A Comunicação Organizacional na Era da Complexidade1 Tassiara Baldissera Camatti2 Universidade de Caxias do Sul, RS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, RS Resumo A partir do entendimento de que a comunicação organizacional se fundamenta na relação e interação existente entre indivíduos e organizações e, compreendendo o contexto complexo, ágil e mutável com o qual nos deparamos atualmente, propõe-se este artigo. Nesse sentido, busca-se pesquisar e compreender a função e ação do processo de comunicação, assim como suas contribuições, para que a mudança aconteça e torne-se momento de evolução do conhecimento organizacional. Palavras-chave: Organização. Complexidade; Comunicação; Conhecimento; Identidade; 1. Introdução Vivemos a era da complexidade em que é necessário compreender a existência da incerteza e trabalhar com os diversos recursos disponíveis e possíveis para conceber formas de entender os limites e desafios desse novo contexto. Assim, pode-se dizer que o universo global, caracterizado por ambientes sociais, políticos, econômicos, ecológicos, geográficos e culturais que se inter-relacionam constantemente, é cada vez mais complexo. Segundo Edgar Morin (1991), a sociedade é produzida pelas interações dos indivíduos que a constituem. Assim, na condição de um todo organizado e organizador, 1 Trabalho apresentado ao GT ABRAPCORP 2 - Processos, Políticas e Estratégias de Comunicação Organizacional. Trabalho realizado na disciplina de Comunicação Organizacional, Doutorado em Comunicação – PPGCOM/ Famecos - PUCRS, sob orientação da Prof. Dr. Cleusa Maria Andrade Scroferneker. 2 Bacharel em Comunicação Social, habilitação Relações Públicas (UNIJUÍ), Especialista em Gestão da Informação Estratégica pela UCS, Université de Poitiers e Universidade de Monterrey, Mestre em Administração pela UCS e aluna do PPGCOM - Doutorado em Comunicação/ PUCRS. Atualmente é professora e coordenadora do curso de Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, membro do GECONT (Grupo de Estudos em Comunicação Organizacional e Novas Tecnologias) PPGCOM/ Famecos/ PUCRS e membro da célula Brasil da CISC (Comunidade Ibero-americana de Sistemas do Conhecimento). a própria sociedade retroage para produzir os indivíduos por meio da educação, linguagem e escola, e, em contrapartida, em suas interações, os indivíduos produzem a sociedade e esta produz os indivíduos que a reproduzem. Tudo isso acontece num circuito em espiral, por meio da evolução histórica que integra organizações e ambientes. Assim busca-se, por meio deste artigo, entender como os indivíduos e as organizações se relacionam no ambiente complexo e quais as características que contribuem para que as mudanças se tornem momentos de evolução do conhecimento organizacional. 2. Espaço, tempo e lugar No contexto complexo, ágil e mutável, verifica-se que a compreensão de lugar, tempo e espaço está sendo alterada por novas percepções. O espaço se torna amplo e sem delimitações formais, proporcionando a inexistência de barreiras que coíbam a interação humana. Associado à evolução tecnológica, que proporciona o encurtamento das distâncias geográficas e estimula à interatividade e a comunicação, o espaço instituise como ambiente que estimula a mudança de valores e amplia o conhecimento. O tempo se torna um ativo cada vez mais intangível, pois além de mensurar a produção como fator de medição de desempenho, passa a ser meio da busca de excelência, instigando a agilidade como forma de diferenciação. Assim, o tempo se institui como padrão norteador de eficiência e eficácia, não sendo mais administrado por turnos ou horas, mas nano segundos, em que a cada instante o cenário pode sofrer mudanças que devem ser, além de avaliadas, previstas. Nesse espaço de incertezas, o tempo tende a ser um balizador das relações. No entanto, conforme expõe Santos (1994), o problema dessa realidade está na ausência do tempo de lazer, devido à ampliação do tempo de trabalho, que aumenta à medida que a tecnologia facilita o acesso às informações e a interação full time. Com isso, o tempo é reduzido e o trabalho multiplicado. O dia continua com 24 horas, mas o tempo adquirido com o auxílio da tecnologia, e que poderia ser utilizado para melhorar a qualidade de vida, é utilizado para efetivar novas relações, via tecnologia, que precisam de mais tempo. Assim, o tempo tende a ser banalizado e cria-se um ritmo acelerado de vida com necessidade presente de conexão. Nesse cenário de mudanças e quebra de antigos paradigmas estruturalistas, que consideravam tempo e espaço como padrões de controle, inertes às alterações do contexto, mas