Med. Vet. Heitor David Medeiros CRMV-MT 0951 Fiscal Estadual de Defesa Agropecuária e Florestal INDEA – MT Membro CNMA-CFMV “A Comissão Nacional de Meio Ambiente (CNMA) tem como objetivo fortalecer e expandir o conhecimento e o exercício da Medicina Veterinária e da Zootecnia nas áreas ambiental e agropecuária. A CNMA desenvolve o trabalho em prol da sustentabilidade, difundindo e consolidando dentro e fora da categoria a atuação do Médico Veterinário e do Zootecnista na área ambiental”. • Comissão Nacional de Assuntos Políticos (CONAP) • Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS) • Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV) • Comissão de Educação em Zootecnia (CNEC) • Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (CEBEA) • Comissão Nacional de Especialidades Emergentes (CNEE) • Comissão Nacional de Fiscalização (CNAF) • Comissão Nacional de Meio Ambiente (CNMA) • Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV) • Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV) BIOMA – “um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria”. (IBGE). MT: Produção agropecuária - Pilares Pilares (básicos) da Sustentabilidade Meio Ambiente x Saúde: Existe Influência das Mudanças Climáticas nas Zoonoses? • FONTE: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/16/na-medicina-ecologicasaude-e-meio-ambiente-andam-juntos.htm • • • • • • • • TEMÁTICA: Meio Ambiente e Saúde - Histórico Relatório Lalonde (Marc Lalonde) em 1974 – “Uma nova perspectiva da saúde dos canadenses” - (biologia, ambiente e estilo de vida, além da organização da assistência sanitária em si). Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde, 1978 – Atenção Primária à Saúde - “SAÚDE: Completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de infecção ou doença” Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde – Carta de Ottawa, 1986; “Importância da conservação dos recursos naturais e de um ecossistema estável, como fatores fundamentais para a saúde”. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – ECO-92 – Agenda-21. Convenção sobre Mudança do Clima, realizada em Nova Iorque em maio de 1992. Reunião dos Chefes de Estado do Continente Ibero-Americano, 1993; Cúpula das Américas – FGBVEM, 1994; I Seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental, 2005. História Natural da Doença Modelo Processual DEFESAS ESPECÍFICAS FATORES HEREDITÁRIOS OU CONGÊNITOS FÍSICO SAÚDE ALTERAÇÕES ORGANICAS JÁ EXISTENTES BIOLÓGICO SÓCIOPOLÍTICOCULTURALAMBIENTAL Organização Mundial da Saúde - OMS • A OMS, (2015) cita que 25% das doenças no mundo, derivam-se diretamente de poluições ambientais, algo em torno de 13 milhões das mortes de pessoas no mundo são decorrentes da má qualidade da água, do ar e da falta de saneamento básico. Se fatores indiretos forem considerados, os números são mais alarmantes, a própria Organização aponta para algo em torno de 80% do percentual de doenças que ocorrem mundialmente, como sendo resultantes de alterações negativas e desequilíbrios ambientais. INTERFACE SAÚDE E MEIO AMBIENTE • As questões de meio ambiente tem sido presença constantes nas agendas do setor público e privado. Discussões relacionadas aos efeitos e impactos do homem sobre o meio ambiente e vice-versa povoam documentos e estudos, principalmente sobre a interdependência da qualidade ambiental com a qualidade de vida das pessoas tornando-se cada vez mais uma constatação individual e coletiva. “As evidências de que a sociedade contemporânea vivencia uma intensa crise ambiental são cada vez mais contundentes” (CAMPOGONARA, 2012, p.178). Saúde Ambiental • Conforme entendimento acordado no I Seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental, realizado em outubro de 2005, trata-se de um campo de práticas intersetoriais e transdisciplinares voltadas aos reflexos, na saúde humana, das relações ecogeossociais do homem com o ambiente, com vistas ao bem-estar, à qualidade de vida e à sustentabilidade, a fim de orientar políticas públicas formuladas com utilização do conhecimento disponível e com participação e controle social. (Conselho Nacional de Saúde/MS, 2007, p.18). Mudanças Climáticas • Primeiramente relatado na década de 50. Porém, registrase que já no final do século XIX, um pesquisador da Suécia de nome Svante Arrherius, propugnava a hipótese do aumento de temperatura em razão das emissões de carbono. Decreto Nº 2.652, de 1º de julho de 1998 (CONCEITOS originados da Convenção sobre Mudança do Clima, NY, 1992). • “Mudança do clima - significa uma mudança de clima que possa ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis”. • "Efeitos negativos da mudança do clima - significa as mudanças no meio ambiente físico ou biota resultantes da mudança do clima que tenham efeitos deletérios significativos sobre a composição, resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais e administrados, sobre o funcionamento de sistemas sócioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar humanos”. “El Niño” • A partir do reconhecimento deste fenômeno climático, estudiosos de epidemiologia e entomologia se alertaram e se dedicaram de forma especial em entender os impactos e influências dos fenômenos climáticos de grande vulto sobre a saúde, embora o maior número de estudos realizados, relacionados aos efeitos climáticos e doenças vetoriais, são de dimensão continental ou planetário. Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, conhecido pela sigla IPCC, oriunda da denominação em inglês “Intergovernmental Panel on Climate Change”. (Organização científico-política criada em 1988 no âmbito da ONU). • Relatório divulgado em 2007, afirma que há 90% de chance de que o aquecimento global ocorrido nos últimos 50 anos tenha sido causado por ações antrópicas, em função do aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE), derivados de atividades humanas e que este poderá ser indutor de mudanças no clima mundial à longo prazo. ZOONOSE • A Organização Mundial de Sanidade Animal – OIE, (2015), define zoonose como “qualquer doença ou infecção que possa ser transmitida naturalmente dos animais para as pessoas” • Doenças e infecções que ocorrem na relação animal-homem e vice-versa, seja diretamente ou através do meio ambiente, incluindo portadores, reservatórios e vetores. OIE - Zoonoses e PATÓGENOS emergentes de importância para a saúde pública • Zoonoses emergentes pode ocorrer em qualquer lugar do mundo e ter conseqüências graves. A interdependência das pessoas e animais e os inúmeros fatores que influenciam essa relação se combinaram para criar um terreno fértil para o surgimento de patógenos zoonóticos. Os recentes surtos de vírus da SARS "West Nile" ou Gripe Aviária demonstram a importância das doenças emergentes em todo o mundo e o importante papel dos serviços veterinários na prevenção, detecção, diagnóstico, monitoramento e combate destas doenças e levar a cabo a investigação necessária para resolvê-las. Além disso, zoonose de importância emergente para a saúde pública é também uma mensagem preocupante sobre impactos negativos socioeconômico e comercial que doenças desta natureza podem causar. Convergência para uma “perfeita tempestade microbiana” (Instituto de Medicina dos Estados Unidos) • Um conjunto de fatores biológicos, socioeconômicos, ambientais (ecológicos) e antropogênicos, produzem as condições ideais para essa “tempestade” de zoonoses emergentes e reemergentes, tanto que ao longo dos últimos decênios, tem havido uma média de quase uma nova doença emergente em cada ano e cerca de 75% destas, são zoonóticas. (Introduction Emerging zoonoses and pathogens of public health concern Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), p.429). Interface Zoonoses/Vetores • As doenças transmitidas por vetores, são primariamente zoonoses, ou seja, doenças que os animais transmitem ao homem e vice versa. Em princípio os agentes patogênicos, como bactérias, parasitas ou vírus, se desenvolvem dentro de um ciclo enzoótico vinculado a populações de primatas e outros mamíferos com vetores pouco antropófilos. A presença de infecções ocasionais no homem e nos animais domésticos evidencia que os patógenos têm rompido este ciclo “selvagem”. Definição de “Vetor" e “Doenças Transmitidas por Vetores” - Rev. Sci. Tech. Off. Int. Epiz., 2015, 34 (1), 37-39 • No contexto da biologia e medicina, um vetor pode ser definido como um ser vivo (quase sempre um artrópode) capaz de transmitir uma doença à hospedeiros vertebrados, incluindo os seres humanos. Cabe estabelecer uma distinção básica entre os vetores mecânicos e biológicos. Os mecânicos, em qualquer das classe de artrópodes hematófagos, se infectam ao ingerir sangue em que esteja presente um microrganismo, o qual se transmitirá para um segundo hospedeiro sem que ocorra qualquer ciclo de multiplicação dentro do vetor. Nestes casos a infecção do vetor geralmente dura um curto período de tempo. No caso de um vetor biológico, no entanto, o organismo infeccioso é submetido a um ciclo de multiplicação específico dentro do vetor, que permanece infeccioso e pode transmitir a infecção para os seus descendentes. Do ponto de vista epidemiológico, a segunda classe de vetores é muito mais importante do que o primeiro, em termos do seu potencial para gerar e manter surtos de doenças (D.W. Verwoerd). Doenças Transmitidas por Vetores • Diversas doenças, principalmente as transmitidas por vetores, são limitadas por variáveis ambientais como,temperatura, umidade, padrões de uso do solo e de vegetação (Hayet al, 1996). As doenças transmitidas por vetores constituem, ainda hoje, importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doenças, está fortemente relacionado a dinâmica ambiental dos ecossistemas onde estes vivem.