Edição Diária 56.º Congresso Português de Oftalmologia 5 a 7 de dezembro 2013 Aceda à versão digital Username: esferadasideias Password: cg14spo www.spoftalmologia.pt Disponível em dispositivos Apple Em breve também para Android e Windows Sociedades nacionais de Oftalmologia: que futuro? A conferência do Prof. Stefan Seregard (presidente da Sociedade Europeia de Oftalmologia – SEO), na foto com a Dr.ª Manuela Carmona (representante portuguesa no board da SEO) e o Prof. Paulo Torres (presidente da SPO), vai debater a relação entre a subespecialização e a fragmentação da Oftalmologia. «Apenas as sociedades nacionais podem lançar pontes para unir a especialidade e cabe-lhes assegurar que os oftalmologistas mantenham uma dupla identidade – subespecialista e oftalmologista. Apenas mantendo esta dicotomia podemos ter a certeza de que a Oftalmologia vai prosperar e florescer», defende. Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso Visão SPO Ontem Quinta-feira, dia 5 MOMENTOS PARA GUARDAR NA RETINA Este 56.º Congresso Português de Oftalmologia está a ser bastante participado. No primeiro dia, registaram-se 734 inscrições e prevê-se que este número ascenda a mais de 800 ao longo dos três dias do encontro. A zona reservada à exposição técnica também regista uma forte afluência de congressistas nos intervalos das sessões. Estão presentes 30 empresas da indústria farmacêutica e de equipamentos, às quais a SPO agradece pelo apoio à realização deste Congresso. Os 195 pósteres em apresentação neste Congresso podem ser consultados em formato eletrónico, nos três tablets disponíveis no piso 0 do Contro de Congressos. O Prof. Joaquim Torres, presidente honorário deste 56.º Congresso Português de Oftalmologia; o Prof. Rui Proença, presidente do Colégio de Oftalmologia da Ordem dos Médicos; o Dr. João Moura Reis, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve; o Prof. Paulo Torres, presidente da SPO; e a Dr.ª Isabel Prieto, secretária-geral da SPO, marcaram presença na mesa da sessão de abertura. Nesta cerimónia, Paulo Torres congratulou a evolução do ensino médico, da investigação clínica e da prática assistencial em Portugal nas últimas duas décadas. Porém, revelou a apreensão da SPO face às atuais restrições orçamentais e ao excesso de oftalmologistas. «A falta de uma correta avaliação das necessidades do País leva a que continuem a entrar demasiados alunos nas Faculdades de Medicina, fazendo com que, já em 2015, o número de licenciados possa exceder as vagas para o Internato Complementar das especialidades», alertou. Ao longo da sessão, Paulo Torres também realçou o papel que a SPO deve desempenhar no combate às «intromissões inaceitáveis de pessoas não qualificadas para o exercício de atos que são exclusivamente médicos», referindo-se à regulamentação, em julho deste ano, da profissão de optometrista. «A SPO e o Colégio da Especialidade encontramse a trabalhar na elaboração de um parecer sobre esta problemática», adiantou. dezembro 2013 3 Visão SPO HOJE Sexta-feira, dia 6 Desafios atuais e futuros da Neuroftalmologia A história da neuroftalmologia, os avanços mais recentes e as principais linhas de investigação em curso no sentido de encontrar solução para a cegueira de origem neuronal são alguns dos assuntos em discussão na palestra de abertura das sessões da manhã. Dr.ª Ivone cravo A palestra «Neuroftalmologia: porquê?» está a cargo da Dr.