CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ ESCOLIOSE * Octavio A. N. Cárdia 1 INTRODUÇÃO Escoliose é uma projeção de curvatura da coluna vertebral no plano frontal. O termo escoliose deriva do grego "SKOLIOSIS" que significa "curvatura". É preferível denominarmos as escolioses pelo seu lado convexo, completando com o nível vertebral. Em geral, não existe, numa coluna vertebral, uma curvatura no plano Frontal, isolada, mas existe uma curvatura principal e, como conseqüência uma curvatura secundária. Porém, antes de estudarmos as escolioses temos que fazer uma recordação sobre a anatomia da coluna vertebral. 2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL A anatomia da coluna vertebral compõe-se de quase uma centena de articulação que se distribuem de forma segmentar no eixo craniocaudal com suas curvas fisiológicas. A coluna vertebral é um sistema formado por unidades ósseas chamadas vértebras que se superpõem formando uma pilha de ossos, que se intercalam com coxins de fibrocartilagem chamados: discos intervertebrais. Ela é dividida em cinco segmentos, que no sentido craniocaudal são: coluna cervical com sete vértebras; coluna dorsal ou torácica com doze vértebras; coluna lombar com cinco vértebras; coluna socrol com osso socro que é a fusão normalmente de cinco vértebras e a coluna coccígena formada pelo cóccix. A coluna vertebral apresenta as seguintes curvaturas: - Segmento cervical tem uma convexidade anterior com uma concavidade posterior que é a lordose cervical; Segmento dorsal tem uma convexidade posterior com uma concavidade anterior que é cifose dorsal. Segmento lombar tem uma convexidade anterior com uma concavidade posterior que é a lordose lombar. Normalmente uma vértebra é constituída de um corpo vertebral; pedículos; * Artigo disponível on line via: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/escoliose2.htm CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ processos transversos; processos articulares; processo espinhoso; lâmina e forâmen vertebral. A estabilidade do movimento vertebral e o limite destes movimentos dependem principalmente dos ligamentos da coluna vertebral que são principalmente de frente para trás: ligamento longitudinal anterior; ligamento longitudinal posterior; ligamento amarelo; ligamento interespinhoso; ligamento supra-espinhoso. 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESCOLIOSES 3.1 GRUPO 1: Escolioses Não Estruturais Escolioses não estruturais: será mais correio chamá-las de "atitude escolióticas da coluna vertebral", falsas escolioses ou não estruturais. São curvaturas facilmente reversíveis ou mesmo curvaturas temporárias. 3.1.1 Escolioses Postural Ocorre devido a várias posturas e não apresentam alterações ósseas. A curvatura corrige-se quando reflete o tronco para frente. O fato de uma criança usar sempre o lado direito ou esquerdo pode causar uma escoliose postural. 3.1.2 Escoliose Compensatória É aquilo que ocorre, por exemplo, devido a um encurtamento real de uma perna ou defeito no quadril. 3.1.3 Escoliose Ciática É aquela curvatura lateral que se observa nas crises agudas de lumbago com inclinações do tronco para o lado. Seria mais conveniente chamá-la de escoliose antálgica porque é uma inclinação que existe como defesa contra a dor. 3.1.4 Escoliose Inflamatória Semelhante inflamatórios. a anterior, como conseqüência de processos CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ 3.1.5 Escoliose Histérica Aquela que se observa nas crises de histeria com contrações musculares exageradas. 3.2 GRUPO 2: Escolioses Estruturais São as escolioses verdadeiras. São as curvaturas que não podem ser corrigidas simplesmente e persistem com assimetria das costas, quando o tronco é fletido para frente. 3.2.1 Escoliose Idiopática São aquelas de causas desconhecidas. Cerca de 80 % das escolioses são idiopáticas. Ultimamente tem se dado ênfase a um fator genético ligado ao sexo para as escolioses idiopáticas. A escolioses que sede 60 % , muito freqüentemente, causam problemas cardiopulmonares na vida adulta. Existem várias teorias para tentar explicar as escolioses idiopáticas: I. Osteogênica: origem óssea; II . Miogênica: origem muscular; III. Neurogênica: origem nervosa; IV. Metabólica ou endócrina: origem glandular. A escoliose idiopática, de acordo com a faixa etária que acomete, pode ser classificada como: escoliose infantil (até 3 anos); escoliose juvenil (dos 3 anos até a pré-adolescencia); escoliose adolescente (geralmente nas meninas). 3.2.2 Escoliose Paralítica Ocorre como seqüela da poliomielite ou paralisia infantil, pósencefalite ou paralisia cerebral. 3.2.3 Escoliose Congênita Aquela que ocorre devido a malformações ou anomalias vertebrais. São as mais raras. CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ 4 AVALIAÇÃO Dentro da avaliação devemos estar por dentro das alterações que a escoliose provoca. Algumas delas são: No segmento vertical na transição occiptocervical temos que destacar o ligamento cruciforme e os ligamentos alares. A bacia é a estrutura que sustenta a coluna cervical. A bacia é constituída pelo sacro, ílio, ísquio e púbis. Entre os corpos vertebrais existe uma estrutura fíbrocartilaginosa, denominada: disco intervertebral. O disco intervertebral constitui um sistema hidráulico, que permite movimento entre uma vértebra e outra, como os de tração, compressão, flexão, extensão e torção. O disco é formado pelo núcleo pulposo e pelo anel fibroso. Quanto mais jovem um disco, maior seu componente de água, maior a flexibilidade, maior a altura, melhor é o seu sistema hidráulico; quanto mais idoso é um disco, mais seco ele é, ficando assim mais vulnerável a fissurações. A irrigação de um disco é feita através de um sistema de absorção. A medida que um disco é comprimido, a quantidade de líquedas contido neles é liberada. O bom funcionamento da coluna vertebral está relacionado com a integridade do disco, porém com o passar do tempo, devido à força de compressão exercida pelo próprio corpo e pela ação da gravidade, o disco começa a se degenerar, causando diversos comprometimentos (bicos de papagaio), que são os ostcófítos, resultado de um processo de calcificação do disco. MUSCULATURA A musculatura da coluna vertebral é responsável por seus movimentos e pela sua estabilidade. A musculatura situada na porção anterior do pescoço, é essencialmente flexora da coluna vertebral e da cabeça. Evidentemente a musculatura posterior do pescoço está envolvida com movimento da extensão da coluna cervical e da cabeça. O músculo Estemocleidomostóidío é um flexor e um rotador da cabeça e da coluna cervical, No tronco, destacam-se as seguintes musculaturas: os abdominais anteriores, que são os músculos flexores; os oblíquos abdominais que são CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ flexo-rotadores do tronco; o músculo transverso abdominal, responsável pela estabilização do tronco. No sistema muscular posterior, importante é a musculatura paravertebral essencialmente extensora da coluna e do tronco. - Elevação de um ombro em relação ao outro; - Proeminência de uma clavícula em relação a outra; - Diferença entre os braços e as pernas; - Cifose; - Lordose; - Pés-planos; - Diferença entre um quadril e outro, com um lado da cintura mais elevado e mais fundo do que o outro; - Sulcos subglúteos assimétricos; - Desnível das mamas. O Raio-X na escoliose: Para estudarmos a escoliose, é indispensável um exame radiológico da coluna vertebral. As posições do Raio-X devem ser: a) RX antero-posterior com paciente em pé e descalço, desde a coluna cervical até o nível da sacrococcígena; b) RX sentado antero-posterior, do mesmo nível de (a); c) RX deitado antero-posterior, no mesmo nível de (a); d) RX antero-posterior com paciente em inclinação lateral direita e esquerda no mesmo nível de (a); e) RX em perfil de toda a coluna vertebral. Para avaliar e seguir a evolução da escoliose, costuma-se usar a medida de ângulos. Existem escolioses de poucos graus (7 ou 8), mais existem escolioses severas de até 100 graus. 5 TRATAMENTOS A equipe ideal para tratamento de uma escoliose deveria ser composta por um cirurgião ortopedista, um técnico ortopédico, um fisioterapeuta, um assistente social e um psicólogo. Tratamento de uma escoliose não é uma tarefa fácil para o médico, nem para o paciente e mesmo para a família do paciente. Todo tratamento é em longo prazo, e as vezes, após 2 a 3 anos de tratamento, o resultado não é aquele esperado. Um fato, porém, é bastante importante, e a escoliose não foge à regra: quanto antes for iniciado o tratamento, melhores resultados poderão ser obtidos. Poderemos, a princípio, separar os tratamentos de escoliose em dois grandes grupos: CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ No grupo I, incluem-se os tratamentos tais como: fisioterapia, gesso ou coletes ortopédicos. No Grupo II, incluem-se as correções cirúrgicas. Nas medidas conservadoras, o médico poderá assumir apenas uma atitude de expectativa de uma curvatura, com séries radiográficas semestrais, sem qualquer outra medida. Mas a maioria das curvas escolióticas necessita de tratamentos para corrigir ou atenuar o desvio angular. São também conservadores os métodos fisioterápicos que visam ao componente muscular de uma escoliose. Se imaginarmos a coluna vertebral como sendo uma torre de rádio, os músculos seriam representados pêlos cabos de aço que a prendem ao solo. GRUPO 1 A fisioterapia bem orientada com exercícios apropriados, a longo prazo, poderá beneficiar o componente muscular - "cabos de aço da torre"promovendo um reforço do "colete muscular" do paciente. Muito indicada então para a escoliose é a natação, onde são executados inúmeros movimentos, com trabalho muscular intenso e participação de toda a musculatura paravertebral; além disso, como esses movimentos são executados na horizontal, é alterada a distribuição de forças, aliviando a pressão dos discos, especialmente na região lombar. Existem aqueles que não acreditam que exercícios musculares possam melhorar ou ajudar no tratamento da maior parte das escolioses; outros, porém, são de opinião, que os exercidos físicos são bastante benéficos ao paciente, quando bem orientados, executados de maneira adequada e de forma persistente, promovendo, além disso, um bem-estar físico e mental. Outra medida conservadora bastante utilizada é o colete de Milwaukee, idealizado por Blount, Schmidt e Bedwell. O colete de Milwaukee nada mais é senão um artefato que, exercendo uma tração contínua na coluna vertebral, promove uma melhora acentuada do desvio angular; além disso, sendo auto-regulável, poderá ser ajustado à medida que a criança cresce. Para usar artefato tão aparatoso, é necessário um certo preparo psicológico do paciente e, muito mais, dos familiares; além disso, às vezes, na correção de curvaturas idiopáticas nos adolescentes, o colete chega a ser uma tragédia, num momento em que o adolescente tem necessidade de ser atraente. O tratamento com colete de Milwaukee é muito importante e efetivamente promove a melhora do desvio angular na grande maioria dos casos, quando muito bem indicado e confeccionado por um técnico ortopédico competente e sob a supervisão periódica do médico especialista. O Milwaukee está indicado para pacientes infantis e juvenis com curvas progressivas. CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Poderemos lançar mão do colete de Milwaukee em casos inoperáveis pelas condições físicas do paciente, proporcionando-lhe uma atitude mais ou menos correta para o crescimento da coluna vertebral. O colete de Milwaukee, quando é iniciado o seu uso, deverá permanecer com o cadente 23 horas por dia. É uma fase muito difícil que requer toda a colaboração possível do paciente e da família. As principais vantagens do colete de Milwaukee são: - Prevenir o aumento das curvas; Diminuir a irregularidade das curvas; Promover o alinhamento do tronco; Não apresentar riscos apreciáveis ou contra-indicações sérias; Não causar sérios danos à pele; Manter a espinha completamente imóvel. As desvantagens do colete de Milwaukee é que oferece menor correção que as cirurgias, em curvas de cerca de 40° ou mais. A duração do tratamento é consideravelmente mais prolongada que no tratamento cirúrgico. Acarreta problemas de ordem psicológica devido ao prolongado uso. Mais visitas ao médico são necessárias e mais exames radiológicos são precisos, expondo mais o paciente aos raios-X. As contra-indicações do colete de Milwaukee são: - Curvas acima de 40°; Lordose torácica; Insuficiência pulmonar grave; Deformidade