Verdade e Método - Revista Filosofazer

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Experiência e historicidade como
base da compreensão da
hermenêutica filosófica
em Verdade e Método
Lionara Fusari*
Resumo: Este artigo aborda a ideia de experiência e historicidade na obra
Verdade e Método de Hans-Georg Gadamer. Em um primeiro instante
se faz uma análise de como possivelmente Gadamer poderia ter sido influenciado até elaborar sua obra. Já no segundo momento, se trabalha a
questão da realização da experiência e a elevação a um meta-nível cognitivo da experiência e da historicidade, em que esses dois componentes
são destacados como importantes para a compreensão e a realização de
uma hermenêutica filosófica.
Palavras-chave: Experiência. Historicidade. Compreensão. Hermenêutica filosófica.
O primeiro momento do texto, um movimento descritivo-histórico
que visa abordar as influências exercidas sobre Hans-Georg Gadamer e
sua obra Verdade e Método. Na segunda parte do texto se passará a um
nível analítico-interpretativo que abordará o conceito de “experiência”
e “historicidade” como base para compreender a visão exposta na obra
gadameriana sobre hermenêutica filosófica.
* Doutoranda em Filosofia na PUCRS.
Revista Filosofazer. Passo Fundo, n. 41, jul./dez. 2012
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I
A obra Verdade e Método, bem como praticamente todas as obras
filosóficas, nasce da conjugação de elementos atrelados à tradição e ao
desenvolvimento de uma historicidade. Por tantas vezes se pressupõe que
obras como essa surgem de uma geração espontânea a partir da mente
do autor que a escreve, no entanto, é imprescindível destacar que isso
não ocorre e que a elaboração de um livro significativamente inovador
somente acontece conectada a diversas outras obras (fatos, experiências,
leituras, ...), nas quais foram focalizados pontos que deixavam algum espaço, um interstício, para que algo mais fosse dito, para realizar alguma
superação. Em relação à obra gadameriana não poderia ser diferente,
pois sua originalidade como visão filosófica não surgiu espontaneamente e com total independência dos demais escritos filosóficos. O que se
quer salientar nessa primeira parte deste ensaio é que a originalidade de
Gadamer embasa-se e conecta-se ao pensamento de muitos outros pensadores e como o autor elabora seu trabalho sob as fortes influências que
vários autores exerceram sobre ele. O coração de Verdade e Método está
completamente ligado à superação de ideias previamente apresentadas
(e pensadas como definitivas, insuperáveis, e sem possibilidade de nenhum melhoramento) em diversas outras obras. Tendo isso em vista, é
imprescindível abrir um espaço para a contextualização de como Gadamer provavelmente foi influenciado até concretizar a obra que marcou a
filosofia contemporânea na dimensão filosófica interpretativa.
Por isso, o nosso artigo inicia trazendo presente Friedrich Schleiermacher que, segundo a perspectiva de Gadamer, “[...] foi o primeiro que,
impregnado pelo espírito do romantismo, concedeu o espaço mais amplo à problemática do compreender” (GADAMER, 1995, p. 134) e parece
ser o indivíduo chave a influenciar a composição de Verdade e Método,
pois se não tivesse sido por ele provavelmente não teria se desenvolvido
o método hermenêutico. “Scheleirmacher foi o autor que deixou muitas
passagens em sua obra onde se observa o nascimento da hermenêutica,
na passagem do modo de pensar da dialética para novas formas de pensamento” (STEIN, 2010, p. 3). O presente autor foi presença decisiva na
história da filosofia para que a hermenêutica ganhasse espaço filosófico
e se desenvolve como novo modo de compreensão filosófica. Tanto que
“[a] análise que Schleiermacher fez da compreensão e expressão relacionada a textos e à fala marca o início de uma hermenêutica no sentido
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moderno de uma metodologia científica” (AUDI, 2006, p. 458). O que
Schleiermacher tinha como objetivo era “compreender cada pensamento ou cada expressão a partir da totalidade de um ‘contexto de vida’ da
qual ela surge” (ORTIZ-OSÉS; LANCEROS, 1997, p. 296). Foi a partir
dessa ideia-chave de “totalidade” que se iniciou o processo revolucionário interpretativo na filosofia, que não buscava explicações apenas
teóricas para o que queria compreender, mas visitava e visava o contexto de certa “vida” interpretada para de lá haurir informações mais
abrangentes para formar um entendimento filosófico. Esse autor definiu
a hermenêutica como a “reconstrução histórica e advinhatória, objetiva
e subjetiva de um discurso dado”, acentuando que é preciso colocar-se
dentro do autor, ambientar-se a sua situação e intenção, a seu mundo de
pensamento e representação (ORTIZ-OSÉS; LANCEROS, 1997, p. 297).