(OPAS 2008. p. 25). Reservatório e Hospedeiro • Reservatório: abrange qualquer ser humano, animal, artrópode, planta ou matéria inanimada onde vive e se multiplica um agente infeccioso, do qual depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de maneira a que possa ser transmitido a um hospedeiro suscetível. • Hospedeiro: pessoa ou animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que, em circunstâncias naturais permitem a subsistência ou o alojamento de um agente infeccioso. O hospedeiro primário ou definitivo é aquele em que o agente chega à maturidade ou passa por sua fase sexuada. O secundário ou intermediário é aquele que se encontra em fase larvária ou assexuada. (Amer. Assoc. Publ. Health). Possíveis ciclos de vida dos vetores biológicos. Alterações ambientais antrópicas forçam a adaptação dos vetores, antes isolados no ambiente natural, a novos ambientes (modificado ou urbano) e hospedeiros. Fonte: modificado de Ellis e Wilcox, 2009. Ecossistema em desequilíbrio • São inúmeras as conseqüências advindas de um ecossistema em desequilíbrio, conforme Papini, apud, Pereira e Machado, (2012, p.4280) “Mudanças ambientais, associadas a mudanças climáticas, alteram os padrões de distribuição de populações de vetores e reservatórios de doenças, favorecendo a replicação de agentes patogênicos”. • No caso da Leishmaniose, doença que acomete tanto o homem, quanto os animais domésticos e selvagens, zoonose de ocorrência tipicamente das áreas rurais, a doença vem ganhando importância cada vez maior para a saúde pública, em razão da expansão das áreas endêmicas, levando ao aparecimento de novos casos de infecção, tornando-se problema cada vez mais comum em regiões urbanas e suburbanas, (AMARAL,2009, p.8). Importância dos carrapatos como vetores • As zoonoses transmitidas por carrapatos representam uma séria ameaça para a saúde e o bem-estar da população. Diversos gêneros e espécies de bactérias, vírus e protozoários mantêm ciclos zoonóticos na natureza utilizando como vetores, os carrapatos. Essas zoonoses caracterizam as febres maculosas, tifo, tifo murino, tularemia, erlichioses, borrelioses e babesioses. Reconhecidas como doenças reemergentes, as zoonoses transmitidas por carrapatos chegam a causar letalidade de até 80%, apresentando significativo efeito qualitativo, como é o caso da Febre Maculosa brasileira que, se não tratada adequadamente e em tempo oportuno, é fatal” (SILVA, 2009, p.12) • Ainda, segundo SILVA, 2009, os períodos de incidência dos carrapatos tem relação com as condições de seca e baixas temperaturas (clima seco e frio) para as formas jovens e de maior umidade e temperatura (clima úmido e quente) para os adultos, sendo que mudanças do clima, podem alterar as épocas de ocorrências. Doenças emergentes e as suas conseqüências para o comércio mundial • A menos que haja uma mudança nos sistemas tradicionais de controle de doenças e novas estratégias sistêmicas sejam adotadas na prevenção e controle das doenças emergentes conseqüências devastadoras poderão ocorrer para o comércio internacional. Os efeitos de tais doenças nas bolsas internacionais dependem de vários fatores, incluindo a natureza do agente patogênico, o grau de coordenação e integração entre os serviços veterinários e os organismos de saúde pública, a capacidade de detectar a doença e responder a ela com a rapidez necessária ou ainda das relações comerciais que existem entre os países. As estratégias para combater doenças emergentes será mais eficaz se as autoridades competentes e as infra-estruturas veterinárias, em particular, integram os seus objetivos de saúde pública e saúde animal em uma única estratégia. (A.Thiermann,2004). Gênese Ecológica das Doenças Zoonóticas • (Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), 467-484) É bem possível que certos patógenos ou infecções que ameaçam a saúde humana mundial (HIV, síndrome respiratória aguda grave ou vírus emergentes da influenza tipo A, por exemplo), apesar de sua origem zoonótica, tenham pouco em comum com outros agentes conhecidos e descritos, uma vez que estes novos agentes tenham acabado de passar por uma fase transitória zoonótica antes de adaptar aos seres humanos. Embora a evolução da capacidade de transmissão de uma pessoa para outra dependa das características biológicas do microorganismo, fatores externos, tais como uma alteração nos níveis de exposição com o homem poderia desencadear