Tratamento reduz o risco de amputação por câncer

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Tratamento reduz o risco de amputação por câncer
No último mês, foram feitas no país as primeiras cirurgias para tratar câncer usando um medicamento
importado que aumenta as chances de "matar" o tumor e evitar que a perna ou o braço afetados sejam
amputados. A primeira operação foi no dia 26 de janeiro, em um paciente com sarcoma no antebraço,
no Hospital São José, em São Paulo. No dia seguinte, uma mulher com melanoma na perna foi operada
no Hospital A.C. Camargo. O medicamento --chamado Beromun, mas mais conhecido como TNF (fator
de necrose tumoral)-- mata as células do tumor e permite que a quimioterapia penetre mais nele.
Um dia depois, destrói os vasos sanguíneos que irrigam o tumor, matando-o também por falta de
oxigênio. Até duas semanas atrás, o remédio só era usado no exterior. Por isso, pacientes que
precisavam do TNF tinham que viajar para outro país para fazer o tratamento.
Com cirurgia e quimioterapia, os pacientes com melanoma tinham 50% de chance de evitar a
amputação, e aqueles com sarcoma, 20%. O melanoma é o tipo mais perigoso de tumor de pele. Já o
sarcoma tem origem em células de tecidos como de músculos, ossos e gordura.
Com a adição do TNF, as chances de conservar o membro aumentam para 90% no caso de quem tem
melanoma e 50% para os pacientes com sarcoma, segundo João Duprat, diretor do departamento de
câncer de pele do Hospital A.C. Camargo. "O TNF permite salvar o membro em dois terços dos casos que
iriam para a amputação", afirma Antonio Buzaid, coordenador geral do centro avançado de oncologia do
Hospital São José. Como o medicamento é muito forte e a dose de químio usada em conjunto para
matar o tumor é dez vezes maior que a suportada pelo organismo, o medicamento só pode ser usado na
perna ou no braço com câncer, e os membros precisam ser "isolados" do corpo.
Isso quer dizer que uma máquina de circulação extracorpórea separa o sangue do membro e os
medicamentos do resto do corpo. Um garrote ajuda a evitar vazamentos. Se houver escape de mais de
10% do TNF para o corpo, pode haver queda na pressão e até sintomas de uma infecção sistêmica,
afirma Duprat. A operação já era feita no Brasil para melanoma, apenas com a químio, sem o TNF. A
resposta era boa para tumores menores. Mas, no caso de sarcoma, só a quimioterapia não dava uma
boa resposta. A saída para tratar os pacientes era a amputação.
Duprat acredita que, anualmente, cerca de 250 pacientes com sarcoma e melanoma que correm o risco
de amputação poderiam se beneficiar da cirurgia com o TNF.
ÚLTIMO RECURSO
A amputação é indicada por dois motivos: reduzir risco de metástase e melhorar a qualidade de vida do
paciente. "O tumor cresce e começa a cheirar mal e sangrar. O convívio social fica muito ruim para o
paciente." Há, no entanto, quem se recuse a amputar o membro. "Isso ocorre com frequência e há
pacientes que chegam numa situação catastrófica. A perfusão pode ser uma alternativa", afirma Duprat.
O novo tratamento, no entanto, ainda é para poucos. Como a fabricante do remédio não entrou com o
pedido de liberação junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a importação só pode ser
feita pelo paciente que usará o TNF, a um custo de US$ 20 mil (R$ 34.400), tirados do próprio bolso.
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