A teologia de Jesus Cristo - Convenção Batista Brasileira

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Introdução
O evangelho de
Cristo segundo João
Estudaremos, neste trimestre, o Evangelho de João, também chamado de Quarto Evangelho, em virtude da posição que
ocupa no Novo Testamento.
O Evangelho de João contém uma forte chamada ao arrependimento e à fé em
Jesus Cristo. É um Evangelho abrangente
na mensagem que apresenta e, mais que
necessário, é imperativo que as pessoas conheçam a amplitude dos ensinos de Jesus
apresentados por João e passem a adotar
um estilo de vida em harmonia com ele.
O Evangelho de João traz ensinos dirigidos a todos os povos, em todos os tempos
da história. Logo, traz mensagens para nós,
hoje. Discernir a vontade de Deus no transcurso dos acontecimentos cotidianos não é
fácil; afinal, não existe uma receita para tal
exercício. Esta tarefa é resultado de intimidade com Deus, de estudo perseverante e
aprofundado da Bíblia e da sabedoria pessoal. O estudo do Evangelho de João nos
ajuda a entender a vontade de Deus para
nossa vida e nossa relação com o próximo.
Em relação às uniões de adultos, os
assuntos para estudo, em sua diversidade,
também abordam realidades que visam ao
crescimento e edificação dos adultos. Den-
1 • PALAVRA E VIDA
tre eles, destacamos a ressurreição de Cristo, a família, a missão da igreja no mundo
e a volta de Cristo.
Lembramos a todos que, neste trimestre, a denominação batista comemora o
Dia da Escola Bíblia Dominical, no quarto
domingo de abril.
Que Deus abençoe a todos, no estudo
da Palavra de Deus, neste trimestre.
Pr. Clemir Fernandes Silva
Redator da revista Compromisso
Quem escreveu: os estudos para EBD
são de três autores:
1) Estudos 1 a 4 e 9: Valtair Miranda,
pastor da Igreja Batista em Neves, São Gonçalo, RJ;
2) Estudos 5 a 8: Davi Freitas de Carvalho, pastor batista, RJ;
3) Estudos 10 a 13: Solange Cardoso
A. d’Almeida, Coordenadora Editorial da
JUERP. Quanto aos estudos da DCC, cada
um deles leva o nome de seu autor.
Os estudos são condensações e adaptações de estudos anteriores, publicados na
revista “Compromisso”.
Sumário
Introdução........................................................................................ 1
Sumário e expediente...................................................................... 2
Leituras diárias................................................................................. 3
Apresentação dos estudos da EBD................................................ 4
Estudos 1 a 13 da EBD................................................................... 6
Informação denominacional.......................................................... 32
Divisão de Crescimento Cristão.................................................... 35
Estudos 1 a 13 da DCC................................................................. 36
Expediente
Palavra e Vida
ISSN 1984-8714
Ano X – N° 46 – 2T/2012
Esta é uma revista especial da JUERP, editada
em convênio com as Convenções Estaduais,
voltada para o ensino da EBD e da DCC
para adultos e jovens, nas igrejas de menor
número de membros arrolados
Publicação trimestral da JUERP
Junta de Educação Religiosa e Publicações
da Convenção Batista Brasileira
CGC(MF): 33.531.732/0001-67
CX Postal 320 – 20001-970 – Rio de Janeiro, RJ
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Nossa missão: “Viabilizar a co­ope­ração entre as igrejas batistas no cumprimento
de sua missão como comunidade local”
2 • PALAVRA E VIDA
Leituras diárias – 2o trimestre de 2012
MARÇO
26
27
28
29
30
31
Segunda Terça Quarta Quinta
Sexta Sábado João 1.1-7
João 1.8-14
João 1.15-18
João 1.19-27
João 1.28-34
João 1.35-42
ABRIL
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
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Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda João 1.43-51
João 2.1-4
João 2.5-8
João 2.9-12
João 2.13-15
João 2.16-19
João 2.20-22
João 2.23-25
João 3.1-5
João 3.6 –10
João 3.11-15
João 3.16-21
João 3.22-26
João 3.27-30
João 3.31-36
João 4.1-15
João 4.16-30
João 4.31-42
João 4.43-54
João 5.1-18
João 5.19-30
João 5.31-47
João 6.1-15
João 6.16-21
João 6.22.59
João 6.60-71
João 7.1-9
João 7.10-24
João 7.25-52
João 8.1-11
MAIO
1
2
3
4
5
Terça Quarta Quinta Sexta Sábado João 8.12-24
João 8.25-40
João 8.41-59
João 9.1-14
João 9.15-27
6
7
8
9
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31
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
Domingo
Segunda Terça Quarta
Quinta Sexta Sábado
Domingo Segunda Terça Quarta
Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça
Quarta Quinta João 9.28-41
João 10.1-7
João 10.8-15
João 10.16-21
João 10.22-30
João 10.31-33
João 10.34-38
João 10.39-42
João 11.1-16
João 11.17-44
João 11.45-57
João 12.1-11
João 12.12-19
João 12.20-43
João 12.44-50
João 13.1-11
João 13.12-17
João 13.18 –20
João 13.21 –26
João 13.27-30
João 13.31-34
João 13.35-38
João 14.1-6
João 14.7-14
João 14.15-24
João 14.25-31
JUNHO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
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12
13
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17
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20
21
22
23
24
Sexta Sábado
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda
Terça
Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
João 15.1-9
João 15.10-19
João 15.20-27
João 16.1-11
João 16.12-16
João 16.17-24
João 16.25-33
João 17.1-10
João 17.11-21
João 17.22-26
João 18.1-12
João 18.13-27
João 18.28-40
João 19.1-16
João 19.17-27
João 19.28-37
João 19.38-42
João 20.1-10
João 20.11-18
João 20.19-23
João 20.24-31
João 21.1-8
João 21.9-19
João 21.20-2525
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 3
Apresentação dos estudos da EBD
O EVANGELHO DE JOÃO
A teologia de Jesus Cristo
O Evangelho de João é chamado, também, de “Quarto Evangelho”, em virtude
de sua colocação na ordem dos Evangelhos
no Novo Testamento. Seu autor é o apóstolo João. Esta é a opinião universalmente
aceita, embora seu nome não seja mencionado no texto e, embora, haja conjecturas
divergentes de alguns autores. É que este é
o testemunho da tradição que vem desde
os primeiros dias do período apostólico da
história do cristianismo. Quanto à data em
que foi escrito, situa-se entre os anos 95 e
100 d.C., pouco antes da morte de João.
“Enquanto Lucas e Mateus
iniciam seus Evangelhos
narrando o nascimento
de Jesus, e Marcos inicia
focalizando o início do
ministério terreno de Jesus,
João inicia seu Evangelho
com a eternidade dele, como
o Verbo de Deus, sendo
o próprio Deus que
se fez carne”
4 • PALAVRA E VIDA
JOÃO E OS SINÓTICOS
O Evangelho de João distingue-se dos
demais: Mateus, Marcos e Lucas, que são
chamados Sinóticos, em virtude de seguirem uma linha de paralelismo na narrativa
dos episódios da vida de Jesus Cristo, com as
mesmas características literárias, enquanto
João prefere seguir um plano diferente, deixando a impressão de ter sido escrito com a
intenção de complementar os demais.
O Evangelho de Marcos é o mais antigo, enquanto o de João é o mais teológico,
o mais interpretativo da pessoa, da obra e
dos ensinos de Jesus Cristo.
Enquanto Lucas e Mateus iniciam seus
Evangelhos narrando o nascimento de Jesus, e Marcos inicia focalizando o início do
ministério terreno de Jesus, João inicia seu
Evangelho com a eternidade dele, como o
Verbo de Deus, sendo o próprio Deus que
se fez carne. Selecionou sete fatos milagrosos
realizados por Jesus e alguns de seus sermões.
A FINALIDADE DO
EVANGELHO DE JOÃO
Quanto à finalidade de seu Evangelho,
ele diz, no capítulo 20, versículo 31, referindo-se aos milagres que registrou, que eles
“No Evangelho de João,
a teologia foi colocada
com tanta clareza e
simplicidade que todos,
inclusive crianças,
entendem claramente
a grandeza do amor de
Deus manifestado em
Jesus Cristo, seu Filho”
“foram escritos para que creiais que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome”. É um Evangelho
dirigido a toda a humanidade, com o fim de
produzir fé em Jesus Cristo como o Filho de
Deus, para conduzir almas à salvação eterna. Confirma esta finalidade no versículo
conhecido como “o coração da Bíblia”, em
que ele registrou as seguintes palavras de
Jesus: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira, que deu seu Filho Unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
UMA PREOCUPAÇÃO
APOLOGÉTICA
Grassava, no final do período apostólico, uma heresia conhecida como gnosticismo, que afirmava que Jesus era apenas
uma emanação espiritual de Deus, uma
aparência, não real. João quis combater
esse desvio da fé; quis mostrar que Jesus
era, historicamente, real, que ele era o próprio Deus feito carne, Deus feito homem.
Essa preocupação do autor do quarto
Evangelho se encontra registrada, também,
em sua primeira carta, quando ele diz: “Todo
espírito que confessa que Jesus Cristo veio
em carne é de Deus; e todo espírito que não
confessa a Jesus não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há
de vir, e eis que está já no mundo” (1Jo 4.2,3).
A TEOLOGIA DE JOÃO
No Evangelho de João, a teologia foi colocada com tanta clareza e simplicidade que todos, inclusive crianças, entendem claramente
a grandeza do amor de Deus manifestado em
Jesus Cristo, seu Filho. Isto explica por que
tantos, em todo o mundo, o preferem como
material destinado à evangelização.
ReferênciaS
FERREIRA, Ilson. Pastorais do Verbo de Deus – O Evangelho de João. Rio de Janeiro: JUERP, 2004.
GONÇALVES JÚNIOR, Almir dos Santos. Em conversa com o Mestre – A teologia de Jesus no Evangelho de João. Rio de
Janeiro: JUERP, 2004.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 5
EBD
• Domingo, 1 de abril de 2012 •
A revelação
de Deus
Jesus Cristo é apresentado no Evangelho de João como o ser eterno que é Deus
tornado homem e que é o autor da criação
de todas as coisas, a revelação perfeita de
Deus e o autor da redenção como o Cordeiro de Deus enviado para ser oferecido
em sacrifício para a salvação dos pecadores. Ele é, também, a luz do mundo, que os
homens rejeitaram, e que conferiu, aos que
creram nele, o poder de se tornarem filhos
de Deus. No início do Evangelho, ele já
define tudo isto a respeito de Jesus Cristo.
1. No princípio era o Verbo – O Evangelho de João se inicia de uma forma completamente diferente da forma dos demais
Evangelhos. Mateus e Lucas dedicam seus
primeiros capítulos a narrativas do nascimento e infância de Jesus; Marcos entra
diretamente no início de seu ministério
terreno; João inicia olhando para a eternidade, para um momento que ele denomina de “princípio”, e o define como sendo o
Verbo eterno de Deus e que era o próprio
Deus. Aquele homem que fora rejeitado
pelo povo, no meio do qual surgiu e atuou,
era o mesmo ser que existia no princípio de
todas as coisas. O Verbo de Deus é o Logos eterno, a expressão objetiva de Deus,
sua palavra, razão, expressão. Com estas
palavras, João definia Jesus Cristo como o
Deus que se fez carne e habitou entre nós.
6 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 1
Texto bíblico:
João 1.1-54
Texto áureo:
João 1.14
Em vez de começar com o nascimento
de uma criança, João inicia com a criação
do próprio mundo. No momento em que
ele foi criado, o Verbo que veio ao mundo
em forma humana já partilhava da existência, e foi, ele próprio, o agente criador
de todas as coisas. A respeito dessa pessoa
que João apontou como o Verbo de Deus
que se fez carne, o apóstolo Paulo disse:
“Este é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; pois nele
foram criadas todas as coisas; nos céus e
sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado
por meio dele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Cl
1.15-17).
2. João Batista, o precursor – João
Batista foi o homem mandado por Deus
para ser o precursor de Jesus; para ser
quem anunciaria sua chegada ao mundo.
Sua vinda estava profetizada no Antigo
Testamento. Setecentos anos antes do nascimento de Jesus, Isaías profetizou: “Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda
a nosso Deus” (Is 40.3); e Malaquias, 400
anos antes de Jesus, termina o Antigo Testamento dizendo: “Eis que envio o meu
anjo, que preparará o caminho diante de
mim; e de repente virá ao seu templo o
Senhor a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz
o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.1). Depois
de 400 anos de silêncio, durante os quais
Deus preparou o mundo para a chamada
“plenitude dos tempos” (Gl 4.4), ouviu-se
a voz de João Batista pregando no lugar
ermo a chegada do Messias, e batizando
todos os que se arrependiam de seus pecados. Ele testemunhou a respeito de Jesus Cristo como sendo o Filho de Deus, o
Cordeiro que veio para tirar o pecado do
mundo.
João Batista era um homem singular.
Vivia no deserto, comia gafanhotos e mel
silvestre, e se vestia com peles de animais.
Mas, a sua mensagem causava muito mais
impacto do que sua aparência. Inúmeras
pessoas vinham até o Jordão para serem
batizadas por ele. O murmúrio que corria por toda parte era que ele poderia ser
o Messias que eles aguardavam. Mas João
Batista disse claramente não ser o Messias
e, sim, a voz do que clama no deserto, isto
é, o cumprimento da profecia de Isaías,
anunciando que era maior do que ele. Ele
falou que Jesus era o Cordeiro de Deus que
viera para tirar o pecado do mundo. Podemos entender que sua voz não encontrou
acolhida num grande número de pessoas.