ª Ivone Cravo, oftalmologista na Clínica ALM Oftalmolaser, e decorre entre as 8h30 e as 8h45, na sala Pégaso. «Esta palestra tem como objetivo familiarizar os colegas recém-chegados à Oftalmologia e os que se interessem menos por esta subespecialidade com as doenças neuroftalmológicas», explica a palestrante. De acordo com Ivone Cravo, os oftalmologistas nem sempre têm noção de quão significativa é a parte do sistema nervoso central dedicada à visão. «Porém, o sistema aferente (que engloba mais de um terço da massa cerebral supratentorial) e o sistema eferente (com as vias do controlo oculomotor e pupilas a entrecruzarem-se no tronco cerebral e cerebelo) tornam muito mais fácil imaginar a grande possibilidade de as doenças neurológicas poderem afetar a visão», salienta a palestrante. O facto de ser uma «disciplina de fronteira» entre neurologistas e oftalmologistas faz com que existam algumas dificuldades na compreensão destas patologias por parte de ambas as especialidades. «Os neuroftalmologistas têm o desafio suplementar de incluir nos diagnósticos diferenciais dos sintomas visuais os processos patológicos desde o globo ocular até ao cérebro, fazendo essa ligação», recorda Ivone Cravo. A história desta subespecialidade, os avanços mais recentes e as principais linhas de investigação em curso são alguns dos tópicos em destaque nesta comunicação. Serão ainda abordados os desafios que se colocam à neuroftlamologia na área de recursos humanos, em Portugal e no resto do mundo. «A profunda discrepância que existe entre o investimento científico e técnico que a prática desta subespecialidade exige e a falta de compensação material comparativamente a outras áreas da Oftalmologia ou da Neurologia tornam a neuroftalmologia pouco atrativa enquanto carreira profissional», explica a palestrante. Na opinião de Ivone Cravo, «embora conscientes de todos os constrangimentos financeiros e obedecendo ao atual modelo de rentabilidade dos atos clínicos (em que a consulta de uma hora não é rentável), as instituições têm de compreender o valor destas áreas clínicas». No entanto, apesar de todas as dificuldades, a esta especialista não restam dúvidas: «Ser neuroftalmologista é um desafio fascinante.» Curso sobre biometria ocular premium O resultado refrativo determina o sucesso da terapêutica cirúrgica por facoemulsificação. Esta é a premissa do Curso «Biometria premium para cirurgia premium», que decorre na sala Gemini, entre as 9h00 e as 11h00. C oordenado pela Dr.ª Filomena Ribeiro, oftalmologista no Hospital da Luz, em Lisboa, este curso conta com a participação de vários especialistas que vão partilhar a sua experiência no cálculo da potência da biometria ocular para os vários tipos de lentes premium: tórica, multifocal, acomodativa e asférica. Dirigido a todos os oftalmologistas que desejem abranger a cirurgia premium na sua prática clínica, o curso começa por abordar as causas de possível falha no cálculo. «Atualmente, temos uma técnica cirúrgica de facoemulsificação com elevado grau de eficácia e boa previsibilidade de resultados. Além disso, assistimos a grandes avanços tecnológicos na capacidade de medição ocular, tendo também disponíveis novos recursos terapêuticos, como a cirurgia PRELEX. Estes desenvolvimentos têm permitido tratar melhor os doentes», contextualiza Filomena Ribeiro. 4 56.º Congresso português de oftalmologia Drs. João Paulo Macedo, Francisco Loureiro, Filomena Ribeiro, Carlos Palomino, Isabel Prieto, Ramiro Salgado e Joaquim Mira (da esq. para a dta.). Estão ausentes na foto o Prof. José Salgado-Borges e os Drs. Eduardo Marques e Nuno Campos Porém, apesar da excelência das cirurgias, é necessário um cálculo adequado da potência da lente, já que é o resultado refrativo que vai determinar o grau de satisfação do doente e do próprio cirurgião. «Os cálculos têm de acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos, não só na capacidade biométrica, como também na capacidade corretiva com as lentes intraoculares. O resultado refrativo é que determina o sucesso da uma terapêutica cirúrgica», defende a coordenadora do curso. Apesar de estarem disponíveis aparelhos com grande evolução tecnológica, existe sempre a possibilidade de erro na medição ‒ que pode ser variável consoante se trate de olhos com valores próximos das médias populacionais ou casos mais extremos; ou até mesmo devido a