a desinstitucionalização do sistema psiquiátrico

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A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PSIQUIÁTRICO
Isamara Cardoso de Moraes
Magali Telécio
Tatiana Longo Borges Miguel
LINS-SP
2009
2
A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PSIQUIÁTRICO
RESUMO
Trata-se de um estudo descritivo que tem por objetivo analisar o processo de
desospitalização, sob a óptica da equipe de saúde mental do CAPS I e seus
usuários. Considerando assim as transformações que vem ocorrendo na construção
da assistência a saúde mental e na tentativa de não asilar o doente, evitando sua
internação e mantendo os na sociedade. Os textos analisados trazem reflexões
teóricas originadas de experiências concretas das tentativas de implementar essas
transformações em direção a reforma e a assistências psiquiátrica. Abordaremos
também neste artigo, quais instrumentos estão sendo utilizados pelos profissionais,
para lidar com o transtorno mental no cotidiano, tendo como principal objetivo a
reinserção social.
Palavras chave: Enfermagem, assistência psiquiátrica, desospitalização
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THE DEINSTITUTIONALIZATION OF PSYCHIATRIC REFORM
ABSTRACT
This is a descriptive study that aims to analyze the process of being discharged, from
the perspective of the mental health team in CAPS I and its users. Thus considering
the changes that have occurred in the construction of mental health care and try not
to asylum patient, preventing hospitalization and keeping them in society. The texts
analyzed bring theoretical reflections that originate from concrete experiences of
attempts to implement these changes toward reform and psychiatric care. We also
include in this article, which instruments are being used by professionals to deal with
mental disorder in everyday life, with the primary goal of social rehabilitation.
Keywords: Nursing, psychiatric care, deinstitutionalization
4
INTRODUÇÃO
O modo como a loucura é vista hoje não é a mesma de séculos anteriores. O
enfoque da loucura como doença e da psiquiatria como especialidade médica é
recente na historia da humanidade. O doente mental era então enclausurados,
excluídos do convívio dos iguais, dos ditos normais, foi então afastado dos
produtivos e dos que não ameaçavam a sociedade. A loucura e o local para seu
tratamento sempre existiu, mas as instituições psiquiátricas é uma construção do
século XVIII, quando Phillipe Pinel fundamenta a alienação mental como sendo um
distúrbio das funções intelectuais, propondo uma nova forma de cuidar a doença
mental, com objetivo de estudá-las e tratá-las. No entanto apesar da criação dos
hospícios continuam as críticas e a ausência da cura da doença. Com a criação do
SUS em sintonia com as Conferências em Saúde Mental que impulsionaram a
humanização aos doentes mentais, ocorreram vários movimentos com objetivo de
melhora na assistência prestada aos doentes mentais e o fechamento dos leitos
manicomiais. Entre esses movimentos destaca-se o MTSM e o projeto de lei do
Deputado Paulo Delgado, influenciados por movimentos que ocorria na Europa. Hoje
o CAPS eleito substituto no tratamento mental, esse modelo tem como filosofia a
inclusão do usuário na sociedade. A assistência em saúde mental deixa então, de
ser especifica e passa a ser uma questão ampla, que envolve a sociedade e
diversos profissionais ligados a área da saúde. A preocupação é consolidar os
serviços, mudar o modelo assistencial, organizar a rede de serviços, capacitar os
recursos humanos e a garantia dos direitos dos usuários. Ao longo dos anos a
psiquiatria tem cada vez mais ampliando seu campo de visão, onde o homem passa
a ser visto dentro de um contexto biopsicossocial. O profissional deve estar atento a
todas as transformações ocorridas nesse processo, pois essas mudanças irão
facilitar no futuro uma evolução satisfatória do processo terapêutico.