Também influenciado por Schleiermacher (e outros pensadores),1
aparece na cena filosófica Wilhelm Dilthey que inicia um movimento
revolucionário filosoficamente falando (e depois tem sua parte de influxo
na obra de Gadamer). E com Dilthey aparece uma metodologia interpretativa.
Essa ênfase na metodologia continua no historicismo do século
XIX e culmina na tentativa de Dilthey de fundamentar as ciências humanas numa teoria da interpretação, entendida como o
restabelecimento imaginativo, mas publicamente verificável das
experiências subjetivas de outros (AUDI, 2006, p. 459).
Em sua obra A essência da Filosofia (1907), Dilthey afirma que
o método das ciências do espírito consiste na correlação constante das vivências e dos conceitos. [...] Nesta consciência
não deve haver nenhum conceito que não se tenha formado em
toda a plenitude do reviver histórico; não deve haver nada geral
que não seja a expressão essencial de uma realidade histórica
(DILTHEY, 1952, p. 76-77).
Nesse livro Dilthey está descrevendo, “[...] a filosofia da segunda metade do século XIX como uma ‘filosofia da vida’ (não porém no
sentido de uma metafísica vitalista que encontra aí o seu termo mas no
sentido de uma reflexão sobre a existência que renuncia a toda a preten1 Ver mais sobre essa influência em ORTIZ-OSÉS; LANCEROS, 1997, p. 296-297.
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são ‘científica’, de validade e de fundamentos)” (VATTIMO, 1990, p. 10).
Dessa passagem infere-se que ocorre muito mais uma valorização da
dimensão subjetiva e intersubjetiva dos indivíduos, e das experiências
realizadas pelos mesmos, do que uma hiper-valorização da metafísica
ou da ciência crescente da época. “Ora, sabe-se que, com Dilthey, que foi
grande teórico dessa metamorfose (se não foi seu autor), o conceito de
Erlebnis [experiência] se torna o conceito fundamental das Geisteswissenschaften [ciências do espírito]” (WAELHENS apud STEIN, 2010, p.
5).2 E é partindo da Erlebnis (experiência), no contexto das ciências do
espírito, que Gadamer desenvolve sua hermenêutica filosófica.
Aparece no contexto dos que influíram diretamente sobre Gadamer, no começo do século passado, (além dos demais pensadores) o tão
expressivo Martin Heidegger3 – que também foi influenciado por Dilthey muito mais do que ele admite ou torna explícito em suas obras ou
desenvolvimento filosófico. Assim se dá que Gadamer, como aluno de
Heidegger, sofre influência do próprio mestre e desses pensadores acima
citados também passa a fazer suas análises a partir da perspectiva de
uma reflexão sobre a existência do indivíduo, tal como uma filosofia da
vida – que não permanece apenas na dimensão ontológica, mas que se
eleva a um nível interpretativo questionador e esclarecedor do próprio
ser que está interligado ao que ele escreve e experimenta e que se traduz
em perspectiva filosófica interpretativa. Tendo isso em vista, essa filosofia da vida, essa reflexão existencial, é que passa a conduzir a filosofia
nascente do século XX e a obra gadameriana.
É salutar verificar que na obra Verdade e Método “a intenção da
hermenêutica será esclarecer esse pano de fundo da verdade que está
no acontecer da obra de arte, no acontecer da história e no acontecer da
linguagem” (STEIN, 1996, p. 73). E além desse esclarecimento, a hermenêutica gadameriana possui um aspecto crítico, em que sua tarefa “[...]
consiste também no fato de corrigir um pensamento errado das ciências
do espírito sobre si mesmas” (STEIN, 1996, p. 77). Além disso,
2 Para maiores aprofundamentos ver WAELHENS, 1962.
3 Como se pode perceber no livro El giro hermenéutico (1995, p. 127), Gadamer afirma que “foi sobretudo em Karl Jaspers e Martin Heidegger onde se uniram muitas
das linhas que partiam da fenomenologia de Husserl e do pensamento histórico de
Dilthey”.
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a hermenêutica de Gadamer, metamorfoseada pela operação de
libertação da “intenção ontológica”, passa a tornar-se substantiva e se assume como uma área do conhecimento, área que se diz
filosófica, na expressão “hermenêutica filosófica”, e é constituída
pela experiência hermenêutica do sentido (STEIN, 2002, p. 30).
