Curso de Verão SPP Infecções Cutâneas Parasitárias Gustavo Januário Hospital Pediátrico de Coimbra Caramulo - Junho 2012 Infecções Cutâneas Víricas Bacterianas Fúngicas STDs Outros Agentes Parasitárias Protozoários Artrópodes Vermes Doenças causadas por Protozoários Leishmaniose cutânea e visceral; Tricomoníase; Amebíase; Acantamoeba; Rhinosporidíase Doenças causadas por Artrópodes Insectos: Pediculose (capitis, corporis, pubis); Cimex; Baratas; Pulgas; Mosquitos; Vespas; Borboletas... Aracnídeos: Ácaros; Carraças; Aranhas; Escorpiões Doenças causadas por Vermes Nemátodes: LMC; Enterobíase; Ascaríase; Estrongiloidíase; Tricuríase; Tricinose; Ancilostomíase; Filaríase; Loíase; Oncocercose; Dracuncolíase Platelmintas: Tremátodes (Bilhardíaze; Prurido do nadador); Céstodes; Anelida Doença causada por um grupo heterogéneo de parasitas protozoários que pertencem ao género Leishmania. Transmitida por mosquito fêmea Phlebotomus (Lutzomyia) grande variedade de síndromes clínicos distintos ( > 20 espécies) A Leihsmaniose cutânea é endémica > 80 países 12 milhões casos, 2 milhões novos casos/A 90% casos Afeg., Algéria, Brasil, Paq., Perú, A.Saud., Síria Ciclo de Vida Síndromes cutâneo/mucosos Leishmaniose cutânea localizada (LCL) Leishmaniose cutânea difusa (LCD) Leishmaniose recidivans Leishmaniose mucosa Leishmaniose cutânea localizada Após inoculação por picada +oria infecções permanece assintomática Nalguns casos, após PI 1-12S, nas zonas expostas pele Pápula avermelhada Lesão característica é úlcera indolor com margem elevada/infiltrada e base necrótica com tec. granulação Ø 0.5-3 cm. Pode haver adenopatias localizadas. +oria tem 1-2 lesões mas podem ser múltiplas Se dor infecção bacteria 2ária Leishmaniose cutânea localizada Tipica/ resolução espontânea M/A cicatriz residual deprimida/ hipopig. Tipo leishmania e R. imune hospedeiro L. major 50% cura em 3M L. tropica cura em 1A L. brazilienesis persistência Resolução natural R parcial a re-infecção (trata/ Ø imunidade subseq.) Alguns nas zonas endémicas evitam trata/ precoce (wait-and-see) Leishmaniose Cutânea Localizada Velho Mundo Novo Mundo L. major L. braziliensis L. tropica L. guyanensis L. aethiopica L. mexicana L. Infantum (+++LV) L. panamensis L. peruviana L. Chagasi (+++LV) Leishmaniose cutânea difusa (LCD) Rara; +++ L. aethiopica, L. mexicana e L. amazonensis Lesão 1aria não ulcera disseminação progressiva amastigotas para M Ø de outros locais da pele ↓/defeito na imunidade celular ? Nódulos ou placas (+++ face ou superfícies extensoras membros) Nódulos cutâneos generalizados ↑ em M/A deformidades (DD Lepra lepromatosa) Curso crónico/progressivo ou recidivante ? Trata/ de lesões q n/curam evita LCD Leishmaniose recidivans Rara; Médio- Oriente; +++ L. tropica Novas lesões q surgem no mesmo local que uma cicatriz antiga ou lesões de crescimento lento com cura central Após cura lesão 1aria alguns organismos persistentes podem causar novas pápulas que se formam nas margens cicatriciais. Esta pápulas podem ulcerar, curar e reaparecer durante décadas Resp. imune celular boa poucos parasitas na lesão Leishmaniose mucosa Exclusiva/ Novo Mundo +++ L. braziliensis (Amazónia Boliviana) M a A após resolução lesão 1aria cutânea recurrência em