LOCOMOÇÃO HUMANA Prof. Adriane Muniz Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx) CONCEITO Toda ação que move o corpo de um animal através do espaço aéreo, aquático ou terrestre – LOCOMOÇÃO (CAPOZZO, 1991). Atividade cíclica transporte do corpo 1 Conjunto de movimentos rítmicos e alternados Visam a locomoção corpo para frente Mantêm o equilíbrio corporal Menor gasto de energia Transporte seguro e eficiente no espaço terrestre (ALLARD, 1995). Mais comum de todos os movimentos humanos. O padrão de variabilidade de uma passada no dia-a-dia é moderadamente baixo (WINTER, 1991). Atividade complexa Processo de aprendizado Características essenciais: Alternância cíclica da função de apoio Existência de um período de transferência Existência do período de duplo apoio Transporte sem rodas Ultrapassar obstáculos 2 Sob o ponto de vista da biomecânica A marcha humana é um dos movimentos mais comuns. Nela estamos expostos a forças externas constantes e, portanto, o estudo dessas forças nos leva a entender mecanismos dinâmicos da marcha. Sob o ponto de vista da Neurofisiologia Na marcha humana é uma seqüência de eventos reflexos, compondo movimentos altamente complexos, que uma vez aprendido torna-se subconsciente. Vários mecanismos de controle motor atuam na geração/controle deste padrão de movimento. 3 Sob o ponto de vista da fisioterapia… O entendimento dos mecanismos dinâmicos e reflexos da marcha, permite-nos a intervenção para a reeducação da marcha, um dos objetivos terapêuticos mais importantes. Aspectos históricos Estudo do movimento humano Filósofos gregos Galilei (1564-1642) Weber e Weber (1986) Propôs o modelo matemático para descrever a perna de balanço durante a marcha 4 Desenvolvimento tecnológico Marey (1894) Muybridge (1894) Braune e Fisher (1890-1895) Análise matemática do movimento humano Introdução da análise quantitativa Leis newtonianas – estimação de forças internas 5 Seqüência de eventos Registro e ativação da marcha no SNC Transmissão do sinal de marcha pelo sistema nervoso periférico Contração dos músculos que desenvolvem a tensão Geração de força e momentos articulares Geração da Força de Reação do Solo Em paralelo: sistema sensorial fornecem informações em tempo-real feedback 6 Exigências que o sistema de controle necessita para permitir a locomoção Ajuste da postura corporal inicial Início e término quando necessário Produção de um padrão rítmico e coordenado dos músculos → impulsionar o corpo na direção desejada Manutenção da estabilidade dinâmica do corpo Modulação do padrão para alterar a velocidade da marcha Condução da caminhada até um ponto final Minimização do gasto energético Garantia da estabilidade estrutural Medula Funciona mais que transmissão de informação Papel na geração e controle da locomoção Coordenação entre os segmentos Animal com lesão na medula consegue modular as respostas reflexas e realiza tarefas estereotipadas Padrões motores complexos Não são suficientes para suportar o peso corporal Propulsão 7 Gerador de padrão central Brown (1911) sugeriu que movimentos rítmicos da locomoção são gerados por circuitos neurais GPC – rede de interneurônios localizados na medula, os quais geram um padrão cíclico e rítmico de EMG permitem a locomoção bípede A hipótese do GPC estimulação simples na coluna produz um padrão rítmico de ativação no controle da locomoção Parte do padrão de ativação muscular é induzida por reflexos – reflexo de estiramento (Duysens; Crommert, 1998) Estímulos centrais Iniciar, modificar e finalizar o ritmo Evidência do PGC em humanos é indireta Pang; Yang (2001) recém-nascidos 4 a 12 meses em esteira. Recem natos geraram uma resposta motora coordenada bilateralmente em resposta a perturbação