Isso significa que Gadamer propicia à hermenêutica uma autonomia que antes ela jamais teve, pois ela era somente representação instrumental a serviço de várias outras áreas. “A elevação da hermenêutica a
uma doutrina filosófica fundamental” (STEIN, 2002, p. 31) (e eu diria
a uma percepção teórica primordial), que pode se chamar de ascensão
teórica global, é que faz da hermenêutica um centro autônomo do pensar, especialmente ao refletir sobre a questão interpretativa-existencial
como uma que elabora o conhecimento embasado na experiência (na
facticidade) e não apenas nas bases teóricas transcendentais. E esse conhecimento embasado na facticidade, na experiência, se produz por
meio da “reflexividade’ do sujeito. “O conhecimento é, então, reflexão,
saber reflexivo. Isto é a relação consigo mesmo do conhecimento contido no conceito de reflexão” (STEIN, 2002, p. 31). A relação estabelecida
consigo mesmo através da reflexão produz conhecimento, tal que esse
último se expressa em um saber reflexivo que pode ser chamado de hermenêutica filosófica (como se verá mais adiante). Em Verdade e Método
“Gadamer acertou com esse seu projeto a mais coerente interpretação de
como devemos compreender a condição humana na história e na natureza” (STEIN, 2010, p. 15). Ao compreendermos a condição humana e o
que a constitui e circunda de uma forma diferenciada também abre-se
o espaço para nova concepção e consolidação de uma episteme que seja
inovadora.
Desse modo, o que se quer ressaltar é que Gadamer bebeu em muitas fontes, e serviu-se de muitas vertentes para chegar e assinalar a elevação da hermenêutica a uma dimensão filosófica, que se traduz por
um acontecer e desenvolver-se contínuo na cotidiania da existência. Em
Verdade e Método “[...], a filosofia se transforma em explicitação, isto é,
em hermenêutica universal da existência humana na cultura” (STEIN,
2010, p. 16). E a explicitação foi a maneira que Gadamer encontrou de
filosofar interpretando universalmente o ser inserido na cultura – que se
move segundo panoramas teóricos diversificados – sem com isso buscar
uma fundamentação justificadora decisiva. E essa dimensão hermenêuRevista Filosofazer. Passo Fundo, n. 41, jul./dez. 2012
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tica que o autor traz ao horizonte filosófico focaliza a experiência como
componente decisivo para o filosofar (junto com outros aspectos, tais
como historicidade, fusão de horizontes, ...).
II
O que se quer assinalar nesta segunda parte do trabalho é o aspecto
da experiência que, durante a leitura de Verdade e Método, nos chamou
bastante atenção, e que foi valorizada pelo autor dessa obra de um modo
não apenas empirista, mas dando uma importância que a elevava a um
meta-nível, tal como a um patamar hermenêutico filosófico em que a
interpretação não permanecia mais apenas em um único nível reflexivo, porém se colocava, pelo menos, em dois níveis reflexivos diferentes.
“A obra de Gadamer é uma obra de muitos níveis. [...]. É claro que na
hermenêutica filosófica de Gadamer aparece a temática da finitude, a
temática da historicidade. Mas o conceito central de Verdade e Método é
a expressão: experiência” (STEIN, 1996, p. 69-70). Dessa ideia principal
se quer salientar que
[a] experiência é justamente a expressão com que Gadamer procura nos sugerir que temos uma possibilidade de representação
ou de descrição de uma totalidade e essa totalidade é totalidade da experiência de mundo. Há, portanto, um universo fundamental do ser humano que pode ser descrito por essa experiência
(STEIN, 1996, p. 70).
E com esse aspecto de totalidade Gadamer conduz sua reflexão
sobre a experiência para mostrar que, em sua hermenêutica filosófica,
filosofia e a existência incluem-se mutuamente, isto é, não se encontram
cindidas – como por muito tempo a tradição filosófica veio fazendo, em
que se separou a razão da experiência e passou-se a evidenciar somente
a razão ou apenas a empiria separadamente.
“A Erlebnis [experiência] se encontra no centro do problema entre
as impressões do sujeito e a sua vida, das relações entre obra de arte e seu
mundo, das relações entre obra de arte e sujeito criador ou espectador”
(WAELHENS apud STEIN, 2010, p. 5). E pode-se afirmar mais, que a
experiência se encontra no centro da cena entre filosofia e a experiência
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vivida, em que se percebe que se a experiência for deixada de lado a filosofia torna-se apenas um esqueleto teórico de difícil acesso.
Assim, nesse segundo momento do trabalho, o que se quer é abordar a questão da experiência que propicia ao homem compreender sua
existência e, consequentemente, ingressar em uma dimensão hermenêutica filosófica. Esse ponto abrangente será abordado em dois momentos:
1) no primeiro, aquele em que se faz imprescindível a realização da experiência, e o outro 2), o segundo, em que é primordial elevar-se a um
meta-nível de cognição, em que se reconhece o já vivido por meio da
historicidade.