localização mucosa (disseminação H ou L) = “Espundia” Risco 1-5% de lesão mucosa após lesão 1aria a L.braziliensis 50% das lesões mucosas ocorrem nos 3 1os A após ulcera 1aria (restante décadas após) Erosões superfícies mucosas +++ nariz; septo nasal, cavidade oral Faringe, palato, epiglote, laringe, cordas vocais,traqueia, genitália Perfuração do septo nasal (ulceração); destruição do palato; hemorragia mucosa; odinofagia/disfonia; SDR; desfiguração; aspiração e morte Diagnóstico Leishmaniose cutânea = demonstração da presença de parasitas Zonas endémicas clínico treinado+lesão típica+HC de exposição Sobre/subdiagnóstico tratamento (tóxico) desnecessário Obtenção de tecido cutâneo Biópsia “punch 3mm” exame directo; histologia; cultura (4S) Espécie Raspagem/curetagem lesões Aspiração por agulha do bordo lesão Serologia +++ LV/mucosa (imunocomp.) negativo na L. cutânea PCR permite identificação espécie; monitorização após tratamento Acs monoclonais Teste cutâneo Montenegro (Leishmanin skin test) 70% pop. Zona endémica + Tratamento Leishmaniose cutânea Decisão individual ( ≠ na LV/mucosa) Lesões auto-resolutivas; apresentação variada e diversa Ø tratamento óptimo (Ø RCT eficácia) Fármacos q são eficazes nalgumas regiões endémicas n/ o são noutras Princípios orientadores “wait-and-see” + Zonas endémicas, resolução espont. + desenv. Imuni. Tratamento activo Lesões múltiplas/persistentes; locais imp. funcional ou cosmética Linfangite associada Local lesões precoces n/inflamadas; Sistémico lesões múltiplas/complicadas Tratamento Leishmaniose cutânea Derivados dos Antimoniais Pentavalentes (+++) 20 mg/kg/dia; 20–28 dias consecutivos Stibogluconato Sódio; Antimoniato de Meglumina (Glucantime®) Anfotericina Anfotericina B/lipossómica é útil na doença cutâneo/mucosa sem resposta aos derivados antimoniais. +++LV Miltefosine Oral; Parece ser eficaz na LCL e na LM LM (Peru) 2.5 mg/kg/dia, 28D; L.braziliensis; 83% cura na D. ligeira e 58% na extensa (≈ derivados antimoniais) LCL 2.5 mg/kg/dia, 28D Colómbia (+++L. panamensis); cura 91% vs 36% placebo; Guatemala (+++L.braziliensis e mexicana); cura 53% vs 21% placebo Tratamento Leishmaniose cutânea Tratamento Leishmaniose cutânea Artópodes : > filo reino animal 80% total espécies Simetria bilateral, corpo segmentado, membros articulados Classes: Insecta; Arachnida (ordens: Acari, Aranei, Scorpiones) Interacção numerosa entre artropodes e humanos Alguns são ectoparasitas permanentes vivem e reproduzem-se na pele, altamente adaptados e específicos do hospedeiro piolhos e ácaros (+++ S.scabiei) Outros são ectoparasitas acidentais/ temporários vivem noutros animais (cão e gato) mas podem atingir e causar lesões nos humanos mas não se reproduzem nestes Sarna dos cães e gatos Outros podem depositar os seus ovos na pele Míiase Pediculose Pediculus humanis var. capitis Pediculus humanis var. corporis Phthirus pubis Pediculose capitis Corpo achatado 1-3 mm comprimento 3 pares de patas com garras Boca adaptada para sucção sg humano Opérculos na superfície ext. 3 mm Ø salto/voo (electricidade estática) rastejam fornecimento 02 velocidade deslocação 23 cm/m. (330 m/d) Parasita humano exclusivo morre após 15-20H fora do couro cabeludo por desidratação Pediculose capitis No