RECONHECIMENTO BOTÂNICO DAS PLANTAS MEDICINAIS

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
CURSO DE ENFERMAGEM
DISCIPLINA: FITOTERAPIA
PROF.ª DANIELLA KOCH DE CARVALHO
RECONHECIMENTO BOTÂNICO DAS
PLANTAS MEDICINAIS
IMPORTANTE:
O emprego correto de plantas medicinais para fins terapêuticos,
requer o uso de plantas medicinais selecionadas por sua eficácia e
segurança terapêuticas, baseadas na tradição popular ou
cientificamente validadas como medicinais.
Considera-se validada a planta que respondeu, positivamente, à
aplicação do conjunto de ensaios capazes de comprovar a
existência da propriedade terapêutica que lhe é atribuída, bem
como seu grau de toxicidade nas doses compatíveis com emprego
medicinal.
Um dos aspectos mais importantes está relacionado à identidade
das plantas. Por ser fortemente baseada em nomes regionalistas, a
verdadeira identidade de uma planta recomendada pode variar de
região para região.
Nomes populares
Alecrim, boldo, calêndula, melissa - os nomes populares de muitas
plantas tem um encanto e poesia próprios. Algumas descrevem um
traço característico da planta, como por exemplo a língua-de-vaca, é
um nome atribuído a várias plantas cujas folhas se assemelham ao
formato da língua das vacas, assim como a erva-cidreira refere-se a
espécies com odor cítrico.
Outras plantas recebem o nome de acordo com o uso que as
pessoas fizeram delas, é o caso, por exemplo, do quebra-pedra
(para eliminar ou “quebrar” pedra nos rins) e a erva-mata-pulgas
(erva-de-santa-maria), utilizada popularmente contra insetos
devido seu forte cheiro.
Casearia sylvestris
Annona cacans
O exemplo da Mandrágora:
Mandrágora
acorrentada a um
dos cães utilizados
para extrair as
raízes do solo,
Século XII.
Erros freqüentes:
Os nomes populares podem ser igualmente motivo de confusão.
Muitas vezes a mesma planta tem mais de um nome: o Cassaú é
conhecido ainda no Brasil como Calungo e cipó-mil-homens. No
entanto, essa mesma planta é também chamada em Portugal de
Aristoloquia, onde brota espontaneamente e é usada para fazer chás
medicinais.
Aristolochia cymbiphera
Variações lingüísticas: dependendo da região do Brasil algumas
espécies possuem nomes populares diferentes. Por exemplo:
Chenopodium ambrosioides L. é conhecido em Santa Catarina como
erva-de-santa-maria, enquanto que na Região Nordeste, a mesma
planta é chamada mastruço, que em Santa Catarina esta última
corresponde a Coronopus didymus
Chenopodium ambrosioides L.
Coronopus didymus
Espécies afins: um mesmo nome popular pode ser empregado para
diversas espécies afins, de um mesmo gênero, ou seja, espécies
diferentes que tem um parentesco botânico bastante estreito podem
receber a mesma terminologia vulgar. É muito comum verificarmos
em rótulos de fitoterápicos e de cosméticos à base de produtos
naturais, a presença de Passiflora (maracujá) em sua composição,
ora, dentro deste gênero inúmeras espécies são encontradas na nossa
flora e denominadas de maracujá, faltou, portanto a especificação de
qual espécie faz parte do composto.
Passiflora alata
Passiflora incarnata
Passiflora edulis
Tão problemático quanto o fato de uma planta ter mais de um nome
popular é a confusão gerada por um mesmo nome que, não raro, é
aplicado a duas ou mais espécies diferentes. Por todo o Brasil, há
várias plantas sem relação alguma e que são chamadas de macela.
Vocês conhecem a Cidreira?
Lippia alba
Lippia citriodora
Cymbopogon citratus
Melissa officinalis
Cymbopogon winterianus
Mentha piperita
Nomes científicos:
Para evitar esses erros, os
cientistas usam um sistema de
denominação, em duas partes,
conhecido como nomenclatura
binomial, aplicado tanto para
plantas quanto para animais. Essa
nomenclatura teve como pioneiro
Carolus Linnaeus (1707-1778),
um naturalista sueco do séc
XVIII.
Carl Linnaeus – 1707 – 1778.
...seu sistema deu origem às
regras hoje estabelecidas no
Código
Internacional
de
Nomenclatura Botânica, um
livro
que
contém
as
convenções internacionais de
denominação botânica.
A primeira parte do nome de uma planta informa seu gênero, o grupo
ao qual ela pertence e com o qual partilha muitas características. As
violetas, por exemplo, pertencem ao gênero Viola e as rosas ao
gênero Rosa.
