O direito à educação ao longo da vida. A educação também está em

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O direito à educação ao longo da vida. A educação também está em crise? Propostas e desafios para
outro mundo possível
Sofía Valdivielso
GEO - Espanha
Desde seu início as Nações Unidas manifestaram o convencimento de que a educação é um dos pilares básicos
em que hão de sustentar-se as sociedades modernas.
Nas seis últimas décadas a UNESCO organizou cinco conferências internacionais dedicada expressamente à
educação de pessoas adultas. Em cada uma delas foram dados passos de grande importância para o avanço e
compreensão do direito universal à educação ao longo da vida.
Se fizermos uma leitura pausada de cada um dos textos produzidos nessas conferências chegaremos a conclusão de que somos herdeiros dos discursos e dos debates gerados nessas últimas seis décadas. Que as idéias
principais em relação ao direito à educação das pessoas jovens e adultas já estão ditas e como diz o lema da
próxima conferência em Belém é tempo de passar à ação.
Recordemos: em Elsinor (1949) debatemos sobre o papel que a EA devia desempenhar no desenvolvimento
integral dos povos e no fortalecimento de relações positivas entre eles. Em Montreal (1960) centramos o debate na necessidade de que todos os países do mundo apreendam a coexistir pacificamente. Aprender se converte na palavra chave deste evento. Em Tóquio (1972) pela primeira vez tratamos dos problemas da deterioraçãodo meio ambiente, conseqüência do desenvolvimento não controlado da década anterior. Da mesma forma
a presença de novos estados facilita a tomada de consciência da necessidade de incluir na agenda o tema da
diversidade e do respeito a outra cultura.
Em Paris (1985) aprovamos uma declaração sobre o direito a aprender. Insistimos em que esse direito a aprender não deve ser entendido apenas em sua dimensão funcional como instrumento do desenvolvimento
econômico mas, sobretudo, como um direito humano universal para que graças a seu exercício os seres humanos se convertam nos protagonistas responsáveis por sua própria história.
Por ultimo, em Hamburgo (1997) começa a emergir um novo discurso, para alguns um novo paradigma centrado na busca de novas vias de integração das perspectivas que em Paris se manifestavam como opostas. Situamo-nos diante do nascimento de uma visão mais inclusiva da educação de pessoas adultas, entendendo-a
como parte de um processos que abarca toda a vida, cujas metas são dirigidas a promover a aprendizagem das
pessoas e das comunidades, o diálogo entre as diferentes culturas, respeitando a diversidade entre as distingas
culturas respeitando a diversidade e a diferença cultural.
Em Hamburgo reiteramos que o desenvolvimento está a serviço do ser humano e não o contrário, e consideramos que os sistemas educativos devem ser desenhados na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida e
devem, também, assegurar que a educação das pessoas adultas contribuam para o desenvolvimento da democracia, da justiça e da equidade. Que contribua para o desenvolvimento sustentável, para a autodeterminação o
(empowerment) dos indivíduos e da sociedade, para enfrentar as transformações e as mudanças que afetam a
economia, a cultura e a sociedade em seu conjunto. E contribuir para a criação de um diálogo intercultural
dirigido ao desenvolvimento de uma cultura de paz.
Hoje, com a perspectiva que nos dá mais de meio século de história, podemos afirmar que embora tenhamos
percorrido um longo caminho, ainda falta muito para poder afirmar que esse direito é universal. Passamos de
uma cosmo visão na qual o mundo se apresenta como um mecanismo racional bem lubrificado que funciona
seguindo leis naturais que podem ser aprendidas, dominadas e manipuladas em benefício próprio, para ums
cosmovisão centrada na pluralidade, na comunidade, na relação entre os seres humanos, nas redes e na sensibilidade ecológica.
Em Belém temos de dar um passo mais e assentar as bases para a emergência de uma nova cosmo visão que
sem negar as anteriores as transcenda e nos ajude a compreender que a vida, ao mesmo tempo em que é plural
e diversa é também una, que as diferenças e as pluralidades podem integrar-se naturalmente em correntes independentes. A crise atual está acelerando os processos de compreensão de que é melhor cooperara do que
competir e que, como disse Einstein este mundo será um ou nenhum. Passemos à ação!
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