Mas houve os que acreditaram, e a estes
Deus lhes deu o poder de se tornarem filhos de Deus.
3. Os primeiros discípulos – Depois
do batismo de Jesus, e depois de João testemunhar a respeito dele como o Cordeiro de Deus, Jesus foi seguido por alguns
dos discípulos de João, conversaram com
ele e se convenceram de que Jesus era o
Messias. Então, começaram a testemunhar a respeito dele, dizendo: “Achamos
o Messias”. Dos que resolveram confiar
nesse testemunho, destacaram-se André,
Pedro, Filipe e Natanael. Eram pessoas
simples, pescadores, geralmente iletrados,
que até para ouvir a palavra precisavam
da ajuda dos escribas, que eram os poucos
que dominavam a língua hebraica das sinagogas. Foram estes homens os primeiros discípulos de Jesus.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. Jesus é anunciado por João como
o próprio Deus. Essa mensagem ainda é
escândalo para muitas pessoas. Tem gente
que não consegue aceitar que Deus possa
ter encarnado na forma de uma pessoa e
vivido no meio dos homens. Mas, escândalo ou não, essa é a principal mensagem da
igreja de Cristo. Você já reconheceu Jesus
como o Salvador de sua vida? Está propagando essa verdade?
2. Deus se fez homem para revelar o
caminho de volta para ele. Ele se revelou
de uma forma que poderíamos entender e
compreender. Jesus é a revelação máxima
de Deus e de sua vontade. Você já reconheceu Jesus como o caminho, a verdade
e a vida? Está testemunhando a respeito
disto?
3. Deus resolveu escolher as coisas
loucas do mundo para envergonhar as sábias. Em vez de um príncipe, colocou João
Batista para ser o porta-voz de seu Filho.
Em vez de letrados e sábios, escolheu pessoas simples e rudes para serem discípulos
e discípulas. Pode ser estranho, mas este é
o jeito de Deus agir. Você já reconheceu
a forma sobrenatural e poderosa de Deus
agir em sua vida? Tem sido agradecido?
Tem passado adiante esta mensagem?
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 7
EBD
• Domingo, 8 de abril de 2012•
Jesus inicia os
sinais de seu
ministério
Costuma-se dizer que Jesus iniciou seu
ministério com a realização de duas ações
em público, que foram a transformação de
água em vinho em Caná da Galileia (2.112) e, a seguir, a purificação do templo, em
Jerusalém (2.13-25). Em verdade, porém,
ele iniciou seu ministério preparando os
primeiros discípulos. Uma vez batizado,
foi para o deserto onde foi tentado durante
40 dias (Mt 3.13 a 4.11). Ao voltar, passou
pelo lugar onde João Batista continuava
batizando, e foi apontado por ele a alguns
de seus discípulos como sendo o Cordeiro
de Deus. Estes o seguiram até a casa onde
residia, ouviram seus ensinamentos até o
entardecer, e creram nele como sendo o
Messias que havia de vir. No dia seguinte,
Jesus encontrou-se com Filipe, o evangelizou, e manifestou necessidade de viajar
para a Galileia, provavelmente, para participar de uma festa de casamento com sua
família ( Jo 1.43). Três dias depois, estando
presente na festa de casamento, realizou o
primeiro sinal de seu ministério na presença de seus primeiros discípulos.
1. O primeiro milagre (Jo 2.1-12) –
João coloca o início do ministério público
de Jesus numa festa de casamento: “Assim
deu Jesus início aos seus sinais em Caná da
Galileia e manifestou a sua glória; e os seus
discípulos creram nele” (2.11). Esse mila8 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 2
Texto bíblico:
João 2
Texto áureo:
João 2.11
gre aconteceu três dias depois de ter manifestado desejo de viajar para a Galileia,
após ter evangelizado Filipe (1.43).
Os casamentos eram, como hoje, importantes expressões de alegria da sociedade.
Maria, mãe de Jesus, ele e seus irmãos compareceram. Em dado momento, tendo ela percebido o constrangimento de ter acabado o
vinho recorreu a Jesus. O fato de ela ter pedido ajuda a Jesus indica que tinha consciência
de seu poder e, também, que provavelmente
o casamento ocorria em família de sua parentela ou de amigos. A resposta que Jesus deu
não pode ser tomada como desrespeitosa
para com sua mãe. Era apenas um recado de
filho para mãe. Jesus tinha o momento certo
em seu plano de ministério para iniciar suas
atividades que mostrassem sua glória; além
disso, o termo “mulher” era usado com sentido de honra e foi honrando que Jesus assim
se dirigiu à sua mãe.
Jesus agiu discretamente. Não fez nenhum gesto espalhafatoso. Não houve
relâmpagos nem trovões. Ele apenas ordenou aos servidores que enchessem de água
as talhas que havia na casa, e depois mandou que as levassem ao chefe do cerimonial, e este constatou que, em vez de água,
havia ali vinho de boa qualidade. Esse milagre manifestou a natureza divina de Jesus
e, por isso, os seus discípulos confirmaram
sua fé nele como sendo o Messias.
A Bíblia condena abertamente o uso
de bebida forte, o que hoje chamamos de
bebida alcoólica (leia Levítico 10.9; Números 6.3; Provérbios 20.1; 23.32; Isaías
5.22; Efésios 5.18). Como explicar, então,
que Jesus tenha suprido a festa de vinho?
Não se tratava de bebida alcoólica. Tratava-se do fruto da vide, como chamavam o
que nós hoje chamamos de suco de uva.
Não era vinho como hoje conhecemos. Era
o vinho novo, não fermentado. A transformação da água em vinho não pode, portanto, ser tomada como uma licença para
o uso de bebidas alcoólicas por crentes. A
Bíblia nunca se contradiz. Essa transformação ilustra o poder de Jesus Cristo de
transformar a natureza de quem crê.
2. A purificação do templo (Jo 2.1325) – Depois da festa em Caná, Jesus, sua
mãe e seus irmãos viajaram para a cidade de
Cafarnaum, onde permaneceram poucos
dias, e depois subiram para Jerusalém, por
causa da festa da páscoa (2.12,13). Jerusalém era, para os judeus, a cidade de Deus.
Nela ficava o templo, o centro da vida religiosa dos judeus e símbolo da presença
de Deus; era o lugar onde aconteciam os
sacrifícios, a adoração e as festas nacionais
como a festa da Páscoa, das primícias e das
tendas. A da Páscoa lembrava a libertação
do povo do Egito, quando apenas os primogênitos dos egípcios foram mortos pela
última praga enquanto os israelitas estavam protegidos pelo sangue do cordeiro.
Foi para esta grande festa que Jesus e sua
família se dirigiram.
O templo tinha deixado de ser uma
instituição religiosa para se tornar uma
instituição de interesses comerciais. Seus
cofres estavam abarrotados de ouro e objetos preciosos. E os cambistas lá estavam
com suas mesas, trocando moedas estran-
geiras pela nacional, porque os sacrifícios
só podiam ser comprados com dinheiro
israelita; lá estavam, também, os vendedores de animais para sacrifícios. O ato
de Jesus foi um ato de indignação e de
efeitos pedagógicos. A casa de Deus devia
ser usada como casa de oração, mas a estavam transformando em “casa de venda”
(v. 16). Seu ato ensina que Deus não tolera
os que fazem mercado da relação com ele.
A piedade do povo não pode virar fonte
de lucro. Questionado pelos judeus sobre
a autoridade para fazer aquilo, e tendo eles
exigido um sinal, referiu-se à ressurreição
de seu corpo, como templo, como o sinal
de sua divindade que haveriam de ver. E ficou ainda alguns dias em Jerusalém fazendo sinais; e muitos, vendo-os, creram nele.
Uma das pessoas que se impressionaram
com seus sinais foi Nicodemos, que estudaremos na próxima lição.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. Jesus fortalece a instituição familiar
ao iniciar seu ministério numa festa de casamento. A sociedade de hoje desvaloriza
o casamento. Tenhamos cuidado.
2. Assim como Jesus, por ser o Deus
encarnado, pôde transformar água em vinho, ele pode transformar o coração do
pecador para que se torne nova criatura e
tenha vida eterna.
3. Multiplicam-se, em nossos dias, os
modismos religiosos em que gananciosos
fraudadores da Palavra de Deus fazem do
evangelho meio de enriquecimento, cumprindo o que o apóstolo Pedro profetizou:
“E por avareza farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo
tempo não será tardia a sentença, e a sua
perdição não dormita” (2Pe 2.3). Evitemos
os tais.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 9
EBD
• Domingo, 15 de abril de 2012•
O novo nascimento e
o testemunho de João
Batista sobre Jesus
Há dois importantíssimos acontecimentos narrados no capítulo 3: o ensino
de Jesus a respeito do novo nascimento,
ministrado ao importante homem chamado Nicodemos (3.1-21), e o testemunho
de João Batista a respeito de Jesus Cristo
(3.22-36).
1. A situação religiosa de Nicodemos
– O capítulo três de João narra a visita de
Nicodemos a Jesus. Nicodemos era um
dos líderes religiosos dos judeus. Ao ler
este relato, os leitores do Evangelho de
João tomam conhecimento que pastores
de Israel se encontraram com Jesus e alguns reconheceram sua origem celestial,
como Nicodemos, ao dizer “bem sabemos
que és vindo de Deus” (v. 2), mas o preconceito e as tradições, fortemente arraigados,
os afastaram do Mestre a tal ponto que se
tornaram seus inimigos e perseguidores.
O que leva um sistema religioso a afastar seus adeptos daquele que deveriam
adorar? Os fariseus, como guardadores
da lei de Deus, zelosos seguidores da lei,
deveriam honrar e adorar Jesus enquanto
ele realizava seu ministério na Palestina.
O próprio apóstolo João diz que “ele veio
para o que era seu e os seus não o receberam” (1.11). Examinando a história, fica-se sabendo que o legalismo foi o principal
responsável por esse desvio do povo de
10 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 3
Texto bíblico:
João 3
Texto áureo:
João 3.16
Deus. O legalismo é um desvio religioso
da essência e finalidade da lei para o apego
exagerado à forma. Assim, por exemplo,
o sábado, que deveria ser uma expressão
de adoração a Deus pela criação, se transformou numa das mais pesadas regras religiosas dos judeus, tornando-se um peso
insuportável. Os legalistas formaram uma
religiosidade com a qual pensavam que
agradariam a Deus e alcançariam o seu
favor se conhecessem e praticassem a lei
e os preceitos que foram se avolumando
em cima dela. Essa era a situação religiosa
de Nicodemos. Por isso, por ser fariseu e
príncipe, escolheu ir conversar com Jesus
às ocultas, à noite.
2. Jesus instrui Nicodemos a respeito
do novo nascimento – O que Jesus ensinou
com grande clareza a Nicodemos é que todo
o conhecimento que ele tinha das ordenanças não era suficiente para salvá-lo. Somente
a prática completa dos mandamentos poderia satisfazer a justiça divina. Infelizmente,
essa via é impossível de ser trilhada. Ninguém pode cumprir totalmente todos os
mandamentos. Não há uma só pessoa que
consiga cumprir a lei de Deus do fundo do
coração. Os judeus achavam que eram muito melhores que as pessoas mundanas (na
linguagem deles, gentias) e impuras pela sua
herança religiosa e suas tradições. Mas Jesus
esclareceu a Nicodemos que a salvação não
pode vir das obras. Ela vem pela fé no Filho
Unigênito de Deus: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito para que todo aquele que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna”
(3.16).
Nicodemos pensou que Jesus falava de
nascimento físico, e não entendeu. Então,
o Senhor explicou que se tratava do nascimento do Espírito, pela fé no Filho de
Deus. Com este ensino, Jesus tirou toda a
possibilidade de os espíritas encontrarem
base bíblica para a reencarnação. Jesus explicou claramente que o que é nascido da carne continua sendo carne, e o que é nascido
do Espírito é espírito. O novo nascimento
é a regeneração mediante arrependimento e
fé em Jesus como o Filho de Deus. Ele seria
levantado (crucificado) como fora levantada a serpente de metal no deserto, e os que
cressem nele não morreriam, mas teriam a
vida eterna (Jo 3.14,15).
3. O testemunho de João Batista a
respeito de Jesus (3.22-36) – Depois desse episódio, Jesus e seus discípulos foram
para a Judeia, e batizavam (v. 22). João
Batista, por sua vez, continuava batizando.
A atuação de Jesus despertou ciúmes em
alguns discípulos de João, os quais foram
ter com ele e lhe deram a notícia de que
Jesus estava batizando (se bem que ele
mesmo não batizava, mas seus discípulos é
que o faziam – 4.1,2). João Batista, então,
testemunhou a respeito de Jesus e o exaltou como o Filho de Deus, que precisava
crescer, enquanto ele, João, devia diminuir.
Ele se mostrou um autêntico pregador do
evangelho, ao dizer: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não
crê no filho não verá a vida; mas a ira de
Deus sobre ele permanece” (v. 36).
João Batista não via Jesus como um
concorrente, mas como o motivo de sua
pregação. Era para isso que ele tinha sido levantado por Deus: para apontar para Jesus, o
Cordeiro que veio tirar o pecado do mundo.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. A vida eterna só é alcançada pela fé
em Cristo. Mesmo que alguém consiga se
esforçar ao máximo para cumprir todos
os itens das ordenanças divinas, o estará
fazendo por medo de punição ou para ser
recompensado, e não por livre disposição
para obedecer.
