MACROFUNDAMENTOS DE CONSUMO: uma abordagem das teorias do comportamento do consumidor. Laudecir DALBOSCO1; Edinéia Zulian DALBOSCO2; Nadir João PALUDO3; Paulo Renato FOLETTO3 (1)Acadêmico do 6º Semestre de Curso de Ciência Contábeis - E-mai: [email protected] (2) Pós-graduanda do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas. (3)Professor Titular da Faculdade La Salle – Lucas do Rio Verde/MT. RESUMO MACROFUNDAMENTOS DE CONSUMO: uma abordagem das teorias do comportamento do consumidor. Na medida em que ocorrem as variações na economia, as implicações no comportamento do consumidor, resultando nas modificações na função consumo. A investigação científica foi difundida em pesquisas bibliográfica. Permitindo analisar abordagens de Keynes, Fisher, Modigliani, Friedman, Hall-Flavin, atingindo um nível de compreensão do perfil e tem como objetivo analisar as abordagens sobre a função consumo agregada partindo do comportamento do indivíduo dos macrofundamentos da decisão de consumo, uma vez que Keynes (1936), até a versão moderna de Hall-Flavin (1978-1981). Neste contexto, a abordagens da teoria da função consumo de Keynes (1937), de Fisher, de Modigliani (1963), de Friedman (1957) e de Hall-Flavin (1981). A abordagem do ciclo de vida e da renda permanente o que demonstra a preocupação que as famílias têm com as decisões a serem tomadas para o futuro. Por fim, a decisão do consumo é semelhante a um plano, onde as famílias planejam seu consumo ao longo da vida e ajustam-no a cada nova informação, vislumbrando não somente a renda atual, mas principalmente o bem estar econômico geral. Palavras-chave: consumo, economia, renda corrente, renda permanente. 1. INTRODUÇÃO Na medida em que ocorrem as variações na economia, as implicações no comportamento do consumidor, resulta em modificações na função consumo. Portanto, estudar o comportamento do consumo através de uma função, tornou-se essencial para qualquer e toda projeção econômica, pois o consumidor ocupa um lugar de destaque na economia. Inúmeros economistas enfocam os estudos na teoria do comportamento do consumidor e à interpretação dos dados sobre consumo e renda. Destacando-se, em ordem cronológica, as pesquisas de John Maynard Keynes, Irving Fisher, Milton Friedman, Franco Modigliani e Robert Hall. Esta pesquisa tem como objetivo analisar as abordagens sobre a função consumo agregada partindo do comportamento do indivíduo, descrevendo as funções de consumo de Keynes (1937), Fisher, Modigliani (1963), Friedman (1957) e Hall-Flavin (1978-1981). 2. MEDOTOLOGIA A investigação científica foi difundida em pesquisas bibliográfica. Permitindo analisar abordagens de Keynes, Fisher, Modigliani, Friedman, Hall-Flavin, atingindo um nível de compreensão do perfil. Esta investigação foi de natureza básica, ficando apenas embasado no conhecimento teórico de documentos e materiais já produzido, principalmente em livros, sites e artigos publicados na área, sendo norteador para a explicação das razões desta pesquisa. 3. REVISÃO E DISCUSSÃO DA LITERATURA 3.1. Função do Consumo Ao observar o desempenho de uma economia, nota-se que as decisões quanto ao consumo ocupam um papel básico, por ser um componente muito grande e importante da demanda agregada. Portanto, algumas abordagens da teoria do consumidor, podendo-se destacar: Abordagem de Keynes; Abordagem de Fisher; Abordagem de Modigliani; Abordagem de Friedman, e Abordagem de Hall-Flavin. 3.2. Função do Consumo Segundo Keynes Nos anos 30, Keynes iniciou fazendo as conjeturas coerentes à função consumo, usando como base sua própria experiência como consumidor. Diante disso, postulou que o consumo tem como o principal objeto de decisão a renda corrente, portanto, a taxa de juros não exercia qualquer influência sobre a posição de disponibilizar cifra para consumo. Em suas observações verificou que um aumento de renda, em regra, implicaria em um aumento do consumo, mas não na mesma proporção, o que veio a denominar de Propensão Marginal a ConsumirPMgC. Ainda nessa análise, verifica-se que a razão do consumo sobre a renda cai, à medida que a renda aumenta, sendo esse destinado a outras fontes, correspondendo assim a Propensão Média a Consumir- PMeC. Segundo Keynes (1937), a quantia que uma família desprende para o consumo depende: do volume de sua renda, de fatores e objetivos, das necessidades subjetivas, de propensões psicológicas, dos hábitos dos indivíduos e também dos princípios sobre os quais a renda é dividida entre eles. Com isso, a função consumo, segundo Keynes seria: C=+cY Onde: C = consumo; = consumo autônomo; c = PMgC ( 0 < c <1 ); Y = renda. Uma crítica feita à função keynesiana é que, se a PMgC tende a diminuir com o aumento da renda, em outras palavras, pode-se dizer que: quanto maior a renda maior a poupança e, trazendo como consequência uma elevação na renda do próximo período, criando assim