PPP_ESCOLA_E_FAMILIA_

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Projeto Político Pedagógico, Família e Escola: influência no
rendimento escolar.
Joelma de Sousa Ayres Savoine1
[email protected]
Orientadoras: Profª MS. Klívia de Cássia S. Nunes.2
Profª Marizângela Reis Soares3
Resumo
O presente artigo propõe ressaltar a influência no rendimento escolar e a prática na
participação e compromisso da família com a aprendizagem e o sucesso escolar do
aluno, através da reestruturação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola
Municipal Domingos Sousa Lemos, na qual privilegia canais institucionais de
participação da família na vida escolar, que vem ao encontro com a influência
significativa na aprendizagem do aluno. A pesquisa foi realizada através de
entrevistas e questionários abertos e foi importante para averiguar também, em que
medida a família e a escola proporcionam parceria, conforme as modalidades, na
aprendizagem e refletir se estas estão de acordo com as suas próprias
necessidades, através da reestruturação do PPP e sua contribuição para a evolução
do aprendizado dos alunos. Tem como base o referencial teórico crítico e discursivo
dos autores Paro(1995), Veiga (2000), que discutem sobre a importância da relação
entre a escola e a família. Resultou na percepção de que a escola deve conter como
parcela de reflexão, o esforço dos pais para a aproximação dos professores e
estabelecer critérios para tal, de modo a construir um elo de conhecimento amplo
entre ambas as instituições para formação expressiva da criança e suas
características morais e afetivas.
Palavras chave: Projeto Político Pedagógico. Relação Escola e Família. Rendimento
escolar.
Introdução
A família e a comunidade precisam encontrar, através do Projeto Político
Pedagógico, um espaço para apresentar suas necessidades e desejos em relação à
escola, bem como para ouvir da escola suas necessidades e desejos em relação ao
acompanhamento e envolvimento da família na vida escolar das crianças e dos
adolescentes.
1
Graduada em Letras pela Universidade Federal do Tocantins – UFT.
2
Graduação em Pedagogia (ULBRA), Especialista em Gestão Educacional (ULBRA) e Mestrado em Educação (UCG).
Funcionária pública estadual, trabalha na Secretaria de Educação e Cultura e em Cursos de Pós-Graduação.
3
Profª. Especialista em Políticas Públicas, pesquisadora da área de Avaliação de Programas e Projetos, Graduada em
Pedagogia – FECIPAR, Diretora de Ensino - FMECT e Prof. Regente do Curso de Especialização em Gestão Escolar na
modalidade EaD – UFT/MEC.
2
Neste sentido, que o Projeto Político Pedagógico vem contribuir na reflexão
sobre a importância da participação e do diálogo de toda comunidade interna e
externa da escola, especialmente a família, a fim de influenciar ações voltadas para
a participação efetiva da família de forma significativa no sucesso escolar, e
principalmente, de seus filhos que dela participam.
Diante do exposto, vale ressaltar que, o Projeto Político Pedagógico é fruto da
reflexão sobre o cotidiano da escola, pois constam as suas principais características.
Nele está presente a concepção de educação da escola, bem como, suas
estratégias para este fim; retrata como é elaborado e quem participa ou não do seu
processo de construção.
Portanto, sua elaboração enquanto projeto de educação, significa pensar e
analisar a realidade em toda a sua extensão e que é uma atitude imprescindível à
realização bem sucedida daquilo que se propõe, ou seja, presume a necessidade
escolar que a comunidade pretende, considerando suas necessidades e
possibilidades, a partir de uma reflexão de conceitos fundamentais como: ser
humano, escola, família e sociedade.
E foi pensando nisso, que o presente artigo constitui em apresentar os
resultados de uma pesquisa que buscou conhecer e analisar a influência do Projeto
Político Pedagógico (PPP)4, da família e da própria escola para o rendimento de
aprendizagem do aluno, na qual assegurará o cumprimento da função social da
escola, bem como, enfatizar a participação da família na vida escolar, que vem ao
encontro com a influência significativa do desenvolvimento pessoal, social e escolar
do educando.