falhas na metodologia utilizada. «As fórmulas usadas para fazer o cálculo da potência da biometria ocular são adequadas à média populacional. Contudo, quando enfrentamos casos com valores biométricos extremos ou situações de pós-cirurgia refrativa da córnea, esses métodos deixam de ter capacidade de resposta imediata», conclui Filomena Ribeiro. Apresentamos o Sistema de Guia por Imagem VERION™ Um Novo Nível de Consistência na Cirurgia Refrativa de Catarata Captura Precisão, Consistência e Confiança na Cirurgia Refrativa de Catarata O Sistema de Guia por Imagem VERION™, que inclui a Unidade de Referência VERION™ e o Marcador Digital VERION™, destina-se a ajudar a: Pré-op • Minimizar erros de transcrição de dados • Melhorar a eficiência clínica • Aumentar a confiança no implante de lentes tóricas e multifocais • Assegurar a consistência cirúrgica • Otimizar os resultados refrativos finais Planificação Pré-op Guia Intra-op Alcon Portugal - Produtos e Equipamentos Oftalmológicos, Lda. Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, n.º 10E Taguspark 2740-255 Porto Salvo. NIF 501251685 Material revisto em novembro de 2013. ©2013 Novartis SG/ARCS/VER/PA/131121/PT Visão SPO HOJE Sexta-feira, dia 6 Reflexões sobre a realidade da Oftalmologia Entre as 11h30 e as 12h15, na sala Gemini, decorrem duas conferências que convidam à reflexão sobre temas da atualidade, como o papel das sociedades nacionais de Oftalmologia ou a introdução da inovação tecnológica na prática clínica. Confira alguns dos tópicos que estarão em discussão. O papel das sociedades nacionais de Oftalmologia «E Prof. Stefan Seregard Presidente da Sociedade Europeia de Oftalmologia xistem mais de 200 mil oftalmologistas no mundo, estando cerca de 60 mil em território europeu. Tradicionalmente, os oftalmologistas estão organizados em sociedades nacionais, no entanto, estamos a assistir a uma mudança no sentido do aumento da subespecialização. Isto reflete-se no papel dos oftalmologistas e num aumento do número de «médicos dos olhos», que se veem como especialistas em retina, córnea e glaucoma, apenas para referir algumas das categorias. Esta fragmentação não só é inevitável, como também é necessária para acompanhar o ritmo do crescente desenvolvimento que se verifica. Esta tendência só se torna problemática quando nos esquecemos de que, em primeiro lugar, somos médicos. É este património único que define o oftalmologista e o distingue de outros profissionais de saúde e prestadores de cuidados na área da visão. Enquanto algumas subespecialidades permanecem fortes, ganhando com os inúmeros defensores e com o apoio da indústria farmacêutica, outras tornam-se fracas e deparam-se com muitos problemas. Apenas as sociedades nacionais de Oftalmologia podem lançar pontes para voltar a unir a especialidade. Cabe-nos assegurar que os oftalmologistas mantenham uma dupla identidade – a de subespecialista e a de oftalmologista. Apenas mantendo esta dicotomia podemos ter a certeza de que a Oftalmologia, em todos os seus aspetos, vai realmente prosperar e florescer.» Obsolescência na atual sociedade de consumo DR «O conceito de “obsolescência programada” remonta a 1932, quando Bernard London se propôs a terminar com a grande depressão através da obsolescência planificada. Como tal, entendia-se a planificação do fim de vida útil de um produto ou serviço, tornando-se este obsoleto e inútil. O consumo pelo consumo num ciclo sem fim. Lamentavelmente, este tem sido um paradigma na sociedade de consumo atual. Nos últimos anos, temos visto nascer e desaparecer técnicas em Oftalmologia que pareciam vir para ficar. Pelo caminho, temos adquirido equipamentos valiosos, que nos transmitiram expetativas que, em diversas ocasiões, não se cumpriram. Pelo contrário, em outros momentos, constituíram desenvolvimentos imprescindíveis para a evolução da ciência. Estaremos nós, oftalmologistas, a incorporar tecnologias um pouco mais novas, um pouco melhores e um pouco antes de as mesmas estarem satisfatoriamente desenvolvidas? Durante a minha apresentação, vou tentar transmitir ideias para reflexão sobre este domínio complexo, focando os equipamentos e as técnicas em cirurgia de catarata e lentes intraoculares. Os tempos de crise são os mais adequados para refletir...» 