focados no modo de produção em série, busca-se também verificar o novo entendimento de lugar. Todo ser humano tende, em sua vida, a pertencer a algum lugar. Este pode ser entendido, segundo Augé (1994), como um ambiente histórico, hereditário e relacional, ou seja, o indivíduo visa a estabelecer uma relação direta com o lugar a fim de reforçar sua identidade. No entanto, no contexto atual, em que o espaço não possui fronteiras físicas e o tempo é real e virtual, o lugar se apresenta de duas outras formas, não-lugar e entre- lugar, considerando as relações que efetivam com os indivíduos. O não-lugar é caracterizado quando o indivíduo não tem ligação histórica com o lugar, mas sim relações funcionais, como um aeroporto, por exemplo. O entre-lugar é aquele que está no “limbo” (grifo nosso) e não estabelece nem relação interacional como o lugar, nem relação funcional como o não-lugar. É, na verdade, um misto de ambas, sendo confundido, por vezes, com um ou outro. Nesse sentido, o indivíduo que mora em um lugar e estuda em outro, por exemplo, está sempre procurando estabelecer conexões entre ambos, mas não se sente parte de nenhum. O interessante nesse novo entendimento de lugar é que se verifica que, quando o indivíduo não consegue identificar-se totalmente, busca elementos que sejam condizentes com o seu lugar, a fim de estabelecer relações, forçando uma lugarização parcial, ou ilusão de lugar. Isso acontece quando se busca referências semelhantes ao país de origem estando em viagem internacional, por exemplo. Conforme o exposto pode-se dizer que a compreensão do ambiente complexo cria novas formas de entender e administrar o contexto em que vivemos, dotado de espaço, tempo e lugar. Assim também as organizações, enquanto ambientes relacionais que podem se configurar enquanto lugar, mas estão presentes no tempo e espaço, podem ser compreendidas de outras formas. O espaço organizacional não tem fronteiras, pois a virtualização das relações o amplia. O tempo é exíguo e exige, segundo a regra da competitividade, a agilidade e superação para a excelência. O lugar existe e não existe. Nesse contexto, uma série de mudanças motivadas, sobretudo, pelo desenvolvimento de novas tecnologias de informação e de comunicação, propiciou o surgimento de um novo paradigma, que coloca em evidência a ruptura com o passado e desafia as empresas a trabalharem com o fator intangível da mudança organizacional: a informação e o conhecimento. Tal desafio, com toda a sua complexidade, provoca a necessidade do aprimoramento do modelo organizacional, principalmente em termos de novas práticas, metodologias e maneiras de competir no mercado. Por isso, entende-se como importante o estudo das organizações e a compreensão de como as relações se estabelecem nesse ambiente e como os processos de mudança, ocasionados pela evolução das tecnologias e do conhecimento humano, interferem em seu dia a dia. 3. O indivíduo e as organizações O ser humano é o ator central das relações organizacionais. Como ser múltiplo e uno, agrega em si conhecimento e experiência e tende a interagir com os demais indivíduos a fim de fomentar novos conhecimentos. Além disso, o indivíduo enquanto ser relacional pertence a diversos grupos (ou tribos), em que sedimenta laços e cria significados para fortalecer sua identidade. Para estabelecer essas relações, o indivíduo precisa interagir, trocar e integrar informações e conhecimentos, ou seja, precisa se comunicar. Conforme Lasswell (1971), a comunicação é “agente de ação, integração, formação e construção”. Agente de ação, no momento em que objetiva, na ligação emissor/receptor, ocasionar a interação do receptor com seu universo de conhecimento e com o universo de conhecimento do emissor. Agente de integração, no momento em que objetiva unir, num mesmo indivíduo, suas diversas características (físicas, econômicas e empíricas), além de unir diferentes indivíduos em grupos aparentemente coesos e iguais (grupos de sentimentos). Agente de formação, no momento em que busca estabelecer pela informação uma opinião pública, formatando-a sobre padrões pré-estabelecidos e valores individuais correlacionados a novas realidades ou perspectivas. Agente de construção, no momento em que visa a agregar, com a pesquisa, novos dados concretos que norteiem as ações individuais, a fim de construir novas idéias sobre o antes dito como verdade, remodelando, por vezes, ideologias existentes. Se considerarmos o âmbito das organizações, verifica-se que por meio da comunicação, os indivíduos se predispõem ao relacionamento e dessa forma instituem uma ligação direta de lugar com o ambiente organizacional. É