XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL ATRIBUTOS DE DEFESA E DE QUALIDADE FOLIAR DE PLÂNTULAS E PLANTAS ADULTAS DE Stryphnodendron adstringens EM UMA ÁREA DE CERRADO Marina Neves Delgado – Instituto Federal de Brasília, Planaltina, DF, [email protected] Helena Castanheira de Morais – Universidade de Brasília, DF, [email protected] INTRODUÇÃO O desenvolvimento das plantas pode ser categorizado em quatro fases: plântula, juvenil, adulto e senescente (Barton & Koricheva 2010). O estádio de plântula compreende indivíduos que possuem as primeiras folhas fotossintéticas verdadeiras e o estádio adulto compreende indivíduos que já passaram por um evento reprodutivo (Boege & Marquis 2005). Como a pressão de herbivoria e as necessidades de alocação de recursos alteram ao longo da vida da planta, fases de desenvolvimento distintas podem apresentar diferentes mecanismos de defesa (Barton & Koricheva 2010). A vantagem adaptativa da produção intensa de defesa pode ser limitada por trade-offs entre defesa e crescimento (Herms & Mattson 1992). A produção de raízes e folhas pode ser considerada a prioridade para plântulas, sendo restrita a alocação de recursos para defesa (Boege & Marquis 2005). Por isso, espera-se encontrar menos defesa em plântulas, seguidas por um aumento nos atributos de defesa em plantas adultas, que estão mais vulneráveis aos herbívoros durante um longo tempo, como prediz a “Hipótese de Equilíbrio entre Crescimento e Diferenciação” (Herms & Mattson 1992). Nesse trabalho, nós investigamos a influência da ontogenia na produção de defesa e na razão C:N das folhas de plântulas e de plantas adultas de Stryphnodendron adstringens (Fabaceae) que cresciam em uma área de cerrado. S. adstringens apresenta pequenos NEFs nos raquíolos e taninos em suas folhas. OBJETIVO O objetivo foi comparar quantidade de compostos fenólicos, NEFs e C:N nas folhas de plantas adultas e plântulas. METODOLOGIA Foram coletadas folhas de seis plântulas e seis plantas adultas em uma área de cerrado do DF, sendo impossível um maior número amostral devido à escassez de plântulas na área. Das seis folhas coletadas por planta, três foram congeladas em nitrogênio líquido para a posterior análise de compostos fenólicos. As outras três folhas foram mantidas refrigeradas em isopor e gelo. Os atributos foliares mensurados foram: número de NEFs, C:N, fenólicos totais e taninos condensados. O número de NEFs foi medido no segundo raquíolo à esquerda da folha. Fenólicos totais, taninos condensados foram extraídos conforme Waterman & Mole (1994). A absorção em cada ensaio foi determinada por cromatografia (Molecular Devis – VERSA max). A concentração de taninos e fenólicos totais foi calculada com o Software Softmax Pro, utilizando a curva obtida com o padrão. N foi extraído por digestão com ácido sulfúrico e quantificado por destilador de Kjeldahl. C foliar foi obtido conforme técnicas usuais. A fim de se determinar o efeito da idade, a normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Teste t foi usado ou Mann-Whitney U Test, quando não foram alcançadas normalidades dos dados, para comparar atributos de plântulas com plantas adultas (a = 0,05). Usou-se Statistica 7.0 nas análises estatísticas. RESULTADOS 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL As folhas das plantas adultas tiveram mais fenólicos totais (Z= 3,125; p < 0,01) e taninos condensados (Z = 3,057; p < 0,01) . Elas também apresentaram maior razão de C:N (Z = 2.859; p < 0.01). Não foi encontrada diferença no número de NEFs foliares entre as plantas com fases distintas de desenvolvimento (t = 1,233; p > 0,05). DISCUSSÃO Nossos resultados demonstraram que as folhas das plantas adultas apresentaram menor qualidade para os herbívoros e mais defesa química do que as folhas das plântulas de S. adstringens. As folhas das plantas adultas tiveram maior C:N do que das plântulas, o que corroborou outros estudos que mostraram que as plantas nos primeiros estádios ontogênicos têm mais qualidade alimentar do que as plantas nos estádios ontogênicos mais avançados (Boege & Marquis 2005, Barton & Korichieva 2010). Quanto menor a quantidade de N em relação à quantidade de C, menos nutritiva será a planta para o herbívoro (Elser et al. 2000). Além disso, as folhas das plantas adultas estavam mais defendidas quimicamente, uma vez que elas apresentaram maior concentração de taninos condensados, reduzindo sua palatabilidade (Makkar et al. 2007). Provavelmente, a alocação de recursos para o crescimento de raízes e folhas restringiu o desenvolvimento de defesa direta em plântulas, corroborando a “Hipótese de Equilíbrio entre Crescimento e Diferenciação” (Herms & Mattson 1992). CONCLUSÃO Nosso estudo mostrou que a fase ontogênica da planta influencia a qualidade da folha para os herbívoros, alterando atributos de defesa. Considerando-se defesa direta e qualidade nutricional, plântulas são mais susceptíveis à herbivoria do que plantas adultas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTON, KE & KORICHEVA, J. 2010. The Ontogeny of Plant Defense and Herbivory: characterizing general patterns using meta-analysis. The American Naturalist 175: 481-493. BOEGE, K & R. J. MARQUIS. 2005. Facing herbivory as you grow up: the ontogeny of resistance in plants. Trends in Ecology & Evolution 20: 441–448. ELSER , J.J. , FAGAN , W.F. , DENNO , R.F. , DOBBERFUHL , D.R. , FOLARIN , A. , HUBERTY , A . et al. 2000. Nutritional constraints in terrestrial and freshwater food webs . Nature 408: 578 – 580 . HERMS, DA & MATTSON, WJ. 1992. The dilemma of plants: to grow or to defend. The Quarterly Review of Biology 67: 283_335. MAKKAR, H.P.S.; SIDDHURAJU, P. & BECKER, K. 2007. Plant Secondary Metabolites. Totowa, New Jersey: Humana Press. WATERMAN, PG & MOLE, S. 1994. Analysis of Phenolic Plant Metabolites. Oxford, UK: Blackwell Scientific. 2