6 56.º Congresso português de oftalmologia Dr. Javier Mendicute Oftalmologista no Hospital Universitário Donostia, em San Sebastián, Espanha OPINIÃO Ciências da Saúde: desafios, oportunidades e riscos Prof. Manuel Sobrinho Simões Diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto A saúde da nossa Ciência é muito semelhante ao estado de todas as outras áreas em Portugal ‒ muito frágil. O caso da Ciência é particularmente preocupante, porque estávamos num período de desenvolvimento excecionalmente bom e, agora, estamos a entrar numa lógica destrutiva. Nos últimos 15 anos, tivemos ministros empenhados no crescimento cien- tífico, sobretudo o José Mariano Gago [ministro da Ciência e da Tecnologia de 1994 a 2002 e ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em 2005]. Esta aposta refletiu-se no número de publicações, de patentes e de estudantes de doutoramento. Porém, o tecido ainda era frágil e os cortes orçamentais vêm agora revelar um panorama muito assustador. As ciências da saúde teriam beneficiado, por exemplo, de um medical research council, como existe no Reino Unido e em todo o mundo civilizado. Ter um organismo público que gerisse os fundos da investigação clínica poderia ter amortecido estas dificuldades. Quanto ao futuro da Ciência, passará inevitavelmente pela investigação translacional. Este modelo veio mostrar que, mais importante do que publicar um paper, é transformar essa ideia ou pergunta num estímulo para chegar a um produto ou serviço de valor acrescentado. Esta lógica beneficiou de uma melhor organização das instituições (que em Portugal ainda não é suficiente), mas sobretudo, nas ciências da saúde, do desenvolvimento de instrumentos para estratificar os doentes relativamente às suas características genéticas. Isto traduz-se numa rentabilização dos recursos, que também tem impacto na economia nacional. Contudo, continuamos a fazer pouca investigação de translação. Sempre reconhecemos mais facilmente quem fazia investigação fundamental e publicava papers em revistas de impacto internacional. Por outro lado, também não é fácil deixar os modelos tradicionais e começar a fazer o follow-up sistémico e minucioso dos doentes. Além disso, a investigação de translação exige uma organização multidisciplinar que nós não temos. Ainda assim, não há dúvida de que o futuro das ciências da saúde passará, em grande parte, pelo desenvolvimento da investigação de translação. NOTA: O Prof. Manuel Sobrinho Simões é o preletor da Conferência Cunha-Vaz, intitulada «Medicine in the XXI century: challenges, opportunities and risks», que tem lugar na sala Gemini, entre as 12h20 e as 13h00. 60 minutos com… … A PEDIATRIA … A RETINA Esclarecer as dúvidas mais frequentes que surgem na atividade diária do oftalmologista que não é especializado em retina é o objetivo da sessão coordenada pelos Drs. Augusto Barbosa, Victor Ágoas e Nuno Gomes. Complicações da cirurgia da catarata, degenerescência macular da idade ou retinopatia diabética são alguns dos temas a abordar pelos especialistas convidados: Dr. Pita Negrão, Dr. João Nascimento, Dr. Mário Neves, Dr. João Figueira, Prof. Rufino Silva, Dr.ª Angelina Meireles, Dr.ª Susana Penas e Dr. Rui Carvalho. A partir das 14h30, na sala Gemini. Seis casos clínicos dão o mote à discussão em torno de algumas das principais patologias do âmbito da Oftalmologia Pediátrica: estrabismo acomodativo, ambliopia anisometrópica, diplopia na criança, catarata congénita e glaucoma congénito. O Prof. Eduardo Silva, a Dr.