Atualização em Terapêutica Dermatológica 1 Oxibutinina Administração oral apresenta-se como tratamento eficaz, seguro e de alta tolerabilidade para a hiperidrose axilar1,3. O tratamento com oxibutinina via oral para hiperidrose pós-menopausa apresenta-se como alternativa à terapêutica comumente utilizada para esta sintomatologia2. A espuma de alumínio utilizada na terapêutica da hiperidrose axilar apresenta alta eficácia, sendo bem tolerada e não apresentando 7 irritações cutâneas . 2 Estudos & Atualidades Estudo avaliou a efetividade da oxibutinina para o tratamento da hiperidrose axilar1. Neste estudo, 82 pacientes, entre 14 e 51 anos (média de 23,1 anos), com hiperidrose axilar foram tratados com oxibutinina da seguinte forma: 1ª semana Administração de oxibutinina 2,5mg uma vez a noite 43º dia a 12º semana Administração de oxibutinina 5mg duas vezes ao dia 8º ao 42º dia Administração de oxibutinina 2,5mg duas vezes ao dia Todos os pacientes foram submetidos a duas avaliações, uma antes do tratamento com oxibutinina e outra vez depois do final do tratamento (12 semanas) com oxibutinina. Resultados: Mais de 80% dos pacientes tiveram melhora na hiperidrose axilar; Maioria dos pacientes apresentou melhora na qualidade de vida, sendo que os pacientes com baixa qualidade de vida apresentaram alto nível de satisfação depois do tratamento; O tratamento com oxibutinina apresentou poucos efeitos colaterais, sendo que o sintoma mais frequente foi boca seca em 73,5% dos pacientes; 67 pacientes (83,7%) apresentavam hiperidrose em outro local do corpo além da hiperidrose axilar. Percentual de pacientes (%) 50% dos pacientes apresentaram melhora em todos os pontos de hiperidrose; Análise da melhoria na hiperidrose axiliar após o tratamento com oxibutinina 35 40 36,3 30 17,5 20 11,2 10 0 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 1 (piora); grupo 2 (nula); grupo 3 (leve); grupo 4 (moderada); grupo 5 (grande) A oxibutinina é uma boa alternativa à simpatectomia. Ela apresenta bons resultados e melhora a qualidade de vida dos pacientes reduzindo eficazmente a hiperidrose em 80% dos pacientes e sem apresentar os efeitos colaterais da simpatectomia1. Proposta Terapêutica Cápsulas de oxibutinina Oxibutinina.................................................2,5 - 5mg1 Administrar uma a duas cápsulas ao dia. A oxibutinina quando utilizada na dose de até 10mg/dia é bem tolerada e segura, apresentando poucos efeitos adversos 1. Cápsulas de oxibutinina Oxibutinina...................................................2,5-5mg2 Administrar uma a duas cápsulas ao dia. A hiperidrose pós-menopausa é uma forma de hiperidrose secundária e a terapia de reposição hormonal é uma opção terapêutica comumente utilizada, no entanto, algumas mulheres não se beneficiam com este tratamento e anticolinérgicos orais são uma alternativa para reduzir a sudorese generalizada nestes pacientes. A oxibutinina foi bem tolerada, efetiva e segura 2. 3 Estudos & Atualidades Estudo analisa o valor terapêutico de doses moderadas de oxibutinina na hiperidrose extensa3. Neste estudo, 30 pacientes que apresentavam hiperidrose, depois de descartadas outras doenças, foram selecionados para tratamento da seguinte forma: Dias 1, 2, 3 e 4 Oxibutinina 1,25 mg / dia Dias subsequentes aumento de 1,25mg de oxibutinina a cada 4 dias não podendo exceder 2,5 mg / 3 X dia O grupo de pacientes selecionados era composto por 24 mulheres e 6 homens entre os 19 e 64 anos, com idade média de 33 anos . Resultados: Análise da melhoria na hiperidrose axiliar após o tratamento com oxibutinina Apresentaram resultados efetivos 24 pacientes (80%); Do total de 30 participantes, 3 (10%) pacientes não deram continuidade