nesse universo complexo que são (re) tecidas as relações na tentativa de „lugarizar‟ os indivíduos organizacionais. O irreal e o surreal dialogam, enquanto o real se materializa nos móveis, quadros, na arquitetura, nos ambientes, nas cores, nos odores, nas pessoas, nos equipamentos que „oficializam‟ que estamos nesse „lugar‟. (SCROFERNEKER, 2009, p.3). Shirato (2004) expõe em sua obra que a organização forma uma rede de envolvimento que vai além de suas barreiras físicas, interferindo diretamente na vida do indivíduo que, por vezes, deixa de ser si próprio e passa a ser parte da organização. A autora denomina esse fenômeno de “feitiço das organizações”, em que as mesmas efetivam a produção de imaginários de uma pseudorrealidade, forjada por relações vinculadas a intenções e promessas, impedindo o indivíduo de avaliar racionalmente as relações existentes. Isso ocorre porque o indivíduo se vê envolto em uma teia de supostos benefícios e concessões, advindos das organizações, que lhe proporcionam um sentimento de suposta segurança e baixo risco, em que seu silêncio é gratificado pela estabilidade, a princípio, existente. Esse cenário é reforçado pela espetacularização das organizações, que se tornam referência para os indivíduos. Segundo Wood Jr. (2001), as organizações são fontes de prazer e neurose, realização e stress. De forma poderosa, atraem e seduzem, cooptam e socializam. Criam e recriam o imaginário pela capacidade de espetacularizar os acontecimentos e buscam, por meio disto, reafirmar identidades e fazer sentido. Um exemplo é a capacidade de a organização se tornar a extensão da família, ou até substituta dela, efetivando um vínculo quase maternal. Nesse contexto, a organização passa o sentido inicial de proteção, mas quando dispensa, frustra o funcionário. Cabe ressaltar, no entanto, que o fenômeno das organizações espetaculares emerge num ambiente econômico, social e cultural, marcado por seis características: complexidade, aceleração, fragmentação, excelência, abstração e simulação. Na visão de Wood Jr. (2001), a complexidade representa a existência de descontinuidades e a hipercompetição, frutos dos movimentos estratégicos de concorrentes globais numa escalada competitiva em que as empresas procuram estabelecer vantagens quase que instantâneas. A aceleração é o item ligado ao fator tempo, que contrapõe os discursos lineares, racionais e de controle a uma nova perspectiva de tempo, “um contrato social mutante (...) que inclui aspectos subjetivos e não-racionais” (WOOD Jr., 2001, p.80). A fragmentação é a percepção fragmentada da realidade, motivada principalmente pelo rompimento das tradições nos processos de socialização do indivíduo e pela midiatização da experiência humana. “A conseqüência é uma identidade mais fraca, vulnerável e flexível” (WOOD Jr, 2001, p.82), visto que há uma tendência de virtualização do indivíduo e redução da interação social. A excelência desperta um vetor de transformação social, criando o homo reticularis que “experimenta a demanda incessante para exceder padrões e expectativas, superando patamares de performance” (WOOD Jr., 2001, p.87-88). Assim, o sistema quantitativo de produção é substituído, ou somado, ao sistema qualitativo de produção, destacando-se nesse último a capacidade de inovação e diferenciação. A abstração cria uma nova classe de profissionais, denominados os analistas simbólicos, que unem expressão, abstração e fantasia a seu fazer profissional. Esses “simplificam a realidade em modelos e formas para tratá-la convenientemente e solucionar problemas” (WOOD Jr., 2001, p.90), primando pelo abstrato em detrimento do concreto. A última característica do ambiente em que estão imersas as organizações espetaculares é a simulação. Esta tende a reforçar o espetáculo, produzindo uma impressão falsa da realidade, os simulacros, que não mais escondem a verdade, mas são a própria verdade que esconde o fato de que não há nenhuma verdade. “A ficção tornase realidade ou hiper-realidade” (WOOD Jr., 2001, p.94). Assim, na visão do autor, a sociedade do espetáculo, a partir das características expostas, está presente em todas as organizações para reforçar o posicionamento espetacularizado das mesmas e se reforça nesse comportamento. Importantes contribuições para a compreensão das organizações no contexto atual são trazidas também por Morgan (1996), que utiliza metáforas para caracterizar as diversas formas simbólicas em que as organizações se apresentam. Nesse sentido, o autor contribui para o entendimento de que as organizações são muitas coisas ao mesmo tempo: “muitos dos problemas fundamentais com os quais