um efeito “bola de neve”. Com esses dados em mãos e fazendo algumas previsões, economistas da época vislumbraram o que chamaram de “estagnação secular”, ou seja, uma depressão de duração indefinida, situação esta que não veio a acontecer. Outra crítica refere-se à hipótese de que a PMeC cai à medida que a renda aumenta. Esta hipótese foi comprovada, em estudos, a curtos períodos. Mas, durante longos períodos verificar-se que a PMeC não varia sistematicamente com a renda, assim, a função consumo a curto prazo apresenta uma curva diferente da função consumo a longo prazo, como demonstra a figura1. Figura 1 – Função Consumo a Curto e Longo Prazo, segundo a Abordagem de Keynes Consumo Função Consumo a Longo Prazo Função Consumo a Curto Prazo Renda Fonte: KEYNES, 1937. 3.3. Função do Consumo Segundo Fisher Segundo Fisher (1989), em sua abordagem sobre a função consumo, postulou que este não está somente relacionado com a renda, mas também com a taxa de juros. Sendo assim, o consumidor se defrontará com duas opções: consumir (C) toda sua renda (r) ou poupar(S) toda ou parte da renda. Para tomar tal decisão, levaria em conta a taxa de juros corrente, estando atrelado a seu limite de renda, ou seja, a chamada restrição orçamentária. r S C Se a taxa de juros for igual à zero, as famílias consumariam toda sua renda, porém, para qualquer taxa de juros maior que zero, implicaria numa nova opção para as famílias, qual seja, a poupança. A poupança nada mais é do que sacrificar parte do consumo presente, guardando o restante da renda a fim de que este seja maior no futuro. Com isso as famílias encontram as curvas de preferências, onde estão as combinações de consumo do presente e do futuro. As famílias, uma vez atingindo uma curva de preferência podem optar por qualquer posição dentro dela, pois sua satisfação será a mesma. No entanto, para as famílias aumentarem sua satisfação, é necessário que as combinações sobre o consumo delas se desloquem para as curvas situadas à direita, curvas de preferências maiores, conforme figura 2 (I1<I2<I3). Consumo futuro Figura 2 – Curvas de Preferências I3 I2 I1 Consumo presente Fonte: BLANCHARD e FISHER, 1989. Para atingir o maior nível de satisfação, as curvas de indiferença das famílias devem ser as mais altas possíveis dentro da sua restrição orçamentária, sendo este o ponto onde a restrição orçamentária tangência a curva de indiferença como representado, graficamente pela figura 3. Consumo futuro Figura 3 – Representação gráfica da melhor escolha do consumidor frente a sua restrição orçamentária Restrição Orçamentária Ponto Ótimo Consumo presente Fonte: BLANCHARD e FISHER, 1989. Para exemplificar, caso ocorra um aumento na renda das famílias. Isso implicaria em um aumento na restrição orçamentária, deslocando esta para a direita e, com isso as famílias poderão atingir curva de indiferenças mais elevadas aumentando sua satisfação (A B), de acordo com a figura 4. Consumo futuro Figura 4 – Efeito do aumento da renda sobre a Restrição Orçamentária B A Consumo presente Fonte: BLANCHARD e FISHER, 1989. Contudo, uma variação positiva na taxa de juros faz com que as famílias sacrifiquem parte do consumo para destinar à poupança, fazendo com que haja uma perspectiva de aumento no consumo no período futuro. Assim, com a modificação na sua restrição orçamentária (em sua inclinação) as famílias atingem curvas de indiferenças mais elevadas, como mostra a figura 5, aumentando seu nível de satisfação (AB). Consumo futuro Figura 5 – Efeito dos aumentos na taxa de juros sobre a Restrição Orçamentária B A Consumo presente Fonte: BLANCHARD e FISHER, 1989. 3.4. Função do Consumo Segundo Modigliani Para estudar a função consumo Modigliani (1963), empregou como base o modelo proposto na abordagem feita por Fisher. Entretanto, diferentemente, destacou que o consumo sofre uma variação ao longo da vida e que, o fato de poupar permitiria que as famílias deslocassem a renda de períodos presentes para períodos futuros. A aposentadoria é um exemplo concreto da proposta de Modigliani. As famílias tendem a poupar parte da renda que auferem durante o período em que trabalham para poderem consumi-la na aposentadoria, uma vez que, neste período não terão a renda corrente (figura 6). Figura 6 – O consumo, a renda e a riqueza durante o ciclo de vida. Renda Riqueza Renda Poupança Consumo Despoupança Início da aposentadoria Fim da vida Fonte: MODIGLIANI, 1963. Portanto, para uma família que prevê sua renda e deseja manter constante seu consumo durante sua vida, ela poderá poupar e, com isso, dividir o montante pelos períodos estimados. Assim, uma família que possui uma riqueza inicial (w) e ganhos auferidos durante a vida (Y). Desta forma, terá como função consumo em cada período, onde a equação abaixo está representada: C = W + Y C/Y= W/Y + A princípio a PMeC tenderia a ser cada vez menor a medida que a renda aumentasse, porém, ela é constante, pois a riqueza também tende a se elevar na mesma proporção do aumento da renda. Outro fator, analisado por Modigliani (1963), foi que a poupança varia de forma previsível durante o ciclo de vida, conforme expresso na figura 6. Se o consumidor tende a manter constante seu consumo ao longo de sua vida, ele poupará e acumulará riqueza nos períodos que ele trabalha para poder consumir durante o período da aposentadoria. 