1 Kant e a teoria do conhecimento Immanuel Kant nasceu em Königsberg, na cidade da Prússia oriental em 1724. Era filho de um seleiro e passou quase toda sua vida na cidade natal, na qual se dedicava majoritariamente aos estudos filosóficos, até falecer aos oitenta anos. Sua família era muito fervorosa na fé cristã, razão pela qual a convicção religiosa do próprio Kant foi um elemento muito importante para a sua filosofia, pois ele também pretendia salvar o fundamento da fé Cristã. Trabalhou como professor na Universidade de Königsberg e é indiscutivelmente um dos filósofos mais influentes de toda a história da filosofia. Na epistemologia elaborou uma síntese entre o racionalismo Immanuel Kant de René Descartes e Gottfried Leibniz e a tradição empírica inglesa de David Hume e John Locke. Acreditava que os racionalistas atribuíam uma importância exagerada à razão, enquanto os empiristas o faziam para a experiência dos sentidos. Para ele tanto os sentidos quanto a razão eram fundamentais para o homem e sua busca pelo conhecimento. Inicialmente, concordará com Hume de que os sentidos fornecem a base do que conhecemos e da percepção do mundo que vivemos. Mas também concordará com os racionalistas de que a razão contém pressupostos importantes para o modo de como percebemos o mundo e tratamos nossos conhecimentos. Kant irá determinar o tempo e o espaço como as formas da sensibilidade, fundamentais para a nossa percepção do mundo. Tempo e espaço são ferramentas da nossa mente e que só podem ser utilizadas na experiência. Tente imaginar alguma coisa que exista fora do tempo e que não tenha extensão no espaço. A mente humana não pode produzir tal ideia. O mundo só pode ser percebido a partir destas formas. Além das formas da sensibilidade, Kant irá dizer que para o conhecimento, será necessário o entendimento, uma faculdade da razão. O entendimento será o responsável por sintetizar e organizar tudo aquilo percebido pelas formas da Capa da obra Crítica da Razão Pura, 1781. sensibilidade. Se usarmos óculos com lentes vermelhas veremos todo o mundo a sua volta vermelho, mas isso não significa que tudo realmente seja vermelho. É essa alusão que Kant usa para exemplificar que os sentidos nos ajudam a perceber e conhecer o mundo, enquanto nossa razão nos fornece a capacidade para interpretarmos o que vemos e conhecemos. O homem possui, então, o guia da razão (entendimento) para lidar com suas percepções (possíveis a partir das estruturas de tempo e espaço), e justamente por isso, terá limitações no que consegue compreender. Sendo assim, questões como “a vida após a morte”, “o céu”, “o inferno”, e outras mais devem fazer parte de nossa vida e das nossas “eternas questões”, mas nunca o homem conseguirá realmente respondê-las de modo definitivo. Kant afirma que o fato de darmos importância à essas discussões não significa que temos a real intenção de respondê-las. Kant fará uma inversão na estrutura do conhecimento tal qual Nicolau Copérnico o fez em sua revolução astronômica: Segundo a teoria geocêntrica a Terra estava no centro do Sistema Solar, e os demais astros orbitavam ao seu redor. Catorze séculos depois, Nicolau Copérnico, elaborou uma outra estrutura do sistema solar, o Heliocentrismo, no qual a Terra e os demais planetas se movem ao redor de um ponto vizinho ao Sol, sendo este, o verdadeiro centro do Sistema Solar. Em sua epistemologia, Kant reformulou teorias lançadas anteriormente acerca do conhecimento humano. Nestas o sujeito deveria conformar-se ao objeto, esgotando suas tentativas de apreendê-lo em seu conhecimento. Verificando que todas estas tentativas acabaram por falhar, Kant propôs verificar a suposição de que, ao contrário, o objeto deve corresponder às capacidades de conhecimento do sujeito. Após esta longa investigação, concluiu que nunca chegaremos a conhecer a “coisa em si”, ou seja, aquilo que está além do campo fenomenológico da experiência. 1 Baseado em: GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 555p. http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant#Metaf.C3.ADsica_e_epistemologia_de_K ant (Acessado em 24 de outubro de 2011). http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Kant-KdrV-1781.png http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Immanuel_Kant_(painted_portrait).jpg