COORDENAÇÃO DO 1º ANO COLÉGIO MILITAR DE BRASÍLIA COORDENAÇÃO DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO LÍNGUA PORTUGUESA NOTA DE AULA 04/ 1º TRIMESTRE GABARITO Gêneros textuais: Notícia, Reportagem e infográfico A função do jornal é basicamente a comunicação. É um dos meios mais rápidos de ficarmos informados a respeito do que acontece no mundo. Dentro do jornal há várias sessões, que por sua vez abrigam vários tipos de texto. Há algumas características que são comuns a todos estes textos, enquanto há outras que servem para individualizá-los. A nomenclatura dos textos normalmente é dada de acordo com as suas características e seus objetivos específicos de comunicação. Genericamente chamamos os textos que se apresentam nos jornais de “matéria”. Normalmente esses textos têm caráter informativo. As informações são apresentadas em ordem decrescente de importância ou relevância, seguindo assim o uma técnica chamada pirâmide invertida. Ou seja, a base do texto (conteúdo mais importante) fica em cima e o ápice (conteúdo mais superficial) embaixo. O primeiro parágrafo do texto é chamado de “lide” ou “lead” (inglês) e carrega o conteúdo mais denso da matéria, as principais informações. Esse recurso é usado para que as pessoas possam ter acesso fácil e rápido à informação e tenham a oportunidade de selecionar as matérias que realmente lhes interessam para prosseguir com a leitura. Geralmente o título da matéria é baseado no lide. Vejamos alguns dos mais característicos tipos de textos jornalísticos e suas principais características: Notícia Caracteriza-se pela linguagem direta e formal. Tem caráter informativo e é escrito de forma impessoal, freqüentemente fazendo uso da terceira pessoa. Inicia-se com o lide e se segue com o corpo da notícia. Enquanto na primeira parte estão registradas as principais informações do fato, no corpo do texto estão presentes os detalhes (relevantes ou não), as causas e as conseqüências dos fatos, como, onde e com quem aconteceu, e a sua possível repercussão na vida das pessoas que estão lendo. Pode ter ou não um público alvo (jovens, políticos, idosos, famílias), caso tenha a linguagem poderá ser adaptada para o melhor entendimento. http://www.infoescola.com/redacao/textos-jornalisticos/ CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DA NOTÍCIA Título Manchete Lead Primeiro parágrafo = resumo / o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, por quê? Corpo Detalhamento do lead TEXTO 01 Pesquisa mostra que a juventude brasileira é uma das mais otimistas do mundo A juventude brasileira é a segunda mais otimista em relação ao seu futuro pessoal e a terceira a considerar que as perspectivas de seu país são promissoras, segundo a pesquisa “2011 – A Juventude do Mundo”, divulgado pela Fundação para a Inovação Política (Fundapol) da França na noite de terça-feira. A pesquisa revela as aspirações, os valores e as preocupações atuais dos jovens no mundo. Ela foi realizada em 25 países em cinco continentes, com 32,7 mil pessoas. Segundo o estudo, 87% dos jovens brasileiros consideram que seu futuro será promissor, atrás apenas dos indianos (90%). Em relação ao futuro de seus países, o otimismo dos jovens do Brasil fica em terceiro lugar: 72% acreditam que 1 ele também será promissor. Na Índia, o índice foi de 83% e, na China, de 82%. No entanto, apenas 17% dos jovens gregos, 23% dos mexicanos, 25% dos alemães e 37% dos americanos consideram que o futuro de seus países será promissor. Os jovens das grandes potências emergentes também são os que mais têm confiança de que terão um bom emprego no futuro. No Brasil, esse índice é de 78%. No Japão, somente 32% acham que isso irá ocorrer. A juventude da Índia, da China e do Brasil também é a que mais vê a globalização como uma oportunidade e não como uma ameaça. Os números são, respectivamente, 91%, 87% e 81%. De uma maneira geral, se considerarmos outros itens da pesquisa, podemos considerar que a juventude brasileira é de longe a campeã de otimismo”, disse à BBC Brasil Dominique Reynié, coordenador-geral do estudo e diretor do centro de estudos francês Fondapol. http://www.buscajovem.org.br/noticias/pesquisa-mostra-que-a-juventude-brasileira-e-uma-das-mais-otimistas-do-mundo Reportagem Texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa, a reportagem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo acontecimento. A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico. O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-o, orientandoo