A realização da experiência
Gadamer ressalta muito bem que “a verdade da experiência contém sempre a referência a novas experiências” (GADAMER, 1997, p.
525). Isso significa que na medida em que alguém não dogmatiza uma
experiência e nem se estagna no processo de abertura de realização de
novas experiências, esse indivíduo vive a possibilidade de construir a
compreensão da historicidade de sua própria existência e, desse modo,
fazer filosofia interpretando sua própria trajetória (social, pessoal, existencial etc.).
A experiência (embasada na facticidade), que está pressuposta em
uma hermenêutica filosófica, é aquela em que se assume a historicidade de uma trajetória e se tem a capacidade de interpretá-la, pois pela
dinâmica auto-interpretativa de si é que se alcançam recursos (cognitivos e chaves de leitura) que permitem aproximações de horizontes entre
vida e textos filosóficos. Gadamer (1997) fala em fusão de horizontes,
em Verdade e Método, mas não acredito que se dê uma fusão. Entretanto, parece-me que existe somente uma aproximação de perspectivas,
de horizontes, pois se houvesse uma fusão de um texto que se lê então
o próprio texto teria que “encarnar” a leitura que alguém faz dele; no
entanto, um texto é sempre aberto e sempre permite que novas leituras,
interpretações e aproximações sejam feitas em relação a ele (quando outro sujeito se aproxima do mesmo).
É sempre relevante destacar que o conceito de “experiência” sobre
o qual Gadamer faz sua abordagem (1997) não é aquele relativo a uma
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experiência que ensina sobre algo, mas é a experiência em seu todo; significa que “a experiência é aqui algo que faz parte da essência histórica
do homem” (GADAMER, 1997, p. 525). Nessa via, as variadas e múltiplas experiências, em que há uma integração entre elas de modo a se ter
um fio condutor que perpassa e interconecta o que foi sendo experimentado, consolidam-se na historicidade. É por meio de um acúmulo das
experiências, que passam a se somar e contribuem para realizar uma
interpretação, que a historicidade ganha um sentido hermenêutico dentro do todo da vida. A interconexão de experiências, pelo acúmulo das
mesmas, se dá na medida em que ocorre a soma do que já foi acrescido
com uma nova percepção em relação àquilo que não foi pensado ainda.
Essa leitura que vê como um fio condutor pressupõe que por mais que
pareçam desligadas as experiências umas das outras (na historicidade
da trajetória de um ser humano), se analisadas detalhadamente as cadeias de vivências de alguém, se verá que elas conduzem umas às outras
progressivamente e propiciam interpretações filosóficas.
Na leitura da obra gadameriana, o que se percebe é o aspecto indispensável da realização da experiência que concretize uma condição
de possibilidade de adentrar, interpretar e conhecer um texto (uma circunstância, uma tradição, ...) através da via hermenêutica, que ganhou
em Verdade e Método o status de reflexiva e crítica (isto é, filosófica).
Esse adentramento cognoscitivo em um texto acontece para penetrar no
estado de espírito das coisas, e nesse adentrar se pressupõe a experiência
que se autocompreende a partir da reflexão no (e sobre o) contexto (na
facticidade) em que se encontra, pois
[p]enetração de espírito é mais que conhecimento deste ou daquele estado de coisas. Contém sempre um retorno de algo em
que estávamos presos por cegueira. Nesse sentido, implica sempre um momento de autoconhecimento e representa um lado
necessário que chamamos experiência num sentido autêntico
(GADAMER, 1997, p. 526).
Penetração de espírito no sentido hermenêutico é relativo ao modo
de ver e compreender aspectos dentro de um todo. Além disso, a compreensão hermenêutica filosófica é perpassada pela penetração do espírito
que se inicia com o autoconhecimento, que se desenvolve processualmente na trajetória dos fatos na historicidade. Penetrar compreensivamente
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produz uma visão englobante que mais profundamente ou superficialmente pressupõe as experiências vivenciadas na historicidade. E essa
penetração de espírito não apenas nos lança para frente, como nos faz
revisitar as circunstâncias sobre as quais nos encontrávamos temporariamente “cegos”, desprovidos dos atributos de apropriação do conhecimento. Esse adentrar da compreensão é como um voltar-se sobre si, com
o objetivo de reconhecer o que experienciamos até então (na historicidade) com o intuito de se autoconhecer – destacando que aquilo que se
modifica, nesse autoconhecimento, é a interpretação sobre o fato, e não
o fato em si. E a experiência autêntica ela não representa algo, mas ela é
a própria vivência verdadeira que o sujeito realiza (independentemente
das circunstâncias que o rodeiam). Percebo que a penetração de espírito desarticula a pretensa “cegueira” (ou diríamos um obscurecimento
do conhecimento) e possibilita uma visão autocognoscitiva das próprias
experiências com uma interpretação mais aprimorada. No mesmo viés,
a hermenêutica filosófica, como penetração interpretativa, permite realizar o reconhecimento do que é real nas próprias experiências – reconhecimento que se faz através da reflexão e inquirição filosófica e que
possibilita rever os mesmos fatos sob outras perspectivas.