nos deparamos originam-se do fato de que a complexidade e a sofisticação do nosso pensamento não são comparáveis à complexidade e à sofisticação das realidades com as quais é necessário lidar”. Para elucidar de forma sintética as idéias de Morgan, expõem-se, no quadro abaixo, as oito metáforas estudadas em sua teoria. Quadro 1 – Metáforas da organização Metáfora Máquina Organismo Vivo Cérebro Cultura Sistema Político Prisão Psíquica Sistema em Fluxo e Transformação Instrumento de Dominação Características Ênfase no sistema mecanicista do tipo ideal de Weber (1864-1920). A organização é vista como máquina, com várias partes que se interligam e cada uma desempenha um papel claramente definido. Semelhança com o modelo orgânico de Burns e Stalker (1961). Organizações nascem, crescem, desenvolvem-se, declinam, morrem e são capazes de se adaptar a ambientes em mutação. Destaca a importância de se compreender e administrar as “necessidades” organizacionais e as relações com o ambiente. Distribuição uniforme da inteligência e do conhecimento, entendendo a organização como cérebro de duas maneiras: um computador que processa informações e um holograma que busca auto-organização através da inovação e flexibilidade. Interpretação de situações com base em valores similares. A organização é vista como o lugar onde residem idéias, valores, normas, rituais e crenças que as sustentam como realidades socialmente construídas. Esses padrões de significados compartilhados é que orientam a vida organizacional. Conciliação de interesses conflitantes. Organizações são sistemas de governo baseados em jogos de poder e vários princípios políticos que legitimam a política da vida organizacional. Alienação das pessoas. As organizações são “prisões psíquicas” nas quais as pessoas caem nas armadilhas dos processos conscientes e inconscientes da sua própria criação. Intercâmbio dinâmico com o ambiente. Visa a compreender as forças que moldam a natureza da organização em nível social. Organizações são: sistemas auto produtores, resultados de fluxos circulares de feedback e produto de uma lógica dialética em que os fenômenos tendem a gerar o seu oposto. Poder opressivo sobre as pessoas. Demonstra os aspectos potencialmente exploradores da organização e como ações racionais frente empregados, comunidades hospedeiras e o mundo econômico possuem intenção exploradora. FONTE: MORGAN, 1996. p.15-20. Com base no exposto, pode-se verificar que as organizações não possuem imagens padronizadas acerca de sua concepção, estrutura e funcionamento. Por meio das imagens, consegue-se validar a idéia do autor de que é preciso reconhecer os laços estreitos entre pensamento e ação na vida organizacional, para que se torne possível compreender a forma como é gerida e concretiza suas ações. Segundo Morgan (1996), “imagens e metáforas não são somente construtos interpretativos usados na tarefa de análise. São fatores intrínsecos ao processo de imaginação através do qual as pessoas podem representar ou „descrever‟ a natureza da vida organizacional”. As imagens, ou metáforas, são fontes de informação que nos permitem compreender e atuar, de forma adequada, nos diferentes modelos organizacionais. Cabe ressaltar que uma organização pode se identificar com uma ou mais metáforas, se considerarmos seu vasto e complexo ambiente. Dessa forma, acredita-se que o conjunto de metáforas traz em seu bojo o princípio da teoria da complexidade, que segundo Morin (2007), necessita da interação de conhecimentos individuais para entender a composição do tecido em que se unem sujeitos heterogêneos, entendendo que as partes (os indivíduos) são fundamentais na composição do todo. Ao mesmo tempo, a complexidade necessita entender o todo (o tecido), enquanto conjunto de acontecimentos nem sempre previstos e organizados, mas, como ambiente de mutação, no qual ao mesmo tempo em que há certa ordem e organização, há a desordem, a incerteza, que tiram a estabilidade do contexto, criam a crise e estimulam a uma nova organização, provida de reflexão das partes para a recomposição do todo. As imagens de Morgan retratam, por meio de metáforas, as diversas relações existentes entre as organizações e seus públicos e como as mesmas se estabelecem no ambiente organizacional. Mais que isso, retrata o modo como as organizações entendem seu contexto e operam no ambiente complexo, levando em conta oportunidades e ameaças para gerenciar seus recursos e ampliar, ou não, resultados. Nesse cenário, os indivíduos precisam manter-se atentos a fim de perceber o quanto as mudanças organizacionais são reais ou espetacularizadas, evitando que sejam envolvidos