2. Temos de ter cuidado para não nos
tornarmos legalistas, e estabelecer regras de
comportamento para que as pessoas cumpram para depois, então, se aproximarem
de Jesus. O ensino de Jesus é que o pecador
precisa nascer de novo: arrepender-se dos pecados e crer em Jesus como o Filho de Deus e
seu Salvador. Então, pela graça de Deus, mediante sua fé, o pecador é perdoado e regenerado. Nasce de novo para alcançar a salvação.
Esta precisa ser a nossa mensagem. Este foi o
ensino de Jesus a Nicodemos.
3. Ninguém consegue mudar de vida
sem a atuação de Jesus Cristo em seu coração. Somente ele pode operar o novo nascimento. E, a partir daí, da regeneração, é que
muda o comportamento, porque a pessoa
passa a ser uma nova criatura em Cristo.
4. Os líderes e membros das igrejas
precisam aprender com o exemplo de João
Batista, que soube testemunhar de Jesus,
apontando-o como o Filho de Deus com
humildade, objetividade e clareza. Além
disso, não sentiu ciúmes. Tinha consciência da superioridade de Jesus. Entendamos
que somos companheiros uns dos outros
na obra da pregação, e não concorrentes.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 11
EBD
• Domingo, 22 de abril de 2012•
A missão
de Cristo
Ao evangelizar a mulher samaritana,
Jesus afirmou para seus discípulos que os
campos já estavam prontos para a ceifa e,
assim, fazia ver a aproximação dos sedentos samaritanos que vinham em resposta
ao testemunho da mulher. Jesus começou
a colheita na terra dos samaritanos ali na
beira daquele poço, enquanto tomava
água. Que exemplo, para nós, de sabedoria e senso de oportunidade na obra de
evangelização! Depois da evangelização
da mulher samaritana, seguem-se, no texto
para esta lição, a cura do filho de um régulo (ainda no capítulo 4), a cura de um
aleijado em Jerusalém e o testemunho que
Jesus deu de si mesmo: é o Filho de Deus
que veio para dar a vida eterna aos que crerem ( Jo 5.24).
1. Os campos brancos para a ceifa –
Enquanto os discípulos se afastaram em
busca de alimento, Jesus pediu à mulher
que lhe desse água. A resposta que ela deu
ilustra o comportamento usual dos que
cultivam em seus corações os preconceitos
e os ressentimentos a ponto de se desprezarem. Na sua resposta, ela denunciou a
inimizade entre judeus e samaritanos (v.
9). Jesus não se ofendeu. Em vez de receber a água que pedira, ofereceu água viva
para ela (v. 13,14). Como a mulher não
entendeu o sentido da água que ele lhe
oferecia, Jesus denunciou sua situação espiritual, perguntando pelo seu marido e,
12 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 4
Texto bíblico:
João 4 e 5
Texto áureo:
João 4.13,14
dessa forma, levou-a a confrontar-se com
sua situação de pecado. E a mulher o reconheceu como profeta. Ela muda de assunto, perguntando sobre o verdadeiro lugar
de adoração e Jesus ensina que o culto a
Deus deve ser prestado em espírito e em
verdade, em qualquer lugar (v. 21-24).
Com essas palavras, Jesus suscitou na mulher a grande esperança de judeus e samaritanos, a saber, a vinda do Messias. É nesse
momento que Jesus revela sua natureza e
sua missão ao dizer: “Eu sou o Messias, o
que fala contigo” (v. 26).
Esta mensagem transformou aquela
mulher. Ela largou o que tinha ido fazer,
deixou o cântaro e foi depressa anunciar
aos seus conterrâneos o que havia ouvido.
O Messias tinha chegado. Como resultado
de seu testemunho, vários homens foram
até Jesus, ouviram-no, e o convidaram para
ficar na cidade alguns dias. O resultado
foi a conversão deles. Os discípulos viram
que, realmente, o campo estava pronto
para a ceifa.
Nesse episódio, vemos como Jesus
viveu grande parte de seu ministério no
meio dos excluídos e dos mais miseráveis
da sociedade. As pessoas mais religiosas da
época, os mais piedosos, os que achavam
que estavam fazendo exatamente a vontade de Deus rejeitaram Jesus peremptoriamente, enquanto samaritanos, que eram
um povo excluído pelos judeus, o aceitaram.
2. A cura do filho do régulo; e do paralítico no tanque de Betesda (4.43 a 5.15) –
Jesus ficou com os samaritanos dois dias e depois partiu para seu destino, que era a Galileia;
novamente se dirigiu à cidade de Caná, onde
fizera seu primeiro milagre. Aí encontrou um
régulo (oficial do rei) que lhe pediu que descesse a Cafarnaum, onde estava à morte seu filho. Jesus não foi, mas disse que ele estava curado. O homem creu. Estava longe de casa, mas
acreditou que a palavra de Jesus era suficiente
para que o milagre acontecesse. O versículo
48 – “Se não virdes sinais miraculosos e prodígios de modo nenhum crereis” – era um teste
para ele. Mas ele não precisou de nada disso
para crer. Os judeus pediam exatamente sinais
a Jesus para crerem. Mas o régulo creu sem ver
sinais. A fé não é produzida com sinais. Vemos
isto na ressurreição de Lázaro. Todos viram
que ele estava morto e o viram sair do sepulcro
e andar mas, depois disso, os líderes religiosos
decidiram matar Jesus em vez de crer nele (Jo
11.53).
Outro exemplo de fé está no episódio
da cura do paralítico curado perto do poço
de Betesda, em Jerusalém (5.1-15). Não se
sabe quanto tempo depois do milagre da
cura do filho do régulo aconteceu isso. O
texto diz apenas “depois disto”. Jesus voltou
a Jerusalém, por causa de uma festa dos judeus, que o texto não esclarece qual. O homem era paralítico há 38 anos e esperava o
milagre do movimento das águas do poço
para ser curado, mas sempre alguém chegava antes dele. Nada indicava que ele pudesse ser curado naquele dia. Mas, ao ouvir as
palavras de Jesus, para que ele se levantasse
e carregasse sua cama, imediatamente obedeceu, e pôde experimentar em sua vida o
que era impossível do ponto de vista humano. Os fariseus criticaram o homem porque
carregou sua cama sendo sábado. Em vez de
glorificarem a Deus pela cura do homem,
isso não os impressionou. Deram atenção
antes ao fato de ele carregar sua cama no sábado, o que era uma quebra da lei. Essa atitude era própria dos legalistas. Então, por
causa disso, quiseram matar Jesus.
3. O testemunho de Jesus sobre sua natureza e sua missão (5.16-47) – Diante da
contestação dos judeus porque Jesus curara
o homem num sábado, o Senhor respondeu
dando testemunho a respeito de sua natureza e de sua missão. Declarou-se o Filho de
Deus, repreendeu os fariseus porque não
davam crédito às Escrituras, que falavam a
seu respeito, e proferiu as palavras que são a
essência do evangelho: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida” (5.24). Esta é
a missão de Jesus. Dar a vida eterna ao que
crê. Mas os judeus o rejeitaram.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. O ditado popular citado por Jesus
– “Dizeis que ainda faltam quatro meses
para a ceifa” – significava protelação e acomodação. Seu sentido era: “Calma, nada
de pressa, vá devagar, porque há tempo”.
Não havia, não. E não há. É urgente a ceifa.
Por isso, Jesus parou ali em Sicar, e salvou
pessoas rejeitadas pelos judeus. Apressemo-nos na divulgação do evangelho.
2. O régulo não pediu provas para crer.
As provas não são sinais de fé, mas da falta
dela. Precisamos crer ainda que as circunstâncias não favoreçam, ainda que os olhos
não vejam, ou ainda que tudo aponte o
contrário. Os milagres que Jesus praticou
e estão registrados nas Escrituras são suficientes. Buscar, hoje, sinais e prodígios é
sinal de incredulidade, e não de fé.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 13
EBD
• Domingo, 29 de abril de 2012•
O ministério de
Jesus se amplia
Os milagres realizados por Jesus em
seu ministério tinham a finalidade de mostrar que ele é o Messias prometido, o Filho
de Deus. João mesmo diz isto em 20.31:
“Estes foram escritos para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome”.
Ao todo, João narrou oito sinais. No capítulo 6 são narrados dois desses sinais e é
registrado o discurso de Jesus às multidões
e aos discípulos, em que ele ensina que é
o pão da vida, que sua carne é, verdadeiramente, comida e o seu sangue bebida, o
que escandalizou a multidão. Esta se afastou dele e os discípulos se inquietaram, o
que deu oportunidade para a confissão de
Pedro. No capítulo 7, o foco muda para o
templo, em Jerusalém, para onde Jesus se
deslocara, por ocasião da festa dos tabernáculos, quando proferiu ensinos que revoltaram os fariseus que tentaram prendê-lo para matá-lo.
1. Milagre sobre a matéria (6.1-15) – A
passagem narra a multiplicação dos pães.
Foi um sinal de tal eficácia, que foi registrado em todos os outros Evangelhos. Foi
um fenômeno extraordinário, uma operação miraculosa de Jesus, não realizada
apenas na mente ou coração, mas objetiva,
do poder e autoridade de Jesus, o Filho de
Deus, sobre a matéria. Os discípulos comentaram com Jesus a impossibilidade de
alimentarem a multidão: não tinham di14 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 5
Texto bíblico:
João 6 e 7
Texto áureo:
João 6.67,68
nheiro para comprar pão para aquela multidão, mesmo que houvesse onde comprar.
O que faltou aos discípulos foi perceber
que o Senhor de todas as coisas estava lá.
Era preciso crer, não questionar. A reação
do povo foi crer que Jesus, sendo o Messias, devia ser aclamado rei. Por isso, Jesus
Cristo se afastou da multidão, porque seu
reino não é deste mundo.
2. Milagre de Jesus sobre a natureza
(6.16-21) – No final do dia, os discípulos
tinham retornado para Cafarnaum e estavam
atravessando o Mar de Genezaré, quando Jesus foi ao encontro deles a uma distância de 5
a 6 quilômetros mar adentro, andando sobre
as águas. Foi o quinto sinal feito na Galileia, e
demonstrou seu poder sobre a natureza, que
ele mesmo criara.
3. Cristo é o pão da vida (6.22-59) –
No dia seguinte, a multidão, percebendo
que Jesus havia regressado a Cafarnaum,
partiu para lá. Queriam fazê-lo rei. Exigiram de Jesus um sinal, mas Jesus se negou a
lhes dar mais pão e, então, proferiu seu discurso sobre si mesmo como sendo o verdadeiro pão do céu. A multidão apelara para
a experiência do maná no deserto, e Jesus
afirmou que o verdadeiro pão do céu é ele;
que em sua presença e atuação, Deus está a
prover o alimento espiritual que o homem
necessita para viver. Além disso, Jesus ensinou que ele é o poder doador da vida:
quem de mim se alimenta por mim viverá
(v. 57). Ensinou, também, que o ato simbólico de comer o pão é representado no
ato de crer nele (v. 29). Jesus ensinou que
se deve atentar para a vontade de Deus, em
obediência da fé, cuja prova é o reconhecimento e a submissão a Jesus, ou seja, crer
nele como enviado de Deus para salvar
o homem que passa a viver para servi-lo.
Esta adesão contínua é apresentada nas expressões “comer o pão”, “comer sua carne”
e “beber seu sangue”, ação de fé que resulta
na perfeita comunhão com ele.
4. Jesus enfrenta a oposição (6.60 a
7.1-53) – O discurso de Jesus causou muito rebuliço no meio dos judeus. Isto se deu
por causa da figura de Moisés. A multidão
engrandeceu Moisés, como tendo dado o
pão do céu ao povo, no deserto. Jesus os
contradisse, porque ele, Jesus, é o verdadeiro pão vivo do céu (6.32). Jesus enfrentou,
corajosamente, a oposição, demonstrando
que eles haviam se esquecido do conteúdo
central da mensagem da Lei e dos Profetas:
que é apontar para o Messias, para a esperança de uma nova aliança, que é do Espírito. Desde esta ocasião, muitos desistiram
de seguir Jesus, pelo que ele perguntou aos
apóstolos se queriam também abandoná-lo; e Pedro fez esta confissão: “Senhor, para
onde iremos nós? Só tu tens as palavras da
vida eterna” (v. 68).
No capítulo 7, quando ensinava no
templo, para onde Jesus foi depois de algum tempo de estada na Galileia por causa
da festa dos tabernáculos, esta oposição se
tornou mais acirrada, pois Jesus denunciou o intuito dos judeus que era matá-lo,
numa clara afronta ao mandamento do Decálogo “não matarás”. Deus estava no controle de todos estes eventos, porque João
declarou que “procuravam prendê-lo, mas
ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não
era chegada a sua hora” (7.30,44).
Os fariseus discutiram a respeito de Jesus, ainda planejando prendê-lo, mas Nicodemos, o que visitara Jesus à noite (cap. 3),
argumentou com eles sobre a ilegalidade
do que pretendiam fazer, pelo que desdenharam dele, mas suspenderam sua ação, e
todos foram para suas casas.
5. Quem é Jesus? – Ainda, hoje, o principal questionamento que muitos fazem em
relação à pessoa de Jesus é a afirmação de que
ele era apenas um homem (6.42; 7.26,27).