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DESENVOLVIMENTO
A doença mental é tão antiga quanto a raça humana, mas só recentemente
atraiu a atenção dos meios científicos. Há dois séculos atrás, as pessoas que
sofriam de doença mental eram geralmente consideradas como possuídas por
espíritos malignos. No século 16 o louco vivia solto, significava ignorância, ilusão,
desvios morais. Eram raros os casos de internação de loucos em hospitais. (SILVA;
PAULA, 1999, p. 54)
O ser doente, já vivencia uma situação anormal, a doença física debilita,
humilha e isola. Nossa relação social é afetada, nossa intimidade é invadida, nossa
relação com a família se altera. Há, portanto uma relação de desigualdade, pois os
profissionais de saúde têm precisamente o que o paciente não tem o conhecimento
e o poder de cura. (WALDOW, 2004)
Assim, os distúrbios mentais nem sempre foram vistos como doença. Por
muitos anos foram considerados como manifestação dos deuses, às vezes como
possessão demoníaca. Pouco se sabia como lidar com a doença mental e a
medicina com suas concepções mecanicistas, não tinha nenhum preparo para lidar
com tão complexa tarefa. (AREJANO; PADILHA, 2005)
De acordo com Bock; Furtado; Teixeira (s.d.), conceito de normal e patológico
em psiquiatria é extremamente relativo, o que numa sociedade é considerado
normal em outro momento histórico pode ser considerado anormal. O que distingue
o normal do patológico é uma questão de grau e não de natureza, isto é, nos
indivíduos normais e nos anormais existem as mesma estruturas de personalidade e
de conteúdo que se mais ou menos ativadas são responsáveis pelos distúrbios no
indivíduo.
A doença mental hoje tem como definição uma resposta desajustada a fatores
de estresse do ambiente interno ou externo, evidenciadas por pensamento,
sentimento ou comportamento não congruentes com as normas locais e culturais e
interferindo no funcionamento social, ocupacional e/ou físico do individuo.
(TOWNSEND, 2002)
Em qualquer momento da vida, uma pessoa pode viver uma situação difícil,
um sofrimento intenso, levando a um desajuste emocional. Esse sofrimento
psicológico leva a desaptação social interferindo assim no funcionamento social,
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sendo considerada pela sociedade anormal, patológico ou desviante. (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, [s.d.])
No entanto, o destino do doente mental seguiria paralelo aos do
marginalizados, exclusos em hospitais, redução por larboterapia, campo de trabalho
forçado. Os doentes ainda trabalhavam como serventes de obra, refeitórios e
enfermarias. (AREJANO; PADILHA, 2005)
A segregação dos doentes mentais em hospícios começou no ano de 1537,
no hospício Bedlam em Londres. Os maus tratos e a negligência que reinava nos
primeiros hospícios permaneceram como uma nódoa na história da humanidade.
(SILVA; PAULA, 1999)
O critério de exclusão baseava-se na inadequação do louco à vida social. O
doente mental era visto como marginalizado sendo enclausurados. Sua exclusão
visava a preservação dos bens e da segurança dos cidadãos. O sofredor psíquico
era considerado como responsável pelo desenvolvimento da doença (AREJANO;
PADILHA, 2005)
Somente no século XVIII Philippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria,
propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, ele foi um revolucionário no
método de tratamento dos doentes mentais, começou a separar e classificar os
diversos tipos de desvio ou alienação mental que encontrava, com objetivo de
estudá-los e tratá-los. (INSTITUTO..., [s.d.])
Segundo Melman (1992, p. 56): “a loucura não era sistematicamente
internada, era vista como pertencente as quimeras do mundo. Podia viver no meio
da sociedade e só seria separada no caso de tomar extremas e perigosas. É a partir
do século XIX que a loucura, transformada em doença mental pela psiquiatria.”
