EXOFTALMIA ASSOCIADA À SIALOCELE DA GLÂNDULA

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42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
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EXOFTALMIA ASSOCIADA À SIALOCELE DA GLÂNDULA
ZIGOMÁTICA DE CÃO- RELATO DE CASO
Palavras-chave: sialocele, exoftalmia, glândula zigomática
RODRIGUES, G. G.1; PEREIRA, A. C.1; SANTOS, A. M.2; ANDRADE, A.
L.3
Sialoceles são coleções de saliva produzidas por obstrução de ductos
ou por alterações glandulares, e circundadas por tecido de granulação,
pode ser assintomática ou cursar com sinais clínicos variáveis,
dependendo da sua localização e do tempo de evolução. A sialocele da
glândula zigomática é uma afecção pouco frenquente na clínica de
animais de companhia e cursa com sinais clínicos tardios. O presente
relato teve como objetivo descrever um caso de sialocele de glândula
zigomática em uma cadela, bem como alertar aos clínicos veterinários
sobre a sua importância entre os diagnósticos diferenciais de aumentos
de volume periorbitais e exoftalmia.
EXOPHTHALMOS ASSOCIATED TO ZYGOMATIC GLAND
SIALOCELE IN A DOG- CASE REPORT
Key words: sialocele, exophthalmos, zygomatic gland
RODRIGUES, G. G.1; PEREIRA, A. C.1; SANTOS, A. M.2; ANDRADE, A.
L.3
Sialoceles are described as ductal obstruction or glandular changes
surrounded by granulation tissue. May be asymptomatic or present with
variables clinical signs, it depends on your location and the time of
evolution. The zygomatic gland sialocele is a less common disease in
small animal clinic and courses with late clinical signs. This report aimed
at describing a case of zygomatic gland sialocele in a bitch and to alert
veterinary clinicians about the importance of the differential diagnosis of
periorbital volume increases and exophthalmos.
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Mestranda no Programa de Ciência Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
2
Médica veterinária residente do Hospital Veterinário “Luis Quintiliano de
Oliveira”- Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp, campus Araçatuba
3
Professor do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da
Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp, campus de Araçatuba
[email protected]
Sialoceles caracterizam-se por coleções de saliva produzidas por
obstrução de ductos ou por alterações glandulares, e circundadas por
tecido de granulação decorrentes da inflamação ocasionada por contato
direto da saliva com o tecido adjacente. Sendo mais frequentemente
observada em cães, ela pode ser assintomática ou cursar com sinais
clínicos variáveis, dependendo da sua localização e do tempo de
evolução (Hedlund & Fossum, 2008). As glândulas zigomáticas, dentre
as quatro principais glândulas salivares do cão, são as menos
envolvidas por esta afecção. Nestes casos, os cães acometidos
apresentam exoftalmia, protrusão da terceira pálpebra, aumento de
volume da mucosa oral próximo ao último molar e/ou abaixo da
conjuntiva palpebral inferior (Atkins et. al., 2010). Devido à sua
localização anatômica, logo abaixo do arco zigomático, os sinais clínicos
são observados mais tardiamente. Trata-se de uma afecção elencada
no diagnóstico diferencial de exoftalmia (Lee et al., 2011). Alguns
recursos
diagnósticos
confirmação
desta
de
suspeita
imagem
clínica,
vêm
sendo
como
utilizados
radiografias
para
simples,
ressonância magnética intranuclear e tomografia computadorizada (Lee
et al., 2014; Canon et al., 2011; Atkins et al.,2010). Objetivou-se, com
este relato, descrever um caso de sialocele de glândula zigomática em
uma cadela, bem como alertar aos clínicos veterinários sobre a sua
importância entre os diagnósticos diferenciais de aumentos de volume
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periorbitais e exoftalmia. Um cão, fêmea, da raça dálmata, com dois