Mas, ele mesmo afirmou que dentre os seus
seguidores havia muitos descrentes (6.64),
que muitos o abandonariam (6.66) e que
um dos apóstolos era diabo (6.70). A estes
Jesus afirmou que veio de Deus, e que dá a
vida eterna porque é o pão vivo, que suas
palavras são espírito e são vida, que “aquele
que o enviou é verdadeiro... venho da parte
dele e fui por ele enviado” (7.28,29). Jesus
é o Filho de Deus, enviado para dar a vida
eterna a quem nele crer, e os sinais que ele
realizou demonstram isto. Este é o resumo
da mensagem do Evangelho de João.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Não nos deixemos iludir com os modismos religiosos de nossos dias. Eles
transformam Jesus e o evangelho em meios
de produzir prosperidade material para os
que praticarem “atos de fé” que ensinam,
que nada têm a ver com a Palavra de Deus,
que são sortilégios, superstições e magias
de misticismo com o fim de obrigar Deus
a satisfazer suas pretensões gananciosas.
Jesus Cristo é o Filho de Deus enviado
pelo Pai, para dar a vida eterna ao que dele
se alimenta pela fé. Esta é a mensagem que
precisamos espalhar por toda a terra.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 15
EBD
• Domingo, 6 de maio de 2012•
Perdão e Cura
Nos capítulos 8 e 9, o Evangelho de
João registra três ocorrências no ministério de Jesus durante sua presença em Jerusalém na Festa dos Tabernáculos. Após a
tentativa frustrada de prender Jesus para o
matar (estudo anterior), seus opositores se
dispersaram e foram para suas casas. Jesus,
entretanto, foi para o Monte das Oliveiras
(8.1) e, na manhã seguinte, voltou ao templo e, do lado de fora, a multidão se aproximou dele e ele começou a ensinar. Foi
quando lhe trouxeram a mulher apanhada
em adultério. Depois desse episódio, ele
voltou a ensinar à multidão e proferiu o
sermão em que se declarou como a luz do
mundo; finalmente, ainda em Jerusalém,
ocorreu o episódio da cura do cego de nascença, que aguçou ainda mais a oposição
dos escribas e fariseus contra Jesus. Nessas
três ocorrências se afirmam e se aprofundam as evidências de que Jesus Cristo é o
Messias que havia de vir, o Filho de Deus,
como João queria demonstrar em seu
Evangelho.
1. O perdão (8.1-11) – A lei estabelecia que ambos os adúlteros apanhados em
pecado deviam morrer: homem e mulher
(Dt 22.22), mas os escribas e fariseus queriam apedrejar apenas a mulher. O que
eles queriam era apanhar Jesus num dilema, numa armadilha: se Jesus mandasse
condenar a mulher, estaria em falta perante Pilatos, governador romano, única au16 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 6
Texto bíblico:
João 8 e 9
Texto áureo:
João 8.31,32
toridade que poderia aplicar a lei capital;
e Jesus seria denunciado; se mandasse não
apedrejar, descumpriria a lei, e cairia em
descrédito diante do povo. Jesus desfez
esta armadilha com sua atitude e resposta.
O que Jesus demonstrou, ao perdoar
e livrar a mulher, é que nós não estamos
equipados para julgar (dar o veredito) a
ninguém, porque nós somos pecadores. Jesus era o único que poderia fazer mas, mesmo assim, preferiu a misericórdia e com seu
perdão apelou à mulher para abandonar o
pecado, para não pecar mais, porque estava
perdoada. Sigamos o exemplo de Jesus.
2. A luz do mundo (8.12-59) – A mulher se retirou, perdoada, após seus acusadores também terem se retirado, e Jesus
prosseguiu, diante da multidão, ensinando,
e iniciou dizendo: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas,
mas terá a luz da vida” (v. 12). O contexto
desta passagem, a Festa dos Tabernáculos,
ofereceu a Jesus a oportunidade que necessitava para apresentar sua missão. Durante
a festa, enormes candelabros eram acesos
no templo. Por causa da posição elevada do
templo, sua iluminação podia ser percebida
em toda a cidade de Jerusalém. Aquela luz
simbolizava a revelação e a verdade da fé
judaica. Na Festa dos Tabernáculos, Jesus
se declarou a luz do mundo, a verdadeira
revelação de Deus. Segui-lo representaria
abrir-se para a verdade e para a vida.
“Quem és tu?” Perguntaram os fariseus (v. 25). A indagação em si já implica a
descrença, o não reconhecimento de Jesus
como o Filho de Deus, enviado do Pai. Os
inquiridores procuravam saber a linhagem
de Jesus, sua descendência. Quanto a si
próprios, apelaram para a descendência
de Abraão (v. 33), para se justificarem e
engrandecerem; mas Jesus os contradiz,
porque eles não viviam como Abraão; o
modo de agirem era diferente (v. 34-37)
e até queriam matá-lo. Então, os acusou
de ter como pai o próprio diabo. Se Deus
fosse o pai deles, eles amariam Jesus, porque veio enviado pelo Pai. Mas ao querer
matá-lo, demonstravam que queriam fazer
a vontade do diabo (v. 40-44).
Deus enviou Jesus para possibilitar aos
homens conhecê-lo, e crer nele como Salvador. Conhecer Jesus (crer nele) é, ao mesmo tempo, conhecer Deus (crer nele). Tentar conhecer Deus de qualquer outra forma
é um exercício inócuo. Quando Jesus fosse
levantado, então o conheceriam. Jesus se
aproxima do pecador na cruz do Calvário.
Lá se efetivará o plano de redenção de Deus
(Jo 3.14-21). Os judeus estavam julgando
Jesus pelas suas leis e normas, mas estavam
ausentes da verdade espiritual que lhes possibilitava se tornarem verdadeiros discípulos de Jesus. Só pode ser libertado do pecado quem permanece nos ensinos dele sobre
seu ministério libertador: “Conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará” (v. 32).
Os fariseus sofriam de cegueira, uma
cegueira diferente. Mais adiante, no episódio do cego de nascença que Jesus curou,
ele vai dizer aos fariseus: “Agora como dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado” (9.41). Os fariseus tinham uma falsa
concepção de Deus. Ocultavam sua qualidade de Pai, o seu amor para com os homens e o seu desígnio de lhes dar vida ple-
na. Esta falsa ideia de Deus é “a mentira”
(v. 44). Os homens assumem esta mentira
ao darem crédito às vãs filosofias do mundo que exaltam o homem e suas estruturas.
A mensagem para nós é que não pode haver relação filial com Deus sem amar Jesus
que é o Filho (v. 42); os que o rejeitam, escolhem como pai o inimigo, o princípio da
morte e da mentira (v. 44).
3. O cego de nascença (9.1-41) – O
homem nascera cego, mas nem ele nem seus
pais tinham culpa disto.
Havia, entre os hebreus, a crença de
que todo mal físico era sempre consequência do pecado da própria pessoa ou de seus
pais. Pensar que a cegueira do homem fosse resultado do pecado de seu pai até poderia ser entendido mas, como perguntar se o
homem nascera cego por pecado dele próprio? Como pecar antes de nascer? O desconhecimento da verdade leva os homens
a conviverem com concepções absurdas.
Mas Jesus não discute. Ele responde que
naquela vida abria-se a oportunidade de
transformação pelo encontro com ele. E,
tendo dito “eu sou a luz do mundo”, deu
visão ao cego pelo processo que vem nos
versículos 5 a 7. Na controvérsia levantada
pelos fariseus com o homem que fora cego,
este declarou: “Se ele é pecador ou não eu
não sei. Só sei que era cego e agora vejo”.
Depois, quando o ex-cego se encontrou com Jesus no templo, o Senhor se revelou a ele como o Messias, e o homem o
aceitou pela fé como seu Salvador. O adorou, isto é, caiu prostrado a seus pés. Jesus
viu na cegueira daquele homem a oportunidade para demonstrar a compaixão no
tempo presente (dia), a partir da fé nele. O
convite é feito aos discípulos, como a nós
também: que façamos as obras daquele
que o enviou ao mundo.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 17
EBD
• Domingo, 13 de maio de 2012•
Jesus,
o Bom Pastor
ESTUDO 7
Texto bíblico:
João 10
Texto áureo:
João 10.14
Não deve haver imagem mais marcante do que a que Jesus empregou para seu
ministério de salvação do que a de um
pastor de ovelhas. Ele não somente a usou
para designar sua missão e sua maneira de
atuar mas, também, se identificou como
singular, como o único que pode receber
a qualificação de “bom”. As expressões:
pastor e pastorear já eram conhecidas no
Antigo Testamento, aplicadas à natureza
e à missão dos chefes em relação ao povo
ao qual lhes competia dirigir. Além de se
intitular “pastor”, Jesus se distinguiu como
único, dizendo “Eu sou o bom pastor”.
porta, ou seja, segue o plano estabelecido
por Deus. Os falsos líderes religiosos não
atuavam segundo a vontade de Deus, pois,
se desejassem fazê-lo, teriam que reconhecer Jesus como o Messias, que veio para
guiar o povo para a vida eterna.
1. Jesus como o Bom Pastor (Jo 10.17) – Este capítulo está na sequência da
discussão de Jesus com as autoridades judaicas, como consequência de ter curado
o cego de nascença num sábado. Ele os
declarou como cegos que pensavam ver,
por isso permaneciam no seu pecado e os
qualificou, juntamente com todos os chefes religiosos, como falsos pastores, como
ladrões e salteadores, porque eram pessoas
que desprezavam a porta de entrada para
o reino de Deus, e queriam dirigir o povo
com falsos conceitos e falsa autoridade.
Em que Jesus diferenciava de todos os
outros “pastores”, ou seja, o que o definia
como o Bom Pastor?
3) Ele dá a vida pelas suas ovelhas
(10.11-21). Ele é o Messias de direito e de
fato. Neste papel, ele se entrega pelas ovelhas e lhes abre a porta para a salvação: “Eu
sou a porta das ovelhas” (v. 17). Com estas palavras João apresenta o aspecto substitutivo da missão de Jesus, no objetivo de
libertar o homem da opressão do pecado,
em sua morte de cruz. Ele, como pastor,
é também a porta do aprisco e os que entram por ele encontram alimento. Crer
nele é figurado por entrar por ele, que é a
porta. Portanto, para viver é preciso crer
naquele que dá a vida pelas suas ovelhas.
Ninguém tomaria a vida de Jesus. Sua
morte não seria acidental na história. Ele
não entraria na história como um mártir
assassinado. Ele é o próprio autor da vida.
Por isso, ele explicou: “ninguém a tira de
1) Primeiro, Jesus estava em consonância com os propósitos do Pai: ele entra pela
18 • PALAVRA E VIDA
2) Jesus assume o papel de modelo e
de guia. Ele vai adiante de suas ovelhas.
Ele oferece um verdadeiro relacionamento
com base na verdade que ele representa: as
ovelhas ouvem a sua voz e ele chama pelo
nome as suas ovelhas (v. 3). O relacionamento é mantido pela fé.
mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho
poder para dá-la e para tornar a tomá-la”
(v. 18). Assim, referiu-se à sua ressurreição
sob seu próprio poder.
2. A abrangência do rebanho do Bom
Pastor (v. 16) – O que Jesus quis dizer
com “outras ovelhas que não são deste
aprisco”? Literalmente, deveríamos entender a citação como prenúncio da missão
aos gentios. O propósito da expressão é
apontar para a necessidade do mundo que
jaz no Maligno (1Jo 5.19) em conhecer Jesus como Salvador e Senhor sem distinção
alguma. Por outro lado, a expressão nos
coloca frente com a tarefa de evangelização e missões, responsabilidades da igreja
como sacerdócio real a serviço do Messias.
O rebanho do Bom Pastor não abrangeria
apenas o povo hebreu, mas se estenderia a
todo o mundo.
3. As provas de que Jesus, o Bom Pastor,
é o Messias (10.22-42) – Alguns, reportando-se aos sinais que Jesus tinha feito,
principalmente a cura do cego de nascença, demonstravam-se impressionados por
seu ensino (v. 21), mas outros insistiam na
acusação de possessão demoníaca. As controvérsias prosseguem. Do versículo 21 ao
22 há um intervalo de tempo. Agora, o
ambiente já é o de outra festa em Jerusalém, a festa da Dedicação, que ocorria no
inverno, três meses depois da festa dos Tabernáculos. “Se tu és o Cristo, dize-no-lo
abertamente” (v. 24). Em sua resposta, Jesus ressaltou que já o vinha afirmando, há
tempos, mas sem obter a devida aceitação.
Então, aponta, como principal argumento para provar sua natureza e sua missão
messiânica, para as obras realizadas por ele
em nome do Pai. O objetivo das manifestações e milagres realizados por Jesus era
provocar a fé e, consequentemente, trazer
vida e liberdade ante a morte, o pecado e o
mal. As obras realizadas em nome do Pai
comunicam a unidade moral de vontade
entre Deus e Jesus.
Jesus reafirmou que é o Filho de Deus,
e que deviam crer nele por causa de suas
obras. Por afirmar que o Pai estava nele, e
ele no Pai, os fariseus quiseram novamente
prendê-lo, mas Jesus saiu do meio deles,
e se retirou para além do Jordão, onde
muitos creram nele, porque viam que, por
suas obras, era verdadeiro o testemunho
de João Batista sobre ele, e ali ficou algum
tempo, até que as irmãs de Lázaro o mandaram chamar por causa da sua enfermidade (10.39-42).
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. É importante saber que temos Jesus
a nos comunicar a vida eterna. Não pode
haver dúvida da autoridade de Cristo para
cumprir sua promessa. As figuras do pastor e da porta abrem um caminho para a
comunhão com ele.