couro cabeludo +++ região occipital/retro-auricular Temp. e Humidade favoráveis Vive em média 30D Fêmea adulta deposita 10 ovos/D (Lêndeas) Aderem ao seg/ prox. das hastes pilosas Eclosão das ninfas ocorre 6-10D após postura dos ovos Eclosão piolho maduro (sexual/ activo) = 912D Pediculose capitis Infestação prurido HS à saliva do piolho que é libertada Desatenção, alt. Sono, sobreinfecção “incubação” = 2S (6, 13). Morbilidade Psicológica (conotação negativa) Pediculose capitis - Diagnóstico Gold standard = detecção ≥ 1 piolhos vivos Difícil piolhos evitam luz/mto rápidos Falsos + caspa, crostas, sujidão... Pente de dentes finos pode ser útil Lêndeas nas hastes de cabelo a > 1cm do couro cabeludo são inviáveis (Ø embrião) Presença de ovos (lêndeas) na Ø conteúdo não significa infestação activa Pediculose capitis – Tratamento Princípios gerais Não iniciar trata/ sem diagnóstico evidente Trata/ ideal seguro, Ø químicos nocivos, disponível, fácil de utilizar, barato Ter em conta padrões locais de resistência Loções de permetrina a 1% + Remoção dos piolhos e lêndeas viáveis com pentes de dentes finos Pediculose capitis - Tratamento Pediculose capitis - Tratamento Pediculose capitis - Tratamento Ácaro fêmea adulto ~ 0.4 mm Ø (macho ½) 4 pares de patas (fase larva 3 pares) Fêmea Macho Larva 0,3- 0.45 mm 0,2- 0.25 mm Parasita humano obrigatório ciclo de vida exclusiva/ humano Distribuição global (300 milhões de casos/A) I ↑ciclos 20A? Todos os grupos socioeconómicos e étnicos +++ crianças e Endémica áreas tropicais/subtropicais Países industrializados Casos esporádicos VS Surtos instituições (+++ idosos) FR: pobreza, overcrowding (+++partilha leito), malnutrição, higiene pobre 2.5 cm/min. > nº parasitas > possibilidade de transmissão +++ contacto pele-pele directo (“hand-holding” prolongado, partilha leito, relação sexual, etc.) doméstico Infestação secundária doméstica = 30-50% Contacto casual rara/ imp. (+++ prestadores cuidados em lares) Fomites raro Fora do hospedeiro ↓ sobrevivência mas infecciosidade 24-36H (21ºC e H 40-80%) ↓ T e ↑ H = ↑ sobrevivência (10ºC e 97% H infecciosidade >1S) Mas < 20ºC Ø movimento e incapacidade de penetrar pele Se T=34ºC morrem em >24H (independente/ H) Prevenção Evicção escolar até ao tratamento Tratar contactos Desinfestação roupa e lençois Acaro fêmea gravida Enzimas Galeria c. córnea Sensibilização Postura dos ovos 1 -10% Larvas ninfa Copulação adulto Ag Pro-inflam. Sarna Crostosa/Norueguesa variante rara falha R do hospedeiro proliferação dramática do ácaro no passado quase exclusivo da T21 (+++ institucionalizados e em forma de epidemias) Lares, cuidados continuados, imunossupressão (iatrogénica, +++HIV) Mm2 de pele milhares de ácaros. Resposta hiperqueratótica com escama espessas mimetizando psoríase. Crostas aderentes nos cotovelos e joelhos e nas mãos e nos pés. A face e o couro cabeludo tb atingidos. Tratamento difícil Sarna nodular reacção imunológica persistente ao estímulo alérgico do ácaro pápulas ou nódulos vermelho-acastanhados, vários cm de diâmetros Crianças qq local do corpo Adultos quase sempre limitados axilas ou genitais masculinos Tratamento: CT tópicos Prurido pós-escabiético persistência do prurido após tratamento eficaz efeitos xeróticos