e contribuindo para formar sua opinião. A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão lingüístico divulgado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação. Enquanto a notícia deve primar pela objetividade, a reportagem admite diferentes graus de subjetividade, a depender da natureza do foco abordado. Uma reportagem sobre um país ou uma cidade, por exemplo, pode ser escrita a partir de uma perspectiva mais pessoal. Por outro lado, uma reportagem investigativa sobre algum escândalo político ou financeiro deverá ser escrita de modo objetivo, para evitar que os leitores desconsiderem os fatos e informações apresentados, atribuindo-os às impressões ou juízos pessoais do repórter. Para se produzir uma boa reportagem, é fundamental que o repórter ouça todas as versões de um fato, a fim de que a verdade apurada seja realmente a verdade que possa ser comprovada, não aquela que se imagina que é a verdade. Para tanto, eles se valem de ganchos oriundos da realidade, acrescidos de uma hipótese de trabalho e de investigação jornalística. Há diferentes tipos de reportagens: policial, política, turística, cultural etc. http://www.infoescola.com/redacao/textos-jornalisticos /(Texto com adaptações para fins didáticos, em 22/02/2016). Estrutura De modo geral, a estrutura da reportagem não é fixa. Espera-se, porém, que o parágrafo inicial tenha um caráter introdutório, para permitir que o leitor possa recuperar não só o tema abordado pelo texto, mas também o contexto em que ele se insere. NOTÍCIA X REPORTAGEM Notícia • Tomada como método de registro, a notícia se esgota no anúncio. • O conteúdo da notícia privilegia a história de uma só versão. Reportagem • Esgota-se no desdobramento, na pormenorização, no amplo relato dos fatos. • É por dever e método a soma das diferentes versões de um mesmo acontecimento. 2 • Discurso referencial informa os dados do fato/objetividade • Discurso crítico, propõe uma reflexão e pode apresentar subjetividade. OBS: O salto da notícia para a reportagem se dá quando é preciso ir além da notificação, pois a reportagem se situa no detalhamento, no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto. TEXTO 02 As revelações sobre o cérebro adolescente Novas pesquisas decifram as transformações cerebrais que acontecem na adolescência, explicam comportamentos típicos e sugerem como lidar com eles Mônica Tarantino, Monique Oliveira e Luciani Gomes O que faz uma garota de 14 anos passar o dia inteiro emudecida, trancada no quarto? Ou ir do riso à fúria em menos de um segundo? Pode ser realmente difícil entender a cabeça de um adolescente. Para ajudar nesta tarefa, a ciência está empreendendo um esforço fantástico. Nos Estados Unidos, ele está sendo capitaneado pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH). O órgão – um dos mais respeitados do mundo – está patrocinando uma linha de estudos focada na busca de informações para compreender o que está por trás das oscilações de humor e comportamentos de risco que marcam a adolescência. E as informações trazidas pelos estudos realizados até agora estão construindo uma nova visão da metamorfose sofrida pelos jovens. “O cérebro do adolescente não é um rascunho de um cérebro adulto. Ele foi primorosamente forjado por nossa história evolutiva para ter características diferenciadas do cérebro de crianças e de adultos”, disse à ISTOÉ o neurocientista americano Jay Giedd, pesquisador do NIMH e um pioneiro na investigação do cérebro adolescente. Giedd e seus colegas estão redefinindo os conceitos da medicina sobre essa fase da vida. Para eles, os tropeços da adolescência são sinais de que o cérebro jovem está procurando se adaptar ao ambiente. Nos primeiros 13 anos de pesquisa, os cientistas estudaram mudanças cerebrais ocorridas do nascimento até a velhice, na saúde e na doença. Descobriram que a adolescência é marcada por um aumento das conexões entre diferentes partes do cérebro. É um processo de integração que continuará por toda a vida, melhorando o trabalho conjunto entre as partes. As pesquisas revelaram ainda que, nessa etapa, dá-se o fortalecimento e amadurecimento de algumas redes de neurônios (as células nervosas que trocam informações entre si) e o abandono de outras, menos usadas. Os estudos mostraram também que a onda de maturidade se inicia nas partes mais profundas e antigas, próximas do tronco cerebral, como os centros da linguagem, e naquelas ligadas ao processamento de emoções como o medo. Depois, essa onda vai subindo rumo às áreas mais recentes do cérebro, ligadas ao pensamento complexo e à tomada de decisões. Entre elas estão o córtex pré-frontal, o sulco temporal superior e o córtex parietal superior, envolvidos na integração de informações enviadas por outras estruturas do órgão. Essa evolução explica, em parte, por que nesse período da vida a impulsividade e os sentimentos mais viscerais são manifestados com tanta facilidade, sem passar pelo filtro da razão. 