A proposta terapêutica adotada na época era o trabalho agrícola. Em 1890
são criadas novas colônias agrícolas devido a superlotação que ocorria nesses
estabelecimentos. Nessa época propõe se então que doente mental fosse inserido
em uma família, na tentativa de integrar o sofredor psíquico em uma família. Essa
nova pratica só leva a exploração de mão de obra gratuita, tanto para instituição
psiquiátrica como pela família. (AREJANO; PADILHA, 2005)
Por muitos anos o doente mental foi submetido a vários tipos de tratamento
que aliviasse seu sofrimento, porém sem muito resultado. Na década de 30 os
tratamentos utilizados, era através de terapia do sono, a insulinoterapia, a
eletroconvulsoterapia a psicocirurgia. No entanto, tais terapias, denominadas de
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terapias somáticas, se mostravam insuficientes para resolver os problemas
psiquiátricos que necessitavam dos conhecimentos e técnicas no campo
psiquiátricos. (KANTORSKI et al., 2004)
“Desde a década de 1950 o desenvolvimento da psicofarmacologia se
ampliou de modo a incluir um uso generalizado de medicações antipsicóticas,
antidepressivas e ansiolíticas. A pesquisa em como essas drogas agem
proporcionou o conhecimento da etiologia de muitos distúrbios psiquiátricos”.
(TOWNSEND, p. 233, s.d.)
De acordo com Abhud et al., (1998, p. 2) “no Brasil, até os anos 80 do século
XX, os doentes também eram isolados da comunidade, reclusos e ocupavam leitos
manicomiais em prolongadas internações Os hospitais psiquiátricos tanto públicos
quanto privados encontram-se em péssimas condições de assistência.”
A construção do Hospício D. Pedro II foi um marco institucional da psiquiatria
no Brasil, destinados a receber pessoas de todo império. Após um ano de
funcionamento, sua lotação está esgotada. A partir de 1904, começa a haver
excesso de doentes no hospício, levando a superlotação. (AREJANO; PADILHA,
2005)
Porém, os métodos utilizados no Hospício D. Pedro II, não atingiram o
objetivo de tratamento, ao invés de promover a alta de seus pacientes, em tão pouco
tempo de funcionamento este hospital já estavam superlotados. (INSTITUTO...,
[s.d.])
Várias tentativas foram tomadas com objetivo de melhorar a assistência
prestada, partindo daí é instalado um inquérito realizado nos principais estados
brasileiros, pelo Serviço Nacional de Doença mental (SNDM), como resultado
elabora a construção de 4.000 leitos nos estados, o tipo padrão é o hospital colônia,
pois a situação da atenção psiquiátrica no Brasil era caótica. (AREJANO; PADILHA,
2005)
A ineficiência da assistência em saúde, em 1978 é criado o Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental (MSTM) que agregava reivindicações trabalhista e
humanitária, liderou a luta antimanicamial baseado no processo de humanização da
assistência psiquiátrica. (BRASIL, 2005)
Com a estruturação do Sistema Único de saúde (SUS), a partir de 1990, e
com a realização das I e II Conferências Nacionais de saúde Mental (1987 e 1992),
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impulsionaram a humanização do tratamento dos doentes mentais e o fechamento
dos leitos manicomiais. (ABUHAD et al. , 2005, p. 2)
Nessas mudanças a assistência brasileira ainda se mostra lenta em relação a
assistência psiquiatria a Organização mundial da Saúde (OMS) recomenda às
nações que invista em ações de saúde, usando como argumento o alto custo da
doença mental para o progresso produtivo. È a partir da década de noventa que
passa a existir uma preocupação com a reformulação na atenção ao sofredor
psíquico. Essa reformulação pressupõe uma atenção mais humanizada. (AREJANO:
PADILHA, 2005)
Segundo Stefanelli (2008, p. 32): “as pessoas acometidas por transtorno têm
direito à assistência competente e humanitária que as preparam para a reintegração
social, pois elas não deixaram de ser cidadão porque vivenciam ou vivenciaram um
transtorno mental.”.
Assistência ao doente mental passou por mudanças na metade do século
XX. Essas mudanças determinaram a importância a importância da Reforma
Psiquiátrica e o padrão de novas práticas de assistência ao deficiente mental.
(ANTUNES; QUEIROZ,2007).
