e bem distribuído na rede de saúde (questão de prova). Tecnicamente falando, ela permite boa visualização das estruturas ósseas (melhor do que a RM) e do sangue. A TC de crânio permite ver encéfalo, órbitas e mastoides, além de várias outras estruturas. Além disso, ela consegue fazer o estudo vascular do SNC. São modos: a angio TC e a TC de perfusão. o Estudos mais recentes indicam que fazer uma TC com contraste talvez seja tão bom quanto uma angio TC (que emite mais radiação). A RM é melhor do que a TC para quase todas as aplicações porque ela é multiplanar e não emite radiação. Além disso, ela permite ver mais bem as partes moles (diferencia substância branca e cinzenta com muito detalhe, por exemplo). A RM é, então, o exame de escolha em neurorradiologia. Mas só que, na maior parte das vezes, a gente escolhe a TC (porque é rápida, barata e amplamente disponível). A vantagem da avaliação das artérias cerebrais pela RM é que não precisa usar contraste e vê bem os vasos grandes. o Observação: Quando fazemos a angiorressonância de carótidas, precisamos de contraste! Não precisamos na angioRM intracerebral. Nas lesões tumorais (como o meningioma), a RM consegue avaliar o quão vascularizado é o tumor. A RM também permite que a gente consiga avaliar a funcionalidade de algumas áreas do SNC, a presença de metabólitos que comprometem o prognóstico, áreas de maior perfusão por neovasos (indicativos de CA), etc. Dentro do trauma, as lesões relacionadas ao crânio são as que mais matam. Rever a escala de coma de Glasgow: o Abertura ocular 4 – abre o olho espontaneamente 3 – abre o olho ao comando 2 – abre o olho ao estímulo doloroso 1 – não abre o olho Diogo Araujo – Med 92 o o o Fala 5 - Orientada 4 - Confusa 3 - Palavras inadequadas 2 - Balbucia 1 - Não fala Movimentação 6 - Obedece comandos 5 – Localiza dor 4 – Faz movimento para retirar estímulo doloroso 3 – posição de decorticação (flexão anormal) 2 – posição de decerebração (extensão anormal) 1 – Não tem movimentos Máximo de 15 pontos e mínimo de 3 pontos. Se menor ou igual a 8, requer intubação orotraqueal. As lesões primárias do trauma craniano são: o Contusões o Lesões de cisalhamento (lesão axonal difusa) Quando o paciente sofre um golpe na cabeça, dizemos que a lesão é uma contusão. Se ele está fazendo um movimento e subitamente para, o cérebro irá colidir contra a caixa craniana (por inércia), sofrendo a lesão chamada de “golpe”. Só que ele bate na parede e volta, sendo que a parte oposta dele também bate contra a parede do crânio (contragolpe). o Por isso, é comum encontrar lesão frontal e occipital, por exemplo. [falando mais sobre as contusões...] Qual a diferença entre contusão e concussão? o Contusão: é a pancada e a lesão cerebral em si. o Concussão: é a repercussão clínica de uma lesão cerebral (a perda de consciência). A maior causa de TCE são os acidentes automobilísticos. Mas há também as quedas da própria altura, o mergulho em águas rasas, etc. Fazer a imagem está indicado quando há: o Déficit neurológico agudo o Perda da consciência o Cefaleia persistente o Trauma muito grave o Lesões visíveis indicativas de avaliação Diogo Araujo – Med 92 Existem regras que foram formuladas pelos canadenses para fazer ou não neuroimagem: o ECG<15 até 2 horas depois da lesão o Suspeita de depressão craniana ou fratura de crânio aberta o Qualquer sinal de fratura da base do crânio (hemotímpano, oto ou rinorreia; sinal de Battle; olhos de guaxinim) o 2 ou mais episódios de vômitos o >65 anos o Amnesia o Acidente de alto impacto Nessa neuroimagem, temos que ver se há: o Sangue o Edema o Calcificações o Efeito de massa o Herniação e desvio de linha média Hérnia subtentorial Hérnia de uncus Hérnia de amígdala o Contusão o Infecção o Inflamação Até aqui, para todas essas indicações, é preferível que se use a TC. A RM só é indicada quando o paciente está grave, mas não há explicação plausível pela TC. Mas isso só depois do paciente ter sido estabilizado (porque a RM é demorada). As fraturas do crânio podem ser: o Lineares: não têm grande importância porque ela não tem muita relação com a lesão de parênquima. 