Por conseguinte, é válido destacar que a autenticidade da experiência vivida independe das circunstâncias em que a mesma ocorre, pois
ela será a experiência verdadeira do indivíduo, apesar de quaisquer componentes (internos ou externos) que estejam a influenciá-lo. Além disso,
independentemente do modo como uma experiência ocorra (forjada,
forçada ou de outra maneira qualquer), ela é uma circunstância única
e verdadeira que aquela pessoa realiza e possivelmente a mesma experiência poderá ser integrada como elemento de interpretação da historicidade. Logo, através do autoconhecimento das experiências – que se
dá sob uma compreensão diferenciada da anterior – abrem-se passagens
reflexivas de níveis diferenciados que propiciam refletir a reflexão sobre
a experiência, significando uma elevação a um nível distinto de análise
e percepção filosófica – que é exatamente o nível em que a hermenêutica
gadameriana coloca-se, que é o de analisar a análise, elucubrar sobre o já
cogitado e, por conseguinte, propiciar conhecimento a partir do vivido.
Assim sendo, é a experiência (o vivido) que propicia o conhecimento,
que provém da reflexão e essa reflexão resulta da interpretação filosófica
a partir da facticidade conectada à historicidade.
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Elevação a um meta-nível cognitivo
Pressupondo o que já acima foi abordado, o ponto central que mais
chamou a atenção na obra de Gadamer é que: “a verdadeira experiência
é aquela na qual o homem se torna consciente de sua finitude” (GADAMER, 1997, p. 527). No meu ponto de vista, essa frase resume Verdade e
Método, pois o que o indivíduo faz ao tomar consciência de sua finitude
é, em geral, abrir o seu olhar para a amplitude da vida que o circunda
e para si mesmo, lendo e interpretando o modo como ele está e age no
mundo, e, por fim, compreendendo como ele se conecta ao que pensa e
ao que concretiza. Em minha perspectiva, é através dessa consciência da
finitude que a hermenêutica filosófica ganha amplitude e abre espaço
filosófico, pois vejo que aquilo que Gadamer pretendia mostrar com tão
ampla e rica obra era que ao indivíduo não basta ser detentor de uma
tekne para interpretar o que já foi escrito (e vivenciado) e o que será escrito (e experienciado) se ele primeiro não conseguir se hermeneutizar,
isto é, se auto-interpretar com uma percepção filosófica. O sucesso e a
efetivação do que se interpretará dependerá da própria auto-compreensão envolvida pela facticidade da historicidade.
A hermenêutica implica que aquele que irá interpretar algo já possua, no mínimo, uma experiência cognoscitiva (conteúdos) que o habilite a decodificar algo. No que diz respeito à hermenêutica filosófica,
ela não se efetiva unicamente por meio do conhecimento intelectual,
mas requer uma experiência – que traduza se aquilo que está se avaliando intelectualmente possui uma correspondência no mundo. É sempre
bom lembrar que Gadamer ao adjetivar a hermenêutica como “filosófica”
provavelmente ele se deu conta, com boa clareza, de que se a interpretação não estivesse unida à vida, à existência individual, ela faria pouco
sentido. Todavia, o que pressupõe a interpretação?