A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Domingos Sousa Lemos, rede
de ensino municipal da cidade de Araguaína na qual a clientela de alunado está
inserida na própria comunidade do bairro em que a escola está situada, cujo objetivo
foi verificar a grande influência das ações propostas no PPP
e a garantia da
participação efetiva da família na aprendizagem do aluno e no convívio escolar. A
princípio foi realizado momento de reestruturação do PPP, para incorporar
ações/projetos com estratégias diferenciadas que possam contar com a figura da
família e comunidade dentro da escola, envolvendo a comunidade escolar com mais
atenção voltada para o apoio da família no aprendizado de seus filhos.
4
PPP: A partir deste momento a sigla PPP presente neste texto se referirá ao termo Projeto Político Pedagógico
3
Para tal, o primeiro passo foi ouvir os professores com relação à aceitação de
compartilhar momento de procura e compreensão para com a família do aluno, no
sentido de averiguar o grau de vinculação entre docente e família que, na maioria
das vezes é retratado por apenas parente e/ou responsáveis sem parentesco
nenhum.
A coleta de dados da pesquisa deu-se por meio de observação, entrevistas e
questionários do tipo abertos. As observações e as entrevistas foram feitas no
âmbito da escola e da comunidade, entendida esta como a região e pessoas
efetivas aos serviços da unidade escolar pesquisada. No âmbito da comunidade,
além da atenção para com o bairro, as observações relacionaram-se basicamente
às condições a estrutura familiar das pessoas entrevistadas e aos comportamentos
dos adultos com as crianças e adolescentes durante as visitas.
A escola consta com o quadro 35 funcionários; 18 professores, 14 no quadro
administrativos, 1 gestor, 2 coordenadoras e 355 alunos. A entrevista foi realizada
com a participação de 13 professores sobre a relação professor/ família e 20 pais,
entre eles avôs e responsáveis pelos alunos, com visitas em suas residências
próximas à escola e na própria escola no momento da entrada e saída dos alunos,
através de questionário objetivo composto por 5 perguntas e conversação
pertinentes à temática família e escola.
A pesquisa foi realizada com quinze pais no turno matutino e quinze pais no
turno vespertino e pelo menos 80% dos professores regentes, classificando assim a
pesquisa em cunho qualitativo e quantitativo através de questionários objetivos, falas
dos entrevistados e gráficos conceituais. Cujo enfoque do tema será tratado à
clareza do referencial da teoria crítica.
2. Relação Escola e Família: encontros e desencontros
Não se deve ignorar, na sociedade atual, a importância da família na
participação do desenvolvimento escolar do aluno, pois a criança antes de está
inserida no ambiente escolar, ela transporta um convívio familiar e que tais
instituições devem estar comprometidas em suas distintas funções, educar a criança
e prepará-la para a convivência social, é o que preconiza a Constituição Federal de
1988 Art. 205, quando se refere ao direito à educação:
4
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Com isso, a escola deve utilizar-se de estratégias pedagógicas e efetivas
para instigar e atrair o aluno ao interesse e significado do estudar e aprender. Mas é
verdade também, que há muito a fazer e que não depende exclusivamente da
escola, pois, na condição de sujeito humano, o aluno não vive apenas na escola e
não forma apenas aí seus valores, e que, não é necessariamente o grau de
instrução do pai e da mãe que motiva uma criança ou um adolescente a estudar,
mas o interesse em participar de suas lições de casa, de suas experiências
cotidianas e da vida escolar.
O PPP é, portanto, a identidade da escola, tal como afirma Veiga (1996), um
Projeto Político Pedagógico corretamente construído ajuda a pensar um processo
de ensino aprendizagem com melhor qualidade e tornar-se possível de provocar
mudanças.