3 Na tentativa de elucidar por que os jovens atravessam o período de crescimento como se estivessem em uma montanha-russa, um dos aspectos mais estudados é a tendência de se expor a riscos. No começo da empreitada científica para decifrar os segredos do cérebro adolescente, acreditava-se que a falta de noção do perigo iminente estivesse associada à falta de amadurecimento do córtex pré-frontal, área ligada à avaliação dos riscos que só atinge o desenvolvimento pleno por volta dos 20 anos. O avanço das pesquisas, porém, está demonstrando que por volta dos 15 anos os jovens conseguem perceber o risco da mesma forma e com a mesma precisão que um adulto. Sabem-se o que está acontecendo, por que os jovens se colocam em situações ameaçadoras? Embora as habilidades básicas necessárias para perceber os riscos estejam ativas, a capacidade de regular o comportamento de forma consistente com essas percepções não está totalmente madura. “Na adolescência, os indivíduos dão mais atenção para as recompensas em potencial vindas de uma escolha arriscada do que para os custos dessa decisão”, disse à ISTOÉ Laurence Steinberg, professor de psicologia da Universidade Temple, especializado em desenvolvimento adolescente e autor de “Os Dez Princípios Básicos para Educar seus Filhos”. Steinberg é um dos mais destacados estudiosos da adolescência na atualidade. A afirmação do pesquisador está sustentada em exames de imagem que assinalam, no cérebro adolescente, uma intensa atividade em áreas ligadas à recompensa. Por recompensa, entenda-se a sensação prazerosa que invade o corpo e a mente após uma vitória, como ganhar no jogo ou ser reconhecido como o melhor pelo grupo. Esse processo coincide com alterações das quantidades de dopamina, um neurotransmissor (substância que faz a troca de mensagens entre os neurônios) muito importante na experiência do prazer ou recompensa. “Isso parece afetar o processo de antecipação do prêmio, de tal forma que os adolescentes se sentem mais animados do que os adultos quando percebem a possibilidade do ganho”, diz o psicólogo americano. Ele também foi buscar na teoria da evolução a justificativa para o mecanismo cerebral que premia os jovens com sensações agradáveis por se arriscarem. “No passado, levavam vantagem sobre outros da espécie aqueles que se deslocavam e assumiam riscos em busca de um lugar com mais alimento”, pontua. “A busca por novidade e fortes emoções representaria, à luz da teoria da evolução, um sinal da capacidade de adaptação dos seres humanos a novos ambientes.” Nosso cérebro teria aprendido esse caminho e estaria reproduzindo-o até hoje. Descobertas ainda mais recentes mostram que a recompensa mexe profundamente com o cérebro. “Todas as áreas do cérebro são afetadas quando uma atitude é recompensada ou penalizada socialmente”, disse à ISTOÉ Timothy Vickery, um dos autores de um trabalho recente publicado na revista “Neuron”. Paralelamente à configuração cerebral, existem as contribuições do mundo contemporâneo para a tendência ao prazer imediato. “Talvez as dificuldades da vida futura e do mercado de trabalho, por exemplo, levem o jovem a uma situação de viver o prazer imediato. Daí a busca pela bebida, pela droga, pelo sexo e tudo o mais no sentido de se aproveitar a vida”, diz o hebiatra (médico especializado em adolescentes) Paulo César Pinho Ribeiro, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. De fato, por volta dos 15 anos, dá-se o pico da busca por emoções fortes. A psiquiatra Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira do Estudo de Álcool e Drogas, defende uma ação firme nesse momento. “Os pais devem assumir o seu papel e não deixar que os jovens fumem ou bebam”, diz. O caminho para enfrentar essa questão é o diálogo. (...) O papel do grupo na adolescência também está sendo examinado. “Por volta dos 15 anos, registra-se o pico de atividade dos neurônios-espelho, células ativadas pela observação do comportamento de outras pessoas e que levam à sua repetição”, diz o neurologista Erasmo Barbante Casella, do Hospital Albert Einstein e do Instituto da