Interpretação pressupõe uma pré-compreensão determinada historicamente, um horizonte; ela envolve uma “fusão de horizontes”, os horizontes do passado e do presente. Nós não podemos
estar certos que nossa interpretação é correta, ou melhor do que
interpretações prévias. Nossa interpretação, e nosso veredicto sobre interpretações prévias, está aberta à revisão futura. Ao
interpretar um texto passado nós exploramos nossa própria pré140
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-compreensão muito mais do que o texto ele mesmo (INWOOD,
1998, p. 388). 4
Já falamos anteriormente em aproximação de horizontes, pois o
indivíduo e o texto não se tornam um só. Por isso o que parece é que
Gadamer quer dizer com “fusão de horizontes” (usando a expressão gadameriana) é uma integração de lados, entre aquele do texto e do leitor,
mas em que ambos não se dissolvem em único resultado, pois quanto
mais modificam-se os sujeitos frente a um mesmo texto, os resultados
também alteram e alternam-se significativamente. Essa “fusão de horizontes” também coloca o leitor e toda a historicidade que ele possui
frente a frente, ou melhor, o seu contexto com a percepção que ele possui
de si (mais ampla ou mais restrita, chamada de pré-compreensão), além
de vincular o texto (com toda a sua carga de valores e conteúdos) com
esse indivíduo que entra em contato com o mesmo. A pré-compreensão
que se adquire, a partir de experiências, é o componente que facilita (ou
dificulta) o contato interpretativo, exatamente porque as interpretações
estão sempre sujeitas a revisões e alterações, o que faz delas situações dinâmicas, tal como é a própria hermenêutica filosófica – sempre permanece acontecendo, em movimento, em transformação. E como a própria
passagem acima mostra, nós ao interpretarmos um texto recorremos
mais aos backgrounds que formulamos (como uma pré-compreensão
experienciada) e, a partir disso, é que olhamos, analisamos e interpretamos um texto, tal que nos servimos de um “mapa conceitual” adquirido
que permite identificar e decifrar o que se encontrará pela frente. Vale
destacar que a nossa interpretação não é estanque, mas esta aberta às
revisões futuras por ser ela uma interpretação contingente (porque uma
pré-compreensão é praticamente sempre modificável). E no instante em
que se passa a utilizar da pré-compreensão, das experiências realizadas,
para interpretar, o sujeito que o faz está elevando-se a um nível diferenciado (que consideramos mais elevado, mas que pode, por outro lado,
4 No original: “Interpretation presupposes a historically determined ‘pre-understanding’, a ‘horizon’; it involves a ‘fusion of horizons’, the horizons of the past and of
the present. We cannot be sure that our interpretation is correct, or better than
previous interpretations. Our interpretation, and our verdict on previous interpretations, is open to future revision. In interpreting a past text we explore our own
pre-understanding as much as the text itself’” (INWOOD, 1998, p. 388).
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ser mais profundo) de reflexão, no qual ele vai em busca dos componentes que já fazem parte de sua vida mental e de sua vivência existencial
para melhor decodificar o novo, aquilo que encontrou.
Sendo assim, o papel da hermenêutica filosófica de Gadamer (esteve e) está em “elevar” os indivíduos a um meta-nível cognitivo no qual
eles, além de perceber o que já sabiam intelectualmente, passavam a unir
a própria historicidade (suas experiências) na compreensão dos mais variados conteúdos e aspectos da vida (ambiente, influências internas e
externas, ...). Entendo que a hermenêutica filosófica gadameriana não se
restringe a interpretar linearmente textos e/ou fatos (ou elementos)
antigos (que quase já se perderam na história); mas, acima de tudo,
a filosofia desse autor presentificou mais do que nunca uma compreensão da vida (e de textos também) a partir da própria vida, (do
contexto fáctico) e a partir dos conteúdos e das visões de mundo dos
indivíduos em cada época em que eles se desenvolveram (historicidade).
Gadamer (1997) ressalta que “a verdadeira experiência é assim experiência da própria historicidade” (GADAMER, 1997, p. 527-528). Nesse sentido, o que de mais real e pertinente que pode haver na vida de
um indivíduo – e influenciar todo o seu trabalho, suas interpretações
filosóficas, suas obras, seus relacionamentos e assim por diante – é
a experiência da historicidade particular que marca o modo como se
dá a construção ou a desconstrução de uma vida e tudo o que se encontra relacionado a ela. A experiência da historicidade é expressão da
experiência hermenêutica, pois para ler a própria trajetória como histórica é preciso fazer uma interpretação da mesma – através de uma précompreensão que se adquire no decorrer do desenvolvimento humano
pessoal e social. Essa experiência verdadeira da historicidade encontrase sempre conectada a uma tradição, por meio da qual se recebeu uma
herança intelectual, afetiva, social, contextual, entre outros fatores. Nas
palavras de Gadamer,
a experiência hermenêutica tem a ver com a tradição. É esta que
deve chegar à experiência. Todavia, a tradição não é simplesmente um acontecer que se pode conhecer e dominar pela experiência, mas é linguagem, isto é, fala por si mesma, como faz um
tu (GADAMER, 1997, p. 528).
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Constato que a experiência e a vivência da historicidade, como expressão da tradição que vem sobre nós como herança, em boa parte das
vezes, são deixadas de lado em filosofia – consequentemente ocorrendo
uma ascensão da insignificância, em que se abordam temas/problemas
como se fossem completamente novos e já não tivessem sido abordados pelos mais diversos filósofos da tradição filosófica, como afirma Stein
em entrevista na Revista Filosofia, Ciência e Vida (Ago 2010). Quando se destaca o aspecto da experiência hermenêutica estar dentro de
uma tradição, mas não ligada a ela e nem ser plenamente concorde
com a mesma, isso significa que ao se questionar e discordar de uma
tradição é possível fazer um movimento indagativo (esclarecedor) que
expressa uma postura filosófica que podemos chamar de “hermenêutica”. A hermenêutica de Gadamer rememora a tradição, mas vê nela
aspectos inquietantes, obscuros que precisam passar por um processo
de estruturação (e que atue como componente de acréscimo de informação relevante para o conjunto humano, social e também filosófico).