no “feitiço” organizacional. Segundo Chanlat (1993), o homem precisa ter espaço de fala para efetivar a idéia do coletivo, deixando de ser um número e passando a ser agente da comunicação. Nesse prisma, a comunicação passa a ser fundamental para perceber a realidade organizacional e compreender as diversas interpretações que advém de seus atores e como os mesmos efetivam relações que buscam identificá-los e lugarizá-los. 4. Identidade organizacional As organizações, como vimos anteriormente, são organismos vivos, que se configuram para interagir com o ambiente e alcançar seus objetivos. Segundo Schein (1986), a cultura organizacional tem seus pressupostos básicos no desenvolvimento de formas para lidar com a adaptação externa e a integração interna, a fim de agregar maior força à organização no ambiente competitivo. A cultura se institui a partir do entendimento que as formas de adaptação e integração são válidas e preservam a organização e os indivíduos, sendo adotadas e ensinadas aos novos membros. Assim, a cultura organizacional se cria na medida em que estabelece, diretamente ou indiretamente, formas tidas como “corretas” (grifo nosso) de perceber, pensar e sentir a relação da organização com os diversos desafios, introjetando práticas e reforçando valores. Nesse contexto, pode-se dizer que a cultura tem base nos valores e crenças humanos, que afetam desejos e emoções, que por sua vez influenciam propósitos e atitudes e definem comportamento. Este comportamento exprime percepções que agregam identidade. Nesse prisma, segundo Schein (1986), pode-se entender a cultura organizacional como um iceberg, onde se visualiza sobre as águas apenas 20% de sua extensão, estando 80% submerso. Essa representação reflete que a cultura que normalmente enxergamos e presenciamos, enquanto clientes ou fornecedores de uma organização, não é, efetivamente, a cultura dessa organização. Há um jargão que diz “tudo muda quando você se torna funcionário da empresa”. Mas por que isso acontece? Porque, quando nos embrenhamos na organização e fazemos parte dela, conhecemos o submerso e nos deparamos com as fragilidades que “devem” (grifo nosso) ficar escondidas. Assim, pode-se dizer que a cultura forte é identificada principalmente nas organizações que permanecem no mercado e que conseguem configurar-se e reconfigurar-se frente aos desafios, tanto internos quanto externos. Nesse contexto, identificar as necessidades para que o processo de fortalecimento da cultura aconteça é necessário, pois toda a organização possui antagonismos e contradições. Outra questão que deve ser levada em conta, é que a cultura organizacional altera também a noção de território na empresa, tornando-o objeto de disputas e conflitos, sob um conceito mais psicológico do que propriamente físico. Nessa ótica, a cultura entende o território como ligação às áreas de influência e aos seus símbolos de status, não só pelo poder conferido ao cargo, mas também pelas relações, contatos e informações privilegiadas a que seu ocupante tem acesso. Esse cenário se deve ao universo de subculturas presente nas organizações que compõem e interagem com a cultura global, que identifica a organização e cria a percepção da mesma junto aos diversos públicos. No entanto, segundo Maffesoli (2007), a idéia de uma cultura global, homogeneizada, é contrária a idéia da personificação, das subculturas. O autor entende que as subculturas são as partes do todo, que é a cultura, e que, no ambiente complexo, as mesmas devem interagir e complementarem-se para que a organização evolua sem se fixar num modelo padrão, ou seja, sem se alienar das percepções e contribuições que as partes podem trazer para o todo e como o todo pode contribuir, sob forma de organização das partes, no contexto atual. Segundo o autor, nenhuma organização gerencia sua imagem, pois depende da percepção dos públicos. A identidade, no entanto, depende do DNA da organização, está na sua concepção e nos aspectos tangíveis e intangíveis da cultura. Assim, a cultura está presente em toda a organização, revelando-se no contexto interno e externo e interagindo com os mesmos. Conforme o exposto pode-se dizer que a identidade reflete a cultura organizacional, sendo impossível concebê-la sem considerar os atributos e influências dessa cultura. Mas o que é cultura organizacional? Freitas (1991) entende a cultura organizacional “primeiro como instrumento de poder; segundo como conjunto de representações imaginárias sociais que se constroem e se reconstroem nas relações cotidianas dentro da organização” (FREITAS, 1991, p.97). Nesse sentido, a autora referenda que, enquanto