2. Ter Jesus como Pastor é: (1) superar
as barreiras instituídas pelo pecado, responsáveis pela existência humana afastada
de Deus e de suas promessas; (2) reconhecer estar vivendo pela fé em Cristo, e não
pelos próprios méritos, como julgavam os
debatedores de Jesus, que se apegavam à letra da lei; (3) saber que a ressurreição não
é o começo da vida eterna, mas a certeza
dela, porque Jesus, no seu estado de exaltação, já a fez realidade, pela comunicação
do Espírito da vida em nós.
3. Nosso dever é passar adiante estas
realidades, para que muitos outros possam
crer em Jesus, e passem a fazer parte de seu
rebanho.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 19
EBD
• Domingo, 20 de maio de 2012•
A chegada a
Jerusalém
ESTUDO 8
Texto bíblico:
João 11 e 12
Texto áureo:
João 11.25,26
Tendo se retirado para a Pereia, depois
que o quiseram prender na Judeia, Jesus
desenvolve um curto ministério nessa região, interrompido pela morte de Lázaro.
Ele viaja de volta para Betânia e ressuscita
Lázaro. Os judeus confabulam para matá-lo
e, por isso, Jesus se retira para Efraim com
seus discípulos, seis dias antes da Páscoa;
volta a Betânia para participar de uma ceia
oferecida a ele. Aí tem seus pés ungidos por
Maria. No dia seguinte, entra triunfalmente em Jerusalém, que ficava a três quilômetros apenas de Betânia. Uns gregos querem
conhecê-lo, e Jesus dá testemunho de sua
missão como luz do mundo e Salvador, corroborado por uma voz do céu, que a multidão ouviu como um trovão, e Jesus define,
mais uma vez sua missão: ”Porque eu vim,
não para julgar o mundo, mas para salvar o
mundo” (12.47). Aproximava-se o final do
ministério terreno de Jesus.
de poder sobre a morte não se daria com
a cura da enfermidade de Lázaro, mas com
sua ressurreição.
Os discípulos de Jesus temeram voltar
a Betânia, muito próxima de Jerusalém,
onde os fariseus já tinham tentado matar
Jesus. Mas Tomé, corajosamente, desafia
os outros apóstolos: “Vamos nós também
para morrermos com ele” (11.16).
Ao chegar, Jesus deparou com a tristeza
pela morte de Lázaro. E, vendo chorar Maria
e os judeus que estavam com ela, moveu-se
em espírito e se perturbou. Então, Jesus chorou (v. 32-35). Jesus era homem como nós,
com sentimentos. Comover-se em espírito,
segundo o verbo grego empregado, é “gemer”; e perturbar-se é “agitar-se”, indicando
uma reação externa, que transparece no verbo “chorou”. Ao mesmo tempo em que era
homem com emoções, era Deus, o Logos
encarnado, em toda a sua glória e majestade.
1. A ressurreição de Lázaro (Jo 11.145) – O milagre da ressurreição de Lázaro
aponta para a glória de Deus porquanto
demonstra o seu poder de dar vida a partir
do presente. A demora de Jesus em ir até
Betânia para socorrer Lázaro, que estava
enfermo, segundo mensagem que lhe enviaram suas irmãs Marta e Maria, está nos
versículos 6 a 10. É que a obra de Deus
tem seu tempo certo para ser realizada. A
glorificação de Deus pela demonstração
2. O poder de Jesus sobre a morte (11.2344) – Desde a entrada do pecado no mundo, a morte é o inimigo principal do homem. Nesta passagem, Jesus demonstra
sua autoridade sobre a morte ao ressuscitar
Lázaro.
“Teu irmão há de ressuscitar” (v. 23). A
afirmação de Jesus não deixa dúvidas. Ele é
o EU SOU, o Senhor da vida. Ao afirmar
“Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em
mim, ainda que morra viverá”, Jesus articula
20 • PALAVRA E VIDA
a verdade ulterior desse relato, ao plano de
todo o livro de João: na vida, morte e ressurreição de Jesus é que o homem encontra
vida (ainda que esteja morto).
“Crês tu isto?” (v. 26). Estaria Jesus testando a fé de Marta, ou desejava que a resposta dela servisse de testemunho aos presentes,
de modo a confirmar sua condição de Messias, uma vez realizado o milagre? O certo é
que nós, como crentes em Jesus, somos desafiados a expressar nossa fé diante dos mais
intricados problemas com que defrontamos.
O milagre da ressurreição de Lázaro
foi realizado para testemunho aos presentes do poder de Deus para salvar mediante
a fé de seus seguidores (v. 42).
Por causa da ressurreição de Lázaro, os
judeus passaram a planejar a morte de Jesus, por isso, ele se retirou para Efraim com
seus discípulos (v. 54), e voltou a Betânia
seis dias antes da páscoa, para uma ceia na
casa de Lázaro, Marta e Maria. Durante a
ceia, Maria unge os pés de Jesus, simbolicamente preparando-o para a morte. Judas,
ganancioso e avaro, protestou contra aquele gasto, mas Jesus elogiou o procedimento
de Maria (12.1-11). Muita gente foi ao local, porque queria ver Jesus e também atraída pelo sobrenatural de ver o homem que
fora morto e estava vivo. E muitos creram
em Jesus. Mas os fariseus decidiram que
matariam Jesus, e também Lázaro, porque,
vendo-o ressuscitado, muitos estavam se
convertendo a Jesus (v. 10,11).
3. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (12.12-33) – Nesta passagem, o apóstolo João apresenta os eventos finais do
ministério público de Jesus, antes de seu
julgamento, condenação e crucificação.
Dois destes relatos têm bastante importância para o propósito do autor do Evangelho: a entrada triunfal de Jesus e seu con-
tato com alguns gregos que vieram ao seu
encontro.
“Ramos de palmeiras” (v. 13). Segundo Levítico 23.40, os ramos de palmeiras
eram usados para celebrar a festa dos tabernáculos. No período interbíblico, os
macabeus usaram ramos de palmeiras para
celebrar a libertação do templo e da cidade
dos conquistadores sírios. Agora, a multidão usa os ramos de palmeiras para saudar
Jesus como rei e Messias. Provavelmente,
os ramos eram para sugerir a Jesus que
fizesse a mesma coisa: libertar o povo de
Israel dos dominadores romanos.
Para cumprimento de uma profecia messiânica, que se encontra em Zacarias 9.9, Jesus
entrou na cidade montado em um jumento.
Procurado pelos gregos, Jesus mais
uma vez testemunhou de sua missão (v.
44-50). Foi o último sermão público de Jesus procurando levar os ouvintes a crerem
nele para alcançarem a vida eterna.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. Jesus é a ressurreição e a vida. Ele
prometeu que no último dia ressuscitará
a todos os que lhe pertencem. Esta convicção de fé é a nossa grande esperança e
consolo. Perseveremos.
2. A mensagem que Jesus pregou em
Jerusalém sobre sua missão é a mesma que
precisamos continuar anunciando sem
cessar: que ele é o Filho de Deus e veio a
este mundo para oferecer a vida eterna a
quem crer nele.
3. Jesus Cristo, o Messias, o Filho de
Deus, é a luz do mundo. Insistir em não
crer nele é andar em trevas. E isto resulta
na morte, que é a condenação eterna. Cada
crente precisa testemunhar de Jesus como
a luz do mundo, para que outras pessoas
sejam salvas.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 21
EBD
• Domingo, 27 de maio de 2012•
Um momento
difícil
Há momentos na vida em que os sofrimentos são insuportáveis. Jesus também
os enfrentou. O momento de ele passar
desta vida para o Pai estava se aproximando. Então, ele se reuniu com os apóstolos
num cenáculo cedido por pessoas amigas,
para comemorar a Páscoa com eles. Essa
ceia aconteceu no dia 15 do mês judaico
de Nisan. Era a última ceia de seu ministério terreno. Possivelmente, seus discípulos já sentiam no ar o clima tenso de que
algo terrível aconteceria. Antes, em um
discurso, ele já lhes havia dito que ele teria
que ir a Jerusalém, ser maltratado, morto
e ressuscitar ao terceiro dia: “Desde então
começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer
muito dos anciãos e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16.21). Durante essa ceia, Jesus lhes deu uma grande
lição de humildade e lhes deu instruções
sobre a necessidade de se amarem uns aos
outros. Ao final dessa ceia, tendo Judas
saído para o trair (v. 30), Jesus instituiu
sua própria ceia, memorial de sua morte e
anúncio de sua ressurreição, que até hoje
os cristãos comemoram.
1. Uma lição de humildade (Jo 13.120) – Acabada a ceia pascal, e tendo Judas
já determinado trair o Mestre, Jesus se levantou da mesa, e começou a lavar os pés
aos discípulos. Era costume o anfitrião ter
22 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 9
Texto bíblico:
João 13
Texto áureo:
João 13.21
servos que lavavam os pés dos convidados.
Jesus ocupou esse lugar de serviço.
Ele sabia que estava para deixar este
mundo, e que a continuação de seu trabalho estaria com os seus discípulos. Estariam eles prontos para continuarem? Ele
sabia que necessitariam de coesão, e que a
coesão depende do relacionamento e que
o relacionamento depende do amor. E o
amor está diretamente ligado à submissão.
Assim, ao lavar os pés aos discípulos, proclamou uma das maiores mensagens que
seus discípulos jamais haviam ouvido e
visto. E ordenou: “Assim como eu fiz com
vocês, façam o mesmo uns aos outros”.
A mensagem é que devemos servir uns
aos outros, porque é servindo que se pratica o amor. Os seguidores de Jesus Cristo
haveriam de se tornar conhecidos em virtude de darem a face outra vez, em virtude de servirem uns aos outros. Por causa
disso, muitas vezes, nos consideram fracos
e medrosos, mas Deus demonstra, insistentemente, que é na fraqueza que ele faz
a força. Seu poder se aperfeiçoa na nossa
pequenez.
O procedimento de Jesus não foi para
instituir um hábito litúrgico, semelhante
ao que praticam alguns grupos de religiosos, com o chamado lava-pés. Seu procedimento foi para ilustrar a mensagem que
desejava inculcar nos corações dos seus
discípulos, isto é, que fossem humildes e
servissem uns aos outros.
2. Um convite ao amor mútuo (Jo 13.1830) – A pergunta que poderíamos fazer é
como alguém poderia trair Jesus, que só pensava em ajudar as pessoas? Curava, pregava e
ensinava em todo tempo. Ainda, assim, um
dos seus discípulos o traiu.
Eu poderia apontar algumas respostas. Uma delas é que o evangelista registra que a traição era um cumprimento da
Escritura do Antigo Testamento, que já
previa que a traição acompanharia o Ungido de Deus (Sl 41.10). Para as igrejas
que nasceram da pregação dos primeiros
apóstolos, esta era mais uma evidência
nas Escrituras de que Jesus era, realmente,
o enviado de Deus.
Os outros Evangelhos narram que Judas
procurou os adversários de Jesus e o vendeu
por 30 moedas. A ganância estaria por trás
da traição. O dinheiro aparece como base
de quase todas as traições. O apóstolo Paulo
ensinou que “o amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males” (1Tm 6.10).
Outras respostas poderiam ser dadas,
mas a essência de todas elas é a fraqueza
humana. Pedro, de certa forma, também
traiu Jesus ao negá-lo por três vezes. No
caso de Pedro, Jesus o perdoou e, mais tarde, ele foi restaurado por Jesus em seu ministério, mas Judas, nem deu tempo para
isso, porque praticou o suicídio.
3. A solene despedida (Jo 13.31-34)
– Chega, finalmente, a hora da despedida.
Jesus está para partir. Ele instituiu a ceia
memorial de sua morte. Depois que Judas
saiu, para o vender, ele disse: “Agora o Filho do homem é glorificado, e Deus é glorificado nele”, e a seguir lhes deu o novo
mandamento: “Um novo mandamento
vos dou: Que vos ameis uns aos outros
como eu vos amei a vós, que também vós
uns aos outros vos ameis. Nisto todos co-
nhecerão que sois meus discípulos, se vos
amardes uns aos outros” (v. 34,35). Nessas palavras de despedida, Jesus anunciou
sua morte, ainda numa linguagem velada.
Seus discípulos não compreendiam claramente o que iria acontecer. Por isso, Pedro pronunciou algumas palavras, misto
de coragem e fanfarra que iria terminar
na tríplice negação que viria breve. Jesus
não negou que Pedro morreria por amor
a ele, mas isso não seria naquele momento. Ele o trairia, mas seria restaurado, e
daria sua vida por Jesus num futuro ainda
distante, depois da plantação de muitas
igrejas e do crescimento das comunidades
cristãs pelo império romano.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. Jesus morreu para que cada um, ao
ser salvo por ele, fosse inserido numa igreja, seu corpo, que é uma comunidade de fé.
2. A natureza da igreja é a vida comunitária. Ser igreja implica estar em Cristo
e, ao mesmo tempo, estar unidos em um
mesmo propósito: proclamar a mensagem
de salvação trazida pelo evangelho.
3. Não podemos viver numa igreja como
se o outro simplesmente não existisse. As
pessoas, à nossa volta, devem nos reconhecer pelo amor que praticamos pelos
irmãos.