A tradição é um acontecer que se reconhece pela experiência, porém é
a hermenêutica que expõe os interesses nem sempre explícitos, que a
mesma carrega no seu desenrolar. Com isso destaca-se que a hermenêutica filosófica é um instrumento global de análise filosófica e existencial que olha um “todo” a partir da relação desse todo com suas partes,
ou seja, a hermenêutica gadameriana preserva a visão de conjunto e,
além disso, propicia uma visão crítica (que não está interessada em uma
verdade suprema, certeza ou fundamento absoluto). A hermenêutica da
qual tratamos, que interpreta uma tradição filosoficamente, ela pensa
e traduz o inaudito e o impronunciado, de modo a ser desveladora de
dados não facilmente apresentáveis (devido às circunstâncias de retaliação ou opressão as quais os indivíduos estão sujeitos). E a experiência
hermenêutica tem uma relação conversacional com a tradição (seja qual
for), pois estamos inseridos em uma historicidade, querendo ou não
aceitar seus pressupostos. Portanto, a experiência hermenêutica tem relação com a tradição porque mais facilmente conseguimos interpretar
algo filosoficamente falando quando estamos dentro de um tempo e um
espaço e não fazendo-o descontextualizadamente (como muitos tentam,
restringindo-se a uma reflexão apriorística ou elegendo partes apenas).
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Conforme Gadamer, a tradição é linguagem que fala por si mesma.
No entanto, por meio de Verdade e Método temos a possibilidade de
reconhecer que a linguagem está aí para ser interpretada (amplificada e
percebida no seu todo, além da palavra dita) tal como se pode fazer com
a tradição. E essa mesma tradição aí se põe e, tal como a linguagem,
permite ser interpretada exatamente por inserir-se em um conjunto de
múltiplos elementos que podem ser aprofundados, reavaliados e diferentemente compreendidos.
Muitas vezes ao se fazer a rememoração da tradição ela pode contribuir para uma argumentação filosófica mais coerente no momento
em que ocorre um descolamento da visão dominante dessa tradição e
parte-se para abarcar um novo viés mais abrangente. Quando a hermenêutica filosófica aproxima-se dialogicamente da tradição, interpretando-a e reinterpretando-a e descobrindo muitos elementos não explícitos,
um dos possíveis resultados dessa interação é a ampliação do entendimento das experiências presentes à luz das vivências históricas passadas.
Assim sendo, a hermenêutica filosófica propicia que a tradição, que se
traduz como um acontecer da linguagem entre um “tu” e um “eu”, crie
um novo diálogo (dos indivíduos entre si e com o mundo) e assim, em
uma tradição reinterpretada se teria a possibilidade de conduzir para
uma nova formulação na compreensão de mundo.
Dessa nova compreensão de mundo o que mais provavelmente acontece é uma facilitação na aproximação entre um eu e um tu. Da aproximação em relação a um tu é que surge uma análise otimizada na compreensão de si, especialmente quando a hermenêutica ingressa como
componente central para uma abrangência intelectual, autoconhecimento das experiências, permitindo um entendimento englobante. A hermenêutica entra como facilitador dessa relação de aproximação entre o
eu e o tu, em que ela fornece meios para ler a si mesmo e interpretar e
acessar o outro. Afirma Gadamer que
ao mesmo tempo, o comportamento com relação ao tu e ao sentido da experiência que nele tem lugar tem de poder servir à
análise da experiência hermenêutica; pois também a tradição é
um verdadeiro companheiro de comunicação, ao qual estamos
vinculados como o está o eu e o tu (GADAMER, 1997, p. 528).
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A análise da experiência hermenêutica (que já é a hermenêutica
filosófica) não acontece se o movimento de aproximação a um tu não
ocorrer, porque a hermenêutica pressupõe o movimento e o movimento
se constitui na experiência (que é uma comunicação entre a historicidade particular e a da tradição). Essa comunicação entre as duas historicidades, entre um tu e um eu (a tradição e o sujeito), abre as portas
para que o sujeito elabore (através da crítica, percepção, mudança) o que
ele vive a partir do que já foi discutido, enriquecendo (ou criticando) o
seu hoje com o restante que já foi considerado pelas gerações prévias.
