Palestra: Mudanças Climáticas - Heitor Medeiros

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Med. Vet. Heitor David Medeiros
CRMV-MT 0951
Fiscal Estadual de Defesa
Agropecuária e Florestal
INDEA – MT
Membro CNMA-CFMV
“A Comissão Nacional de Meio Ambiente (CNMA) tem como objetivo fortalecer e
expandir o conhecimento e o exercício da Medicina Veterinária e da Zootecnia nas áreas
ambiental e agropecuária. A CNMA desenvolve o trabalho em prol da sustentabilidade,
difundindo e consolidando dentro e fora da categoria a atuação do Médico Veterinário e do
Zootecnista na área ambiental”.
• Comissão Nacional de Assuntos Políticos (CONAP)
• Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS)
• Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV)
• Comissão de Educação em Zootecnia (CNEC)
• Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (CEBEA)
• Comissão Nacional de Especialidades Emergentes (CNEE)
• Comissão Nacional de Fiscalização (CNAF)
• Comissão Nacional de Meio Ambiente (CNMA)
• Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV)
• Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV)
BIOMA – “um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de
vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições de geologia e clima
semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando
em uma diversidade de flora e fauna própria”. (IBGE).
MT: Produção agropecuária - Pilares
Pilares (básicos) da Sustentabilidade
Meio Ambiente x Saúde: Existe Influência das
Mudanças Climáticas nas Zoonoses?
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FONTE: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/16/na-medicina-ecologicasaude-e-meio-ambiente-andam-juntos.htm
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TEMÁTICA: Meio Ambiente e Saúde - Histórico
Relatório Lalonde (Marc Lalonde) em 1974 – “Uma nova perspectiva da saúde
dos canadenses” - (biologia, ambiente e estilo de vida, além da organização da
assistência sanitária em si).
Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde, 1978 – Atenção
Primária à Saúde - “SAÚDE: Completo bem-estar físico, mental e social, e não
simplesmente a ausência de infecção ou doença”
Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde – Carta de Ottawa,
1986; “Importância da conservação dos recursos naturais e de um ecossistema
estável, como fatores fundamentais para a saúde”.
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – ECO-92 – Agenda-21.
Convenção sobre Mudança do Clima, realizada em Nova Iorque em maio de
1992.
Reunião dos Chefes de Estado do Continente Ibero-Americano, 1993;
Cúpula das Américas – FGBVEM, 1994;
I Seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental, 2005.
História Natural da Doença
Modelo Processual
DEFESAS
ESPECÍFICAS
FATORES
HEREDITÁRIOS
OU
CONGÊNITOS
FÍSICO
SAÚDE
ALTERAÇÕES
ORGANICAS JÁ
EXISTENTES
BIOLÓGICO
SÓCIOPOLÍTICOCULTURALAMBIENTAL
Organização Mundial da Saúde - OMS
• A OMS, (2015) cita que 25% das doenças no mundo,
derivam-se diretamente de poluições ambientais, algo em
torno de 13 milhões das mortes de pessoas no mundo são
decorrentes da má qualidade da água, do ar e da falta
de saneamento básico. Se fatores indiretos forem
considerados, os números são mais alarmantes, a própria
Organização aponta para algo em torno de 80% do
percentual de doenças que ocorrem mundialmente, como
sendo resultantes de alterações negativas e
desequilíbrios ambientais.
INTERFACE SAÚDE E MEIO AMBIENTE
• As questões de meio ambiente tem sido presença
constantes nas agendas do setor público e privado.
Discussões relacionadas aos efeitos e impactos do homem
sobre o meio ambiente e vice-versa povoam documentos e
estudos, principalmente sobre a interdependência da
qualidade ambiental com a qualidade de vida das pessoas
tornando-se cada vez mais uma constatação individual e
coletiva. “As evidências de que a sociedade
contemporânea vivencia uma intensa crise ambiental são
cada vez mais contundentes” (CAMPOGONARA, 2012, p.178).
Saúde Ambiental
• Conforme entendimento acordado no I Seminário da
Política Nacional de Saúde Ambiental, realizado em
outubro de 2005, trata-se de um campo de práticas
intersetoriais e transdisciplinares voltadas aos reflexos,
na saúde humana, das relações ecogeossociais do homem
com o ambiente, com vistas ao bem-estar, à qualidade de
vida e à sustentabilidade, a fim de orientar políticas
públicas formuladas com utilização do conhecimento
disponível e com participação e controle social. (Conselho
Nacional de Saúde/MS, 2007, p.18).
Mudanças Climáticas
• Primeiramente relatado na década de 50. Porém, registrase que já no final do século XIX, um pesquisador da
Suécia de nome Svante Arrherius, propugnava a hipótese
do aumento de temperatura em razão das emissões de
carbono.
Decreto Nº 2.652, de 1º de julho de 1998 (CONCEITOS originados da
Convenção sobre Mudança do Clima, NY, 1992).
• “Mudança do clima - significa uma mudança de clima que possa
ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a
composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada
pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos
comparáveis”.
• "Efeitos negativos da mudança do clima - significa as mudanças
no meio ambiente físico ou biota resultantes da mudança do clima
que tenham efeitos deletérios significativos sobre a composição,
resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais e
administrados, sobre o funcionamento de sistemas sócioeconômicos ou sobre a saúde e o bem-estar humanos”.
“El Niño”
• A partir do reconhecimento deste fenômeno
climático, estudiosos de epidemiologia e
entomologia se alertaram e se dedicaram de forma
especial em entender os impactos e influências dos
fenômenos climáticos de grande vulto sobre a
saúde, embora o maior número de estudos
realizados, relacionados aos efeitos climáticos e
doenças vetoriais, são de dimensão continental ou
planetário.
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, conhecido pela
sigla IPCC, oriunda da denominação em inglês “Intergovernmental
Panel on Climate Change”. (Organização científico-política criada em
1988 no âmbito da ONU).
• Relatório divulgado em 2007, afirma que há 90%
de chance de que o aquecimento global ocorrido
nos últimos 50 anos tenha sido causado por ações
antrópicas, em função do aumento das emissões de
gases de efeito estufa (GEE), derivados de
atividades humanas e que este poderá ser indutor
de mudanças no clima mundial à longo prazo.
ZOONOSE
• A Organização Mundial de Sanidade Animal –
OIE, (2015), define zoonose como “qualquer
doença ou infecção que possa ser transmitida
naturalmente dos animais para as pessoas”
• Doenças e infecções que ocorrem na relação
animal-homem e vice-versa, seja diretamente ou
através do meio ambiente, incluindo portadores,
reservatórios e vetores.
OIE - Zoonoses e PATÓGENOS emergentes de
importância para a saúde pública
• Zoonoses emergentes pode ocorrer em qualquer lugar do mundo e ter
conseqüências graves. A interdependência das pessoas e animais e os
inúmeros fatores que influenciam essa relação se combinaram para criar
um terreno fértil para o surgimento de patógenos zoonóticos. Os recentes
surtos de vírus da SARS "West Nile" ou Gripe Aviária demonstram a
importância das doenças emergentes em todo o mundo e o importante
papel dos serviços veterinários na prevenção, detecção, diagnóstico,
monitoramento e combate destas doenças e levar a cabo a investigação
necessária para resolvê-las. Além disso, zoonose de importância
emergente para a saúde pública é também uma mensagem preocupante
sobre impactos negativos socioeconômico e comercial que doenças desta
natureza podem causar.
Convergência para uma “perfeita tempestade
microbiana” (Instituto de Medicina dos Estados Unidos)
• Um conjunto de fatores biológicos, socioeconômicos,
ambientais (ecológicos) e antropogênicos, produzem as
condições ideais para essa “tempestade” de zoonoses
emergentes e reemergentes, tanto que ao longo dos
últimos decênios, tem havido uma média de quase uma
nova doença emergente em cada ano e cerca de 75%
destas, são zoonóticas.
(Introduction Emerging zoonoses and pathogens of public health concern Rev. sci. tech. Off.
int. Epiz., 2004, 23 (2), p.429).
Interface Zoonoses/Vetores
• As doenças transmitidas por vetores, são primariamente
zoonoses, ou seja, doenças que os animais transmitem ao
homem e vice versa. Em princípio os agentes patogênicos,
como bactérias, parasitas ou vírus, se desenvolvem dentro
de um ciclo enzoótico vinculado a populações de primatas
e outros mamíferos com vetores pouco antropófilos. A
presença de infecções ocasionais no homem e nos animais
domésticos evidencia que os patógenos têm rompido este
ciclo “selvagem”.
Definição de “Vetor" e “Doenças Transmitidas por
Vetores” - Rev. Sci. Tech. Off. Int. Epiz., 2015, 34 (1), 37-39
•
No contexto da biologia e medicina, um vetor pode ser definido como um ser
vivo (quase sempre um artrópode) capaz de transmitir uma doença à hospedeiros
vertebrados, incluindo os seres humanos. Cabe estabelecer uma distinção básica
entre os vetores mecânicos e biológicos. Os mecânicos, em qualquer das classe
de artrópodes hematófagos, se infectam ao ingerir sangue em que esteja presente
um microrganismo, o qual se transmitirá para um segundo hospedeiro sem que
ocorra qualquer ciclo de multiplicação dentro do vetor. Nestes casos a infecção
do vetor geralmente dura um curto período de tempo. No caso de um vetor
biológico, no entanto, o organismo infeccioso é submetido a um ciclo de
multiplicação específico dentro do vetor, que permanece infeccioso e pode
transmitir a infecção para os seus descendentes. Do ponto de vista
epidemiológico, a segunda classe de vetores é muito mais importante do que o
primeiro, em termos do seu potencial para gerar e manter surtos de doenças
(D.W. Verwoerd).
Doenças Transmitidas por Vetores
• Diversas doenças, principalmente as transmitidas por
vetores, são limitadas por variáveis ambientais
como,temperatura, umidade, padrões de uso do solo e de
vegetação (Hayet al, 1996). As doenças transmitidas por
vetores constituem, ainda hoje, importante causa de
morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. O ciclo de
vida dos vetores, assim como dos reservatórios e
hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de
doenças, está fortemente relacionado a dinâmica
ambiental dos ecossistemas onde estes vivem.(OPAS
2008. p. 25).
Reservatório e Hospedeiro
• Reservatório: abrange qualquer ser humano, animal, artrópode, planta ou
matéria inanimada onde vive e se multiplica um agente infeccioso, do qual
depende para sua sobrevivência, reproduzindo-se de maneira a que possa ser
transmitido a um hospedeiro suscetível.
• Hospedeiro: pessoa ou animal vivo, inclusive aves e artrópodes, que, em
circunstâncias naturais permitem a subsistência ou o alojamento de um agente
infeccioso. O hospedeiro primário ou definitivo é aquele em que o agente chega
à maturidade ou passa por sua fase sexuada. O secundário ou intermediário é
aquele que se encontra em fase larvária ou assexuada.
(Amer. Assoc. Publ. Health).
Possíveis ciclos de vida dos vetores biológicos.
Alterações ambientais antrópicas forçam a adaptação dos vetores, antes isolados no
ambiente natural, a novos ambientes (modificado ou urbano) e hospedeiros. Fonte:
modificado de Ellis e Wilcox, 2009.
Ecossistema em desequilíbrio
•
São inúmeras as conseqüências advindas de um ecossistema em desequilíbrio,
conforme Papini, apud, Pereira e Machado, (2012, p.4280) “Mudanças
ambientais, associadas a mudanças climáticas, alteram os padrões de distribuição
de populações de vetores e reservatórios de doenças, favorecendo a replicação de
agentes patogênicos”.
•
No caso da Leishmaniose, doença que acomete tanto o homem, quanto os
animais domésticos e selvagens, zoonose de ocorrência tipicamente das áreas
rurais, a doença vem ganhando importância cada vez maior para a saúde pública,
em razão da expansão das áreas endêmicas, levando ao aparecimento de novos
casos de infecção, tornando-se problema cada vez mais comum em regiões
urbanas e suburbanas, (AMARAL,2009, p.8).