grave das costelas; Curva escoliótica rígida; Paciente que não coopera; Pais ou familiares insuportáveis; Falta de um bom técnico ortopédico ou de um ortopedista competente; Barreiras geográficas ou socioeconômicas. Os controles radiográficos são muito importantes com e sem aparelho, na evolução dos casos, até à estabilização da curvatura ao fim do crescimento. Existem também métodos corretivos com coletes gessados. Dos coletes gessados, o tipo de Risses é o tradicional, que promove a preparação do paciente para a correção cirúrgica ou fusão. GRUPO II A indicação cirúrgica, em uma escoliose, poderá ser absoluta ou relativa; assim, certos tipos de escoliose idiopática ou paralítica com curvatura progressiva têm indicação cirúrgica absoluta. Por outro lado existem outros tipos de escoliose cuja indicação cirúrgica é relativa. CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ A cirurgia de uma escoliose é basicamente uma correção e fusão de vértebras. Seria uma artródese vertebral; o termo artródese significa "fusão de dois ossos pela zona articular". Seria mais correio falarmos em "espondilodese" - que seria a fusão de vértebras. A cirurgia, em última análise, seria a correção da curva e a fusão das vértebras,para que se mantenha o alinhamento vertebral. Se a indicação do colete de Milwaukee causa um impacto familiar, a cirurgia também é geralmente mal recebida pelo paciente ou pêlos familiares, que a consideram uma medida muito drástica. Porém, a cirurgia quando bem indicada, conduzida por uma equipe bem treinada, poderá proporcionar ao cadente inúmeros benefícios. A cirurgia da coluna vertebral tem, como qualquer cirurgia, seus prós e contras, suas vantagens e desvantagens. Os riscos cirúrgicos serão bem reduzidos nas mãos de uma equipe especializada e bem treinada. É comum o paciente visitar alguns médicos não dando estes muita importância às curvaturas; entretanto, concluí-se que, mesmo na idade adulta, as curvas podem aumentar com evidente prejuízo para o paciente. Em pacientes que engravidam, as curvas podem piorar mais. Em alguns pacientes, constatamos aumento de até 30° após a segunda gravidez. Um paciente de escoliose é um paciente para sempre! Esta não é uma frase fatalista, mas realista; é preciso, porém, o paciente preocupar-se consigo mesmo e submeter-se a controles periódicos. Não podemos abandonar o paciente à sua própria sorte. É preciso conscientizá-lo sobre a gravidade do problema e à sua família, para que volte à consulta e assim podermos livrá-lo de desagradáveis complicações cardiopulmonares, renais, neurológicos etc. Muitos tratamentos cirúrgicos não são realizados a tempo com sérios prejuízos para o paciente e mais tarde uma curva rígida não poderá mais ser corrigida. São indicações precisas para tratamento cirúrgico em escoliose de adultos: - Dores; Aumento da deformidade; Diminuição da capacidade pulmonar (insuficiência respiratória); Problemas neurológicos (paralisias); Problemas renais; Deformidades cosméticas progressivas; Quando falham métodos conservadores e a curva progride. Existem algumas curvas, até 30° mais ou menos, que regridem espontaneamente, sem qualquer tratamento; não existe nenhuma explicação para tal fator. CURSO DE AVALIAÇÃO POSTURAL - SECÇÃO ARTIGOS Leonardo Delgado Site: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/ Embora muitos progressos tenham sido feitos nestes últimos anos todos visam à correção de curvas após a escoliose estabelecer-se. Nenhum processo de prevenção ou cura definitiva de escoliose foi descrito até hoje. 6 CONCLUSÃO A coluna vertebral é uma estrutura que deve ser tratada com bastante cuidado, pois ela é o eixo de sustentação do nosso corpo e qualquer alteração que ocorra em sua estrutura pode alterar a sua fisiologia e a fisiologia do indivíduo. A escoliose é uma dessas alterações que merece todo o cuidado, pois a sua presença na coluna, além de alterar a sua forma, pode prejudicar o paciente com relação a sua estética 7. BIBLIOGRAFIA: - MERCÚRIO, Rui. Dor nas costas nunca mais. - GRAY. Anatomia. Copyright © 2001 - World Gate Brasil Ltda. Fonte: www.wgate.com.br/fisioweb Escrito por: Octavio A. N. Cárdia Orientado por: Blair José Rosa Filho