4. Numa época de crise, é possível que
as pessoas vivam tão preocupadas com
suas próprias vidas que não percebam o
sofrimento do irmão ao lado. Precisamos
estar atentos a isto para que cumpramos o
mandamento de Jesus: Que nos amemos
uns aos outros, como ele nos amou.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 23
EBD
• Domingo, 3 de junho de 2012•
A promessa do
Espírito Santo
No fim da última ceia, tendo Jesus falado
a respeito de sua partida para o Pai, os discípulos ficaram desolados, pensando em como
viveriam sem a presença do Senhor amado.
Como haveriam de viver sem suas palavras
de conforto, sem seus ensinos? Jesus os consolou, prometendo que mandaria o Espírito
Santo, para não os deixar órfãos. Não os deixaria sozinhos. Nunca os tinha abandonado,
e não os abandonaria agora. É este o ensino
central dos capítulos 14 e 15. Neste estudo,
vamos analisar a pessoa do Espírito Santo
como Ajudador, Intérprete e Testemunha.
No próximo estudo, abordaremos ainda sobre o Espírito Santo, no capítulo 16,
a respeito de suas funções de Parácleto, Ensinador e Testemunha; e a oração de Jesus
pelos discípulos, no capítulo 17.
1. Cristo conforta os discípulos (14.115) – A promessa de enviar o Espírito Santo faz parte das palavras de consolação de
Jesus ditas aos seus discípulos quando, no
fim da última ceia, falou-lhes a respeito de
sua partida para o Pai.
Com palavras de ternura e compaixão,
ordenou aos seus discípulos que não tivessem medo: eles criam em Deus, e que confiassem, também, nele. Ele está indo preparar lugar para, depois, levar para junto de si
os que creem nele. Essa promessa pode ser
referência ao momento da morte de cada
crente, ou pode ter o sentido escatológi24 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 10
Texto bíblico:
João 14 e 15
Texto áureo:
João 14.16
co, de consumação do reino de Deus com
sua volta. Jesus tranquilizou os discípulos
quanto ao caminho para o lugar para onde
iria partir, dizendo que ele mesmo é o caminho, a verdade e a vida. Basta crer nele e
tudo está bem. Filipe interrompe, querendo ver o Pai, e Jesus explica que quem o vê
está vendo o Pai. Sua união com o Pai é assegurada pelas obras que ele realizou. E os
discípulos realizariam obras maiores, uma
vez que lhes mandaria o Espírito Santo e,
além disso, tinham o recurso da oração
para pedirem ao Pai o que precisassem.
2. O Espírito Santo como Parácleto
(14.16-18) – O Espírito Santo é chamado
de Parácleto e de Espírito de Verdade. Parácleto é uma palavra grega que tem o sentido
original de “alguém chamado para ficar ao
lado de uma pessoa para ajudá-la de qualquer modo, para defendê-la em processos,
como um amigo no tribunal”. No versículo
16, Jesus menciona outro Ajudador, o que
nos dá a entender que os discípulos já tinham um, que só pode ser ele mesmo. Em
1João 2.1, Jesus é chamado de nosso “Parácleto junto ao Pai”, onde a palavra é traduzida apropriadamente por “advogado”. Jesus
tinha sido o Parácleto dos discípulos aqui
na terra. Ele tinha combatido por eles, ajudando-os. Eles puderam aprender com sua
orientação e apoio; só que agora estava prestes a deixá-los. Mas, não os deixaria órfãos.
Mandaria outro Consolador (Ajudador)
para estar nos discípulos. Não apenas com
eles, mas neles e permanentemente.
3. O Espírito Santo como Ensinador (Jo
14.26-31) – Os discípulos poderiam contar
com a presença do Espírito Santo para exercer
uma função didática, educadora. Ele os capacitaria para se lembrarem dos ensinos de Jesus
e os faria compreender tudo. Em outras palavras, o Espírito Santo lhes serviria de memória
e expositor. Os escritores do Novo Testamento experimentaram essa atuação do Espírito
Santo no dia-a-dia das igrejas. Quando havia
necessidades específicas, ele ensinava e mostrava a vontade de Deus. É esta a convicção
de Paulo, quando escreve a Primeira Carta aos
Coríntios: “...os quais também falamos, não
com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito
Santo, comparando coisas espirituais com espirituais” (1Co 2.13).
4. O Espírito Santo como Testemunha
(15.1-27) – A promessa do Espírito Santo
foi intercalada com um ensino precioso para
os discípulos, para lhes restaurar a confiança,
a segurança, a fé e a esperança. Jesus mostrou
que nada nesta vida, nenhuma circunstância
pode separar o seu discípulo da comunhão
com ele, ao mesmo tempo deixa bem claro
que o sucesso como obreiros cristãos dependia
da união com ele. Para deixar isto bem claro,
usou a figura da videira, tão conhecida de seus
discípulos como moradores da Palestina. O
ensino dos versículos 1 a 25 é sobre a comunhão com Cristo, que ele ilustrou com três
figuras: a videira, o agricultor e os ramos da videira. Esta comunhão com Cristo é espiritual,
é a união da vida divina com a vida humana,
e é real e vital, não sendo um assunto de mera
afiliação a alguma organização. É uma união
mútua, porque devemos consentir em aceitar
essa união com ele; é uma união íntima. Não
pode haver união mais estreita e íntima do que
a união entre a videira e seus ramos.
Nos versículos 26 e 27 Jesus volta a fazer a
promessa de enviar o Espírito Santo, o qual viria
para dar testemunho dele. O testemunho que
Jesus tinha dado, com suas palavras e suas obras,
não cessaria quando ele não estivesse mais neste
mundo. O Espírito Santo assumiria este ministério de testemunhar e o levaria adiante pela
instrumentalidade dos discípulos. O cumprimento desta função está exemplificado em Atos
5.32, onde Pedro e seu companheiro, diante do
sumo sacerdote e do conselho, proclamaram a
ressurreição e a glorificação de Jesus: “Nós somos
testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito
Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem”. O testemunho dos discípulos e do Espírito Santo é o mesmo. Ambos testemunham da
obra salvadora de Jesus. Portanto, não pode haver dúvida, Jesus é de fato o Messias prometido
de Deus. Testemunha é alguém que viu com os
próprios olhos, e ouviu com os próprios ouvidos.
Só tem validade para testemunhar quem presenciou os fatos. E esta função de testemunhar, que
o Espírito Santo continuaria a exercer permanentemente, revela que Jesus é o único Salvador.
Um significado mais amplo do testemunho do
Espírito Santo é indicado em 1João 5.6: “O Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito
Santo é a verdade”.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
O Espírito Santo prometido foi derramado no dia de Pentecostes (At 2) sobre a igreja, e de lá para cá todos os que se
convertem a Jesus Cristo como Salvador
o recebem no momento quando abrem o
coração para Jesus. Vivemos, pensamos e
agimos sob sua ajuda. Conscientes disto,
santifiquemo-nos e sejamos corajosos em
testemunhar de nossa fé.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 25
EBD
• Domingo, 10 de junho de 2012•
As funções do
Espírito Santo e
a oração pelos
discípulos
A referência ao Espírito Santo nos dois
capítulos estudados na lição anterior (14 e
15) evolui, no capítulo 16, para uma exposição mais ampla das funções do Espírito
Santo, que são três. Depois de consolar os
discípulos e prometer o Espírito Santo, Jesus orou por eles e pelos que haveriam de
crer (cap. 17).
1. Convencer o mundo (16.7-11) – O
verbo grego traduzido por convencer tem o
sentido de trazer à luz, levar a uma convicção.
O Espírito Santo leva os pecadores à convicção de três realidades: pecado, justiça e juízo.
1) Quanto ao pecado: o pecado consiste em não crer em Jesus como o Filho de
Deus, e é isto que leva o pecador à condenação. Os pecadores não reconhecem seu
estado de afastados de Deus e condenados
(Rm 3.23) até que o Espírito Santo os convença disto. Somente ele pode fazer isto.
Portanto, o Espírito Santo ajuda o pecador
a ver que precisa se arrepender e crer. 2)
Quanto à justiça: o Espírito Santo corrige a
ideia errada de que a justiça não foi vista na
cruz de Cristo. Os críticos da época criam
que Jesus era injusto e merecedor de morrer; e que matar Jesus agradava a Deus. O
Espírito Santo viria para levar os pecadores à convicção de que Jesus é a verdadeira
26 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 11
Texto bíblico:
João 16 e 17
Texto áureo:
João 16.8-11
justiça que nos foi imputada, para sermos
salvos; 3) Quanto ao juízo: o Espírito Santo é quem viria trazer luz ao fato de que o
juízo de Deus é uma realidade cósmica.
Ninguém pode cometer injustiças e ficar
impune. Existe o juízo de Deus. O próprio
Diabo, que é o príncipe deste mundo, está
julgado pelo juízo de Deus. Os homens
não podem fazer o mal e ficar por isso mesmo. Com este convencimento, o Espírito
Santo desperta nos pecadores o desejo de
buscar perdão para seus pecados. Dessas
três maneiras o Espírito Santo confronta o
mundo com a necessidade urgente de uma
mudança radical em sua forma de viver e de
se relacionar com Deus a partir de sua nova
maneira de ver o pecado, a justiça e o juízo.
2. Guiar o crente (16.12-14) – Em relação aos convertidos, que formam a igreja de
Cristo, a função do Espírito Santo é guiá-los
em toda a verdade. Durante seu curto ministério, Jesus sabia que os discípulos não se
apropriaram de toda a verdade, de todos os
mistérios que ele procurou ensinar. Mas os
discípulos não ficariam com verdades pela
metade ou com uma compreensão superficial. O Espírito Santo os levaria a uma compreensão aprofundada e completa dos mistérios de Deus. Esta obra continua sendo
feita no meio da igreja de Cristo. O Senhor
sabia que as sementes da verdade semeadas
naqueles rudes corações germinariam sob
orientação do Espírito Santo. Nenhum
homem chega à compreensão e percepção
das verdades eternas sem a ajuda do Consolador. É impossível alcançar o alvo maior
de Deus para nossa vida sem ele. Nenhum
obstáculo será demasiado alto, nenhuma
carga demasiada pesada, nenhum problema
demasiado grande, pois Deus, por meio do
Espírito Santo, tem provido uma maneira
segura de vitória para os crentes.
3. Glorificar a Jesus (16.14) – Glorificar
é tornar visível a realidade majestática de Jesus.
É celebrar, dignificar, exaltar. É o Espírito Santo quem torna Jesus Cristo entendido, visto
em sua verdadeira natureza de poder e glória,
como o Filho de Deus e nosso Redentor. E ele
desempenha esta função ouvindo de Jesus e
anunciando aos servos de Deus, permanentemente, os pensamentos, os sentimentos e a
vontade de Deus manifestados em Jesus Cristo. Pela atuação do Espírito Santo, a pessoa de
Jesus é cada vez mais engrandecida no seio da
igreja; e cada vez mais se espalha pelo mundo,
à medida que multiplicamos a obra missionária, anunciando o seu evangelho.
4. A oração de Jesus pelos discípulos
(cap. 17) – Depois de prometer que mandaria o Espírito Santo e de ensinar sobre
suas funções, Jesus concluiu seu discurso
de consolação aos crentes, exortando-os
a terem coragem e bom ânimo, dizendo:
“No mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, eu venci o mundo”.
Após a promessa do Espírito Santo e
do encorajamento, os discípulos ouviram a
mais profunda e íntima oração de Jesus em
que ele reforçou, mais uma vez, a segurança da presença divina entre eles ao mesmo
tempo em que lhes dava uma tarefa especial. A oração tem três partes:
1) Oração por si mesmo: pediu ao Pai
para ser glorificado. Embora sendo Deus,
na encarnação, Jesus teve de experimentar
a humilhação por levar sobre si a condenação de nosso pecado. Sua glorificação se
daria na cruz e na sua ressurreição. A cruz
era a passagem obrigatória para a glória da
ressurreição e ascensão ao céu aprovado em
sua obra de Redentor. Deus glorificou a Jesus ao lhe conceder a autoridade de poder
morrer pelos pecados do mundo e proclamar a toda a humanidade a graciosa oferta
de salvação da parte do Pai, ao mesmo tempo em que o Filho glorificaria o Pai.
2) Oração pelos discípulos: nesta parte,
Jesus destaca três pontos principais: a) que
Deus os guardasse; b) que Deus os conservasse em unidade, a fim de que pudessem
mostrar de forma visível a mesma unidade
que sempre existiu entre o Filho e o Pai;
desavença na igreja é a mais perigosa arma
contra o evangelho de Jesus; c) que os discípulos fossem santificados na verdade.
3) Oração pelos futuros discípulos (v.
20-24): isto é, por todos os que viriam a
crer nele. Jesus pede para que eles, também,
vivessem em unidade, assim como ele e o
Pai são um em unidade, e que desenvolvessem a mesma missão de testemunho.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. A obra de evangelização é feita pelos
discípulos de Jesus, usados como instrumentos de Deus.
2. Há muitos modismos e falsificações
do evangelho. A verdade é uma só: a que é
ensinada pelo Espírito Santo.
3. Jesus orou por nós. Esta é uma verdade que, além de elevar a nossa autoestima, traz para nós segurança e alegria.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 27
EBD
• Domingo, 17 de junho de 2012•
Sofrimento e
morte de Jesus
Estes dois capítulos poderiam ser considerados como o clímax do sofrimento de
Jesus, pois nos lembram o sangue, o suor e
as costelas vazadas pela lança do soldado
romano, no Calvário. Os dois capítulos
são os mais tristes mas, graças a Deus, eles
não fecham a história. Passando aos capítulos 20 e 21 encontramos os relatos da
vitória do Messias, pela sua ressurreição e
subida para os céus. É com este sentimento de vitória que vamos estudar estes capítulos que marcaram para sempre a história
da humanidade.