Criança da Universidade de São Paulo. Esse é um dos motivos pelos quais os jovens adotam gestos e roupas similares. Além 4 disso, há a grande necessidade de ser aceito pelos amigos e o peso terrível da rejeição. “É uma fase na qual a identidade não está absolutamente constituída, e o grupo acaba sendo o meio para experimentar e também uma lente pela qual o adolescente lê o mundo”, diz a psicóloga Joana Novaes, da PUC-Rio de Janeiro. Estudos apontam que há também uma grande quantidade de oxitocina, hormônio relacionado às ligações sociais e formação de vínculos, circulando no organismo, o que favoreceria a tendência de andar em turma. Texto 03 Infográfico O infográfico, ou a arte da infografia (texto 03), é caracterizado por ilustrações explicativas sobre um tema ou assunto. Infográfico é a junção das palavras info (informação) e gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou seja, um infográfico é um desenho ou imagem que, com o auxílio de um texto, explica ou informa sobre um assunto que não seria muito bem compreendido somente com um texto. Apesar de não ser um tipo de texto jornalístico, os infográficos são muito utilizados em jornais, além de mapas, manuais técnicos, educativos e científicos e site. https://www.oficinadanet.com.br/post/12736-o-que-e-um-infografico. (Texto com adaptações para fins didáticos, em 22/02/2016). 5 EXERCÍCIOS Item 01. Após leitura dos textos, julgue as afirmações abaixo: TEXTO 1 As câmeras de vigilância estão em todos os lugares. No começo, a novidade incomodava, evocava um mundo controlado, totalitário. Mas logo nos demos conta de que elas inibem e esclarecem crimes, ajudam em coisas prosaicas, como controlar o trânsito. É uma vigilância barata, segura, muitas mais virão. Porém, a presença de câmeras na escola coloca outras questões. O objetivo seria o mesmo, proteger e prevenir. As intenções são louváveis, mas não se pode ignorar um fator fundamental: a escola é a primeira socialização não controlada pelos pais e é necessário que assim seja. Com o olhar vigilante e onipresente da família não se cresce. Crescemos quando resolvemos sozinhos nossos problemas, quando administramos entre os colegas as querelas nem sempre fáceis. Entre as crianças, inúmeras rusgas se resolvem sozinhas, os pais nem ficam sabendo, e é ótimo que assim seja. O bullying deve ser combatido, mas não dessa forma. O preço a pagar pela suposta segurança compromete a essência de uma das funções da escola, que é aprender a viver em sociedade sem os pais e a sua proteção, evocada pela presença da câmera. Na sala de aula e no pátio da escola cada um vale por si. É preciso aprender a respeitar e ser respeitado. Nós todos já passamos por isso e sabemos como era difícil. Não existe outra forma, é isso ou a infantilização perpétua. A transição da casa para a escola nunca vai ser amena. Essa proposta de vigilância não se ancora em razões pedagógicas, e sim na angústia dos pais em controlar seus filhos. Não creio que seja a escola que reivindica câmeras, mas quem a paga. São os pais inseguros que querem estender seu olhar para onde não devem. Existe uma correlação forte entre pais controladores e filhos imaturos, adolescentes eternos que demoram para assumir responsabilidades. É possível cuidar dos nossos filhos mesmo permitindo a eles experiências longe dos nossos olhos. A escola é deles, esse é o seu espaço e seu desafio. CORSO, Mário. Câmeras na escola. Zero Hora, 05/06/2013. (fragmento adaptado) TEXTO 2 1 Ninguém se surpreendeu com a notícia de que Washington possui um poderoso sistema de espionagem, mas a revelação de sua amplitude por Edward Snowden criou um escândalo planetário. Nos Estados Unidos, a novidade foi recebida com apatia. Estão distantes os dias em que as escutas telefônicas provocavam a ira da população. As revelações de Edward Snowden sobre a amplitude do programa de vigilância eletrônica da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) levantam a questão da intromissão das agências de inteligência dos Estados Unidos na vida dos cidadãos. Contudo, para além do registro de metadados a partir de linhas telefônicas e da navegação na internet, esse caso revela outra realidade, também preocupante: a maior parte dos norte-americanos aprova o controle das comunicações eletrônicas privadas. Esse consentimento perante a espionagem nem sempre existiu nos Estados Unidos. Algumas semanas antes do atentado de 11 de setembro de 2001, o jornal USA Today publicava a manchete: “Quatro em cada dez norteamericanos não confiam