As palavras “reforma” e “psiquiatria”, andam juntas há séculos. Pinel,
juntamente com os reformadores da revolução francesa, observaram que não
adiantava os “loucos” terem tratamento a base de eletro-choque,para Pinel eles
tinham que ser tratados com humanidade e ter liberdade. Só assim poderiam ter
uma vida em sociedade. (TENÓRIO, 2002).
De acordo com Tenório (2002), a Reforma Psiquiátrica passa por uma
formulação, onde as estratégias são questionadas e há a elaboração de propostas
para transformar o modelo clássico da Reforma Psiquiátrica.
Para Alverga; Dimenstein (2006), apesar dos avanços que a Reforma
Psiquiátrica sofreu , há muito a ser discutido ainda, para que haja uma gestão em
saúde mental.
A Reforma Psiquiátrica iniciou-se nos anos 60, ela veio como um movimento
marcante que envolveu os manicômios. Este movimento anti-psiquiátrico percorreu
vários países, e teve o intuito de destruir a barreira que existia entre os pacientes e
seus cuidadores e promover a sua liberdade. (QUEIROZ; ANTUNES; 2007,)
Segundo Tenório (2002), a Reforma Psiquiátrica teve um período abrangente
na metade da década de 1970, mas vale ressaltar que antes deste período a
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Reforma Psiquiátrica já tinha uma relação com o que iria acontecer, como por
exemplo, as comunidades terapêuticas.
A Reforma Psiquiátrica é um conjunto de transformações. Onde as práticas,
saberes e valores se misturam, e é neste cotidiano que ela vem avançando dia-adia, e ela é marcada por tensões conflitos e desafios, (BRASIL, 2005).
Segundo Berlinck; Magtaz; Teixeira (2008), a Reforma Psiquiátrica Brasileira
é um movimento sócio político que está intimamente ligado com a legislação em
saúde mental.
O movimento da reforma psiquiátrica pela reinserção social é limitado, pois há
uma busca pelas realizações de ideais, sem nenhuma crítica radical de um processo
que se desenvolveu sobre a rejeição do doente mental. (ALVERGA; DIMENSTEIN,
2006)
O SUS junto com a constituição de 1988, recomenda a universalização dos
serviços de saúde, a integralidade da atenção. Os princípios da Reforma Psiquiátrica
incluem a desinstitucionalização garantindo os direitos do deficiente mental na
sociedade. (ANTUNES; QUEIROZ, 2007)
“Na virada do século XX, a reforma passou a se orientar pela crítica a
insuficiência do asilo, produzindo, por exemplo, o modelo das colônias agrícolas”.
(TENÓRIO, 2002, p.3).
De acordo com Berlinck; Magtaz; Teixeira (2008), a Lei nº 10.708 de 31 de
julho 2003, institui o auxilio Reabilitação Psicossocial para Deficientes Mentais, e
com histórias de internação, lei que conhecida como “Programa de Volta para a
Casa”, ela desinstitucionaliza o paciente e o inclui em programas extra-hospitalares,
existentes na sociedade.
O Brasil passou por movimentos sociais e políticos na Reforma Psiquiátrica
para tentar abolir as práticas que eram utilizadas na psiquiatria, O Projeto de Lei do
Deputado Paulo Delgado, fala sobre a extinção do antigo modelo e propõe outras
modalidades de assistência ao portador de deficiência mental. (ANTUNES;
QUEIROZ, 2007).