do tratamento e das lavagens repetidas reacção alérgica continuada ao ácaro morto/seus dejectos que são lenta/ eliminados pela exfoliação epidérmica natural Todos os doentes devem ser informados que o prurido pode persistir até 2S após completar tratamento Persistência prurido > 2S R ao trata/ Re-infecção (família, fomites) Alergia medicamentosa Acarofobia/”parasitismo” “Morgellons disease” - Tratar sempre toda a família e contactos próximos (parceiros sexuais dos últimos 30 dias) Perigo de efeito “ping-pong “uma X que os assintomáticos são infecciosos -Tratar todos na mesma noite. Aplicar a preparação tópica em todo o tegumento cutâneo (da cabeça aos pés) nas crianças. Em adultos excluir a face e o couro cabeludo. Atenção Dedos dos pés/mãos, região sub-ungueal, espaços interdigitais, região genital, sulco intergluteo e umbigo. Re-aplicar nas mãos se lavadas. - Reduzir potencial de re-infestação por fomites Na manhã seguinte ao tratamento as roupas, toalhas, travesseiros e lençois da cama usados na semana anterior podem ser lavadas a quente (60º) e secas ao sol ou a seco; As roupas que não puderem ser lavadas saco de plástico bem fechado por 7-10 dias (ácaros não sobrevivem > 5D). Os animais não precisam de ser tratados - Dependo do medicamento escolhido pode ser necessário repetir tratamento. FÁRMACO PERMETRINA 5% LINDANO 1% CROTAMITON POSOLOGIA RISCO 8-12h noite • 2ª apl 1 sem depois • 8-12h noite • 2ª apl 1 sem depois • • BENZOATO DE • Nix® 1% MUITO BOA neurotoxicidade • grávidas • crianças < 2 anos • ® 1% Sarcoderma MUITO BOA Muito baixa Eurax® 10% Anti-pruriginoso 2 noites consecutivas 3 noites consecutivas EFICÁCIA • dermite de contacto Acarilbial® 27.7% Baixa BENZILO IVERMECTINA ENXOFRE 3-10% 200 µg/Kg po • dias 1 e 7-14 • 3 noites consecutivas • 2º tto 1 sem depois • grávidas • crianças < 15 Kg • Excelente Manipulado Manipulado MUITO BOA Larva migrans cutânea Dermatose tropical adquirida + frequente Larvas nemátodes do cão (+++) e do gato Ancylostoma braziliense e caninum Contacto pele solo/areia contaminada Ovos nas fezes de animais contaminados eclodem no solo Maturação em larvas 3ºG penetram na pele e migram pela epiderme penetrando por X profunda/ Larva migrans cutânea “creeping eruption” Erupção cutânea, serpiginosa, eritematosa Intensa/ pruriginosa +++ MI e Região nadegueira, MS, mãos e face Lesão patognomónica = túnel serpiginoso com prurido intenso associado Larva migrans cutânea Migração da larva pele (mm-cm/dia) trajectos serpiginosos e bolhosos Actividade larvar mantém-se S a M pára espontanea/ Rara/ (se inóculo parasitário mto elev. ) seguem-se às lesões cutâneas: Pneumonite (S. Loeffler) potencial/ grave Miosite Enterite Eo (larvas atingem intestino) Larva migrans cutânea – DIAGNÓSTICO Na +oria das X Clínico Bx infiltrado inflamatório EØ mas Ø de visualização parasita Por X eosinofilia e ↑ IgE sérica Se pneumonite (rara) larvas na expectoração e aspirado gástrico Western blot e PCR A.caninum (investigacional) Larva migrans cutânea – TRATAMENTO Cura espontânea em S-M Anti-helmínticos Prurido resolução 24-72H Anti-H1 + CT tópicos Tractos serpiginosos resolução 7-10D Albendazole 400 mg/dia po; 3D Ivermectina 200 mcg/kg/dia po; 1–2D AB orais se impetiginização 2aria/celulite