Faculdade Estácio FÍSICA FÁCIL – ERVAL OLIVEIRA 3. Cinemática vetorial A cinemática vetorial pode descrever quaisquer movimentos, independentemente de conhecer-se previamente as trajetórias. As grandezas vetoriais não podem ser confundidas com as escalares, que possuem conotação distinta. Devemos fazer um esforço para visualizar as questões propostas a seguir de maneira “espacial”, para que, com a adição das ferramentas matemáticas, o entendimento seja completo. 3.1 Grandezas escalares e vetoriais As grandezas escalares são aquelas definidas por um valor numérico e por uma unidade e as grandezas vetoriais são aquelas que, para serem definidas, necessitam de um valor numérico, de unidade, de direção e de sentido. Por exemplo: para definir o deslocamento de um automóvel em uma determinada situação, dizemos o seguinte: deslocou-se 200 km na direção São Paulo–Rio de Janeiro, no sentido Rio de Janeiro. Para simplificar as operações envolvendo grandezas vetoriais, utiliza-se a entidade geométrica denominada vetor. O vetor se caracteriza por possuir módulo, direção e sentido, e é representado geometricamente por um segmento de reta orientado. Em relação a esse gráfico, podemos afirmar que: Representamos graficamente um vetor por uma letra, sobre a al com as seguintes características: a) O módulo do novo vetor é o que resulta da 3.3. Multiplicação por um escalar (por um número) Podemos multiplicar um vetor por um número Dessa operação resulta um novo vetor multiplicação do valor absoluto de pelo módulo de b) A direção do novo vetor é a mesma de colocamos uma seta: O módulo do vetor representa seu valor numérico e é indicado utilizando-se barras verticais: c) O sentido de R é o mesmo de oposto ao de se . . . se for positivo e < 0. 3.4. Soma de vetores: Sejam e dois vetores. A soma desses vetores é um terceiro vetor, o vetor resultante: Na representação gráfica, o comprimento do segmento orientado em uma determinada escala corresponde ao módulo do vetor. Vetores iguais devem ter módulo, direção e sentido iguais. Vetores opostos têm mesmo módulo, direção e sentidos contrários: 3.2. Decomposição de um vetor Consideremos um vetor e um sistema cartesiano ortogonal. Podemos decompor o vetor, projetando-o sobre os eixos x e y, gerando as componentes do vetor em relação a estes eixos. Pode-se calcular as . Para determinarmos o módulo, a direção e o sentido desse vetor resultante, utilizamos a regra do paralelogramo. Primeiramente, desenhamos o paralelogramo definido a partir dos vetores e. a) Módulo do vetor resultante: É dado pelo comprimento da diagonal indicada na figura. Portanto, v2 = v12 + v22 + 2v1v2cos , onde é o ângulo entre os dois vetores. componentes vetoriais utilizando as operações trigonométricas relacionadas ao ângulo de inclinação do vetor. b) Direção: Aquela da reta que contém a diagonal. Faculdade Estácio c) Sentido: A partir do vértice formado pelos dois vetores. Portanto o vetor resultante é obtido desenhando-se uma das figuras abaixo: FÍSICA FÁCIL – ERVAL OLIVEIRA VAM = velocidade de “A” no referencial “M” VAN = velocidade de “Ä” no referencial “N” VNM = velocidade do referencial “N” em relação a “M” PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DOS MOVIMENTOS (GALILEU) Quando um corpo se encontra sob ação simultânea de vários movimentos, cada um deles se processa independentemente dos demais.. CONSEQÜÊNCIA – Para se conhecer o movimento resultante de um corpo, podem-se estudar separadamente os movimentos que o compõem. 3.5. Subtração de vetores Consideremos os vetores e . A subtração de vetores resulta em um terceiro vetor (chamado resultante), cujas propriedades são inferidas a partir da soma dos vetores e( ) O vetor tem módulo e direção iguais ao do vetor mas tem o sentido oposto. Reduzimos o problema da subtração de dois vetores ao problema da soma de e . 3.6. Lançamento oblíquo e horizontal: Neste tipo de movimento, podemos analisar lançamentos oblíquos e horizontais de corpos sob a ação da gravidade. Consideremos, inicialmente, o lançamento oblíquo a seguir: MOVIMENTO RELATIVO “Absolutamente relativo” “Trabalhando com mais de um referencial ao mesmo tempo” FORMULAÇÃO DO PROBLEMA; Dado dois sistemas de referência M e N, onde o sistema N translada relativamente ao sistema M, com velocidade relativa VNM. Sendo a velocidade do ponto “A” conhecida no sistema N (VAN ). Qual é o valor correspondente da velocidade do ponto “A”no sistema M (VAM ). EQUAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE VELOCIDADES DE GALILEU VAM = VAN + VNM No gráfico, vemos um corpo P, lançado com velocidade inicial v0 , que faz com a horizontal um ângulo , chamado ângulo de tiro. Para facilitar o estudo do movimento de P ao longo da trajetória, utilizamos a análise das projeções do movimento nos eixos x e y, sendo desprezada a resistência do ar. O ponto P sofre a ação da aceleração da gravidade g. No eixo x, a projeção de g é nula; logo, o movimento de P no eixo x é Retilíneo e Uniforme (MRU). No eixo y temos a Faculdade Estácio ação de g, que é – g (usando convencionalmente a orientação do eixo y para cima); assim, o movimento de P é Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV). FÍSICA FÁCIL – ERVAL OLIVEIRA A altura máxima h é obtida por meio da equação de Torricelli aplicada ao movimento vertical de P, e permite calcular h admitindo-se vy = 0 quando y igual a h. Assim: Para calcular a velocidade em qualquer instante, devemos considerar que a componente horizontal da velocidade do ponto P é constante e vale: A componente vertical da velocidade do ponto P varia com o tempo, conforme a equação: Podemos também escrever a equação de Torricelli para o movimento de P no eixo y: Das fórmulas anteriores, obtém-se a equação da trajetória, que é: A equação da trajetória é de segundo grau em x e, portanto, a trajetória é uma parábola. A velocidade em um ponto qualquer é obtida com a aplicação do teorema de Pitágoras: O alcance horizontal é obtido pela função horária do movimento horizontal de P, quando o tempo é igual ao tempo total: O alcance máximo é obtido sabendo-se que o ângulo de tiro máximo é = 45°. Então, o alcance máximo é dado por: Nessas condições, a altura máxima atingida é obtida por: No caso do lançamento horizontal, o ângulo de tiro é nulo e, portanto, Orientando o eixo y para baixo, temos: O tempo de subida equivale ao intervalo de tempo decorrido desde o instante do lançamento até o instante em que o móvel atinge o vértice da parábola. Neste instante, a componente vertical da velocidade é nula; logo, podemos concluir: Portanto: O tempo de descida é igual ao de subida; assim, o tempo total é: