COMUNICAÇÃO APLICADA MÓDULO 9 Índice 1. A Reconstrução da Realidade ..................................... 3 1.1. O Papel do Comunicador .............................................. 4 1.1.1. Mudança no sentido da comunicação ........................ 4 1.1.2. Os meios de comunicação ....................................... 4 1.1.3. O papel do comunicador – troca de sentidos .............. 4 2 Comunicação Aplicada - Módulo 9 1. A RECONSTRUÇÃO DA REALIDADE As diversas formas de manipulação da linguagem parecem indicar que existem duas realidades bastante diferentes: 1. a realidade objetiva; 2. a realidade reconstruída pelo discurso da comunicação. A comunicação supostamente mais objetiva, como a notícia jornalística, não é mais que a “reconstrução” da realidade pelo repórter. O repórter seleciona aspectos que lhe parecem relevantes, deixando de fora outros; ainda, projeta seus próprios significados conotativos sobre determinado evento ou fato. Ao escrever, a estrutura do discurso — isto é, a sequência dos fatos reportados — introduz a sua própria paralinguagem. A posição da matéria no jornal — primeira página, última página, ângulo superior direito ou esquerdo — agrega seu quinhão de valorização do evento. O resultado é um produto parcialmente denotativo e parcial mente conotativo, mas reconstruído. Os meios que manejam signos visuais e auditivos, tais como o cinema e a televisão, possuem ainda maior margem de reconstrução da realidade do que os meios escritos. Eles podem chegar a criar uma atmosfera (romântica, de terror, de comicidade) que pressupõe ao público perceber a realidade da maneira desejada pelo diretor. Leitura crítica É extremamente importante desenvolvermos a leitura crítica; essa habilidade consiste em: identificar o grau de denotação-conotação nas mensagens; desenvolver uma atitude de desconfiança sobre as intenções e os conteúdos ideológicos inseridos no texto. Comunicação: é um processo de duas vias. Entendendo o leitor/autor Para escrever um texto, temos que imaginar o leitor e caracterizá-lo. Para ler e entender o texto, temos que imaginar o autor. Já vimos que um texto comunica muito mais do que aquilo que está diretamente nele, por meio dos subentendidos. O mesmo é válido para a leitura. As perguntas mágicas O que eu quero do outro? O que o outro quer de mim? Devemos imaginar isso antes de ler ou produzir um texto. Sujeito - relação autor/leitor Se não for construído um diálogo, mesmo que imaginário, entre autor e leitor, não haverá uma comunicação efetiva. 3 Comunicação Aplicada - Módulo 9 Forma e conteúdo As pessoas se preocupam apenas com o conteúdo e pouco com a forma. Ambos são importantes, mas a forma, muitas vezes, pode anular um bom conteúdo. Conclusão sobre o sujeito Tem que haver um diálogo, mesmo que imaginário, entre o sujeito autor e o sujeito leitor. Para construir essa interlocução, temos que estudar o contexto e o sentido ao produzir ou ler um texto. Ideologia Segundo Marilena Chauí (1995), ideologia é um masca ramento da realidade social que permite a legitimação da exploração e da dominação (...). Por intermédio dela, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo. Precisamos perceber as ideologias do autor, o contexto em que o texto foi desenvolvido, os elementos implícitos e os pressu postos. 1.1. O PAPEL DO COMUNICADOR Poder de reivindicação, autoconfiança e a posse de habilidades de exposição, argumentação e persuasão. A formação, hoje em dia, não deve mais ser voltada apenas para os aspectos técnicos e administrativos do manejo dos meios, e sim para as estratégias de utilização da comunicação num sentido educativo e dinamizador das transformações sociais. 1.1.1. Mudança no sentido da comunicação A comunicação não tem mais o único objetivo de deslocar o capital e introduzir as inovações tecnológicas, mas sim, por meio disso, ser um cenário de reconhecimento social, da constituição e da expressão de imaginários a partir dos quais as pessoas representam aquilo que temem ou que têm direito de esperar, seus medos e suas esperanças. 1.1.2. Os meios de comunicação São parte decisiva dos novos modos como nos percebemos, ou seja, neles não apenas se reproduz ideologia, mas também se faz e refaz a cultura das maiorias; não somente se comercializam formatos, mas recriam-se as narrativas nas quais se entrelaçam o imaginário mercantil e a memória coletiva. 1.1.3. O papel do comunicador – troca de sentidos Segundo Jesus Martin Barbero (2006), O comunicador deixa de figurar como intermediário e assume o papel de mediador: aquele que torna explícita a relação entre diferença cultural e desigualdade social, entre diferença e ocasião de domínio e a partir daí trabalha para fazer possível uma comunicação que diminua o espaço das 4 Comunicação Aplicada - Módulo 9 exclusões ao aumentar mais o número de emissores e criadores do que de meros consumidores. Existe uma troca de sentidos Essa nova reconfiguração do papel do comunicador volta-se para o entendimento de uma comunicação sobre a colocação em comum de sentidos da vida e da sociedade (Barbero, 2006). A identidade individual ou coletiva não é algo dado, mas em permanente construção. A tarefa do comunicador é menos a de manejador de técnicas e mais a de mediador que põe em comunicação as diversas sociedades. Comunicar foi e continua sendo algo muito maior do que a capacidade de informar. Comunicar é tornar possível que homens reconheçam os outros homens em duplo sentido: reconheçam seus direitos de viver e de pensar diferente e reconheçam a si mesmos nessa diferença, ou seja, estejam dispostos a lutar a todo momento pela defesa dos direitos dos outros, já que nesses mesmos direitos estarão seus próprios. Vista a partir da comunicação, a solidariedade desemboca na construção de uma ética que se encarrega do valor da diferença articulando a universalidade humana dos direitos às particularidades de seus modos de percepção e expressão (Barbero, 2006). Hoje em dia, os comunicólogos são gestores de signos. Sucesso profissional Além do interesse como cidadão que deseja viver em um mundo melhor, se você não se comunicar bem, provavelmente fracassará em sua carreira. O mundo não se entenderá e todos estaremos “numa pior”. Por que se comunicar melhor? Consciente e inconscientemente, estamos sempre interpretando palavras, e seu uso pode dizer coisas totalmente diferentes. Isso depende do nosso conhecimento e do cuidado que temos ao utilizálas. Aprenda a comunicar e interpretar as diversas linguagens existentes hoje em dia. Caso contrário, você não saberá programar um computador nem ler ou fazer um manual de instalação e manutenção de uma máquina. 5 Comunicação Aplicada - Módulo 9