40% dos pacientes com esse tipo de fratura não têm lesão de parênquima. o Estreladas: as estreladas e as deprimidas merecem tratamento cirúrgico porque elas podem afundar ainda mais e lesionar as meninges devido à presença de espículas ósseas. o Deprimidas o Basilares (base do crânio) As fraturas da base do crânio são sempre complicadas. Elas geram hematoma periocular (olhos de guaxinim). São sinais: Olhos de guaxinim: equimose infraorbitária Sinal de Battle (fratura da mastoide): equimose retroauricular Temos: o pele o galea aponeurótica o espaço subgaleal o periósteo da tábua externa Diogo Araujo – Med 92 o o o o o o o o espaço subperiosteal osso (que é uma díploe, com as tábuas externa e interna) Só que a dura-máter já funciona como periósteo da tábua interna espaço extradural dura-máter (com as lâminas interna e externa; mas não há espaço entre elas) espaço subdural aracnóide espaço subaracnóide (com líquor) pia-máter O hematoma de espaço subgaleal não tem valor. Ele é o “galo” comum. A maior parte é insignificante clinicamente. A dura-máter tem um papel de periósteo da tábua interna do osso. Assim, ela é muito aderida a ele. Para ela se separar (e formar o espaço extradural), é preciso que o trauma tenha muita energia. Se houver um hematoma nessa região, esse hematoma vai até onde o osso termina. Ou seja, nas suturas cranianas. Os hematomas extradurais são formados principalmente pela lesão de artéria meníngea média ou por ruptura de seio venoso. Esses pacientes podem ter o intervalo lúcido (ou seja, o paciente perde a consciência no momento da contusão, acorda e perde de novo). A região mais comum é a temporoparietal. 90% estão relacionados com fraturas. Ao exame de imagem, ele tem formato biconvexo. Quando há algo preto dentro dele (sinal do redemoinho), é porque há sangramento agudamente (atual) dentro dele. Quando ele é na fossa posterior, ele sempre é mais grave (porque a fossa posterior é menor), colabando o 4° ventrículo e fazendo hidrocefalia supratentorial aguda. o Artéria meníngea média ou seio venoso o Alta energia o Biconvexo o Temporoparietal o Respeita as suturas o Intervalo lúcido o Sinal do redemoinho Os hematomas subdurais não respeitam as suturas cranianas, mas sim as dobras da dura máter. Geralmente, eles são causados por rupturas das vênulas que ficam nesse espaço. São mais graves. Estão mais relacionados com lesão de parênquima. Não contam muito com intervalo lúcido. Na criança e no idoso, a coleção sanguínea não é tão grave porque há espaço para ele progredir (já que, na criança, há as fontanelas; e, no idoso, o cérebro atrofiado ocupa menos espaço dentro da caixa). Assim, fica lá o sangue acumulado. A hemoglobina vai sendo degradada e, assim, ele pode ser classificado de acordo com a densidade do hematoma na TC (agudo, subagudo ou crônico). Eles têm forma de lua crescente (forma de “C”). Podem ser uni ou bilaterais (pelo golpe e pelo contragolpe no trauma). Para tratar, é mais difícil (porque, nesse caos, o que precisa voltar para a posição após a drenagem do hematoma é o parênquima cerebral, que está lesionado). o Agudo: até 7 dias: hiperdenso o Subagudo: isodenso o Crônico: hipodenso o Vênulas Diogo Araujo – Med 92 o o o o o Lua crescente Respeita as dobras de dura-máter Mais grave Uni ou bilateral Tratamento difícil A hemorragia subaracnoide pode acontecer por ruptura de artérias ou veias. A causa mais comum de hemorragia subaracnoide é o trauma. Contudo, se a hemorragia é espontânea, a principal causa é o aneurisma. As lesões axonais difusas (ou lesões de cisalhamento) são resultantes do movimento do corpo celular neuronal (substância cinzenta) com relação ao axônio (substância branca). Geralmente, ela acontece na transição entre substância branca e cinzenta. Elas não são vistas na TC. São encontradas em pacientes muito graves, com Glasgow baixo e com TC normal. Geralmente, esses pacientes têm de ir pra RM para fazer diagnóstico de lesão axonal difusa. A grande diferença de coloração entre as substâncias é indicativa de edema cerebral e lesão axonal difusa. É muito comum ter lesão axonal difusa no corpo caloso. O trauma na criança é muito semelhante ao do adulto. Contudo, existem os traumas que não são acidentais (como espancamentos ou a síndrome da criança chacoalhada). A melhor forma de dar diagnóstico de traumas não acidentais é o somatório de achados recorrentes na criança (como fraturas de costela, hemorragia retiniana, fraturas recorrentes, fraturas de galho verde em membros, fraturas desproporciais à história contada pelos pais, etc). [falando mais sobre os perfurantes...] Nos traumas penetrantes, temos sempre que lembrar de PAF e PAB (arma de fogo e arma branca). Nos quadros de lesão por arma de fogo, evitamos fazer RM (porque a bala pode aquecer ou se movimentar, aumentando a lesão).