Nesse sentido, uma estreita parceria entre família e escola é determinante
para o sucesso de aprendizagem de crianças e jovens. Por que pais e professores
ainda não conseguem obter um sucesso aprimorado de seu filho/aluno? Segundo os
dados levantados por essa pesquisa, a maior parte dos educadores também
atribuem aos pais e a família à origem dos problemas de indisciplina e insucesso
escolar, porém percebe-se que a escola também tem sua parcela de culpa para tal
insucesso, pois não vem cumprindo, de fato, a sua função social que é fazer com
que os alunos aprendam, há um vago espaço entre o aprender e o gosto pelo
estudo e o ambiente escolar, e isso reflete também à posição da família com relação
à prática pedagógica nas aulas, no sentido de despertar o interesse dos pais pela
escola e suas ações, devido as aulas desmotivadoras e isso esclarece a
contribuição da escola para a indisciplina dos alunos e a ausência da família no
ambiente escolar.
Além disso, a indisciplina é um dos fatores pelos quais alguns professores se
projetam como “reféns” dos alunos e que, geralmente, a comunicação aos pais não
surge efeito positivo à mudança do filho em sala de aula. É importante refletir sobre
o sucesso e/ou fracasso escolar de cada aluno que pode está ligado a influências de
diversos fatores ligados ao ambiente familiar, tais como; a violência doméstica, pais
5
separados, o alcoolismo, criação por avôs e parentes, pais que trabalham o dia todo,
a incompreensão dos pais, a falta de apoio nas tarefas para casa, entre outros
fatores, os quais professores questionam suas próprias capacidades de educarem
essas crianças que aos chegarem às series de níveis mais alto, percebe-se uma
criança sem referencial familiar, no sentido moralista, afetivo e escolar. E
dependendo do posicionamento da escola com relação a tais problemas, pode
modificar fortemente as relações destas famílias, podendo se afastam ainda mais do
âmbito escolar ou abraçar a ideia de apoio no ensino/aprendizagem do filho,
posições já constatadas na realidade da Escola Municipal Domingos S. Lemos.
Por outro lado, a escola precisa fazer uso de espaços de diálogo para a
participação efetiva da família, pois muitas vezes, ao chamar os pais para falar do
rendimento dos seus filhos, ressaltam apenas os aspectos negativos, com isso,
afastam as famílias da escola, pois não há pais que não sonhem com o sucesso de
seus filhos, principalmente, na escola. Este é ponto importante para se chamar a
atenção, visto que são fatores que refletem em mecanismo de exclusão do aluno e
de sua família.
E para se ter um bom rendimento escolar, os professores precisam
aproximar-se de seus alunos tendo o apoio constante da família, através de ações
que promovem tal interação escola/família, uma conhecendo as necessidades da
outra com relação ao aluno e participando de seus relacionamentos social e cultural,
casando com os saberes em sala de aula, aproximando ao aluno significativas e
proporcionais conhecimentos e práticas de valores humanos, com projetos
destinados a essa finalidade.
Os alunos que têm um alicerce familiar sólido que conta com o apoio na vida
escolar e em suas vivências extraescolares, apresentam um desempenho
satisfatório notável na escola e em suas atividades efetivas, mesmo que apresente
comportamento indisciplinado em algumas situações na escola. Tais conclusões
foram extraídas nas falas de coordenadores e professores da escola pesquisada.
Alguns questionamentos aos pais ficam sem posicionamento significativo,
como: O que é feito em casa para que o aluno se envolva com as atribuições
escolares? Como seu filho é acompanhado na escola? E de que maneira isso é
realizado? Estas e outras questões deixam os pais apreensivos e não refletem sobre
sua prática no envolvimento com o aprendizado dos filhos, percebe-se, no entanto,
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que todos, em expressão unanime, querem que seus filhos tirem boas notas,
tenham interesse escolar e bons comportamentos.
3. O Envolvimento da Família no Aprendizado dos Alunos
Segundo o referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e o
Estatuto da Criança e do Adolescente reafirmam em seus termos, que a família é a
primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos das
crianças. Com isso, cabe à escola estabelecer um diálogo aberto com as famílias e
considerá-las como parceiras no processo educativo, pois as parcerias bemsucedidas veem o aproveitamento do estudante como uma responsabilidade
compartilhada e todos os participantes - pais, administradores, professores desempenham importantes papéis nos suportes ao aprendizado dos alunos.
Muitas vezes, as exigências profissionais e familiares deixam muitos pais com
pouco tempo livre para acompanhar o desenvolvimento dos filhos/alunos na escola.