Inspirados no projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado, existem oito leis em
vigor pelo Brasil, e em todas essas leis estão previstos a desinstitucionalização do
paciente psiquiátrico para Centros de Atenção Psicossocial, dando o direito de as
pessoas com transtornos mentais voltarem para suas casas e serem reinseridas a
sociedade. (BERLINK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008)
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Ao longo dos anos o doente mental foi isolado da comunidade, reclusos em
prolongadas internações. Com a estruturação do Sistema único de saúde
impulsionaram a humanização do tratamento e fechamento dos leitos manicomiais,
sendo o CAPS eleito substituto no tratamento de transtorno mental. (ABHUD et al.,
2005)
Na história brasileira, os Movimentos ocorridos representaram uma verdadeira
revolução que passaram a se realizar a partir de outros referenciais. Influenciada
pelos movimentos ocorridos na Europa entre os anos de 1950 e 1960, que tinha
como objetivo a desospitalizaçõa e a melhora na qualidade da assistência prestada
ao paciente com transtorno mental, condenados a descriminação e isolados da
comunidade. (SILVA; SADIGURSKY, 2008)
Na década de 90, trabalhadores de saúde mental mobilizaram familiares e
usuários de serviços psiquiátricos no Brasil e criaram o Movimento de Luta
Antimanicomial.
Nesse
contexto
da
polemica
pós-modernidade,
a
desinstitucionalizaçõa em psiquiatria/saúde mental propunha um novo projeto
terapêutico que englobava a reabilitação da pessoa com sofrimento psíquico.
(COIMBRA et al.,2005)
Nessa mudança asilar, começa a substituição aos leitos psiquiátricos por
outros tipos de serviço. Em 2002 é criado o Programa Nacional de Avaliação do
Sistema Hospitalar Psiquiatria (PNASH) que descredencia os hospitais psiquiátricos
sem qualidade na assistência. Surgindo então as residências terapêuticas, lares
abrigados ou moradias e ampliação de CAPS e ambulatórios de saúde mental.
(STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)
Porém a II Conferência Nacional da Saúde mental, marca a participação
expressiva dos usuários e seus familiares, a discussão gira em torno da mudança do
modelo assistencial A preocupação é consolidar os serviços afinal, o grande desfio
da Reforma Psiquiátrica é construir um novo lugar social para os loucos. (BRASIL,
2005)
A pessoa com problema mental necessita de ajuda externa, recursos físicos,
psicossociais, sócio cultural, assim terão mais suporte para resolução de seus
problemas de maneira significativa dando-lhe oportunidade de se relacionar uns com
outros, essa ajuda tem efeito notável (VIDAL; BANDEIRA; GONTIJO, 2008)
Trabalhos realizados em vários países têm indicado que os pacientes quando
desospitalizados, colocando-os em ambiente social e familiar fazendo com que
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ocorra interação entres o membros á melhora na sua autonomia e qualidade de vida,
podendo assim ser mantidos na comunidade, fazendo parte dela. (VIDAL;
BANDEIRA; GONTIJO, 2008)
Em Janeiro de 1992, a portaria 224 do Ministério da Saúde aperfeiçôo a
regulamenta dos CAPS e NAPS que divide o atendimento em saúde mental em dois
grandes grupos, o hospitalar e o ambulatorial. (TENORIO, 2002, p. 11)
Estes Centros oferecem serviços de atenção diária, cuidados clínicos aos
transtornos mentais evitando internação em hospitais psiquiátricos e outras
atividades de reinserção social, são promovidos acessos ao trabalho, lazer, direitos
civis e fortalecimento dos laços familiares e sociais. A equipe é composta por
psiquiatras,
enfermeiros,
auxiliar
de
enfermagem,
psicólogos,
terapeutas
ocupacionais, professores de educação física e assistentes sociais. Europa incluindo
a Itália. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)
Os CAPS são regulamentados pela portaria n° 336, de 19 de fevereiro de
2002, que tem como missão de dar atendimento diurno às pessoas com transtorno
mentais
severos
e
persistentes,
como
objetivo
de
substituir
o
modelo
hospitalocentrico e favorecer a cidadania e a inclusão social dos usuários. (BRASIL,
2002)
Entre outras propostas o Estado beneficia os familiares de pacientes egresso
de longa internação em instituições psiquiátricas receber mensalmente um auxílioreabilitação esta propostas compreendem o programa "De volta para casa". Este
programa, criado em 2003, através do decreto n° 10.703 que regulamenta o auxilioreabilitação. (WAIDAMAN; MOREIRA, s.d.)