Importância dos carrapatos como vetores
•
As zoonoses transmitidas por carrapatos representam uma séria ameaça para a
saúde e o bem-estar da população. Diversos gêneros e espécies de bactérias, vírus
e protozoários mantêm ciclos zoonóticos na natureza utilizando como vetores, os
carrapatos. Essas zoonoses caracterizam as febres maculosas, tifo, tifo murino,
tularemia, erlichioses, borrelioses e babesioses. Reconhecidas como doenças
reemergentes, as zoonoses transmitidas por carrapatos chegam a causar letalidade
de até 80%, apresentando significativo efeito qualitativo, como é o caso da Febre
Maculosa brasileira que, se não tratada adequadamente e em tempo oportuno, é
fatal” (SILVA, 2009, p.12)
• Ainda, segundo SILVA, 2009, os períodos de incidência dos carrapatos tem
relação com as condições de seca e baixas temperaturas (clima seco e frio) para as
formas jovens e de maior umidade e temperatura (clima úmido e quente) para os
adultos, sendo que mudanças do clima, podem alterar as épocas de ocorrências.
Doenças emergentes e as suas conseqüências para o
comércio mundial
• A menos que haja uma mudança nos sistemas tradicionais de controle
de doenças e novas estratégias sistêmicas sejam adotadas na prevenção
e controle das doenças emergentes conseqüências devastadoras
poderão ocorrer para o comércio internacional. Os efeitos de tais
doenças nas bolsas internacionais dependem de vários fatores,
incluindo a natureza do agente patogênico, o grau de coordenação e
integração entre os serviços veterinários e os organismos de saúde
pública, a capacidade de detectar a doença e responder a ela com a
rapidez necessária ou ainda das relações comerciais que existem entre
os países. As estratégias para combater doenças emergentes será mais
eficaz se as autoridades competentes e as infra-estruturas veterinárias,
em particular, integram os seus objetivos de saúde pública e saúde
animal em uma única estratégia. (A.Thiermann,2004).
Gênese Ecológica das Doenças Zoonóticas
•
(Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), 467-484)
É bem possível que certos patógenos ou infecções que ameaçam a saúde humana mundial (HIV,
síndrome respiratória aguda grave ou vírus emergentes da influenza tipo A, por exemplo),
apesar de sua origem zoonótica, tenham pouco em comum com outros agentes conhecidos e
descritos, uma vez que estes novos agentes tenham acabado de passar por uma fase transitória
zoonótica antes de adaptar aos seres humanos. Embora a evolução da capacidade de
transmissão de uma pessoa para outra dependa das características biológicas do
microorganismo, fatores externos, tais como uma alteração nos níveis de exposição com o
homem poderia desencadear ou promover essa adaptação. A este respeito, cabe descrever o
surgimento de novas doenças como uma resposta evolutiva às mudanças ambientais,
incluindo as de origem antropogênicas como novas práticas agrícolas, urbanização, globalização
e mudanças climáticas. No que diz respeito a novas doenças zoonóticas dos animais
domésticos, os autores postulam que mudanças nas práticas de manejo pecuário, tornou-se o
principal determinante das condições sob as quais um agente zoonótico evolui, se dissemina e
acaba afetando as populações humanas. patógenos pecuários estão sob pressão resultante do
dinamismo das atividades de produção, transformação de proteínas e de vendas a varejo;
pressões que, em conjunto, modificam parâmetros, tais como a taxa de contato com animais
hospedeiros, o tamanho da população e / ou movimentos de microorganismos na cadeia
alimentar. (J. Slingenbergh. M. Gilbert, K. de Balogh & W. Wint, 2004).