Diante das falas dos pais e responsáveis entrevistados, foi percebido que a
maioria dos alunos não conta com o apoio de seus pais no cumprimento de suas
atividades escolares para casa, pois alguns pais e mães relatam que o tempo é
muito pouco, que o aluno tem que ajudar nas obrigações de casa, e outros relatam
que nunca olham para o caderno do filho e que não gostam das solicitações da
escola para o comparecimento na instituição, pois tem certeza que é para ouvir
sobre a indisciplina e notas baixas do filho. Segundo esse mesmo pai, isso deixa
mais difícil e desmotivada sua presença na escola e para conversar com os
coordenadores e professores, tal como ressalta Rocha (apud NÉRICI, 1972, p.12),
quando adverte que a educação deve orientar a formação do homem e a
participação da família é inevitável para concretizar tal esforço, assim diz que:
A educação deve orientar a formação do homem para ele poder ser o que é, da
melhor forma possível, sem mistificações, sem deformações, em sentido de
aceitação social. Assim, a ação educativa deve incidir sobre a realidade
pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em função
das autênticas necessidades das pessoas e da sociedade [...] A influência da
Família, no entanto, é básica e fundamental no processo educativo do imaturo
e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la. [...] A educação
para ser autêntica, tem de descer à individualização, à apreensão da essência
humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas
fortalezas e aspirações. [...] O processo educativo deve conduzir à
responsabilidade, liberdade, crítica e participação. Educar, não como sinônimo
de instruir, mas de formar, de ter consciência de seus próprios atos. De modo
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geral, instruir é dizer o que uma coisa é, e educar e dar o sentido moral e social
do uso desta coisa.
Com isso, a escola deve ser promotora de políticas/estratégias que originem a
maior aproximação das famílias à escola e saber conduzir tal aproximação de
maneira consciente e efetiva. Os pais podem ser envolvidos de diferentes maneiras
e cabe à escola proporcionar uma diversidade de modalidades de envolvimento
eficaz na escola. Segundo Paro (1995), o envolvimento da família na escola, que
pode ser útil como instrumento de reflexão-ação das escolas. Com isso, a pesquisa
foi importante para averiguar também, em que medida a escola proporciona o
envolvimento em cada uma da modalidade e refletir se estas estão de acordo com
as necessidades da escola e das famílias através da reestruturação do PPP e sua
contribuição para a evolução do aprendizado dos alunos.
E para isso, foram levantadas algumas sugestões de como a escola apóia o
envolvimento familiar, tais como:
 Envolvendo professores no treinamento da convivência com a
diversidade e a aceitação da presença dos pais/responsáveis dentro da
escola, mesmo porque, o professor é o que mais sente falta da
presença da família no convívio escolar do aluno.
 O envolvimento dos pais nas atividades extraclasse, no sentido de se
relacionarem com o aprendizado do filho/aluno;
 O envolvimento dos pais nas tomadas de decisões na escola.
Estas questões norteadoras que a escola deve seguir para envolver a família
são reforçadas com as considerações que Paro (1995, p.126) faz sobre a
aprendizagem e o progresso escolar, ao afirmar que:
Os pais são importantes na aprendizagem e no progresso escolar das crianças.
Para que os pais possam desempenhar o seu papel com eficácia necessitam
que o professor o informe acerca das competências que a criança deve adquirir
em cada momento da aprendizagem e de como podem estar envolvidos em
atividades de aprendizagem articuladas com trabalho que o professor
desenvolve na sala de aula. Isto pode ser feito, por exemplo, comunicando aos
pais o objetivo de aprendizagem através de uma informação semanal ou
mensal, estabelecendo contratos entre aluno-pais- professor, ensinado os pais
a importância da monitorização e encorajamento/reforço dos trabalhos para
casa e elaborando actividades de aprendizagem interactivas, onde os pais
sejam chamados a participar.
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Diante disso, é visivelmente que o envolvimento familiar traz, também,
benefícios aos professores que, regra geral, sentem que o seu trabalho é apreciado
pelos pais e se esforçam para que o grau de satisfação dos mesmos seja grande. A
escola também ganha porque passa a dispor de mais recursos comunitários para
desempenhar as suas funções, nomeadamente com a contribuição dos pais na
realização de atividades de complemento curricular.