ao tratamento devido aos efeitos adversos, como desmaio e desordens de acomodação visual; Dentre os participantes, 10 dos 27 pacientes (37%) que deram continuidade ao tratamento apresentaram boca seca como efeito adverso, o qual foi bem tolerado; O início da ação do medicamento foi percebido entre o 10º e 21º dia, com uma média de 15,4 dias. 80 Percentual de pacientes (%) Os pacientes que obtiveram resultados moderadamente efetivos foram 3 (10%); 80 70 60 50 40 30 10 20 10 0 Avaliação 1 Avaliação 2 Avaliação 1 (resultados efetivos); Avaliação 2 (resultados moderadamente efetivos) O estudo mostra a eficácia da oxibutinina para o tratamento da hiperidrose, utilizada em doses moderadas, podendo ser administrada com segurança3, embora, já existam novas formulações de oxibutinina com a intenção de reduzir o perfil de efeitos adversos desta droga. Estas incluem um sistema de entrega transdérmica e, mais recentemente, o sistema de oxibutinina gel para aplicação tópica5,6. Proposta Terapêutica Cápsulas de oxibutinina Oxibutinina...........................................................2,5mg3 Administrar uma cápsula até três vezes ao dia. Gel tópico com Oxibutinina Oxibutinina....................................................10%5,6 Gel de alta penetração qsp...............................50g Aplicar 1 grama nos locais indicados sobre a pele limpa e seca. Fazer rodízio entre os locais. O tratamento via oral da oxibutinina apresenta baixa adesão dos pacientes devido aos efeitos adversos anticolinérgicos. Esta baixa tolerabilidade tem sido atribuída aos altos níveis circulantes de desetiloxibutinina (DEO), um produto da metabolização da oxibutinina, responsável pelos efeitos colaterais tais como: boca seca, rubor da pele, constipação e visão turva. Pacientes que utilizam gel transdérmico de oxibutinina relatam excelente eficácia, aplicação diária conveniente e ótimo perfil de tolerabilidade, sendo uma alternativa à terapia oral4. 4 Estudos & Atualidades Estudo aberto, multicêntrico avalia a eficácia e tolerabilidade de uma espuma tópica com sal de alumínio no tratamento da hiperidrose primária palmar e axilar7. Neste estudo, 20 pessoas que apresentaram hiperidrose primária passaram a utilizar uma espuma tópica com sal de alumínio a 20% e avaliadas nos seguintes períodos: Primeira avaliação Tempo zero Início da aplicação diária da espuma Terceira avaliação 28º dia Término do tratamento Segunda Avaliação 14º dia Início da aplicação da espuma três vezes na semana Resultados: A espuma de alumínio levou a uma significativa redução da hiperidrose, tanto no 14º quanto no 28º dia; O sal de alumínio quando aplicado em espuma tópica proporcionou 61% de redução da sudorese no período de 4 semanas de tratamento; A espuma foi aplicada sobre a pele seca, todas as noites durante as duas primeiras semanas e três vezes por semana nas duas semanas seguintes; Irritações na pele e efeitos colaterais não foram relatados durante o tratamento; Após a aplicação, o veículo rapidamente evapora, sem deixar resíduos, resultando em bom nível de aceitação pelo paciente. A sudorese foi significativamente reduzida a partir da segunda semana (p=0,0002). Avaliação da redução de hiperidrose através da escala de Minor após a utilização da espuma Minor test score 12 10 8,55 8 4,45 * 6 4 3,35* Percentual da eficácia do tratamento da hiperidrose com espuma tópica de sal de alumínio. 100 Percentual % 61 80 60 40 20 0 Eficácia A Espuma de Alumínio apresenta-se como alternativa efetiva e bem-tolerada no tratamento tópico de pacientes com hiperidrose primária axilar e palmar, não provocando irritação cutânea7. 