unilaterais 8 Pacientes paraplégicos Posição supina – mínimo achado subclínico de atividade EMG Iniciação da marcha Transição entre a posição em pé e a marcha Requer desafio no controle de equilíbrio Comparada com a marcha a solicitação do sistema neuromuscular na iniciação e término aumentam Complexo de integração neural é necessário Ajuste postural e atividade muscular no tornozelo e quadril são necessários 9 Iniciação da marcha Inibição da musculatura postural Platiflexores Movimento do COP para trás do COM, levando o COM para frente 10 Inabilidade de movimentar o COP para trás não impede a iniciação da marcha 11 CENTRO DE GRAVIDADE Deslocamento: Sagital Frontal Transverso Determinantes da marcha: Movimentos Flexão pélvicos da joelho Plantiflexão/dorsiflexão do tornozelo 12 CICLO DA MARCHA Definição: Intervalo de tempo durante o qual uma seqüência de eventos sucessivos e regulares se completam. O ciclo da marcha é uma seqüência maravilhosamente orquestrada de eventos elétricos e mecânicos que culminam na propulsão coordenada do corpo através do espaço (LIEBER, 1992). Divisão do ciclo: Apoio 60% do ciclo Balanço 40% do ciclo Durante o ciclo: cada pé repete o mesmo padrão de movimento: Pé enconsta do solo Pé permanece no solo Pé deixa o solo Pé oscila através do ar 13 Fases do ciclo Contato Inicial (0 a 2%) FRS: Posterior ao tornozelo Posterior ao joelho A frente do quadril EMG: Dorsiflexores IT Extensores do quadril quadríceps 14 Fases do ciclo Resposta da carga (0 a 10%) CG posição mais baixa Membro contralateral: retirada dos dedos EMG: Termina ação do tibial anterior quadríceps Fases do ciclo Apoio médio (10 a 30%) CG Posição mais alta Membro contralateral: Balanço EMG: Quadríceps cessão Tríceps Glúteo médio 15 Fases do ciclo Apoio terminal (30 a 50%) Contralateral: contato inicial EMG: Tríceps Fases do ciclo Pré-balanço (50 a 60%) Segundo duplo apoio retirada dos dedos Contralateral: resposta a carga EMG: Flexores do quadril tríceps 16 Fases do ciclo Balanço inicial (60 a 73%) Única força externa é GRAVIDADE Período de aceleração Contraleteral: apoio simples EMG: Tibial anterior Iliopsoas Isquiotibiais Fases do ciclo Balanço médio (73 a 87%) Tíbia vertical ao solo Contralateral: apoio simples Pêndulo - atividade muscular mínima EMG: Tibial anterior Iliopsoas 17 Fases do ciclo Balanço terminal (87 a 100%) Desaceleração EMG IT - evitar hiperextensão do joelho Extensores do quadril quadríceps tibial anterior 18 ASPECTOS BIOMECANICOS DO ANDAR EM CRIANÇAS “Quando uma criança inicia seus primeiros passos, sua estratégia biomecânica é minimizar os riscos de queda” (MILNE, 1924) Quais são os fatores científicos que contribuem para o desenvolvimento da maturação do padrão de marcha na criança? ASPECTOS BIOMECANICOS DO ANDAR EM CRIANÇAS Marcha independente por volta do 12 a 15 meses Corrida nos 18 meses Maturação da marcha (Vaughan, 2001) Crescimento musculoesquelético e maturação do SNC Mudam até os 5 anos de idade Após 5 anos os parâmetros escalados pelo crescimento físico são invariantes 19 Padrões que alteram durante a maturação Largura da base de suporte diminui gradualmente Movimento torna-se suave Movimento recíproco de balanço dos braços torna-se aparente Cadência diminui Comprimento do passo e velocidade da marcha aumentam Duração do apoio simples aumenta 20 ANÁLISE DA MARCHA Efetivo instrumento: quantificação da habilidade da marcha identificação de anormalidades no movimento efeitos de uma terapia ou intervenção cirúrgica Métodos de análise da marcha: Análise visual Cinemática Cinética EMG Análise da marcha Movimento humano desafio para a investigação científica Pesquisa Desenvolvimento de um conjunto de métodos e técnicas para a análise