4. Pesquisa de Campo: posicionamento escolar diante às dificuldades de
aprendizagem.
Hoje em dia é de suma importância que a escola esteja em sintonia completa
com a família para que haja redução das dificuldades de aprendizagem escolar. As
crianças com dificuldades de aprendizagem não são crianças incapazes de
aprender, compreender ou desenvolver habilidades cognitivas na escola, elas
apenas apresentam necessidades e limitações que requerem atenção e estratégias
as quais auxiliam no processo de aprendizagem valorizando a interação e as
relações sociais com apoio didático/pedagógico e, principalmente, dos pais. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) - Lei 9394/96 afirma o caráter
amplo da educação quando diz em seu artigo 1º.
A educação abrange processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
Tais conceitos são previstos pela a Escola Municipal Domingos Sousa
Lemos, situada na Rua das Orquídeas, quadra F, s/n Setor Jardim das Flores,
Araguaína Tocantins, criada pela lei nº 2,314/04 desde 2005, atualmente com o
público escolar de modalidades Educação Ensino Fundamental, 1ª fase, Infantil,
Ensino Fundamental 2º fase (apenas o 6º Ano) e Educação para Jovens e Adultos
(EJA) 1º e 2º segmentos. Os alunos são oriundos da comunidade a qual a escola
está inserida e bairros circunvizinhos e também alunos de chácaras. Os que
apresentam maior dificuldade na presença dos pais na unidade escolar, são pais e
alunos que apresentam classe social de baixa renda e baixo nível de escolaridade e
que, muitas vezes, contam com o apoio da própria escola na sobrevivência familiar.
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A pesquisa foi realizada com a participação de 13 professores sobre a relação
professor/ família e 20 pais, entre eles avôs e responsáveis pelos alunos, com visitas
em suas residências próximas à escola e na própria escola no momento da entrada
e saída dos alunos, através de questionário objetivo composto por 5 perguntas e
conversação pertinentes à temática família e escola.
Assim, ao se perguntar para os pais sobre a participação deles em reuniões
na escola, 70% nunca participou, 45% afirmaram que já participaram, 40% disseram
que participaram sempre e 5% nunca participaram, tal como demonstra o Gráfico 1,
abaixo:
Gráfico1: Participação em Reuniões na Escola
70%
70%
60%
50%
Nunca participo
40%
já participei
30%
Participo sempre
20%
10%
não tenho tempo
15%
10%
5%
0%
Fonte: pesquisa de campo realizada no ano de 2010.
Conforme demonstra o gráfico acima, a maioria dos pais não se atentam à
participação em reuniões, tal atitude dos pais talvez seja consequência da má
habilidade na condução de reuniões proposta pela a escola e isso pode surtir efeitos
sobre o desenvolvimento social e da personalidade no desenvolvimento escolar da
criança/adolescente, pois para Perrenoud (2000, p.117):
Convocar os pais autoritariamente e tratá-los como acusados no tribunal não
pode instaurar um diálogo de igual para igual. Certos professores cultivam
uma tal assimetria na relação que podem levar os pais a se sentirem tratados
como alunos. [...] nas reuniões, a falta de habilidade, de ambas as partes,
revela mais temores do que más intenções ou desprezo. A competência
maior é, mais uma vez, saber situar-se claramente.
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Neste sentido, que se propõe que as reuniões sejam mais receptivas, que ao
invés de só demonstrar o mau rendimento do aluno ou a sua indisciplina, mostrar
também seu progresso, o seu desenvolvimento com ser humano valorizado.
Foi também perguntado à família sobre se eles conhecem a escola onde seus
filhos estudam, responderam: 45% conhecem pouco, 25% não conhecem, 20%
conhecem e 10% não opinaram, veja a baixo o Gráfico 2.
