A atual conjuntura socioeconómica e profissional que carateriza a

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Crise
Uma crise é uma
situação aguda,
A atual conjuntura socioeconómica e profissional que carateriza a
nossa sociedade, pautada por uma dinâmica regressiva, constitui-se,
ao nível da geração de acontecimentos negativos e inesperados, como
um ambiente propício ao desenvolvimento de situações de crise.
Paulo Rosa
Enfermeiro
Uma crise é uma situação aguda, não uma
doença mental, que pode suceder a qualquer
pessoa em alguma fase da sua vida. Trata-se de
um desequilíbrio psicológico que se processa
numa pessoa, quando esta se depara com
um acontecimento de risco, o qual constitui
para ela um problema importante e ao qual
não pode fugir, nem resolver com os recursos
habituais de resolução de problemas. A sua
origem reporta-se a um processo interativo e
multifatorial, no qual coexiste a relação entre
três variáveis, designadamente, um acontecimento, a significação atribuída e a incapacidade de lidar com ele, tendo repercussões ao
nível cognitivo, emocional e comportamental
da pessoa e/ou família.
Uma crise pode ser despoletada por acontecimentos relacionados com o desenvolvimento
da pessoa ou com uma situação. Os eventos de desenvolvimento são previsíveis, são
acontecimentos que ocorrem naturalmente
durante a vida de uma pessoa ou da família,
como o casamento, o nascimento de um
filho, a reforma, etc., associados à mudança
de papéis, podendo, neste caso, dar origem a
uma crise de desenvolvimento ou de maturação. Os eventos situacionais, por outro lado,
são imprevisíveis e inesperados, ou seja, não
ocorrem inevitavelmente a todas as pessoas,
como um acidente, uma doença, o desemprego, o divórcio, o falecimento, etc., sendo
passíveis de gerar uma crise situacional.
4 • Enfermagem e o Cidadão • SRCOE
não uma doença
mental, que pode
suceder a qualquer
pessoa em alguma
fase da sua vida.
O desenvolvimento de uma crise tem uma
evolução relativamente rápida e previsível.
Inicialmente, a pessoa é exposta a um fator de
stress precipitante, o qual que faz aumentar o
nível de ansiedade e, consequentemente, leva
à utilização de mecanismos de resolução de
problemas utilizados anteriormente. Se esta
estratégia não diminui o stress, a ansiedade
aumenta para um nível superior e há uma
sobrevalorização do problema. Numa fase
seguinte, todos os recursos possíveis, tanto
internos como externos, são mobilizados para
resolver o problema, a resolução pode ocorrer
nesta fase e a pessoa pode adquirir um nível
inferior, igual ou superior de funcionamento.
Se a resolução não ocorrer até esta fase, a tensão e ansiedade aumentam atingindo um nível
crítico de pânico, com grande desorganização
cognitiva, emocional e comportamental.
A crescente valorização da intervenção em
crise deve-se, indubitavelmente, ao caráter
preventivo da doença mental e à promoção da
saúde mental. A consciencialização de que as
crises passadas, não ou mal resolvidas, podem
emergir e potenciar novas crises é uma realidade. A resolução de uma crise, com a aquisição de um nível inferior de funcionamento,
designada por crise negativa, tende a ocorrer
mais quando estamos perante um caso sem
intervenção. Pelo contrário, quando estamos
perante uma intervenção profissional, a resolução num nível mais elevado de funciona-
mento é mais frequente, designando-se, neste
caso, por crise positiva.
Neste sentido, o objectivo da intervenção em
crise é a resolução imediata desta, com a restauração da pessoa no nível de funcionamento
pré-crise ou, preferencialmente, num nível
superior de funcionamento. A sua concretização passa por uma correta perceção cognitiva
da situação e, consequentemente, por uma
adequada gestão emocional e comportamental.
Os requisitos técnicos da intervenção em crise
abrangem a criação de uma relação terapêutica, a revisão dos passos que levaram à crise, o
foco da crise, a sua perceção, a compreensão
das reações mal adaptativas que a pessoa está a
usar para lidar com a crise, a aprendizagem de
novas formas mais adaptativas para lidar com
a crise, evitar o desenvolvimento de sintomas e
ensinar a pessoa a prevenir situações potenciadoras de novas crises. A avaliação do nível de
funcionamento pós-crise, sintomas, recursos
de resolução e respostas adaptadas, pode exigir
a necessidade de encaminhamento para tratamento mais especializado e diferenciado.
Bibliografia
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TAYLOR, Cecelia Monat – Fundamentos de Enfermagem
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