representação do imaginário, a cultura se expressa em termos de “valores, normas, significados e interpretações, visando a um sentido de direção e unidade, tornando a organização fonte de identidade e reconhecimento para seus membros” (ibidem). Assim, a cultura estabelece um padrão de identidade que se reflete na hierarquia e ações de comando, através do poder, assim como no contexto interno e externo, através da representação. Também nessa visão, a autora referenda que “através da cultura organizacional se define e transmite o que é importante, qual a maneira apropriada de pensar e agir em relação aos ambientes externo e interno, o que são condutas e comportamentos aceitáveis, e o que é realização pessoal” (FREITAS, 1991, p.97). No entanto, muitas vezes a cultura toma o lugar do todo e fala por ele, tolhendo a relação de confiança com os indivíduos e as subculturas, desestimulando, assim, a interação entre o todo e as partes. Nesse contexto, a cultura organizacional “fere a função de conseguir a adesão, o consentimento, ou seja, a coparticipação [sic] de indivíduos e grupos” (FREITAS, 1991, p.98). Dessa forma, pode-se dizer que a cultura instiga a cumplicidade do indivíduo com a organização, disfarçada pela pretensa relação de trocas justas, pela aceitação do jogo em que aparentemente todos ganham e pelo comprometimento consciente do “contrato psicológico”. Este coopta o indivíduo e o traz para uma postura de “boa vontade” frente às iniciativas organizacionais, em que sua identidade individual é sobrepujada pela identidade coletiva da organização. A expressão cultura organizacional não é a mais apropriada para Enriquez (1992), que entende a organização como um sistema que integra o cultural, o simbólico e o imaginário, podendo analisá-los a partir de sete instâncias. Também Pagès, De Gaulejac, Bonetti e Descendre (1992) entendem a organização como um sistema de mediação de contradições de várias ordens, no qual ela assume o lugar de mãe e tenta captar o ideal de ego de seus membros, protetora e reconciliadora. Assim, compreende-se, segundo Freitas (1991), que “a cultura organizacional de certa forma institucionaliza a magia”. Em suma, visa a substituir a identificação com a nação e com o estado por uma identificação com a organização, tornando-se esta o único sagrado transcendente no qual é possível crer. Nesse contexto, a identidade é fundamental para a sobrevivência do homem, mas sua busca pode levá-lo a confundir a imagem, a representação, com seu próprio eu. Dessa forma, a organização moderna se encarrega de um novo comércio de identidades, tendo como base e fundamento a cultura, que potencializa as benéficies da organização em detrimento da imperfeição humana. 5. Comunicação organizacional Os agentes da cultura e da mudança são as pessoas. Por isso, diversas teorias, inclusive a teoria da complexidade, têm seu foco principal no estudo das pessoas e de como as mesmas se relacionam num ambiente de contradições e incertezas, influenciando, por suas ações e decisões, esse ambiente. Nesse sentido, também se fundamenta a comunicação, presente em todas as relações humanas, que possibilita a troca de experiências e informação, ampliando o universo de conhecimento individual e coletivo. A palavra “comunicar” vem do latim “communicare” com a significação de “pôr em comum”. Comunicação é convivência; está na raiz de comunidade, agrupamento caracterizado por forte coesão, baseada no consenso espontâneo dos indivíduos. Consenso quer dizer acordo, consentimento, e essa acepção supõem a existência de um fator decisivo na Comunicação humana: a compreensão que ela exige, para que se possam colocar, em “comum”, idéias, imagens e experiências. (...) Seu grande objetivo é o entendimento entre os homens. Para que exista entendimento é necessário que se compreendam mutuamente indivíduos que se comunicam (PENTEADO, 1982, p.01). Nos estudos de Luhmann (1992) e Morin (1991), verifica-se contradição no entendimento da comunicação, assim como de sua função nas relações humanas. Luhmann (1992) defende a visão de que comunicação é um sistema fechado, que visa a reduzir a incerteza no ambiente. O autor desenvolve seus estudos com foco principal na visão positivista e funcionalista da comunicação, semelhante ao modelo ShannonWeaver (1949), em que há um fluxo definido de ação e consequência para atender ao objetivo que é a entrega da mensagem ao receptor. Para o autor “a comunicação é o dispositivo fundamental da dinâmica evolutiva dos sistemas sociais, uma vez que é um processo de seleções, sendo pela seleção que se opera o processo de redução da complexidade na relação com o