Gráfico 2: Conhecem a Escola
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
45%
Conhecem
pouco
Não conhecem
25%
20%
Conhecem
10%
Não opinaram
Fonte: pesquisa de campo realizada no ano de 2010
Fica difícil estabelecer relações de parceria com a família se a escola se
limitar apenas às visitas dos pais na escola. O gráfico acima esclarece a deficiência
de apoio da família no êxito escolar do alunado, pois, Perrenoud (2000, p.114) diz
que envolver os pais, é portanto, uma palavra de ordem, e ao mesmo tempo, uma
competência escolar, cujo referencial retém três componentes dessa competência:
Dirigir reuniões de informação e de debate; Fazer contato com o meio social
família/escola; Envolver os pais na construção dos saberes. Com isso, nota-se que
ambas devem estar intimamente ligadas com a aprendizagem da criança.
Nas entrevistas com os pais, cujo objetivo foi obter informações a respeito da
importância à educação escolar de seus filhos, foi possível constatar que, apesar
das falas “positivas” dos mesmos, eles sempre deixavam escapar que não estão em
pleno vigor no acompanhamento escolar dos filhos, como mostra os gráficos acima
com relação à presença dos pais na escola, contrariando suas expectativas
positivas, pois os resultados incluem fatores que interferem na aprendizagem, a
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ausência dos pais na escola e vida acadêmica dos alunos e até mesmo nas ações
promovidas pela escola nas quais pais e comunidade em geral são convidados e
sempre a escola conta com número mínimo de presença. Houve momentos de
conversação com alguns pais5, que se predispuseram a responder a seguinte
pergunta:

Você contribui para o rendimento escolar de seu filho? Se sim, de que
maneira?
Mãe X: “Sim. E eu conheço a escola, venho sempre deixar e buscar meu
filho, acho importante o pai estar sempre conversando com os professores,
mais confesso que não tempo de vir às reuniões e nem de acompanhar as
atividades e o caderno de meu filho...”
Mãe Y, que revelou ser mãe/avó, disse:
“Eu gostaria de participar mais das atividades da escola, mais o menino é
difícil demais, e deixo para os professores darem um jeito nele, estou tão
cansada, e a mãe dele não mora mais comigo, mais sempre que me
chamam, eu venho aqui na escola.”
Mãe Z: “estou sempre na escola, participo das reuniões, dos conselhos de
classe, e estou atenta às atividades de casa e observo muito o
desenvolvimento dos meus filhos em sala de aula, através de conversar com
os professores e de suas notas.”
Diante de tais dificuldades, a escola e os professores devem conhecer e
procurar contorná-las com projetos que envolvem os pais e comunidade pra dentro
da escola e às questões sociais, com estratégias que facilite essa presença, bem
como, horários mais flexíveis de atendimento aos pais; constituindo uma abordagem
positiva de aproximação às famílias na escola e priorizar o contato mútuo com a
família, de modo que possa contribuir melhor para formação de conceito positivo da
criança por parte da própria família,
tornando a linguagem clara e acessível a
todas as famílias, diversificando a comunicação. Segundo os coordenadores da
escola Domingos Sousa Lemos, o contato com a família será priorizado através de
visitas em residências de alunos, cujos pais têm pouca presença na escola, até
mesmos para assinar o boletim do filho e tratar de suas notas bimestrais e também
promover eventos pedagógicos com a participação voluntária da família.
Diante do exposto, foi necessário aprofundar mais um pouco a pesquisa,
onde foi feito o seguinte questionamento: Como é o rendimento escolar dos alunos
que tem a participação da família na escola? O resultado foi: 61, 54% dos
5
Nesta pesquisa os pais serão identificados pelas letras X, Y e Z como forma de proteger suas identidades.