•
A gripe aviária como um exemplo de adaptação e
mudança microbiana
A evolução da influenza é um processo contínuo que envolve fatores ligados tanto ao
vírus quanto aos seus hospedeiros. O aumento da freqüência com que aparecem o vírus
altamente patogênico, H5N1, H7N3 e H7N7, bem como a panzoótica propagação do vírus
H9N2, todos os quais podem ser transmitidos aos seres humanos, preocupam sobremaneira
os responsáveis pela saúde pública e animal. A questão é o quanto vai demorar para surgir
a próxima pandemia. Há uma série de fatores convergentes, entre eles a densidade da
população de aves de quintal, os suínos e os seres humanos, que provavelmente
influenciaram na evolução do vírus. As aviculturas e suinoculturas intensivas, combinadas
com os tradicionais mercados de animais vivos, oferecem um contexto ideal de mutações,
rearranjos e recombinações genéticas do vírus. Para conter a evolução da gripe e reduzir a
ocorrência de pandemias são necessárias, a separação de espécies, aumento do nível de
segurança biológica, o desenvolvimento de novas estratégias em matéria de vacinas e
melhor conhecimento básico do vírus, todos estes objetivos que exigem uma colaboração
mais eficaz entre os cientistas dedicados à pesquisa básica, por um lado, e as instâncias de
saúde pública e animal, por outro (R.G. Webster & D.J. Hulse, 2004). Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004,
23 (2), 453-465.
O papel dos animais selvagens em relação às zoonoses
emergentes e reemergentes - Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2004, 23 (2), 497-511.
•
As populações de animais selvagens que habitam o planeta são extremamente numerosas
e diversificadas. Cada paisagem e habitat contém um caleidoscópio de nichos que abrigam
uma miríade de espécies de vertebrados e invertebrados, e cada espécie ou taxonomia
recepciona um conjunto ainda mais impressionante de macro e microparasitas. Há
algumas décadas, patógenos animais procedentes da vida selvagem tornaram-se cada vez
mais importante em todo o mundo pelos efeitos notórios na saúde humana, na produção
agrícola, nas economias dependentes da fauna e na proteção desta. O aparecimento destes
agentes patogênicos como um importante problema de saúde pública guarda relação a
variados fatores causais, principalmente associado ao aumento súbito e exponencial na
atividade humana. Entre esses fatores são o crescimento exponencial da população,
aumento da freqüência e velocidade de viagens locais e internacionais, a intensificação da
circulação de animais e produtos de origem animal pelas atividades comerciais, a evolução
das práticas agrícolas em sistemas que favoreçam a transferência de patógenos entre
animais domésticos e selvagens e uma série de mudanças ambientais que alteram a
distribuição dos hospedeiros e vetores silvestres e, assim, facilitam a transmissão de
agentes infecciosos (R.G. Bengis, F.A. Leighton, J.R. Fischer, M. Artois, T. Mörner & C.M. Tate).
Evolução recente das principais doenças transmitidas
por vetores.
•
As doenças transmitidas por vetores representam um verdadeiro problema de
saúde pública e saúde animal. Anualmente, por exemplo, o vírus da dengue
infecta 50 a 100 milhões de pessoas em todo o mundo. A malária, por sua vez,
mata entre um e dois milhões de pessoas por ano. A estes valores devem ser
adicionados a morbidade por outras doenças transmitidas por mosquitos
(Chikungunya, Febre do Vale do Rift, Febre Amarela, etc.), carrapatos ou piolhos.
No que diz respeito ao campo da veterinária, cabe mencionar a Língua Azul,
que recentemente se espalhou para o sul e depois para o norte da Europa, assim
como as doenças transmitidas por carrapatos (babesioses, anaplasmoses, doenças
transmitidas por rickettsias ... ) ou moscas (mosca tsé-tsé, vetor da
tripanosomose), entre outros. As conseqüências podem ser muito graves para os
países afetados. A Comissão Europeia, por exemplo, gastou mais de 200
milhões de euros em ajuda apenas para os países membros da União Europeia
para o financiamento de vacinas monovalentes contra sorotipo 8 do vírus da
Língua Azul (S. Zientara, D.W. Verwoerd & P.-P. Pastoret).
As alterações climáticas têm um impacto considerável sobre a emergência e
reemergência das doenças animais – (Por ocasião da Assembleia Geral 77ª, os
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Delegados dos 174 países e territórios membros da OIE lançam uma advertência à comunidade
internacional - Paris, 25 de maio de 2009).