quantitativa Hoje análise de marcha em estágio comercial e aplicações clínicas Aumento do interesse clínico 21 Variáveis Os sinais EMG, momentos de força e potências se aproximam das causas do movimento. As variáveis cinemáticas (velocidades, comprimento da passada, ângulos articulares) e forças reação do solo refletem o produto de muitos efeitos integrados 22 Porque analisar a marcha? Uso Clínico: Identificar as causas das alterações Melhor entendimento do tratamento Acompanhamento do tratamento Critério para alta do paciente Determinar se outros tratamentos são necessários Pesquisa: Doenças ou alterações Melhora dos métodos de tratamento Entendimento da mecânica corporal Avaliação da performace de atletas 23 AVALIAÇÃO CINEMÁTICA Medidas dos deslocamentos dos segmentos Ângulos articulares Câmeras de vídeo de alta freqüência (60 a 180 Hz) Reconstrução tridimensional 24 25 26 AVALIAÇAO CINÉTICA CINÉTICA: Estudo das forças que produzem o movimento FRS Resposta as ações musculares e ao peso do corpo transmitido pelos pés. Instrumento de medida: Plataforma de força 27 28 29 OUTRAS MEDIDAS UTILIZADAS PARA AVALIAÇÃO DA MARCHA Parâmetros espaço-temporais Eletromiografia Análise da atividade elétrica do músculo Instrumento de avalição: EMG 30 Atividade Muscular 31 Análise de dados cinéticos e cinemáticos Dados Cinéticos Dados cinemáticos MODELO MATEMÁTICO Torques Potência Momentos Interpretação dos dados obtidos na avaliação da marcha Pesquisadores do Laboratório Ortopedista História Exame Físico Investigações Especiais Bioengenheiros Neurologista Fisioterapeuta do paciente Outros … 32 Cinemática do joelho – plano sagital Deluzio; Astephen (2007) 33 (o) Pacientes com Osteoarthrite and (x) Grupo controle (Deluzio; Astephen, 2007) Marcha do Hemiplégico Instabilidade: > variabilidade (CV) e assimetrias Baixa velocidade de deslocamento Diminuição de mobilidade articular (dificuldade em levantar o pé na fase de balanço) Diminuição do comprimento da passada Descontrole na fase de contato do membro inferior com o solo (posição pé na fase de contato) Hiperatividade de extensores de quadril Co-contração de agonistas e antagonistas (Wall & Ashburn, 1979; Gage, 1993, Gage & Koop, 1995; Winter,1991) 34 Toxina Botulínica – redução da rigidez do joelho em hemiplégicos Marcha com rigidez do joelho é caracterizada por redução do pico de flexão do joelho durante o balanço Espasticidade do reto femoral TB a flexão do joelho em 8o sem reduzir a flexão do quadril Robertson et al., 2008 35 Momentos de força – Joelho Lesão do LCA (Wexler et al., 1998) 71 sujeitos com lesão do LCA comparados com 51 normais Knoll et al., 2004 36 Reconstrução do ligamento produz mudanças consideráveis Paramêtros da marcha tendem ao valor normal Restabelecimento antes da lesão – leva no mínimo 8 meses Marcha de Parkinson Síndrome de Parkinson Doença neurológica crônica que afeta a habilidade de realizar tarefas motoras Padrão de marcha Arrastro dos pés Aumento Menor no tempo de duplo apoio velocidade Instabilidade postural 37 mofsof monsof mofson monson 38 Distância padrão Sujeitos MOFSOF MONSOF MOFSON MONSON 1 1.99 2.53 1.28 2.03 2 2.53 2.82 2.15 2.32 3 5.43 3.66 2.36 2.29 4 3.15 2.88 2.13 1.46 5 3.84 3.94 3.39 3.49 6 1.82 2.81 0.97 1.03 7 3.73 3.87 3.25 2.35 8 3.25 3.10 3.41 1.48 9 2.46 1.21 2.13 1.69 10 3.70 3.41 2.70 2.92 Average * ± SD 3.19 ± 1.07 3.02 ± 0.80 2.38 ± 0.84 2.11 ± 0.74 Distribuição da pressão plantar – contato inicial 39 Resposta a carga Apoio médio Eficiência biomecânica em reduzir a FRS 40 Apoio Terminal Pré-balanço 41 Distribuição da pressão em paciente com artrite reumatóide Distribuição da pressão plantar em neuropatia diabética Diabético neuropata, 43 anos, úlcera 2o metatarso 42 43