ª Alcina Toscano e o Dr. Augusto Magalhães são os coordenadores desta sessão, que decorre a partir das 14h30, na sala Gemini. … A REFRATIVA O Prof. Joaquim Murta, o Dr. António Limão e o Prof. António Marinho são os coordenadores da sessão dedicada à discussão de casos clínicos complexos, controvérsias terapêuticas e erros comuns na cirurgia refrativa. Entre as 17h00 e as 18h00, na sala Gemini. dezembro 2013 7 Visão SPO HOJE Quinta-feira, dia 5 Novidades no tratamento das doenças da retina Entre as 13h00 e as 14h30, no restaurante Chilli II, decorre o almoço-simpósio organizado pelos laboratórios Alcon e Novartis. Serão abordadas as novas perspetivas no tratamento das patologias da retina, à luz das novidades terapêuticas e tecnológicas. Vanessa Pais regime terapêutico instituído, quer na seleção dos casos que podem ser tratados com maior eficácia.» Dr. João Nascimento, Prof. João Paulo Castro, Dr.ª Rita Flores, Dr. João Figueira e Prof. Rufino Silva (da esq. para a dta.) A degenerescência macular da idade (DMI), o edema macular diabético (EMD), as oclusões venosas da retina (OVR) e a miopia patológica (MP) são algumas das patologias da retina mais frequentes na prática clínica. Nesse sentido, o Temas e oradores «Lucentis® – Experiência da vida real na DMI, EMD, OVR e MP». Prof. Rufino Silva, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC); Dr.ª Rita Flores, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de São José; e Dr. João Figueira, oftalmologista no CHUC. «Jetrea® – Nova opção no tratamento da TVM e do buraco macular». Dr. João Nascimento, oftalmologista no Instituto de Retina de Lisboa. «7 500cpm, haverá novos limites?» Prof. João Paulo Castro Sousa, oftalmologista no Centro Hospitalar de Leiria. simpósio «Novas perspetivas no tratamento de patologias da retina» vai começar por focar os desafios na sua abordagem, através da apresentação de casos clínicos. O tratamento destas patologias implica, atualmente, «uma logística de tal modo complexa que arrisca a sua eficácia, pelo que vão ser discutidas alternativas, como o ranibizumab, para, sem aumentar os custos do tratamento, melhorar a eficácia», sublinha o Prof. Rufino Silva, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e moderador deste simpósio. «Este fármaco veio mudar a forma como os doentes têm sido tratados nos últimos anos», acrescenta. Será ainda destacado o papel do ranibizumab no tratamento das OVR, «que revelou uma eficácia enorme e uma diferença abissal face à prática clínica existente», adianta Rufino Silva. «Os encargos com os tratamentos são elevados, pelo que a forma como se trata estes doentes tem de ser muito bem estruturada, quer ao nível do Novas terapêuticas e tecnologias A segunda parte deste simpósio vai abordar a ocriplasmina, uma nova arma para o tratamento da tração vitreomacular (TVM) e do buraco macular. «Esta terapêutica permite, em casos selecionados e bem definidos, tratar medicamente a TVM ou o buraco macular, como alternativa à opção cirúrgica, através de uma injeção. Deste modo, é possível minorar os riscos associados à cirurgia», sublinha o moderador. Neste âmbito, o Dr. João Nascimento apresentará a sua experiência clínica e abordará, entre outros pontos, a seleção dos casos a tratar. Outra novidade em análise no simpósio é o equipamento cirúrgico Constellation®, que se destaca pela segurança, permitindo trabalhar mais próximo da retina», afirma Rufino Silva. E, em jeito de resumo deste encontro, conclui: «Serão apresentadas novas tecnologias e abordagens terapêuticas para as doenças da retina, que nos vão permitir refletir sobre o que podemos mudar na prática clínica para sermos mais eficazes no tratamento.» A teoria e a prática das lentes multifocais Os vários tipos de lentes multifocais e as suas características são analisadas na palestra de abertura das sessões da tarde, entre as 14h30 às 14h45, na