Ao se dar essa interrelação comunicativa, motivada pela hermenêutica
gadameriana, se estabelece algum enriquecimento filosófico através de
um reconhecimento daquilo que indivíduo concretiza e reflexiona em
sua vida, deixando de lado boa parte da superficialidade da formalidade
filosófica e de uma percepção enganosa de que haveria descoberto algo
que muitos, há tempos, já elucidaram.
Outro aspecto a ser destacado dessa relação entre o eu e o tu é que
“a relação entre o eu e o tu não é imediata, mas reflexiva” (GADAMER,
1997, p. 530), em que se verifica que o papel central da hermenêutica
filosófica é a reflexão (através da experiência) que aproxima duas realidades distintas e tão independentes, a do sujeito e a da tradição. Com
a reflexão hermenêutica, esses dois “elos” de uma corrente passam a ficar ligados e, com isso, se produz uma compreensão mais ampla e mais
completa dentro da complexidade do desenvolvimento histórico e do
crescimento pessoal. Com a reflexão é que se reconhecem as experiências, e desse modo, percebe-se que “[a] experiência ensina a reconhecer
o que é real” (GADAMER, 1997, p. 527). Nesse sentido, é o ponto de vista da realização de uma experiência (ou várias) que acontece uma leitura configurada hermeneuticamente, que conduz ao reconhecimento do
real. Assim, quando são abrangidos aspectos da historicidade, da tradição e das experiências realizadas encontra-se formulada uma condição
de possibilidade que habilita à compreensão filosófica (de si, da história,
e de muitos problemas filosóficos, que passam a estar integrados com a
vida e não mais representar apenas problemas que habitam a transcendentalidade). O real que é ensinado pela experiência é constatado quando nele é contemplada uma trajetória em que são integrados aspectos
da historicidade da tradição e da identidade pessoal. Estabelecida essa
relação entre tradição, historicidade e experiência o sujeito eleva-se a
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um meta-nível, em que ele não vê apenas a sua própria particularidade
da facticidade, na presentificação de si mesmo no momento atual, mas
em que aquilo com o qual ele se depara é visto de um patamar que reflete sobre o que ele reflete, e no qual ele se permite interpretar o que vê,
pensa e analisa. Esse adentramento analítico proveniente de um patamar distinto permite fazer uma integração filosófica, da interpretação
hermenêutica (não apenas com textos filosóficos), mas com tudo o que
é vivo e se desenvolve na complexidade de componentes circundantes
da existência.
Contudo, essa elevação a um meta-nível exige-nos que se estabeleça uma parada brusca nessa ascensão de níveis, em que se levaria em
conta somente esses dois: o primeiro, o nível perceptivo, no qual realizamos as experiências propriamente ditas, e um segundo nível no qual
se toma consciência daquilo que se realizou e utiliza-se isso para interpretar, de modo a alcançar a compreensão filosófica (de um texto ou do
vivido). Porém essa exigibilidade de transitar apenas nesses dois níveis
tem uma justificativa salutar no processo filosófico: evitar o regresso ao
infinito no adentramento de inúmeros meta-níveis, o que complicaria a
questão da interpretação – pois para cada nível seria necessário um conjunto de pressupostos a avaliar o nível anterior. Quanto mais níveis nos
quais alguém estaria se elevando interpretativamente isso fragilizaria
bastante a precisão do alcance de interpretação e a maneira como essa
análise afetaria os demais níveis inferiores. Essa exigibilidade de ascender mais e mais nos níveis interpretativos, de maneira geral, pode trazer
mais problemas práticos do que esclarecimentos filosóficos.
Por fim, a ênfase dada na experiência da experiência, que Gadamer
vem ressaltando ao longo de toda a obra Verdade e Método (ao trabalhar a questão da arte, do gosto, ...), traduz a “inserção” da hermenêutica
na historicidade, em que um olhar mais acurado (do indivíduo) realiza
uma nova experiência ao analisar a experiência concretizada na historicidade pessoal conjugada com a historicidade da tradição. Ou seja, a
experiência concretizada, que nos faz reconhecer o real, ganha maior
profundidade na medida em que um meta-nível interpreta o já vivido
dentro de toda a historicidade (pessoal e da tradição), que coloca frente a frente um tu e um eu que se influenciam hermeneuticamente de
forma mútua. Enfim, a hermenêutica filosófica gadameriana trouxe à
baila aquilo que por tanto tempo não se deu a devida atenção: a expe146
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riência como componente fundamental da concretização filosófica que
precisava estar embasada na historicidade – para assinalar que há um
fio condutor que perpassa as experiências dos indivíduos e a tradição
ela mesma –, e que os problemas filosóficos abordados na atualidade
ganham em relevância (e sentido) quando não deixam de remeter-nos à
herança filosófica lida a partir da facticidade inserida na historicidade.
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