12
professores responderam ótimo, 23,08 % Bom, 15,38% médio, como demonstra o
Gráfico 3:
GRÁFICO 3: Rendimento Escolar dos Alunos
70%
61,54%
60%
50%
ótimo
40%
30%
20%
10%
0%
Bom
Médio
23,08%
Ruim
15,38%
0
Fonte: pesquisa de campo realizada no ano de 2010
Na investigação notam-se os anseios dos professores e coordenadores na
importância da presença dos pais na escola e exemplificam o lado positivo dos
alunos que contam com o apoio dos pais na escola, pais que sempre compartilham
aos professores sobre o rendimento de seu filho e ajuda nas atividades propostas da
escola, o que constata no gráfico 3. Por lado, sempre que citavam um aluno com
baixo rendimento na escola, ao mesmo tempo mencionavam a vivência desse aluno,
um elo entre o rendimento escolar e sua vivência cotidiana. Como por exemplo, é
observado na fala da professora W, que diz: “Mas ele vive somente com a mãe e ela diz
não ter tempo para vir à escola e fica alheia aos problemas causados pela a falta de
acompanhamento nas atividades a serem desenvolvidas em casa”.
Para alguns professores é até difícil compartilhar o desenvolvimento do aluno
aos seus pais, pois segundo eles, no ato das visitas realizadas em suas residências,
não têm o conhecimento dos pais presentes, ou em outros casos os pais não se
encontram em condições de conversar sobre o filho, e em outros, os pais não
gostam de dialogar sobre a indisciplina e o desinteresse do filho no decorrer das
aulas, pois até ignoram suas preocupações como educadores e, muitas vezes, os
pais apresentam atitudes de violência aos filhos por causa das solicitações da
escola para que tenham mais atenção aos trabalhos extraclasses não desenvolvidos
13
pelos alunos, mesmos que sejam de suma importância para seu aprendizado, pois
para PIAGET ( Revista Mundo Jovem apud, 2007, p.50)
[...] e toda pessoa tem direito à educação, é evidente que os pais também
possuem o direito de serem senão educados, ao menos, informados no
tocante à melhor educação a ser proporcionada os seus filhos.
Considerando que, em sua maioria, seja difícil para os pais acompanharem os
conteúdos propostos pela escola, devido à condição de semiletrados, para os
educadores em geral, é possível que todos os pais possam trabalhar o estímulo e a
motivação de seus filhos, apresentado interesses por seus estudos, em conversas e
ações como; verificação de seus cadernos, diálogo sobre o aprendizado, verificando
suas notas bimestrais e, principalmente, reforçando a sua autoestima pessoal e
escolar. Sabendo disso, para que aja uma estreita relação entre família e escola
deve ter como ponto de partida a própria escola, que construirá uma ponte social e
acadêmica, pois ambas as instituições tenham o mesmo desejo, o sucesso escola
do filho/aluno.
Diante das entrevistas realizadas, nota-se que os alunos, que têm
acompanhamento dos pais no seu envolvimento escolar; em projetos da escola, nas
tarefas de casa, no comportamento em sala, na participação das ações da escola,
na participação das reuniões propostas pela escola. Entre outras ocasiões, estes
alunos têm um melhor desenvolvimento na aprendizagem e uma boa relação com a
escola, como um todo, além dos pais estarem mais interados com os desafios,
problemas e projetos da escola, pois durante suas fala, expuseram suas opiniões
em relação às ações da escola e deram até boas considerações da relação efetiva
da escola com os pais em geral.
A partir dessa vivência de pesquisa, pode-se compreender que no ambiente
escolar da escola Domingos Sousa Lemos, existem dois tipos de famílias: existe
aquela família que não têm a consciência de participar da educação do filho em
conjunto com a escola, omitindo-se, simplesmente, do processo escolar, pois fazem
uso do pouco “tempo” em casa, ou da indisciplina do filho para acarretar toda a
responsabilidade de educação à escola em geral, e existem aquelas famílias que
demonstram interesses pelo desenvolvimento dos filhos, no processo educacional
com participação ativa nas atividades da escola dentro de suas possibilidades.
Em observação aos pais dos alunos da escola no decorrer da pesquisa,
percebe-se que, os mesmos desejam que seus filhos sejam superiores às suas
14
expectativas pessoais, mas que não contribuem para uma educação dialógica, pois
para alguns, segundo suas próprias atitudes no momento de buscar os filhos,
adotam uma educação rígida e violenta, demonstrando estarem sem base afetiva
para ensinamento e crescimento dos filhos, atitudes que podem contribuir sim, para
seu retardo intelectual e indisciplinar.