3.5. Função do Consumo Segundo Friedman Nessa abordagem Friedman (1957), apresentou a hipótese que a renda não é constante ao longo da vida e sim, que ela se altera de forma aleatória e temporária. Portanto, as famílias estariam sujeitas a dois tipos de renda: a transitória e a permanente. A renda transitória seria uma elevação da renda da família, mas de maneira única sem a possibilidade de permanência. A renda permanente é aquela que as famílias esperam manter no futuro. Segundo Friedman (1957), a renda transitória não exerce influência sobre o consumo e este dependeria principalmente da renda permanente. Assim, a função consumo seria: C = YP Portanto, a PMeC dependeria da razão entre a renda permanente e a renda corrente e as famílias decidiriam sobre o consumo levando em consideração estas duas rendas. Segundo a teoria de Friedman (1957), considera que a circunstância do consumo ocorreu devido à função consumo keynesiana ter levado em conta a renda corrente ao invés da renda permanente. Além disso, a tendência média a consumir depende da razão entre a renda permanente e a renda corrente. Portanto, quando a renda corrente estivesse temporariamente acima da renda permanente, a tendência média a consumir cairia, porém quando a renda corrente estivesse abaixo da renda permanente, a tendência média de consumir aumentaria temporariamente. 3.6. Função do Consumo Segundo Hall-Flavin O modelo Hall-Flavin (1978), é um modelo intertemporal padrão, chamado também de modelo de equivalência de certeza, que assume algumas hipóteses específicas. Os agentes apresentam funções utilidade aditivos intertemporalmente, os mercados de crédito são perfeitos e os agentes maximizam a utilidade esperada. Os agentes formam expectativas racionais, as funções utilidade são quadráticas, a taxa de juros igual à taxa de desconto intertemporal. A questão do consumidor consistiria em: ∞ Max ET ∑(1+0)-1 (aCt+1 – b/2 C2 t+1) i=0 sujeito à A t+i = (1+r) (At +Yt -Ct) Hall-Flavin (1978), concluiu que o consumo presente seguiria um passeio aleatório com uma tendência. A única variável relevante que influenciaria o consumo presente seria o consumo defasado por um período. Isto é, o melhor previsor do consumo futuro seria o consumo presente ajustado por uma tendência. Assim sendo, as mudanças não-antecipados nos ativos, na renda, nos preços ou em qualquer outra variável relevante deslocariam o consumo da trajetória anteriormente delineada. Em resumo, assumindo expectativas racionais, a expectativa para o consumo corrente (Ct), formada no período (t-1) estaria exclusivamente condicionada ao valor do consumo defasado de um período (Ct-1). Logo, o consumo seguiria o passeio aleatório: Ct= Ct-1 = Vt onde: Vt independe das variáveis anteriores, constituindo o componente não antecipado do consumo corrente justificado pela revisão das expectativas da renda permanente engendrada por variáveis a ela associadas, como a renda corrente. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Keynes, quando postulou que o consumo depende da renda corrente, não estava totalmente errado, porém, conclui-se que o consumo não depende somente da renda e sim de outros elementos. Em outras palavras, o consumo depende da renda corrente, bem como da taxa de juros, da renda permanente e da riqueza acumulada pelas famílias, podendo-se então obter uma função consumo que incorpora todos esses elementos e voltada para o futuro. Exemplo disto, pode-se citar a abordagem do ciclo de vida e da renda permanente, o que demonstra a preocupação que as famílias têm com as decisões a serem tomadas para o futuro. Por fim, a decisão do consumo é semelhante a um plano, onde as famílias planejam seu consumo ao longo da vida e ajustam-no a cada nova informação, vislumbrando não somente a renda atual, mas principalmente o bem-estar econômico geral. REFERÊNCIAS BLANCHARD, O.; FISHER, S. Lectures on Macroeconomics. Massachusetts: Institute of Technology, 1989. p. 275-291. FRIEDMAN, M. A Theory of the Consumption Function. Princeton: Princeton University Press, 1957. HALL, R. E. Stochastic Implications of the Life-Cycle Permanent Income Hipothesis: Theory and Evidence. Journal of Political Economy, v. 86, n. 6, Dec. 1978. KEYNES, J. M. The General Theory of Employment, Interest and Money. London: Macmillan, 1937. MODIGLIANI, F. Life Cycle, Individual Thrift, and the Wealth of Nations. American Economic Review, v. 3, Jun. 1986.