“Porém os CAPS se diferenciam quanto ao tamanho do equipamento,
estrutura física, profissionais, diversidade nas atividades terapêuticas, sua
especificidade da demanda, isto é criança e adolescente e usuários de álcool, ou
drogas, ou transtorno psicóticos e neuróticos graves.” (BRASIL, 2004, p. 22)
Entres as atividades realizadas, inclui atendimento individual ou em grupos,
oficina terapêutica, visitas domiciliares, atendimento à família e atividades
comunitárias. Dessa forma inclui o paciente na comunidade e trocas de informação,
necessária quanto ao seu tratamento e dúvidas existentes. (BRASIL, 2002)
O CAPS vem se tornando cada vez mais um laboratório de experiências, lugar de
construção de um saber a partir daqueles que foram rejeitados, uma forma de tornar
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o cuidado mais humanizado, voltado para o acolhimento visando a promoção da
saúde. (MELMAM,1992)
“Os CAPS I oferecem serviço em município de menor porte, com capacidade
operacional para atendimento de uma população entre 20.000 a 50.000 habitantes.
Funciona durante os cincos dias úteis da semana”. (BRASIL, 2005, p. 29)
O atendimento no CAPS se da conforme sua especificidade. Os CAPS I e II
seu atendimento é diário para adultos com transtornos metais severos e persistente,
o CAPS i atendimento para criança e adolescentes com transtorno mentais e o
CAPS ad para usuários com transtorno decorrentes do uso e dependência de
substancia como álcool e outras drogas. (BRASIL, 2004)
A inclusão do doente mental é um desafio a ser superado. A sociedade não
aceita essa diferença que foge do que é normal, a agressividade, o isolamento, ouvi
e ver o que não é real ainda assusta as pessoas que convivi com doente mental.
(REINALDO; SAEKI, 2004)
“A população, de um modo geral, ainda guarda preconceitos e temores em
relação à loucura, freqüentemente, não colabora com a proposta de assumir
qualquer responsabilidade no tratamento e na reinserção familiar do paciente.”
(ANTUNES, 2007, p. 10)
Segundo paradigma da Reforma Sanitária e Psiquiátrica não comporta um
olhar fragmentado do sujeito. Os serviços oferecem uma forma de atenção mais
complexa, respeitando a subjetividade seu espaço social. (BRÊDA et al, 2005)
A família é um elemento imprescindível no cuidado, o paciente não pode se
visto de forma isolada, sem considerar a família, quando a possui, também é um
ente a ser cuidado, alem de ajudar no cuidado. Quando bem esclarecida e
informada sobre o que está acontecendo, a família constitui uma ajuda, caso
contrario, pode prejudicar o processo de cuidar. (WAIDOW, 2005)
Schrank; Olschowsku (2008, p. 1) descreve: “quando um membro da família
adoece, ocorre mudança no estilo de vida familiar, pois junto a patologia psiquiátrica
vem associada o estigma da doença. A família deve aprender a lidar com o
imaginário e a periculosidade do louco.“
Há uma sobrecarga da família do usuário portador de transtorno mental
refere-se às conseqüências que afetam o cotidiano desta família. Os gastos
financeiros, a desestruturação da vida familiar, social e profissional, tarefas extras,
convivência com comportamentos impróprios são situações com as quais a família
13
acaba aprendendo a lidar, mas que causam um grande desgaste físico, mental e
emocional. (MIELKE et al.,2009)
É necessário pensar nas pessoas com transtorno psíquicos em fases crônicas
e investigar se as famílias e a comunidade estão preparadas para acolhê-las. Há de
se ressaltar, novamente, as questões que envolvem a cultura de um povo, de uma
sociedade. É preciso um estudo para averiguar se as pessoas estão preparadas
para acolher aquelas com transtornos mentais, pois parece que a sociedade ainda
não atingiu tal patamar de conhecimentos e aceitação. (STEFANELLI; ARANTES;
FUKUDA, 2008)
Entre outras dificuldades na fase de crise a família bem organizada, uma
comunicação aberta produz confiança na pessoa que precisa de ajuda ela se torna
muito vulnerável e suscetível às influencias que possa receber de outras, uma
pequena ajuda pode ter efeitos notáveis. Na falta desses elementos ela precisa de
ajuda externa de pessoas da comunidade, que tem efeitos positivos. A comunidade
pode contribuir para resolução do problema de um de seus membros em crise,
sendo os fatores biológicos e sociais influenciarem na saúde mental. (RODRIGUES,
2008).
