Febre Recorrentes Hereditárias - Síndromes Periódicas Associadas ao Receptor do Fator de Necrose Tumoral (TNF) - TRAPS Febre Recorrentes Hereditárias - Síndromes Periódicas Associadas ao Receptor do Fator de Necrose Tumoral (TNF) - TRAPS Febre Familiar da Hibérnia (designação local da Escócia) ou Síndrome Periódica Associada ao Receptor do Fator de Necrose Tumoral (TNF) também conhecida pela sigla do nome em inglêsTRAPS. O que é? São síndromes essencialmente herdadas que cursam com febres altas recorrentes, em surtos, que duram de duas a três semanas, sendo tipicamente acompanhadas por perturbações gastrointestinais, erupções cutâneas vermelhas e dolorosas, dores musculares e inchaço nos olhos. Esta doença só foi reconhecida e compreendida muito recentemente. O curso desta doença é bastante benigno e auto-limitado embora 14% dos pacientes desenvolvam uma doença renal secundária chamada amiloidose (veja sintomas principais). É uma doença comum? É considerada uma doença rara com menos de 100 casos descritos no mundo todo, embora a sua verdadeira prevalência seja atualmente desconhecida. Afeta do mesmo modo meninos e meninas e o início ocorre mais freqüentemente em escolares e adolescentes. Os primeiros casos foram detectados em pacientes de ascendência irlandesa/escocesa, embora a doença também tenha sido identificada em outras populações: franceses, italianos, judeus sefarditas e judeus ashkenazi, armênios, árabes e Kabylians do Magreb. Não foi demonstrado que as estações e o clima influenciem o curso da doença que evolui com recaídas imprevisíveis ao longo da vida. Quais são as causas da doença? Esta doença é devida a uma anomalia herdada, de uma proteína (a chamada receptor do Factor Necrose Tumoral -TNF) que conduz a um aumento da resposta inflamatória aguda normal. Uma proteína chamada factor de necrose tumoral (TNF) reage exageradamente porque não é controlada pelo Receptor de TNF a que normalmente está ligada e baixa a intensidade da resposta inflamatória. Este defeito explica o desconforto do paciente: febre, calafrios e dor. Infecções, ou trauma ou tensão psicológica podem induzir os ataques. A relação entre a amiloidose e esta doença provavelmente consiste na coexistência de inflamação crônica e fatores genéticos. É hereditária? Há um padrão dominante de hereditariedade, o que significa que mais de um caso pode ser observado em uma única família, em todas as gerações. Na realidade a redução gradual de casamentos intra familiares (consaguíneos) diminui a possibilidade de casos múltiplos. O gene responsável pela doença foi identificado no cromossoma 12 (região 12p13). Mutações deste gene conduzem a um Receptor de TNF anormal, que não é liberado 1/3 adequadamente durante a resposta inflamatória que envolve o TNF. Até hoje, 33 mutações diferentes foram identificadas dentro deste gene. Porque é que o meu filho/a tem a doença? Pode ser prevenida? A criança herdou a sua doença de um dos pais portador de mutações do gene do receptor de TNF, a menos que uma mutação “de novo” tenha ocorrido. A pessoa portadora pode (ou não) exibir os sintomas clínicos da doença. Até o presente, se desconhece como a doença possa ser prevenida. É contagiosa? Não é uma doença infecciosa, o que significa que só indivíduos geneticamente afetados apresentam a doença. Quais são os sintomas principais? Os sintomas principais são os ataques de febre recorrente, que tipicamente duram 2 ou 3 semanas, associados a calafrios e intensa dor muscular envolvendo o tronco e os membros superiores. A erupção cutânea típica é vermelha e dolorosa com inflamação subcutânea localizada da pele e área muscular que lembra a ‘erisipela’. A maioria dos pacientes sente uma sensação de dor muscular e cãimbra “profunda” no começo dos ataques, que gradualmente aumenta de intensidade e começa a migrar para outras partes dos membros (migração distal), seguida do aparecimento da erupção cutânea. Dores abdominais difusas com náuseas e vômitos são comuns. A inflamação da conjuntiva e/ou inchaço periorbital são características bastante comuns desta doença, embora estes sintomas possam ser observados em outras doenças, como a alergia. Além destes sinais típicos, pode apresentar-se de um modo um pouco diferente, com ataques de maior ou menor duração. Dores no tórax também são reportadas devido a inflamação da pleura ou do pericárdio. A Amiloidose é a complicação mais grave, que apenas ocorre numa minoria de casos. Manifesta-se pelo aparecimento de grandes quantidades de proteínas na urina que evolui com insuficiência renal. A doença é igual em todas as crianças? A apresentação da doença varia de um paciente para outro, em termos de duração de ataques e duração de períodos livres de sintomas. A combinação dos principais sintomas também é variável. Estas diferenças podem ser explicadas em parte por fatores genéticos. Como é diagnosticada? Um médico especialista suspeita desta doença pelos sintomas clínicos e história familiar. Vários exames de sangue são úteis para detectar o grau de inflamação durante os ataques. O diagnóstico só é válido por análise genética que prove a existência de mutações. Há outros diagnósticos possíveis cursando com febre recorrente, especialmente na Febre Familiar do Mediterrâneo e a Síndrome de Hiper IgD. Quais são os tratamentos? Até o presente, não existe nenhum tratamento para prevenir ou curar a doença. Agentes anti inflamatórios não específicos ajudam no alívio de sintomas durante os ataques. Doses elevadas de esteróides são frequentemente eficazes, mas a utilização prolongada conduz a 2/3 efeitos adversos sérios. Demonstrou-se que o bloqueio específico de TNF é um tratamento eficaz em alguns pacientes quando feito no começo de um ataque. Quanto tempo deveriam durar os tratamentos? A duração de tratamento é limitada aos sintomas agudos, visto que nenhum medicamento é eficaz na prevenção dos ataques de febre. Quanto tempo se manterá a doença? A história natural desta doença é manifestar-se periodicamente em ocasiões repetidas e irregulares ao longo da vida. Qual é a evolução a longo prazo da doença (prognóstico)? O pior prognóstico afeta apenas uma minoria de pacientes: é o risco de amiloidose secundária. Este risco é difícil de determinar porque depende de fatores genéticos e ambientais. A amiloidose é uma complicação grave e conduz frequentemente a insuficiência renal. Até o presente desconhece-se como esta complicação possa ser evitada. É possível recuperar completamente? Esta possibilidade é desconhecida atualmente, mas não excluída. Na realidade, a modificação estrutural genética do receptor de TNF não causa o defeito funcional sistemáticamente. Além disso a cessação de exposição a um agente ativante potencial pode induzir a remissão da doença. Fonte: Printo 3/3 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)