sala Pégaso. Vanessa Pais O preletor da conferência «Lentes multifocais: da teoria à prática» é o Dr. Miguel Trigo, do Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de São José. Em apenas 15 minutos, este oftalmologista vai passar em revista os aspetos mais relevantes relacionados com as lentes multifocais. «Os avanços da facoemulsificação e da tecnologia das lentes intraoculares fizeram a cirurgia de catarata evoluir para um procedimento que associa à substituição do cristalino opacificado a restauração da visão, para longe e para perto, com a maior independência possível dos óculos», nota Miguel Trigo. Estes avanços têm igualmente aumentado a expetativa dos doentes e, como tal, «o resultado refrativo da cirurgia da catarata, incluindo a presbiopia, tem vindo a tornar-se um fator de primordial importância». Assim, durante a sua conferência, Miguel Trigo vai «analisar de forma crítica a informação conhecida sobre os vários tipos de lentes multifocais e as suas características particulares». Ao mesmo tempo, vai relacionar essa análise «com os aspetos da prática clínica que podem influenciar, de um modo previsível, o resultado final». dr. Miguel trigo Para Miguel Trigo não restam dúvidas: «O domínio dos métodos de seleção dos doentes e das lentes multifocais apropriadas a cada caso são a chave para o sucesso da cirurgia da catarata.» dezembro 2013 11 Visão SPO HOJE Sexta-feira, dia 6 A neuroimagem no diagnóstico clínico O desafio de fazer um diagnóstico correto passa, muitas vezes, por pedir o exame imagiológico adequado e conhecer os diagnósticos diferenciais de um achado radiológico. Este é o ponto de partida do Curso de Neuroimagem, que decorre entre as 14h30 e as 16h30, na sala Vega. Inês Melo O s oftalmologistas são, por vezes, os primeiros médicos a observar os doentes com lesões intraorbitárias ou intracranianas. Por isso, devem conhecer as técnicas de imagem e saber usá-las criteriosamente. Porquê? «Primeiro, porque, no contexto atual, a análise custo-benefício adquire particular importância. Depois, não devemos esquecer que alguns estudos de imagem estão associados a uma exposição radiológica elevada. Por fim, porque o estudo de imagem não deve substituir o exame clínico.» Esta é a opinião da Dr.ª Dália Meira, coordenadora deste curso, juntamente com a Dr.ª Sandra Prazeres e a Prof.ª Daniela Seixas. Dividido em duas partes, este curso começará por abordar os mecanismos básicos da tomografia axial computorizada (TAC) e da ressonância magnética (RM), as suas principais indicações e contraindicações e os artefactos mais comuns que ocorrem na PUB. Dr.as Lígia Ribeiro, Rosário Varandas, Sandra Prazeres e Dália Meira (da esq. para a dta.) imagem das órbitas e da via ótica. Em seguida, terá lugar uma sessão clínico-imagiológica, baseada em casos clínicos de patologia neuroftalmológica, orbitária e pediátrica. As formadoras deste curso são oftalmologistas que se dedicam às áreas da neuroftalmologia (Dr.as Dália Meira e Lígia Ribeiro), da oculoplástica e órbita (Dr.ª Sandra Prazeres) e da Oftalmologia Pediátrica (Dr.ª Rosário Varandas). A este grupo de especialistas, junta-se ainda a Prof.ª Daniela Seixas, neurorradiologista no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. «A neuroimagem cresceu muito nas últimas décadas e revolucionou a forma como se avalia e trata os doentes com patologia neuroftalmológica e da órbita. No futuro, a RM funcional vai adquirir um maior papel diagnóstico; e a neurorradiologia de intervenção permitirá mais tratamentos ‒ tão eficazes e menos invasivos do que os proporcionados pela neurocirurgia», contextualiza Dália Meira. Apesar da incrível resolução das atuais técnicas de imagem, as coordenadoras deste curso pretendem que os participantes fiquem também sensibilizados para a importância de uma boa comunicação entre o oftalmologista e o neurorradiologista, que permitirá estabelecer