ambiente” (LUHMANN, 1999 apud CURVELLO, 2009, p.100). Já para Morin (1991), a comunicação é um processo complexo e dinâmico que não reduz a incerteza, mas sim, orienta o improvável. Com isso, nem tudo que se apresenta é mensurável e sistematizado, ou seja, a comunicação acontece a todo o momento, envolvendo fatores tangíveis e intangíveis nas interações humanas. Assim também Curvello (2009) entende a comunicação sob a ótica da perspectiva processual e cognitiva, considerando as organizações sistemas de comunicação autopoiéticos, que criam e recriam seus fluxos, formas e processos de comunicação, evoluindo junto à complexidade do contexto. Com isso, o autor expõe a necessidade de entender-se a teoria sistêmica além da visão positivista e funcionalista, a fim de compreender seus benefícios para a interação humana. O processo de comunicação fundamenta o ato de comunicação, sendo inesgotavelmente estudado nos cursos de comunicação social e “dissecado” em inúmeras bibliografias. Isso ocorre para agregar maior entendimento sobre os aspectos que compõem a construção do processo de comunicação e influenciam nos resultados finais de sua aplicação. Dessa forma, pode-se dizer que o fazer comunicativo exige talento. Não enquanto simples ato comunicativo, aplicado diariamente por todos os seres humanos e que gera informação, mas enquanto ação profissional, que modifica padrões e imagens organizacionais através da efetivação de uma prática comunicativa interativa e desvinculada de modelos estanques. O comunicador, antes de mais nada, deve agir como mediador, ou seja, ser a pessoa que busca intermediar os atos comunicativos entre públicos e meios, objetivando estabelecer a compreensão mútua entre todos e motivar a participação efetiva dos envolvidos no processo. Nessa visão, não basta ao comunicador aprender as lições técnicas da academia para sua futura atuação profissional, mas sim, tornar-se, a exemplo do ato comunicativo, agente de ação, integração, formação e construção social. Se fomentarmos um perfil básico para o comunicador, seria, provavelmente, o de agente de informação, ou seja, o comunicador, numa visão imediatista e inicial, deve fazer fluir as informações para os públicos de interesse e buscar neles um retorno dessa aplicação. Resgatando alguns conceitos teóricos, visualiza-se no modelo de Aristóteles, denominado “teoria compreensiva de persuasão”, o comunicador resumido à pessoa que emitia a mensagem e bem persuadia os ouvintes. Nesse modelo, segundo Debray (1993), o alvo principal da comunicação é o propósito do comunicador de afetar, numa certa direção, o comportamento do receptor: deseja produzir certos efeitos sobre a maneira de sentir, pensar e agir do receptor; ou, noutras palavras, persuadi-lo. No modelo Shannon-Weaver (1949), o comunicador ocupa o papel de emissor e busca que a mensagem chegue até o receptor por meio de um canal eficaz. Segundo Coelho (1999, p.199), esse é um modelo que “continua entendendo a comunicação como uma questão de caixinhas estanques”. Para Dobb (1996) e Debray (1993), o comunicador é o mediador, a pessoa capaz de interagir a mensagem com os diversos universos de conhecimento que a mesma perpassa, agregando a ótica do emissor e buscando o feedback, desprovido de persuasão e aberto as diversas interpretações. A comunicação, qualquer que seja o contexto de sua realização, tem como base o ser humano. Nesse sentido, a comunicação é observada como resultado de ações das pessoas, compreendida a conduta e as palavras, que expressam uma linguagem com significado ou, na terminologia de Habermas num „acordo‟. „Acordo e influência são mecanismos de coordenação da ação que se excluem um ao outro, pelo menos desde a perspectiva dos participantes (...) Um acordo não se pode forçar, não pode vir imposto por uma parte ou pela outra – seja instrumentalmente, por intervenções diretas na situação de ação do outro, seja estrategicamente por meio de uma calculada influência sobre as atitudes do próximo (HABERMAS, 1989 apud SIMÕES, 1995, p.148). O acordo de Habermas representa as premissas do processo de comunicação, que deve acontecer naturalmente com a concordância de ambas as partes, tendo como resultado o produto da interação de diferentes universos de conhecimento, a fim de estruturar uma nova concepção para determinado assunto. Assim, o processo de comunicação pressupõe dinâmica: interagir a informação e a experiência, para criar e ampliar o conhecimento. Aliás, o termo processo pressupõe essa dinâmica. Ademais, conforme Schramm (1960 apud SIMÕES, 1995, p.142), “é um erro pensar que o processo de comunicação começa com alguém e termina