2 0 *p=0,0002 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação Proposta Terapêutica Espuma de Alumínio Reach 301......................................................20%7 Espuma Suave qsp......................................150ml Aplicar nos locais afetados uma vez ao dia, após o banho. Reach 301 é uma forma patenteada de Cloridrato de Alumínio Sesquihidratado altamente potente 7. Espuma de Alumínio com Hidroviton – Ação Hidratante Hidroviton.........................................................3% Espuma de Reach 301 20% qsp..................150ml Aplicar nos locais afetados uma vez ao dia, após o banho. Propriedades e Mecanismo de Ação 5 Hiperidrose A hiperidrose é uma desordem funcional caracterizada pelo aumento da sudorese que pode prejudicar muito a qualidade de vida do paciente. Ela é mais localizada nas mãos, pés e axilas podendo também ser generalizada3. Oxibutinina A oxibutinina é um fármaco anticolinérgico (bloqueador colinérgico fraco), uma amina terciária, que tem como característica inibir a produção de acetilcolina8. A oxibutinina é prontamente absorvida pelo trato gastrointestinal e tem uma duração de ação prolongada, atingindo pico de efeito em 3-6 horas e sua ação dura de 6-10 horas (podendo chegar a 24 horas nas preparações de liberação lenta). Sua metabolização é hepática via CYP3A4, tendo meia vida de 2 horas8. Esquema funcional das vias do suor9. A oxibutinina pode ser usada seguramente em altas doses (acima de 15mg/dia) para o tratamento de doenças urológicas relacionadas à micção. Um efeito colateral observado nestes pacientes foi a diminuição da sudorese. Oxibutinina em baixas doses (até 10mg/dia) reduz significativamente os efeitos colaterais enquanto é muito efetivo na redução da sudorese em pacientes com hiperidrose axilar1. Literatura Consultada 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Wolosker N, de Campos JR, Kauffman P, Neves S, Munia MA, BiscegliJatene F, Puech-Leão P. The use of oxybutynin for treating axillary hyperhidrosis. Ann Vasc Surg. 2011 Nov;25(8):1057-62. Kim WO, Kil HK, Yoon KB, Yoo JH. Treatment of generalized hyperhidrosis with oxybutynin in post-menopausal patients. Acta Derm Venereol. 2010 May;90(3):291-3. Maillard H, Fenot M, Bara C, Célérier P. [Therapeutic value of moderate-dose oxybutynin in extensive hyperhidrosis]. Ann Dermatol Venereol. 2011 Oct;138(10):652-6. Staskin DR, Salvatore S. Oxybutynin topical and transdermal formulations: an update. Drugs Today (Barc). 2010 Jun;46(6):417-25. Sand PK, Davila GW, Lucente VR, Thomas H, Caramelli KE, Hoel G. Efficacy and safety of oxybutynin chloride topical gel for women with overactive bladder syndrome. Am J Obstet Gynecol. 2012 Feb;206(2):168.e1-6. Staskin DR, Dmochowski RR, Sand PK, Macdiarmid SA, Caramelli KE, Thomas H, Hoel G. Efficacy and safety of oxybutynin chloride topical gel for overactive bladder: a randomized, double-blind, placebo controlled, multicenter study. J Urol. 2009. Innocenzi D, Ruggero A, Francesconi L, Lacarrubba F, Nardone B, Micali G. An open-label tolerability and efficacy study of an aluminum sesquichlorohydrate topical foam in axillary and palmar primary hyperhidrosis.Dermatol Ther. 2008 Jul;21 Suppl 1:S27-30. Kang DWW, Campos JRM, Loureiro MP, Furian MB , Costa MG, Coelho MS, Lyra RM. Diretrizes para a prevenção, diagnóstico e manejo da hiperidrose compensatória. Acesso em: http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/diretrizes_diag_man_prev_hiperidrose_compensatoria.pdf Ishy A. Tratamento da hiperidrose palmo-plantar pela simpatectomia videotoracoscópica: terceiro versus quarto gânglio torácico [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina; 2010 [acesso 2012-03-19]. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5156/tde-27092010-144236/