1. A prisão de Jesus no Getsêmane (18.112) – Após a ceia no cenáculo e o discurso
de consolação aos discípulos feito pelo Senhor, em que prometeu a vinda do Espírito
Santo, Jesus saiu com seus discípulos para
enfrentar o inimigo. Entre a saída e a prisão,
que se deu no Getsêmane, houve o episódio
da oração em que o Senhor, angustiado,
pediu ao Pai que passasse dele aquele cálice, narrado pelos outros Evangelhos (Mt
26.36-46; Lc 22.39-46; Mc 14.32-42). João
narra os acontecimentos em cinco momentos: 1) Jesus foi para o horto deliberadamente porque tinha consciência de que
sua hora tinha chegado. Era um lugar que
ele frequentava normalmente quando ia a
Jerusalém; Judas também conhecia o lugar
e podia prever a ida de Jesus para lá; 2) O
exagero de força para prender Jesus. Uma
coorte romana tinha aproximadamente
28 • PALAVRA E VIDA
ESTUDO 12
Texto bíblico:
João 18 e 19
Texto áureo:
João 19.30
600 soldados; além deles, foram alguns
judeus, guardas do templo. Levavam lanternas, tochas e armas. Talvez pensassem
que Jesus tivesse um exército para lutar por
ele, daí o aparato; 3) Jesus manteve serenidade, e diante da soldadesca que se aproximou, perguntou a quem procuravam, e se
apresentou: “Sou eu”. Então, os soldados
caíram por terra (18.5). Alguma evidência
da divindade de Jesus deve ter causado essa
reação; 4) Jesus protegeu os discípulos, ordenando aos soldados: “Deixai ir estes”; 5)
Pedro, impetuoso, deu um golpe de espada
no primeiro que pôs as mãos em Jesus, e
cortou-lhe uma orelha; mas Jesus o curou e
repreendeu a Pedro. Então Jesus foi levado,
sem nenhuma resistência.
2. O julgamento e Jesus (18.13-40) –
O julgamento de Jesus ocorreu em duas
esferas de poder: a esfera dos judeus (o
poder religioso), e a esfera dos romanos (o
poder político de dominação):
a) O julgamento judeu (18.13-27): Jesus foi conduzido primeiramente a Anás
para um interrogatório preliminar. Anás
não era mais o sumo sacerdote, mas conservava o título, e era sogro do atual, que se
chamava Caifás. Anás o interrogou sobre
seus discípulos e sobre sua doutrina. Jesus
nada disse sobre os discípulos; e, sobre sua
doutrina, declarou que todos eles haviam
tido oportunidade de o ouvir publicamente e, por isso, não precisava responder. A
seguir, foi levado a Caifás. Foi nessa fase
do julgamento que Pedro, apontado como
um dos discípulos de Jesus, o negou três
vezes, como Jesus predissera.
b) O julgamento dos romanos (18.2840). Pilatos, o governador romano, interroga os acusadores de Jesus (v. 28-32) para
ouvir formalmente as acusações dos líderes judeus. Entendendo que se tratava de
alguma questão de transgressão de alguma
lei judaica, alegou que eles é que o deviam
julgar. Mas os judeus insistem e revelam
sua intenção: queriam matar Jesus, e somente o governador romano tinha autoridade para sentenciá-lo à morte. Pilatos,
então, interroga a Jesus. Indagado se era
o rei dos judeus, Jesus respondeu que seu
reino não é deste mundo. Pilatos não viu
em Jesus uma ameaça para o poder romano. Por isso, perguntou duas vezes se ele se
considerava rei. À pergunta de Pilatos sobre o que é a verdade, Jesus não respondeu.
Pilatos concluiu que Jesus não representava perigo para a autoridade imperial. Por
que, então, continuar com o julgamento?
c) A decisão do tribunal romano (v. 3919.5). Pilatos, desejando continuar com sua
popularidade, para agradar aos judeus, prosseguiu e, como era costume dar anistia a um prisioneiro no dia da Páscoa, transferiu a decisão
para o próprio povo. Na fúria incontrolada, a
multidão bradava para soltar o assaltante Barrabás e matar Jesus. Feita essa hedionda troca,
Jesus foi conduzido ao Calvário.
3. Os acontecimentos do Calvário (19.1742) – 1) Pilatos mandou escrever em uma
placa o título desdenhoso: “O rei dos judeus” para pregar na cruz. Sua intenção era,
provavelmente, humilhar os judeus, aos
quais ele desprezava, e ridicularizar a Jesus
(v. 19-22). 2) A sorte lançada sobre a túnica
(v. 23,24). As vestes dos condenados eram
dadas aos carrascos, geralmente em número
de quatro. A túnica de Jesus era uma peça
única, sem costura e, para não a estragar,
lançaram sorte sobre ela, cumprindo, assim,
uma profecia contida no Salmo 22.18. 3) O
cuidado de Jesus com Maria (v. 25-27). Demonstrando seu amor e zelo filiais, em meio
ao sofrimento, a entregou aos cuidados do
discípulo João. 4) Jesus sentiu sede (v. 28,29)
e lhe deram vinagre, o que cumpriu a escritura do Salmo 69.21. 5) “Está consumado” (v.
30). Estas foram as últimas palavras de Jesus.
Elas mostram que Jesus completou, de uma
vez para sempre, tudo o que o Pai lhe havia
ordenado e que fora previsto pelos profetas.
Ali estava o Messias de Deus dando a vida
pelos pecadores e cumprindo toda a justiça
de Deus. O capítulo 19 termina com o sepultamento de Jesus.
APLICAÇÕES PARA A VIDA
1. A crucificação de Jesus Cristo nos
oferece o modelo divino de sacrifício e renúncia. Muitas vezes, seremos convocados
a deixar de lado nosso eu, nossa situação
confortável para realizar a vontade de Deus.
2. Como crentes, somos desafiados pelo
amor de Deus demonstrado na cruz do Calvário, a sermos fiéis a ele custe o que custar.
3. Jesus é o rei eterno. O império romano com todo o seu poder passou. Mas
o reino instaurado por Jesus permanece.
Nós somos súditos do seu reino, pois ele
ofereceu a vida para nos resgatar do pecado e da morte. Precisamos divulgar seu
evangelho por todo o mundo.
4. A morte de Jesus abriu o caminho
para o céu. Na Carta aos Hebreus lemos
que ele abriu com sua carne (sua morte na
cruz) um novo e vivo caminho para o trono de sua majestade pelo qual somos exortados a entrar corajosamente (Hb 10.20).
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 29
EBD
• Domingo, 24 de junho de 2012•
Ressurreição
e vida
ESTUDO 13
Texto bíblico:
João 20 e 21
Texto áureo:
João 20.27
A ressurreição de Jesus é o fato de maior
significação na história da redenção. O
apóstolo Paulo, escrevendo a respeito da
ressurreição, chegou a dizer: “Se Cristo não
ressuscitou é vã a vossa fé” (1Co 15.17-19).
Sim, porque a ressurreição é a corroboração
de todo o evangelho de Jesus, é a confirmação de sua natureza divina, de ser ele o Filho
de Deus, de ter ele vencido a morte, e de
serem verdadeiros os seus ensinos e verdadeiras as suas promessas. Ele foi declarado
ser, realmente o Filho de Deus, pela sua ressurreição, conforme Romanos 1.1-4.
perguntaram por que estava chorando. E,
ao lhes responder, ela olhou para trás e divisou um vulto em pé, que ela pensou ser o
jardineiro. Pela tristeza, seus olhos cheios de
lágrimas estavam impedidos de reconhecer
Jesus, como mais tarde aconteceria aos dois
discípulos que caminhavam para Emaús (Lc
24.13-35). Ela só conseguiu identificá-lo,
quando ele a chamou pelo nome: “Maria!”
e ela gritou: “Raboni!”, palavra hebraica
geralmente usada para referir-se a Deus, aumentativo de Rabi (Mestre). Então, Jesus lhe
ordenou que fosse anunciar aos outros.
1. O túmulo vazio (20.1-10) – Jesus
morreu numa sexta-feira à tarde, no dia da
celebração da Páscoa. Ele se ofereceu como
o Cordeiro de Deus, como a “nossa páscoa”
(1Co 5.7). E, no primeiro dia da semana,
de madrugada, Maria Madalena foi ao sepulcro, e viu a pedra da porta retirada. Era
comum, na Palestina, haver pilhagem de sepulcros, que eram escavados em barrancos
de rochas formando pequenos quartos, acima do solo, com a entrada coberta por uma
pedra. Ela foi correndo avisar aos discípulos
que haviam levado o corpo de Jesus, e estes
a acompanharam, e viram o túmulo vazio.
3. Jesus aparece aos discípulos (20.1823) – Os discípulos haviam se reunido e,
com medo dos judeus, mantinham a porta
fechada.
Foi nessa situação que o Senhor os encontrou na tarde do mesmo dia, que era
o primeiro dia da semana. Simplesmente
apareceu no meio deles e lhes mostrou suas
mãos com as marcas dos cravos para que não
tivessem dúvidas de que era ele mesmo, o
Cristo histórico que vivera com eles, e agora não mais como o Deus encarnado, mas
como o Senhor, soberano sobre a vida e a
morte. Em meio à sua imensa alegria, Jesus
lhes deu a paz, soprou-lhes o Espírito Santo
e lhes deu a missão de serem testemunhas de
tudo o que tinham visto e ouvido.
2. Jesus aparece a Maria Madalena
(20.11-17) – Ela foi a primeira testemunha
da ressurreição de Cristo. Desolada, ficara ali
chorando, quando os discípulos se retiraram,
e viu dentro do sepulcro dois anjos, que lhe
30 • PALAVRA E VIDA
4. Jesus aparece novamente, com Tomé
presente (20.24-31) – Tomé era de tempe-
ramento triste e pessimista (11.8, 16; 14.5),
deixou-se abalar com a tragédia do Calvário. Sua fé estava enfraquecida mas, mesmo
assim, continuava fiel e não abandonara o
convívio com o grupo de apóstolos. Somente não estivera presente no primeiro dia da
semana anterior, quando Jesus aparecera, por
motivo desconhecido. Ele ouviu o testemunho dos demais e retrucou que se não visse os
sinais dos cravos e não metesse a mão no seu
lado que fora perfurado com uma lança, de
maneira alguma creria. Geralmente, Tomé é
criticado por ter se recusado a crer no testemunho de seus companheiros de discipulado. Mas, em verdade, o fato de existir, entre
os discípulos, um que exigia provas do que
os outros diziam, se constituiu em fortalecimento na convicção de que de fato Jesus ressuscitou. Ao ver Jesus, Tomé se prostrou e exclamou: “Senhor meu, e Deus meu”. É isto o
de que precisamos: fé no Cristo ressuscitado.
Os versículos 30 e 31, aparentemente,
são o epílogo do livro de João, mas não são.
Ele ainda vai acrescentar o encontro de Jesus com os discípulos na praia do Mar de
Tiberíades (o mesmo Mar da Galileia). Estes versículos são apenas o seu comentário
à exortação de Jesus a Tomé, quando disse:
“Bem-aventurados os que não viram e creram”. João termina declarando qual o propósito que inspira a obra (v. 31), a saber, o
de trazer o leitor, embora entre aqueles que
“não viram” a fé em Cristo” (A. J. Macleod,
in: O Novo Comentário da Bíblia, Ed Vida
Nova, p.1098).
5. Jesus aparece a sete discípulos junto ao Mar de Tiberíades (21.1-23) – Pelo
versículo 14, ficamos sabendo que esta foi
a terceira vez que Jesus apareceu aos discípulos depois de ressuscitar. Ao que parece,
os discípulos estavam voltando às suas atividades normais, como se nada mais tives-
sem que fazer posto que Jesus continuava
a conviver com eles. Era como se aguardassem dele alguma nova orientação. João
narra os seguintes detalhes desse encontro:
1) A pescaria infrutífera seguida da maravilhosa (v. 1-7): Pedro, como líder, chama os
outros e diz “vou pescar”. Jesus aparece aos
discípulos, mas estes não o reconheceram,
à distância de que estavam, nem mesmo
quando Jesus os orientou a lançarem a rede
em outro lugar. Quando, porém, aconteceu
o milagre da pesca de 153 peixes, o discípulo amado (João) o reconheceu e gritou ser
o Senhor. Pedro se jogou ao mar e nadou
para a praia enquanto os outros continuaram levando o barco para a praia, distante
uns 100 metros. 2) Uma refeição na praia
(v. 9-13): Ao chegarem à praia, encontraram uma refeição preparada por Jesus, e este
os convidou, numa demonstração de zelo
para com os discípulos. 3) A restauração
de Pedro (v. 15-23): Jesus submeteu Pedro
ao teste do amor naquela praia. Pedro teve
oportunidade de restaurar-se de sua traição
ao confessar seu amor por Jesus, e este o restaurou em seu ministério para continuar,
com os outros, a espalhar o evangelho. Jesus queria que os discípulos continuassem a
obra iniciada. Não poderiam parar. 4) Jesus
incumbiu Pedro de o seguir para alguma
tarefa e falou a respeito de seu futuro, e o repreendeu por que queria saber a respeito do
que seria de João. 5) O enceramento do livro de João está nos dois últimos versículos:
João mesmo testificou de si, em nome dos
demais, que seu testemunho, como escritor
desse Evangelho, era verdadeiro (1Jo 1.1-3).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Não vemos, mas cremos. Jesus nos pergunta, a cada um de nós: “Amas-me?” Se realmente o amamos, continuemos sua obra.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 31
Informação denominacional
Radical
Voluntários sem fronteiras
O que é?