A família atual sofre mudanças de estrutura, valores e culturais e novos
paradigmas que podem estar ligadas, ou não, a distúrbios de comportamentos e de
aprendizagem dos filhos em sala de aula e, para os educadores, tais mudanças
podem ser a causa dos conflitos que a escola enfrenta no momento de aprimorar o
conhecimento dos alunos. Como diz Paro (1997, p.30) sobre a importância da
escola em promover contatos com os pais, assim:
A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para
passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e
também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir
comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento
de seu filho como ser humano.
Portanto, a família ainda é a maior influência na conduta, personalidade e
valores afetivos que a criança adquire. Nessa perspectiva a escola tem a
necessidade de interação com a família e o ambiente familiar e suas necessidades
sociais e pessoais para atender melhor o alunado e adquirir o apoio dos familiares
nas atividades pedagógicas e em toda a vida escolar do aluno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados coletados e analisados na pesquisa revelaram que o público
escolar apresenta deficiência de apoio familiar em sua maior parte, a qual fica
perceptível o quanto a família pode e deve estar mais presente na escola e em toda
trajetória de vida escolar do filho/aluno. E foi observado, na maioria dos pais, o
despejo de responsabilidades atribuídas à escola, como um todo, com relação à
plena educação do aluno. E o trabalho da escola, até então, era de aprimorar o
acompanhamento corpo-a-corpo com o aluno, deixando o contato com os pais
apenas em reuniões marcadas, nas quais poucos pais compareciam.
O resultado da pesquisa foi importante para a escola e todos que dela
compõem, para a reflexão de erros e acertos, bem como, analisar suas ações e
práticas pedagógicas e inserir no PPP da escola, através de sua reestruturação,
15
atuações que cria espaço para receber familiares e contornar situações negativas
por meio do diálogo, cujo objetivo será de aprimorar tanto o lado emocional e moral
do alunado, como também o lado do aprendizagem escolar e para isso, a escola
conta com a preparação dos professores e todos os funcionários ao compromisso
para com a família e repensar sobre suas contribuições sociais no desenvolvimento
da criança como cidadão.
Para tal procedimento com eficácia, requer a parceria dos pais no processo
de ensino aprendizagem e a necessidade da reestruturação contínua do Projeto
Político Pedagógico, no sentido de constar ações e participação dos mais
interessados no crescimento escolar, social e pessoal dos alunos, os pais e
professores, que juntos com toda a comunidade escolar, estarão favorecendo a
realização de uma qualidade na educação e enriquecimento de uma sociedade
crítica.
Crianças e adolescentes precisam sentir que pertencem a uma família, pois é
o alicerce de qualquer ser, e é nela que a criança se espelha e funda conceitos
sociais e culturais, e na escola também se podem construir laços familiares através
do apoio moral, do afeto e trocas de vivências entre alunado, família e comunidade
escolar, todos fazendo parte de um mesmo contexto social.
A escola e a família estão ligadas à educação e ao desenvolvimento dos
alunos e o conhecimento passa a ser fruto de construção coletiva em que todos
aprendem e todos ensinam.
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PEDAGOGICAL POLITICAL PROJECT, FAMILY And SCHOOL: influence on
school performance.
ABSTRACT
This article is proposed to emphasize the influence on school performance and
practice in family involvement and commitment to learning and teaching success
through restructuring of Political-Educational Project of escola Municipal Domingos
Sousa Lemos, in which favours institutional channels of participation in school life
family, which meets with significant influence on student learning. The survey was
conducted through interviews and questionnaires goals and was also important to
ascertain to what extent the family and the school provide partnership, according to
the provisions, in learning and reflect if they are according to their own needs through
restructuring of PPP and their contribution to the development of students ' learning.
Is based on the theoretical critic and author's Paro discursive (1995), Veiga (2000),
that discuss the importance of the relationship between school and family. Resulted
in the perception that the school should contain as portion of reflection, the efforts of
parents to bring teachers and establish criteria to this end, in order to build a
comprehensive knowledge of both institutions for training children's expressive and
moral and psychological characteristics.
Keywords: Pedagogical Political Project. For School and family. Attainment.
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REFERÊNCIAS
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