com alguém. É, verdadeiramente, sem fim. A organização e públicos são, ambos, concomitantemente, atores no processo”. Assim, entende-se que a comunicação é um ato complexo, com alternância de constituição e/ou transmissão de significados, em que todos os envolvidos são, ao mesmo tempo, meio, mensagem, emissor e receptor. Segundo Casali (2009), a comunicação envolve, no ambiente organizacional, relações de poder e fundamenta-se como um processo contínuo de criação, manutenção e transformação do coletivo. Assim, utiliza a informação clara, transparente e objetiva para evitar que a equipe mude, altere ou interprete, de forma equivocada, a mensagem. Para a autora, “a comunicação organizacional é caracterizada como um processo social que aciona universos objetivos e subjetivos na criação de um ambiente ao mesmo tempo estável e mutante” (CASALI, 2009, p.107). Para que a comunicação se fundamente e crie corpo no ambiente organizacional, posicionando-se como agente de mudança, é necessário criar espaços de interlocução, via conversação. Para tanto, compreender os modelos de discursos presentes nas organizações torna-se imprescindível. Conforme Roman (2009), os discursos organizacionais são caracterizados pelos ditos, mal-ditos e não-ditos. Os “Ditos” são formais, a comunicação construída e exposta nos meios conhecidos pelos públicos envolvidos no processo. Os “Mal-ditos” normalmente surgem do que foi dito mas não foi aplicado, efetivado. Divertem, agregam, provocam e dominam. São os discursos informais, presentes, normalmente, nos ruídos de comunicação e nas chamadas “conversas de corredor” ou “rádio peão” (grifo nosso). Os “Não-ditos” compreendem outras formas de linguagem no discurso, envolvendo também o que não é realmente dito pela fala ou escrita, mas sim, comunicado pelas mensagens subliminares. Compreende a amargura e os sentimentos de aversão e resulta, normalmente, em anestesia, apatia e constrangimento. Nesse cenário de discursos, verifica-se novamente a complexidade da comunicação. Os “Mal-ditos” são entendidos assim como combustível que revitaliza a organização, gerando desordem. Para tanto, o processo de comunicação organizacional deve ater-se a gerenciar esse tipo de discurso, além dos outros, a fim de levar a organização ao restabelecimento da ordem. Assim, a produção de sentido se evidencia como um movimento circular que envolve o processo de relacionamento, no ambiente organizacional. Isso torna o enunciado válido para a comunicação, que busca, nas contradições, meios de construção e reconstrução da identidade organizacional. 6. Considerações finais O ambiente organizacional sofreu inúmeras mudanças nas últimas décadas, principalmente de ordem econômica e tecnológica. Vive-se a “Era da Informação”, em que o conhecimento se posiciona como o ativo mais importante do terceiro milênio. Nesse contexto, a comunicação é vista, segundo Lesly (1995), como a matéria mais básica existente para se compreender os processos humanos e conseguir sucesso em seus esforços. Manifestada em todas as espécies, de diferentes formas, a comunicação perpassou os séculos e hoje é entendida como um processo de inúmeras funções. Além de ser uma forma de interação humana, é fonte de pesquisa, informação e conhecimento, incluindo-se nisso seu fator mensurável tido como o resultado de sua aplicação em determinado setor econômico ou empresarial. Conforme Wey, “o conceito de comunicação abrange, em última análise, todos os processos pelos quais os grupos humanos se influenciam reciprocamente, aprofundando suas relações necessárias e significativas” (WEY, 1986, p.11). Quanto mais conhecimento se tiver do entorno, mais se conseguirá atravessar o “mar” de turbulências e incertezas do ambiente complexo. Como a metáfora da cebola, toda organização precisa ser descascada para que se conheça seu interior. No entanto, quando se descasca a cebola, chora-se. Assim também é a organização. Toda mudança é dolorosa, pois além de ser processual e não rápida, instiga a reação dos indivíduos que saem de sua zona de conforto e sentem-se inseguros pela existência da incerteza. Para tanto, pode-se dizer que a comunicação deve estar ao lado da mudança e não após a mudança, visto que é um processo que pressupõe interação e conhecimento. Nesse sentido, num o ambiente complexo e com amplas e fortes relações organizacionais, é válido ressaltar que a comunicação se torna fator imprescindível e altamente estratégico para agregar a compreensão mútua e a possibilidade de fala a todos os envolvidos, ampliando a confiança e estabelecendo vínculos efetivos. 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