ou promover essa adaptação. A este respeito, cabe descrever o surgimento de novas doenças como uma resposta evolutiva às mudanças ambientais, incluindo as de origem antropogênicas como novas práticas agrícolas, urbanização, globalização e mudanças climáticas. No que diz respeito a novas doenças zoonóticas dos animais domésticos, os autores postulam que mudanças nas práticas de manejo pecuário, tornou-se o principal determinante das condições sob as quais um agente zoonótico evolui, se dissemina e acaba afetando as populações humanas. patógenos pecuários estão sob pressão resultante do dinamismo das atividades de produção, transformação de proteínas e de vendas a varejo; pressões que, em conjunto, modificam parâmetros, tais como a taxa de contato com animais hospedeiros, o tamanho da população e / ou movimentos de microorganismos na cadeia alimentar. (J. Slingenbergh. M. Gilbert, K. de Balogh & W. Wint, 2004). • A gripe aviária como um exemplo de adaptação e mudança microbiana A evolução da influenza é um processo contínuo que envolve fatores ligados tanto ao vírus quanto aos seus hospedeiros. O aumento da freqüência com que aparecem o vírus altamente patogênico, H5N1, H7N3 e H7N7, bem como a panzoótica propagação do vírus H9N2, todos os quais podem ser transmitidos aos seres humanos, preocupam sobremaneira os responsáveis pela saúde pública e animal. A questão é o quanto vai demorar para surgir a próxima pandemia. Há uma série de fatores convergentes, entre eles a densidade da população de aves de quintal, os suínos e os seres humanos, que provavelmente influenciaram na evolução do vírus. As aviculturas e suinoculturas intensivas, combinadas com os tradicionais mercados de animais vivos, oferecem um contexto ideal de mutações, rearranjos e recombinações genéticas do vírus. Para conter a evolução da gripe e reduzir a ocorrência de pandemias são necessárias, a separação de espécies, aumento do nível de segurança biológica, o desenvolvimento de novas estratégias em matéria de vacinas e melhor conhecimento básico do vírus, todos estes objetivos que exigem uma colaboração mais eficaz entre os cientistas dedicados à pesquisa básica, por um lado, e as instâncias de saúde pública e animal, por outro (R.G. Webster & D.J. Hulse, 2004). Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), 453-465. O papel dos animais selvagens em relação às zoonoses emergentes e reemergentes - Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), 497-511. • As populações de animais selvagens que habitam o planeta são extremamente numerosas e diversificadas. Cada paisagem e habitat contém um caleidoscópio de nichos que abrigam uma miríade de espécies de vertebrados e invertebrados, e cada espécie ou taxonomia recepciona um conjunto ainda mais impressionante de macro e microparasitas. Há algumas décadas, patógenos animais procedentes da vida selvagem tornaram-se cada vez mais importante em todo o mundo pelos efeitos notórios na saúde humana, na produção agrícola, nas economias dependentes da fauna e na proteção desta. O aparecimento destes agentes patogênicos como um importante problema de saúde pública guarda relação a variados fatores causais, principalmente associado ao aumento súbito e exponencial na atividade humana. Entre esses fatores são o crescimento exponencial da população, aumento da freqüência e velocidade de viagens locais e internacionais, a intensificação da circulação de animais e produtos de origem animal pelas atividades comerciais, a evolução das práticas agrícolas em sistemas que favoreçam a transferência de patógenos entre animais domésticos e selvagens e uma série de mudanças ambientais que alteram a distribuição dos hospedeiros e vetores silvestres e, assim, facilitam a transmissão de agentes infecciosos (R.G. Bengis, F.A. Leighton, J.R. Fischer, M. Artois, T. Mörner & C.M. Tate). Evolução recente das principais doenças transmitidas por vetores. • As doenças transmitidas por vetores representam um verdadeiro problema de saúde pública e saúde animal. Anualmente, por exemplo, o vírus da dengue infecta 50 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo. A malária, por sua vez, mata entre um e dois milhões de pessoas por ano. A estes valores devem ser adicionados a morbidade por outras doenças transmitidas por mosquitos (Chikungunya, Febre do Vale do Rift, Febre Amarela, etc.), carrapatos ou piolhos. No que diz respeito ao campo da veterinária, cabe mencionar a Língua Azul, que recentemente se espalhou para o sul e depois para o norte da Europa, assim como as doenças transmitidas por carrapatos (babesioses, anaplasmoses, doenças transmitidas por rickettsias ... ) ou moscas (mosca tsé-tsé, vetor da tripanosomose), entre outros. As conseqüências podem ser muito graves para os países afetados. A Comissão Europeia, por exemplo, gastou mais de 200 milhões de euros em ajuda apenas para os países membros da União Europeia para o financiamento de vacinas monovalentes contra sorotipo 8 do vírus da Língua Azul (S. Zientara, D.W. Verwoerd & P.