anos de idade, foi apresentada junto ao Serviço de Clínica Cirúrgica de
Pequenos Animais do Hospital Veterinário, com histórico de assimetria
facial periocular e desvio dorso-lateral do bulbo do olho direito,
observado há cinco meses. Anteriormente, em outro estabelecimento
veterinário privado, foi firmado o diagnóstico de prolapso da glândula da
terceira pálpebra e do bulbo do olho, e realizadas duas intervenções
cirúrgicas, sem sucesso. Ao exame clínico, foi observado desvio lateral
do bulbo do olho esquerdo, presença de secreção mucóide com
diminuição quantitativa da lágrima ao teste de Schirmer (4mm/minuto),
hiperemia conjuntival e protrusão da terceira pálpebra. O teste de
tingimento com fluoresceína foi negativo. A ecografia ocular revelou
estrutura anecoica promovendo deslocando o bulbo do olho. Procedeuse, então, a punção líquida guiada, cujo material colhido, de coloração
sanguinolenta, apresentava viscosidade compatível com saliva. O
material foi enviado para cultura e análise citológica, cujos resultados
revelaram a presença de polimorfonucleares e material proteináceo e
crescimento bactérias saprófitas comuns à região anatômica. A análise
hematológica revelou trombocitopenia (60000/ μ) e bioquímica sérica
estava normal. Indicou-se a realização de sialoadenectomia zigomática.
No trans-operatório, observou-se a região periglandular inflamada. No
pós-operatório
imediado
pôde-se
observar
o
reposicionamento
adequado do bulbo do olho na órbita e a remissão do desconforto
apresentado anteriormente. Adotou-se como cuidados pós-operatórios,
a higienização da ferida cirúrgica e pomada oftálmica à base de acetato
de retinol (10.000 UI/g), aminoácidos (25 mg/g), metionina (5 mg/g) e
cloranfenicol (5 mg/g). O proprietário optou por não dar continuidade ao
tratamento, face a dificuldade de deslocamento, pois o mesmo residia
em outra cidade. Estima-se que houve resolução do caso, pois
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acreditamos que o proprietário teria retornado ao Serviço, em função do
histórico anterior de insucesso, após dois procedimentos cirúrgicos.
Salienta-se a importância do diagnóstico preciso que impeçam a
condução
clínico-cirúrgica
equivocada
nestes
casos.
O
desconhecimento de afecções elencadas entre as causas que levem
alterações nas regiões retrobulbar, infra-orbitária e intra-oral, resultam
na demora na instituição de tratamentos efetivos com prejuízos aos
pacientes, sem contar com os aspectos bioéticos. A sialocele da
glândula zigomática é uma afecção pouco frenquente na clínica de
animais de companhia que requer diagnóstico e tratamento adequados
com a finalidade de promover conforto ao paciente e evitar danos às
estruturas envolvidas, que possam alterar a função do bulbo do olho.
Referências
ATKINS, R. R.; HETCH, S.; WESERMEYER, H. D.; MCLEAN, N. J. Vet.
Med. Today: What is your diagnosis? Journal of American Veterinary
Association. Vol 237, No 12, December 15, 2010.
CANNON, M. S.; PAGLIA, D.; ZWINGERBERGER, A. L.; BOROFFKA,
S. A. E. B.; HOLLINGSWORTH, S.R.; WISNER, E. R. Clinical and
diagnostic imaging findings in dogs with zygomatic sialadenitis: 11 cases
(1990-2009). Journal of American Veterinary Association. Vol 239,
No 9, November 1, 2011.
HEDLUND, C. S.; FOSSUM, T. W. Cirurgia da cavidade oral e
orofaringe. In: Cirurgia de Pequenos Animais. 3ªed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008. p. 339-530.
LEE, N.; CHOI, M.; KEH, S.; KIM, H.; YOON, J. Zygomatic Sialolithiasis
Diagnosed with Computed Tomography in a Dog. J. Vet. Med. Sci. Vol
76(10): 1389-13391, 2014.
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Figura 1: Desvio lateral do bulbo do olho esquerdo, presença de
secreção mucoide e protrusão da terceira pálpebra em cão da
raça Dálmata.
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