uma correlação clínico-imagiológica e fazer um correto diagnóstico. «O oftalmologista é responsável pelo fornecimento de informação clínica pertinente, por forma a permitir que o neurorradiologista realize o estudo de imagem mais adequado e faça a melhor interpretação do exame», conclui Dália Meira. Continua na página ao lado Visão SPO HOJE Sexta-feira, dia 6 Como é estar na pele de um jovem oftalmologista? Os desafios que os jovens oftalmologistas enfrentam nos dias que correm, seja em Portugal ou no estrangeiro, vão ser debatidos na Sessão SPO Jovem, entre as 14h30 e as 16h30, na sala Delfim. Vanessa Pais Oradores e membros da SPO Jovem (da esq. para a dta.): Drs. Ana Quintas, Teresa Paínhas, Ricardo Amorim, Luis Fernández-Vega (Espanha), Alexandre Ventura (Brasil), Marta Guedes, Inês Laíns, Vasco Miranda e João Breda C rise, políticas de saúde, oportunidades, condições de trabalho, público e privado, fellowships, regulamentação. Todas estas palavras saltam para o discurso quando o objetivo é descrever os desafios dos jovens oftalmologistas, em Portugal ou no estrangeiro. Na sessão organizada pela secção SPO Jovem, três recém-especialistas (um português, um espanhol e um brasileiro) vão mostrar como é que o mundo global trouxe desafios globais e especificidades locais. Comecemos por Portugal. A nossa realidade certamente «dava pano para mangas», mas o Dr. Vasco Miranda, membro da direção da SPO Jovem, consegue resumi-la em poucas linhas: «O jovem oftalmologista português enfrenta atualmente uma pressão crescente para o aumento da produtividade clínica e cirúrgica, um encolhimento progressivo do mercado de trabalho público-privado e uma redução da remuneração e das condições de trabalho propostas.» Segundo Vasco Miranda, «superar estas dificuldades implicará investir continuamente na diferenciação científica e cirúrgica, primar pela empatia e rigor em todas as atividades clínicas diárias, bem como defender e dignificar o ato médico». A situação não é muito diferente em Espanha, como testemunha o Dr. Luis Fernández-Vega, coordenador do Grupo de Jovens Oftalmologistas da Sociedade Espanhola de Oftalmologia. No entanto, este orador reconhece que os jovens oftalmologistas ainda têm oportunidades de trabalho em Espanha. «No público ou no privado, ainda há algumas oportunidades, entre módulos alternados e contratos fixos, embora, atualmente, seja mais difícil encontrá-las no setor público», concretiza. Outras dificuldades acentuadas pela crise económico-financeira passam por «conseguir integrar grupos de investigação e realizar fellowships no estrangeiro», refere Luis Fernández-Vega. A par da necessidade de um bom internato médico, de espaço no mercado de trabalho ou de oportunidades de investigação, os desafios no Brasil passam também pela má distribuição geográfica do crescente número de oftalmologistas, como sublinha o Dr. Alexandre Ventura, coordenador do grupo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) Jovem. «A relação oftalmologista/habitantes nas regiões mais remotas é de 1 para 28 794, enquanto que, nas regiões mais habitadas, é de 1 para 8 019.» Por outro lado, «o Brasil é um dos poucos países onde a optometria é “não médica”». Ficha técnica Propriedade: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 Lisboa Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445 [email protected] • www.spoftalmologia.pt Edição: Esfera das Ideias, Produção de Conteúdos Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E • 1150 - 023 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 815 [email protected] • www.esferadasideias.pt Direção: Madalena Barbosa ([email protected]) Gestor de projetos: Tiago Mota ([email protected]) Redação: Inês Melo, Luís Garcia e Vanessa Pais Fotografia: Luciano Reis • Design: Fillipe Chambel Colaboração: Cláudia Pinto Nota: Os textos desta publicação estão escritos segundo as regras do novo Acordo Ortográfico Patrocinadores do jornal: 14 56.