“Cada vez mais e mais países, atribuem à mudança do clima o surgimento de pelo menos uma
doença emergente ou reemergente, que tenha causado estragos no seu território. É uma
realidade que não podemos ignorar e que nos impõe colaborar com os Serviços Veterinários em
todo o mundo para se equipar com sistemas que estejam em conformidade com as normas
internacionais de boa governança para fazer frente ao problema “ (Dr. Bernard Vallat, Diretor
Geral da OIE).
Cento e vinte e seis países e territórios membros da OIE participaram de um estudo. 71%
disseram que estavam extremamente preocupados com o possível impacto das alterações
climáticas sobre as doenças animais emergentes e reemergentes. 58 % identificaram uma
relação direta entre o aparecimento recente de pelo menos uma doença emergente ou
reemergente no seu território, à mudança climática.
As três doenças animais mais citados pelos membros da OIE que responderam à pesquisa são:
A Língua Azul; Febre do Vale do Rift e Febre do Nilo Ocidental.
A maioria dos países também consideram que a ação humana sobre o meio ambiente tem um
impacto sobre as mudanças climáticas e, portanto, sobre a emergência e reemergência de
doenças animais.
BIODIVERSIDADE – BIOMAS
<http://www.oie.int/es/nuestra-experiencia-cientifica/biodiversidad/>
• A proteção da biodiversidade é essencial tanto para os animais
quanto para os seres humanos, especialmente, em um momento em
que o aumento da população mundial, o aumento da circulação
de mercadorias, animais e pessoas, assim como de agentes
patogênicos e espécies invasoras e as mudanças climáticas, para
mencionar apenas algumas questões, parecem representar desafios
em escala mundial.
• A proteção da biodiversidade é também uma das plataformas a
ser desenvolvida e fortalecida a colaboração intersetorial entre a
saúde animal, a saúde humana e a saúde ambiental no âmbito da
iniciativa de “Saúde Única” - "One Health".
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Um Mundo, Uma Saúde
Recentemente, surgiu um novo conceito: "um mundo, uma de saúde", que salienta a súbita tomada de
consciência coletiva sobre a relação entre doenças animais e saúde pública.
Já há algum tempo se sabe que 60% das doenças infecciosas humanas conhecidas são de origem animal
(animais domésticos ou selvagens), assim como 75% de doenças humanas emergentes e 80% de
agentes patogênicos que podem ser utilizados para bioterrorismo. Sabe-se também que a alimentação
regular de populações com proteínas nobres provenientes do leite, ovos ou carne é vital, e que a sua falta
é um problema de saúde pública.
De acordo com algumas estimativas, as perdas de produção globais devido a doenças que afetam os
animais para consumo seria superior a 20%, do que decorre que também as doenças animais não
transmissíveis aos seres humanos poderia causar graves problemas de saúde pública para as dificuldades e
as deficiências que possam acarretar.
Sabe-se também que os fluxos sem precedentes de mercadorias e de pessoas, aumentam os riscos de
propagação mundial generalizada de todos os agentes patogênicos, e desta mesma forma as alterações
climáticas, oferecem novas situações de propagação, especialmente através de vetores, tais como
insetos, que atualmente colonizam novos territórios, quando alguns anos atrás ainda eram muito frio
para que sobrevivessem durante o inverno.
A prevenção de todos estes novos perigos situa-se em uma adaptação harmoniosa e coordenada dos
dispositivos de governança sanitária mundial, regional e nacional.
<http://www.oie.int/es/para-los-periodistas/comunicados-de-prensa/detalle/article/one-world-one-health/>
Equipe Multiprofissional e Multidisciplinar
• “Atualmente, no combate às doenças e epidemias, são necessários
profissionais de diversas áreas, que possam avaliar e interpretar
esses desequilíbrios ambientais que já causaram, estão causando e
ainda causarão catástrofes ambientais e epidemiológicas, com suas
conseqüências, e para prevenir o que poderá acontecer, é cada vez
mais óbvia a necessidade de equipes multidisciplinares atuando em
conjunto”. (AMARAL, 2009, p.9).
OBRIGADO PELA ATENÇÃO
E-mail: [email protected]
[email protected]
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