Traços importantes na Filosofia

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FACULDADE CASTELO BRANCO
Disciplinas: Filosofia Geral
Professor: Carlos Afonso Sperandio
Traços importantes na Filosofia.
Quando nos acercamos da Filosofia nascente, podemos perceber os principais
traços que definem a atividade filosófica na época de seu nascimento:
1.
2.
3.
4.
5.
Tendência à racionalidade;
Recusa de explicações preestabelecidas;
Tendência à argumentação;
Capacidade de generalização (síntese);
Capacidade de diferenciação (análise).
1. Tendência a racionalidade, pois os gregos foram os primeiros a definir o ser
humano como animal racional, a considerar que o pensamento e a linguagem
definem a razão, que o homem é um ser dotado de razão e que a racionalidade é
seu traço distintivo em relação a todos os outros seres. Mesmo que a razão
humana não possa conhecer tudo, tudo o que pode conhecer ela conhece plena e
verdadeiramente. A tendência à racionalidade significa que a razão humana ou o
pensamento é a condição de todo conhecimento verdadeiro e por isso mesmo a
própria razão ou o próprio pensamento deve conhecer as leis, regras, princípios e
normas de suas operações e de seu exercício correto.
Na cultura da chamada sociedade ocidental, a palavra ‘razão’ origina-se de
duas fontes: a palavra latina ‘ratio’ e a palavra grega ‘lógos’. Essas duas palavras são
substantivos derivados de dois verbos que têm um sentido muito parecido em latim e em
grego.
‘Logos’ vem do vergo ‘legein’, que quer dizer contar, reunir, juntar, calcular.
‘Ratio’ vem do verto ‘reor’, que quer dizer contar, reunir, medir, juntar, separar,
calcular.
Assim, ‘lógos’, ‘ratio’ ou ‘razão’ significam pensar e falar ordenadamente, com
medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na
origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e
claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de
organizar a realidade (medir, reunir, juntar, separar, contar, calcular) pela qual esta
se torna compreensível.
2. Recusa de explicações preestabelecidas e, por isso mesmo, exige que para cada
fato seja encontrada uma explicação racional, bem como para cada problema ou
dificuldade sejam investigadas e encontradas as soluções próprias exigidas por
eles.
“Geralmente as explicações preestabelecidas constituem-se em crenças, ou seja,
em coisas ou idéias que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são
óbvias, evidentes.”
3. Tendência à argumentação e ao debate para oferecer respostas conclusivas para
questões, dificuldades e problemas de maneira que nenhuma solução seja aceita
se não houver sido demonstrada, isto e, provada racionalmente em conformidade
com os princípios e as regras do pensamento verdadeiro.
“O conhecimento racional obedece certas regras ou leis fundamentais que
respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que
são.”
“Um argumento é sustentado por dois pilares: (a) a consistência no raciocínio;
(b) a evidência de provas.”
“Um argumento é qualquer grupo de proposições tal que se afirme ser uma
delas derivada das outras as quais são consideradas provas evidentes da
verdade da primeira. O argumento tem uma estrutura que difere de uma
‘simples explicação’. Ele possui: (a) antecedentes – enunciados ou proposições
que podem ser verdadeiras ou falsas – a elas podemos atribuir ‘valor de
verdade’; (b) inferência (um ‘levar para’) e (c) o conseqüente (conclusão ou
premissa conclusiva). No argumento a conclusão é ‘reivindicada’ como
verdadeira, isto é, tem que ser extraído uma conseqüência afirmada com base
nas antecedentes enunciadas como provas ou razões.”
“O argumento é o convencimento da validade de nossas teorias mediante uma
‘adesão ativa’, ou seja, RACIONAL – a tentativa de convencer utilizando da
Razão. Contrapõe-se ao argumento a ‘adesão passiva’, ou seja, a
falácia/sofisma (“apelo emocional”).
4. Capacidade de generalização, isto é, de mostrar que uma explicação tem
validade para muitas coisas diferentes ou para muitos fatos diversos porque, sob
a aparência da diversidade e da variação percebidas pelos órgãos dos sentidos, o
pensamento descobre semelhanças e identidades. Essa capacidade racional é a
síntese.
“Por exemplo, para meus olhos, meu tato e meu olfato, o gelo é diferente da neblina,
que é diferente do vapor de uma chaleira, que é diferente da chuva, que é diferente da
correnteza de um rio. No entanto, o pensamento mostra que se trata sempre de um
mesmo elemento (a água), passando por diferentes estados e formas (líquido, sólido,
gasoso) em decorrência de causas naturais diferentes (condensação, liquefação,
evaporação). Reunindo semelhanças, o pensamento conclui que se trata de uma mesma
coisa que aparece para nossos sentidos de maneiras diferentes, e como se
fossem coisas diferentes. O pensamento generaliza (síntese), isto é, encontra sob
as diferenças a identidade ou a semelhança e reúne os traços semelhantes,
realizando uma síntese.”
“A palavra grega ´sintese’ significa ‘reunião ou fusão de várias coisas numa
união íntima para formar um todo". (COMPOSIÇÃO e GENERALIZAÇÃO, no sentido
em que o pensamento/razão descobre semelhanças e identidades).”
5. Capacidade de diferenciação, isto é, de mostrar que fatos ou coisas que
aparecem como iguais ou semelhantes são, na verdade, diferentes quando
examinados pelo pensamento ou pela razão. Essa capacidade racional para
compreender diferenças onde parece haver identidade ou semelhança é a análise
(palavra grega que significa ‘ação de desligar e separar, resolução de um todo
em suas partes’).
(DECOMPOSIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO, no sentido em que a partir do
pensamento/razão fatos e coisas que aparecem iguais ou semelhantes são diferentes
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