no FBI” (20 jun. 2001). Durante décadas, estudos sucessivos da Secretaria de Justiça mostraram a forte oposição da população às escutas telefônicas pelos poderes públicos. Entre 1971 e 2001, a taxa de desconfiança chegou a flutuar entre 70% e 80%. Mas os atentados contra o World Trade Center e o Pentágono e, em seguida, a guerra contra o terrorismo empreendida por George W. Bush mudaram o cenário e conduziram os norteamericanos a reconsiderar bruscamente a oposição secular à vigilância de cidadãos. Após um século de grande oposição, a sociedade norte-americana aprendeu a renunciar a seu direito à confidencialidade. Para grande parte da população – sem lembranças desse passado não muito distante –, o medo do terrorismo amplamente difundido e a promessa de respeito aos direitos dos “inocentes” tornaram-se mais importantes que as aspirações à proteção da vida privada e das liberdades civis. O “deserto do esquecimento organizado”, segundo a expressão do sociólogo Sigmund Diamond, deixa o caminho livre para aqueles que desejam manter a ordem estabelecida. PRICE, David. Caso Snowden: a história social das escutas telefônicas. (fragmento) In: www.noticiasdabahia.com.br, publicado em 21/08/2013. (Pucrs 2014). Analise as afirmações a seguir sobre a forma e o conteúdo dos textos 1 e 2, e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). 6 ( ( ( ( ( V V V F F ) O texto 1, mais subjetivo, fundamenta o ponto de vista desenvolvido em argumentos do senso comum. ) O texto 2, fortemente marcado no tempo, mobiliza conhecimentos prévios mais específicos do leitor. ) No texto 2, as sequências narrativas estão a serviço da argumentação. ) Ambos os textos valem-se da opinião de outros autores, por isso a polifonia é explícita. ) Ambos os textos são notícias, pois partem de um acontecimento particular para discutir questões mais amplas. V – V – V – F – F. Os dois últimos itens são incorretos, pois apenas o texto 2 se vale da opinião de outro autor e tanto a crônica quanto o artigo revelam a opinião de quem os escreve ITEM 02. (Enem 2011) – Múltipla escolha TEXTO 3 Os amigos são um dos principais indicadores de bem-estar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em outras áreas, a internet também inovou as maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreendem-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a primeira baseia na relação de reciprocidade, a segunda a) reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede. b) parte do anonimato obrigatório para se difundir. c) reforça a configuração de laços mais profundos de amizade. d) facilita a interação entre pessoas em virtude de interesses comuns. e) tem a responsabilidade de promover a proximidade física. [D] Da leitura do infográfico, depreende-se que a amizade virtual assimétrica permite uma maior interação entre pessoas com interesses comuns, pois pode-se adicionar qualquer uma sem anuência prévia, como se afirma em [D]. Texto 4 Poema Tirado de uma Notícia de Jornal (Manuel Bandeira) João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número 7 Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Item 03. A partir de uma análise atenta ao título e à forma como o autor estrutura a linguagem, explique como o poema preserva características que, normalmente, são inerentes ao gênero notícia. A forma como aborda o assunto é mais centralizada no acontecimento, com uma linguagem sintética e objetiva, por isso o poema nos remete às características próprias da notícia. Texto 5 Notcia de Jornal (Chico Buarque) Tentou contra a existência Num humilde barracão Joana de tal, por causa de um tal João Depois de medicada Retirou-se pro seu lar Aí a notícia carece de exatidão O lar não mais existe Ninguém volta ao que acabou Joana é mais uma mulata triste que errou Errou na dose Errou no amor Joana errou de João Ninguém notou Ninguém morou na dor que era o seu mal A dor da gente não sai no jornal Fonte: www.4shared.com Item 4 O jornal é um meio de comunicação de massa que transmite conteúdos genéricos e variados, no qual se publicam notícias e opiniões que abrangem os mais diversos interesses sociais. Partindo do referido conceito, explique o que motiva o eu-lírico a afirmar que “A dor da gente não sai no jornal”. A dor é um sentimento, sensibilidade subjetiva que está baseada na interpretação individual. Sendo o jornal, de modo geral, um veículo utilizado para transmitir conteúdos objetivos, impessoais e de interesse coletivo, não há espaço nele para a dor particular das pessoas. 8