A segunda parte do nome de uma planta nos diz sua espécie, o tipo
específico de planta num gênero. Assim, a Rosa alba é o nome
botânico da rosa branca (alva, do latim Alba, branca) e Rosa sinensis
é o nome da rosa-da-China (sinensis, de sino, prefixo latino para
chinês).
O nome botânico é sempre seguido por uma abreviação do nome da
pessoa que a classificou cientificamente. Muitos nomes de plantas,
por exemplo, são seguidos pela inicial “L”, de Linnaeus.
Exemplos:
Equisetum giganteum L.
Maytenus ilicifolia Reissek
Mikania glomerata Spreng.
Observação:
O nome do gênero é sempre iniciado em letra maiúscula, e o
epíteto específico (espécie), em letra minúscula. Ambos devem
estar em itálico ou sublinhados. O nome do autor deve ser
grafado normalmente.
Genero especie Aut.
Famílias botânicas:
Os gêneros são agrupados em famílias botânicas, cujos
nomes em geral terminam com o sufixo “aceae” em latim, e
“- ácea” em português. Por exemplo, as plantas do gênero
Lilium (lírios comuns) e as do gênero Allium (alhos)
pertencem à família Liliaceae.
Myrtaceae
Melastomataceae
Lauraceae
Alguns nomes de gêneros,
como Achilea, Artemísia e
Asclepias, tem sua origem em
nomes de figuras mitológicas.
Outros Linnaeus,
simplesmente tomou
emprestado dos nomes
comuns latinos ou gregos de
plantas.
Outros nomes foram
cunhados ainda para
homenagear alguém. O
gênero
Kalmia,
por
exemplo, recebeu o nome
de Peter Kalm, um
dedicado
aluno
de
Linnaeus que coletava
plantas para ele.
Peter Kalm
Auto-retrato
Maiden, Joseph
1859 – 1925.
A segunda parte (espécie) do
nome botânico também é dado
às vezes em homenagem a uma
pessoa do meio científico. Por
exemplo, o Eucalyptus blakelyi
recebeu do conhecido botânico
australiano Joseph Maiden o
nome de William Blakely, que o
auxiliou na revisão do gênero
Eucalyptus.
Com mais freqüência, porém, o nome da espécie descreve
alguma característica específica da planta.
As vezes, por exemplo, refere-se a cor de suas flores:
rubrus para vermelho, purpureum para roxo e alba para
branco.
Ariocarpus rubrus
Digitalis ferruginia
O nome da espécie pode também descrever a folhagem:
rotundifolia para folhas redondas, grandifolia para folhas grandes,
millefolium para muitas folhas.
Pereskia grandifolia
Physalis capsicifolia
...ou ainda descrever alguma particularidade destacada: erectus
para ereto, hirsutum para peludo, odorata para fragrante, e
assim por diante.
Nymphaea odorata
Ilex glabra
E outros ainda nos dizem como as plantas foram empregadas
pelas pessoas no passado: é o caso dos nomes edulis,
comestível, e cathartica, catártica (de efeito catártico,
purgativo).
Phalaenopsis venosa
Euterpe edulis
A espécie officinalis
A designação específica officinalis (ou às vezes
officinale) merece um comentário particular, porque é parte
do nome científico de muitas plantas medicinais. Significa
“da oficina”. A alusão refere-se às boticas, antigas farmácias,
e o nome quer dizer que qualquer planta officinalis foi, por
um certo tempo, valorizada pelos boticários precursores dos
farmacêuticos de hoje, como exemplo o gengibre, que é
Zingiber officinale.
Rosmarinus
officinalis
Zingiber officinale
Taraxacum
officinale
Melissa officinale
“Identificando Plantas:
O mais importante ao identificar plantas é a forma de
pensar. As plantas tem milhares de características, muitas das quais
se repetem em várias espécies. Assim, a combinação de caracteres
de uma planta pode imediatamente sugerir uma identificação ao
botânico com experiência, mas pode ser muito difícil para este
explicar por que determinado nome apareceu na sua mente. Certas
plantas, ou grupos de plantas, têm um “jeitão”. Aprender “jeitões”
é um processo pessoal que vem com a experiência prática. Nada
substitui a experiência individual”.
Ao utilizar uma planta medicinal é importante saber:
Identificação correta da planta quanto ao nome científico;
Parte usada da planta
Forma adequada de uso da planta
Montagem e coleção de exsicatas:
Modelos de exsicata:
ESCALA DE TAMANHO
INFLORESCENCIAS
FOLHAS BEM FORMADAS
E DISPOSTAS
CARIMBO DO HERBÁRIO
FICHA DE
INDENTIFICAÇÃO
Referência: MATTOS, Rafael. Apostila do Curso de Especialização em Plantas Medicinais.
Faculdade Bagozzi. 2008. material não publicado.
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