ESCOLIOSE: DEFORMIDADE DA COLUNA VERTEBRAL AFETA MAIS OS ADOLESCENTES Ombros ou quadris que parecem assimétricos, coluna vertebral encurvada anormalmente para o lado, fadiga na coluna vertebral após longa permanência de pé ou sentado. Os sinais da escoliose, um dos mais conhecidos desvios da coluna vertebral, são muitos e o diagnóstico da doença é mais comum do que se imagina: chega a estar presente em até 3% da população em geral. A escoliose é um desvio anormal da coluna vertebral e pode ser avaliado pelo médico em exame clínico, observando a curvatura ao olhar o paciente de frente ou de costas. O neurocirurgião Dr. Paulo Porto de Melo (CRM 94.048) afirma que é uma doença que não necessariamente causa dor ou incapacidade, mas que não melhora com a idade. “É uma doença progressiva e somente um diagnóstico e intervenção precoces podem minimizar a curvatura e impedir a sua progressão. Existem várias causas diferentes para o aparecimento da escoliose. A doença pode ser congênita (a pessoa nasce com a má formação), sindrômica (associada a outras doenças), neuromusculares (associadas a doenças neurológicas ou musculares) e a idiopática (de causa desconhecida), sendo esta a mais comum. Em até 85% dos casos não se pode encontrar a causa da escoliose. Curvatura pode ser estigmatizante Entre as idiopáticas, a mais comum é a escoliose do adolescente, correspondendo aproximadamente a 80% dos casos. Nessa fase o risco de progressão da curva é maior porque a taxa de crescimento do corpo é mais rápida e muitas vezes não tem nenhum sintoma visível, até que a curva tenha progredido significativamente. É mais prevalente em meninas do que em meninos e, geralmente, elas são oito vezes mais propensas a precisar de tratamento. “Após diagnóstico da doença, o paciente deve ser observado periodicamente. No caso em que a escoliose é progressiva, o uso de colete ortopédico pode ser o primeiro tratamento para impedir a sua progressão. Mas se observadas numa fase mais avançada, as deformidades não respondem mais a esse tipo de tratamento, passando então a ter indicação cirúrgica”, diz o neurocirurgião. Além dos sintomas clínicos, sintomas psíquicos também podem estar presentes e, eventualmente, originar a principal indicação cirúrgica. Isto se deve ao fato da curvatura ser estigmatizante, levando usualmente o paciente à retração social que, em casos extremos, pode até atrapalhar o desempenho no trabalho do paciente. “Se diagnosticada ainda criança ou adolescente, a escoliose usualmente leva a situações de brincadeiras constrangedoras para o paciente. A avaliação psicológica no momento do diagnóstico e o seguimento do paciente por profissional habilitada é importante, pois garantirá não somente um desenvolvimento psíquico adequado como indicará a eventualidade da deformidade se tornar insuportável para o paciente do ponto de vista psíquico”, alerta Melo. A cirurgia de escoliose é um dos procedimentos mais complexos e pode durar de cinco a dez horas, em alguns casos necessita ser realizada em duas etapas, dependendo da gravidade. A opção pela operação, no entanto começa a ser recomendada quando as curvas são maiores do que 40 a 45 graus e continuam a progredir, e para a maioria dos pacientes com curvas maiores que 50 graus. Pacientes que possuem curvaturas inferiores a 25 graus são usualmente acompanhados em consultas trimestrais, monitorados e tratados com fisioterapia e RPG. Já os pacientes com potencial de crescimento e curvaturas entre 25 e 50 graus são tratados com coletes específicos, no intuito de direcionar o crescimento da coluna em um ângulo adequado, minimizando a possibilidade de cirurgia futura. “Essa avaliação sempre deve ser feita em conjunto com o exame físico do paciente e deve ser feita criteriosamente, caso a caso. No caso de adolescentes, ás vezes é preciso aguardar até que os ossos parem de crescer. Entretanto, pode ser que se necessite de cirurgia antes disso, se a curva na coluna for grave ou estiver se agravando rapidamente”, esclarece o médico. Fonte – Dr. Paulo Porto de Melo (CRM 94.048), médico neurocirurgião formado pela UNIFESP e Colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis (Missouri- EUA), introdutor e pioneiro da neurocirurgia robótica no Brasil.