Versão para Impressão

Propaganda
ESTÁGIO EM ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
AULA 01: CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA E OBJETIVOS DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
TÓPICO 05: OUTROS OBJETIVOS DO ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA
Além do desenvolvimento da competência discursiva, há outros
objetivos para o ensino de análise linguística. Travaglia (1997) cita os
seguintes:
VERSÃO TEXTUAL
1º Objetivo
Levar o aluno a dominar a norma culta e/ou ensinar a modalidade
escrita da língua;
2º Objetivo
Levar o aluno ao conhecimento da instituição social que é a língua;
3º Objetivo
Ensinar o aluno a pensar cientificamente.
Ao descrevermos os tipos de ensino, já se tratou, de certa forma, desses
objetivos. O primeiro deles implica um ensino produtivo da norma
linguística. Lembramos que a crítica feita ao ensino prescritivo não é uma
crítica à necessidade de se aprender a norma gramatical; trata-se, muito
mais, de uma proposta para relativizar o papel desse aprendizado, que é um
entre outros.
O segundo e o terceiro objetivos relacionam-se ao ensino descritivo. A
rigor, muito (mas não tudo) do aprendizado sobre produção e compreensão
de textos pode ser efetivado sem que o aluno conheça as minúcias da
descrição estrutural. Contudo, ainda assim ela é importante. Em primeiro
lugar, porque pelo menos o aprendizado da modalidade escrita depende, em
parte, da descrição; o uso adequado da pontuação em textos formais só se
manifesta se o escritor tiver noção (ainda que não plenamente) da função
sintática dos termos de um enunciado.
Além disso, mesmo quando não apresenta uma função genuinamente
instrumental, o ensino descritivo tem seu valor, o que se explicita nos dois
objetivos em tela.
Conhecer a língua como instituição social é um saber socialmente
valorizado. Não é necessário, por exemplo, que os cidadãos saibam de cor
todos os elementos químicos da tabela periódica, mas é recomendável que
conheça os principais elementos, que ele saiba, por exemplo, o que é um
átomo. Também não é preciso saber quais foram todos os presidentes
brasileiros, mas é preciso tem uma boa noção do que seja república e do que
fizeram os presidentes mais importantes. Enfim, existe uma gama de
informações que são exigidas dos cidadãos plenamente inseridos em suas
comunidades. No caso da língua materna, por exemplo, saber o que é um
substantivo, um verbo etc. ou distinguir o sujeito do predicado, ainda que
não tivesse aplicabilidade no aprendizado sobre os textos, tem seu valor
como moeda cultural.
Finalmente, o ensino descritivo, ao possibilitar a reflexão sobre o
sistema da língua, o que demanda estabelecer definições, classificações e
relações de valor entre termos, estimula o pensamento científico. A
compreensão dos fenômenos à luz da ciência se dá por nomeação, localização
e comparação. Logo, estudar o sistema da língua pode ser útil para formar
uma “mente científica”.
FÓRUM
Leia o conteúdo dos dois links a seguir. No primeiro, há uma
reportagem da revista Istoé [2] sobre o livro didático Por uma vida
melhor. [3]
No segundo, há um capítulo do referido livro, mais especificamente, o
capítulo que serviu de mote para a polêmica de que “o governo está
ensinando os alunos da rede pública a falar errado”.
Após a leitura, discuta, com seus colegas, sobre a abordagem da
revista Istoé (que, no final das contas, revela a visão que predominou nos
órgãos de imprensa). A abordagem foi adequada? As informações
apresentadas pela revista são compatíveis com o conteúdo do livro?
Procure sustentar sua argumentação com excertos presentes tanto na
reportagem quanto no capítulo do livro.
Discuta, também, a noção de “falar errado” com base nos tipos de
ensino de análise linguística, nos objetivos do ensino-aprendizagem de
língua portuguesa e na contribuição da Sociolinguística para o ensino da
língua.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Nukácia M.; ZAVAM, Aurea. (Org.). A LÍNGUA NA SALA
DE AULA: questões práticas para um ensino produtivo. Fortaleza:
Perfil Cidadão, 2004.
BAGNO, Marcos. PRECONCEITO LINGUÍSTICO: o que é, como se
faz. 2. ed. São Paulo: Loyola, 1999.
BAKHTIN, Mikhail. MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da
linguagem. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 8. ed.
São Paulo: Hucitec, 1997.
BALTAR, Marcos. A validade do conceito de competência discursiva
para o ensino de língua materna. LINGUAGEM EM (DIS)CURSO.
Tubarão, v. 5, n.1, p. 209-228, jul./dez. 2004. Disponível em:
<www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/.../0501/12%20art%
2010.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2011.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS: língua portuguesa.Brasília: Ministério
da Educação / Secretaria de Educação Fundamental, 1998.
CASEVITZ, Michel; CHARPIN, François. A herança greco-latina. In:
BAGNO, M. (Org.). NORMA LINGUÍSTICA. São Paulo: Loyola, 2001,
p. 23-53.
LYONS, John. LINGUAGEM E LINGUÍSTICA. Tradução Marilda
Winkler Averbug e Clarisse Sieckenius de Souza. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1987.
TRAVAGLIA, Luiz C. GRAMÁTICA E INTERAÇÃO: uma proposta
para o ensino de gramática no 1o e 2o graus. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 1997.
FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer
2. http://www.istoe.com.br/reportagens/138200_O+ASSASSINATO+DA+
LINGUA+PORTUGUESA
3. http://www.4shared.com/document/QVkKYcPJ/Por_uma_vida_melho
r_-_Heloisa_.html
Responsável: Profª. Ana Célia Clementino Moura
Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
Download