-P. Pastoret). As alterações climáticas têm um impacto considerável sobre a emergência e reemergência das doenças animais – (Por ocasião da Assembleia Geral 77ª, os • • • • Delegados dos 174 países e territórios membros da OIE lançam uma advertência à comunidade internacional - Paris, 25 de maio de 2009). “Cada vez mais e mais países, atribuem à mudança do clima o surgimento de pelo menos uma doença emergente ou reemergente, que tenha causado estragos no seu território. É uma realidade que não podemos ignorar e que nos impõe colaborar com os Serviços Veterinários em todo o mundo para se equipar com sistemas que estejam em conformidade com as normas internacionais de boa governança para fazer frente ao problema “ (Dr. Bernard Vallat, Diretor Geral da OIE). Cento e vinte e seis países e territórios membros da OIE participaram de um estudo. 71% disseram que estavam extremamente preocupados com o possível impacto das alterações climáticas sobre as doenças animais emergentes e reemergentes. 58 % identificaram uma relação direta entre o aparecimento recente de pelo menos uma doença emergente ou reemergente no seu território, à mudança climática. As três doenças animais mais citados pelos membros da OIE que responderam à pesquisa são: A Língua Azul; Febre do Vale do Rift e Febre do Nilo Ocidental. A maioria dos países também consideram que a ação humana sobre o meio ambiente tem um impacto sobre as mudanças climáticas e, portanto, sobre a emergência e reemergência de doenças animais. BIODIVERSIDADE – BIOMAS <http://www.oie.int/es/nuestra-experiencia-cientifica/biodiversidad/> • A proteção da biodiversidade é essencial tanto para os animais quanto para os seres humanos, especialmente, em um momento em que o aumento da população mundial, o aumento da circulação de mercadorias, animais e pessoas, assim como de agentes patogênicos e espécies invasoras e as mudanças climáticas, para mencionar apenas algumas questões, parecem representar desafios em escala mundial. • A proteção da biodiversidade é também uma das plataformas a ser desenvolvida e fortalecida a colaboração intersetorial entre a saúde animal, a saúde humana e a saúde ambiental no âmbito da iniciativa de “Saúde Única” - "One Health". • • • • • • Um Mundo, Uma Saúde Recentemente, surgiu um novo conceito: "um mundo, uma de saúde", que salienta a súbita tomada de consciência coletiva sobre a relação entre doenças animais e saúde pública. Já há algum tempo se sabe que 60% das doenças infecciosas humanas conhecidas são de origem animal (animais domésticos ou selvagens), assim como 75% de doenças humanas emergentes e 80% de agentes patogênicos que podem ser utilizados para bioterrorismo. Sabe-se também que a alimentação regular de populações com proteínas nobres provenientes do leite, ovos ou carne é vital, e que a sua falta é um problema de saúde pública. De acordo com algumas estimativas, as perdas de produção globais devido a doenças que afetam os animais para consumo seria superior a 20%, do que decorre que também as doenças animais não transmissíveis aos seres humanos poderia causar graves problemas de saúde pública para as dificuldades e as deficiências que possam acarretar. Sabe-se também que os fluxos sem precedentes de mercadorias e de pessoas, aumentam os riscos de propagação mundial generalizada de todos os agentes patogênicos, e desta mesma forma as alterações climáticas, oferecem novas situações de propagação, especialmente através de vetores, tais como insetos, que atualmente colonizam novos territórios, quando alguns anos atrás ainda eram muito frio para que sobrevivessem durante o inverno. A prevenção de todos estes novos perigos situa-se em uma adaptação harmoniosa e coordenada dos dispositivos de governança sanitária mundial, regional e nacional. <http://www.oie.int/es/para-los-periodistas/comunicados-de-prensa/detalle/article/one-world-one-health/> Equipe Multiprofissional e Multidisciplinar • “Atualmente, no combate às doenças e epidemias, são necessários profissionais de diversas áreas, que possam avaliar e interpretar esses desequilíbrios ambientais que já causaram, estão causando e ainda causarão catástrofes ambientais e epidemiológicas, com suas conseqüências, e para prevenir o que poderá acontecer, é cada vez mais óbvia a necessidade de equipes multidisciplinares atuando em conjunto”. (AMARAL, 2009, p.9). OBRIGADO PELA ATENÇÃO E-mail: [email protected] [email protected]