A falta de intensivo acompanhamento dos pacientes, recursos insuficientes, a
carência de serviços, a falta de integração entre os serviços, a interrupção da
medicação, o déficit de habilidades sociais e cotidianas, a falta de centros
ocupacionais adequados e a ausência de equipe capacitada para intervenção em
crise são fatores que podem prejudicar o processo de reinserção dos pacientes.
(VIDAL, BANDEIRA; GONTIJO, 2008)
Apesar das dificuldades apontadas, a Reforma Psiquiátrica tem contribuído
para os avanços relacionados ao doente mental. E os CAPS vem se tornando um
novo marco para os paradigmas de cuidado em saúde mental, mostrando
possibilidade de se tornar viável mudanças que proporciona a cidadania de seus
usuário. (ANTUNES; QUEIROZ, 2007)
“Esse modelo tem como filosofia rever as relações internas do poder a
inclusão do usuário na sociedade.” (ABHUD et al, 2005, p.2)
A reabilitação é entendida como o resgate de um conceito mais positivo sobre
a saúde mental, na qual a pessoa é vista como capaz de agir, decidir, opinar, sofrer,
alegrar-se, enfim, confrontar-se com o estigma de louco incapaz, concepção que o
desvaloriza enquanto cidadão. (MIELKE, 2009)
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A reforma psiquiátrica tem muito a crescer, a reinserção do paciente em seu
meio família e social é uma condição fundamental para sua cura. (ANTUNES;
QUEIROZ, 2007)
15
CONCLUSÃO
A realização deste estudo possibilitou conhecer como a reforma psiquiátrica
surgiu na tentativa de dar ao problema da loucura uma, outra resposta social. Uma
avaliação do processo aqui historiado nos traz, que a reforma psiquiátrica brasileira
é um processo positivo e em construção. Considerando que esta produção ainda é
inicial, a reforma constitui um bloco homogêneo, onde é preciso a participação de
todos nesse processo, essa proposta só se concretizara através da parceria e da
participação dos profissionais, usuários e a da comunidade. A pessoa com
transtorno mental ainda sofre com o estigma da doença. Acreditamos que é
necessário uma maior clareza quanto ao processo que permeia a nossa prática, no
sentido de aprofundar nossos conhecimentos em relação a doença mental e que
ocorra interação e diálogo interdisciplinar capacitando e conferindo a troca de
experiências e informação de todos os membros da equipe. Dentro desta
perspectiva a comunidade é uma força social dinâmica e precisa se conscientizar
que o portador de transtorno mental é um grupo que ocupa a maior parte da fatia da
população e estão inserido na sociedade com os mesmo direitos e deveres de
todos, pessoas que precisa de ajuda e que não podemos simplesmente excluí-los.
16
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Autores:
Isamara Cardoso de Moraes – Graduando em Enfermagem
[email protected] – fone: (14) 3532-6697 CPF: 368.756.798-25
Magali Telécio – Graduando em Enfermagem – CPF: 145.923.828-11
[email protected] – fone: (14) 9776-5527
Orientador:
Prof. M.Sc. Tatiana Longo Borges Miguel – Mestre em Ciências área de
concentração farmacológica
[email protected] – fone: (14) 3532-6672 CPF: 215.728.898-88
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