º Congresso português de oftalmologia Questões médico-legais em Oftalmologia Entre as 14h30 e as 16h00, na sala Lira, decorre o Curso «Aspetos médico-legais na prática clínica», uma organização do Grupo Português de Ergoftalmologia (GPE) da SPO. Inês Melo «O objetivo desta formação é alertar os oftalmologistas para a necessidade de desempenharem a sua atividade de forma ética e correta, explicando-lhes como podem evitar o erro e as complicações futuras», adianta o Dr. Vítor Leal, coordenador do GPE e desta formação. Para focar os aspetos médico-legais no tratamento do glaucoma, o curso vai receber o Dr. José Cotta, oftalmologista no Hospital da Ordem da Lapa, no Porto. De acordo com Vítor Leal, trata-se de uma comunicação que «visa reforçar a importância do diagnóstico precoce e de uma boa avaliação da progressão do glaucoma». «Senhor doutor, quando posso conduzir depois de ser operado aos olhos?» Esta é a pergunta a que Vítor Leal pretende responder durante a sua interven- Drs. Vítor leal e josé cotta ção neste curso. «Tendo em conta que as regras ao nível da condução foram sujeitas a alterações recentes, importa esclarecer o que mudou na área da Oftal- mologia, particularmente no âmbito da autorização para voltar a conduzir após uma cirurgia oftalmológica», esclarece o coordenador do GPE. Regulamento da Habilitação Legal para Conduzir Eis as condições que obrigam os candidatos ao título de condução a serem observados pelo oftalmologista, segundo o Decreto-Lei n.º 138/2012, de 5 de julho: Acuidade visual igual ou inferior aos limites definidos na lei para cada categoria de veículo; Situações de deficiência oftalmológica: visão monocular, diplopia; campo visual e visão periférica; visão das cores; visão crepuscular, deslumbramento e sentido luminoso; doenças oftalmológicas progressivas. Aplicações da toxina botulínica em Oftalmologia O uso da toxina botulínica em Medicina mudou a abordagem de inúmeras patologias das mais variadas especialidades. Dar a conhecer as múltiplas vantagens do uso deste fármaco na prática diária dos oftalmologistas é um dos propósitos do curso que tem lugar entre as 17h00 e as 18h00, na sala Vega. Inês Melo drs. paulo vale, sandra prazeres e guilherme castela (da esq. para da dta.) D esde os primeiros estudos desenvolvidos pelo oftalmologista americano Alan Scott, em 1970, com a toxina botulínica (TB) no tratamento médico do estrabismo, que as indicações para o uso deste fármaco têm aumentado exponencialmente em todas as especialidades da Medicina. «A utilização da TB em Oftalmologia é vasta e, por esse motivo, é importante que todos conheçam as suas indicações e formas de aplicação», refere a Dr.ª Sandra Prazeres, justificando desta forma a relevância do Curso «Aplicações da toxina botulínica em Oftalmologia», que coordena em conjunto com os Drs. Paulo Vale e Guilherme Castela. Dar a conhecer as vantagens e limitações do uso da TB é o principal objetivo deste curso, que está dividido em cinco módulos e começará por rever alguns princípios gerais de farmacologia, efeitos adversos e contraindicações da TB. Em seguida, serão abordadas as aplicações da TB no estrabismo, no blefarospasmo e no hemispasmo facial. Outras aplicações desta substância em Oftalmologia (na paralisia facial, orbitopatia tiroideia, etc.) e em Medicina estética também serão contempladas pelos formadores. «Além de ser uma alternativa ou um complemento ao tratamento cirúrgico do estrabismo, a toxina botulínica faz parte do arsenal terapêutico de várias patologias oftálmicas e é amplamente usada em Medicina estética, para rejuvenescimento facial. Os colegas não devem perder a oportunidade de assistir a este curso, caso pretendam aumentar o leque de opções terapêuticas na sua prática clínica diária», desafia Sandra Prazeres, em jeito de convite. dezembro 2013 15