Com a finalidade de contribuir para
que uma oportunidade se transforme em
realidade, a JMM pensou em uma estratégia diferenciada de fazer missões, implantando em 2003 o Projeto Radical África.
Trata-se de um novo paradigma missionário, que tem como objetivo enviar jovens
evangélicos para atuarem em diferentes
regiões do mundo, especialmente entre
os povos não-alcançados, sinalizando o
reino de Deus por meio da proclamação e
do serviço em favor da vida e da promoção
da dignidade do homem, conforme os padrões estabelecidos por Deus.
Inicialmente, o objetivo era trabalhar
com as comunidades com os mais baixos
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) segundo a ONU e que estão situadas
no Norte da África. No entanto, o aumento
crescente de candidatos e convites de parcerias para implantar o projeto em outras regiões e contextos, nos levou a ampliar o programa para outros continentes e a rebatizá-lo
com o nome “Voluntários Sem Fronteiras”.
Com isso, contabilizamos mais de 100 jovens distribuídos entre as quatro equipes do
Radical África (6 enviadas e uma em treinamento), 3 turmas do Radical Luso-Africano
e 4 do Radical Latino-Americano.
32 • PALAVRA E VIDA
Visão
O Projeto Radical – Voluntários
Sem Fronteiras visa exercer o papel de
agente propulsor de um grande despertar
e de treinamento da juventude evangélica
batista para o trabalho missionário, para
viver e anunciar o evangelho de Jesus Cristo, de tal forma que suas vidas e ministérios sejam a real tradução das palavras de
despedida do apóstolo Paulo aos líderes de
Éfeso: “Em nada considero a vida preciosa
para mim mesmo, contanto que complete
a minha carreira e o ministério que recebi
do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus” (Atos 20.24).
Missão
Capacitar o jovem vocacionado para
anunciar o evangelho de Jesus Cristo por
meio da proclamação e do serviço em defesa da vida e da promoção da dignidade
do homem, conforme missão anunciada
em Isaías 61:
“O Senhor Eterno me deu o seu
Espírito, pois ele me escolheu para
levar boas notícias aos pobres. Ele me
enviou para animar os aflitos, para
anunciar a libertação aos escravos
e a liberdade para os que estão na
prisão. Ele me enviou para anunciar
que chegou o tempo...Ele me enviou
para consolar os que choram, para dar
aos que choram em Sião uma coroa de
alegria, em vez de tristeza, um perfume
de felicidade em vez de lágrimas, e
roupas de festa em vez de luto.”
Conceito
O conceito do projeto é formar e enviar o “missionário mochileiro”, em grupo, para causar impacto nas comunidades
locais, interagindo com os nacionais, por
meio de suas vidas transformadas e moldadas conforme o caráter de Cristo.
Quanto à denominação de “Voluntários Sem Fronteiras” com que passamos a
chamar o jovem enviado ao campo missionário, trabalhamos com o conceito utilizado pelo voluntariado internacional e que,
por sua vez, se aproxima da definição de
voluntário proposta por Aurélio Buarque
de Holanda, que o descreve como sendo
um sujeito de “vontades” e “espontâneo”.
Perfil do candidato
• Ser crente, cujo caráter demonstre comprometimento com o Senhor Jesus Cristo;
• Ser vocacionado para trabalhar entre povos não-alcançados;
• Ser membro atuante de uma mesma igreja batista por, no mínimo, três anos;
• Estar envolvido com evangelismo pessoal e discipulado;
• Ser solteiro(a), com idade entre 18 a 30 anos e ter no mínimo o Ensino Médio
completo;
• Estar disposto a ter um estilo de vida radicalmente diferente, vivendo sem dinheiro próprio e, sim, de um fundo comum, e depender inteiramente da provisão divina;
• Zelar e promover o bem do grupo, realizando todo trabalho em equipe;
• Ser humilde, aceitando exortações com espírito alegre;
• Estar pronto a ser um aprendiz;
• Ser flexível e capaz de suportar pressões e aceitar circunstâncias adversas;
• Estar disposto a fazer qualquer tipo de serviço com alegria e ações de graças;
• Ser submisso à liderança;
• Estar determinado a assumir um compromisso de, pelo menos, quatro anos;
• Ser saudável física, mental e psicologicamente, comprovado mediante exames
e avaliações.
• Estar em dia com todos os compromissos em seu nome.
___________________
http://www.jmm.org.br
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 33
DCC
Divisão de
Crescimento Cristão
Este trimestre tem várias ênfases especiais: 1) Paixão e ressurreição de Cristo (estudos para 6
e 13 de abril); 2) Dia da EBD (quarto domingo de abril); 3) Dia das Mães (segundo domingo
de maio), além dos estudos a respeito da família, sobre o Pentecostes, que ocorreu 50 dias depois
da ressurreição de Jesus e o assunto escatológico, que é a volta de Jesus Cristo (estudo 13).
Além destas ênfases contempladas com estudos para as Uniões de adultos, lembramos que várias datas nacionais ocorrem neste trimestre, como morte de Tiradentes (21 de
abril), Dia do Trabalhador (1 de maio) e Dia dos Namorados (12 de junho). Todas estas
datas poderão ser usadas pelas Uniões para atividades especiais, visando ao crescimento,
edificação, confraternização, lazer e ação social. O importante é que as diretorias das Uniões planejem com antecedência um projeto de atividades úteis para as Uniões de adultos.
Sugerimos as seguintes atividades:
1. Campanha de matrícula e divulgação da Escola Bíblica Dominical – Este esforço
poderá ocorrer no último fim de semana de abril, quando se comemora o Dia da Escola
Bíblica Dominical. Todos os unionistas, com o apoio da direção da EBD da igreja, deverão
participar. Sendo possível, preparar fichas em que um lado se divulgue a EBD, seus horários e atividades e no verso uma ficha de inscrição para quem desejar tornar-se aluno da
Escola Bíblica Dominical. Este esforço pode abranger os membros da igreja nos intervalos
dos cultos, anúncios nos cultos, a vizinhança da igreja e amigos e familiares não-crentes de
membros da igreja.
2. Passeio das famílias – Este evento deverá ter como objetivo o lazer das famílias da
igreja. Deve ser escolhido um local aprazível, como chácara, sítio, fazenda, acampamento
de fácil acesso para todos. Havendo possibilidade, alugar um ônibus para que a maioria
possa participar, especialmente, aqueles que quase sempre não conseguem participar.
As atividades de lazer e esportivas deverão ser realizadas para bem-estar e, por isso, não
devem ter horários e programas rígidos, pois, às vezes, isso causa estresse nas pessoas. Todos
deverão compartilhar da comida que levarem a fim de que haja maior confraternização
entre todos. Cada igreja conhece melhor seus membros. Por isso, as atividades específicas
que mais agradam a comunidade deverão ser realizadas. Esse passeio pode ser realizado no
último sábado de maio.
34 • PALAVRA E VIDA
Os estudos da Divisão de Crescimento Cristão
abrangem os seguintes temas e enfoques:
DCC 1 – Ressurreição: Celebração da vitória
36
DCC 2 – A igreja de Cristo e o consumismo
37
DCC 3 – Capacidade para ensinar a Bíblia
38
DCC 4 – Como ensinar a Bíblia
39
DCC 5 – Casamento saudável: Construção permanente (I)
40
DCC 6 – Casamento saudável: Construção permanente (II)
41
DCC 7 – Capacitação da famíia (I)
42
DCC 8 – Capacitação da famíia (II)
43
DCC 9 – Família e cidadania
44
DCC 10 – Igreja: Sua identidade e missão (I)
45
DCC 11 – Igreja: Sua identidade e missão (II)
46
DCC 12 – A volta gloriosa de Jesus
47
DCC 13 – Lições de Deus
48
Esperamos que estes estudos possibilitem o melhor engajamento
na obra de Deus e, também, a melhoria da vida devocional de cada
crente.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 35
DCC
• Domingo, 1 de abril de 2012•
ESTUDO 1
Ressurreição:
celebração da vitória
Clemir Fernades Silva
Após ser julgado e condenado, Jesus
teve que caminhar para o Gólgota, um
monte que ficava fora dos muros de Jerusalém, carregando a sua cruz. Lá, ele enfrentou a dor dos cravos em seus pés e nos pulsos, o sol causticante e as zombarias de que
foi objeto. Ao final da sexta-feira, constatado que Jesus falecera, com o consentimento
de Pilatos, José de Arimateia fez o sepultamento de seu corpo num túmulo de rocha,
observado de longe por algumas mulheres.
1. Da tristeza para a alegria – Deus não
se deixa escarnecer. A alegria de seu povo
havia de ser restaurada e a vitória de Cristo
celebrada (Mt 28.1-10). A tristeza da morte
de Jesus e de seu sepultamento foi substituída pela alegria da notícia que correu entre os
discípulos: Jesus ressuscitou. Nenhuma das
datas do calendário cristão como Natal, Pentecostes, Reforma Protestante se assemelha
ao fato singular que é celebrado na data da
ressurreição de Cristo. A ressurreição do Senhor é a data magna da igreja de Cristo. Foi
a partir da ressurreição que a igreja passou a
celebrar seus cultos no primeiro dia semana.
Os versículos 1 e 2 de Mateus 28 dizem
que “após o sábado, ao raiar do primeiro dia
da semana houve um grande terremoto e um
anjo do Senhor desceu do céu e removeu a
pedra do sepulcro”. O anjo, que as mulheres
viram no sepulcro, lhes disse: “Não tenhais
36 • PALAVRA E VIDA
medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que
foi crucificado. Ele não está aqui porque já
ressuscitou” (28.5,6). Os discípulos foram
notificados, foram lá e viram o túmulo vazio,
mas a verdade da ressurreição só se confirmou
quando, estando reunidos no primeiro dia da
semana, Jesus apareceu entre eles e os saudou.
2. Ele não está aqui. Jesus ressuscitou –
Nestas simples palavras encontramos a maior
de todas as mensagens já proferidas por qualquer pessoa. Toda a fé dos cristãos está fundamentada no significado destas palavras. Por isso
mesmo o cristianismo é uma religião diferente,
superior, pois todos os líderes de outras religiões
morreram e seus restos mortais permaneceram
sepultados. Pode-se afirmar que Buda está na
sepultura, assim como Confúcio, Maomé.
Jesus Cristo é o único que após morrer, ressuscitou e está assentado à direita de Deus
intercedendo por todos quantos o buscaram
em espírito e em verdade. Hoje, não estamos
como aqueles discípulos que caminhavam
para Emaús, depois que Jesus morreu. Não.
Caminhamos de cabeça erguida, com um sorriso na face e um cântico de vitória nos lábios.
Nossa esperança está viva e atuante. Esperança
que é segurança, certeza, Jesus Cristo.
Conclusão – Vivamos sempre nos lembrando de que servimos ao Cristo vivo, eternamente vivo.
DCC
• Domingo, 8 de abril de 2012•
ESTUDO 2
A igreja de Cristo
e o consumismo
Oliver Costa Goiano
O consumismo tem sido uma das marcas, talvez a maior delas, da sociedade contemporânea, e influencia também as famílias
cristãs e as igrejas. Os meios de comunicação
se encarregam de transmitir esta mensagem
satânica do apelo ao consumismo da maneira mais explícita e desimpedida possível. O
consumismo tem influenciado as igrejas, que
podem estar se esquecendo das palavras de
Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores... Não podeis servir a Deus e às riquezas”
(Mt 6.24). É preciso refletir biblicamente
para combater o consumismo. O texto de
Hebreus 13.5,6 ensina como combatê-lo.
1. Precisamos ser livres do amor ao
dinheiro – O autor da Carta aos Hebreus
inicia o versículo 5 orientando os crentes sobre o desapego aos bens materiais e
mais, explicitamente, ao dinheiro. O amor
ao dinheiro se chama avareza. Por isso, é
que outra versão registra: “Sejam, vossos
costumes sem avareza”. A primeira atitude do crente para vencer o consumismo é
o desapego ao dinheiro. Desapegar-se do
dinheiro não é deixar de trabalhar para
ganhá-lo, porque ele é necessário para a satisfação das necessidades da vida humana.
Desapegar-se do dinheiro é não ser dominado por ele.
Em Gênesis 1.25, lê-se que o homem
foi criado para dominar sobre todas as
coisas. Entretanto, o que se vê é que os homens, incluindo muitos crentes, em vez de
dominar, são dominados pelas coisas.
As pessoas dominadas pelo dinheiro são
facilmente reconhecidas. São aquelas que
para se sentirem bem precisam fazer compras
constantemente e, por isso, se envolvem em
problemas de cheques especiais e cartões de
crédito. O pecado não está no dinheiro, mas
na má administração dele. Esse era o problema do moço de qualidade; ele não dominava
o dinheiro, porém, o dinheiro o dominava,
o dinheiro era o deus dele (Mt 19.16-24).
Quantos crentes sofrem deste mal? As igrejas
estão cheias de crentes humildes, que moram
em casas humildes e em lugares humildes.
Todavia, o que surpreende é o que existe de
aparelhos eletrônicos na casa desses crentes.
Há crentes que investem mais nesses aparelhos do que em comida e saúde.
2. É preciso disciplina, para não se gastar mais do que se ganha – Adquirir bens é
bom, porém, deve acontecer dentro de um
planejamento financeiro. Por isso, gaste somente o que ganha.
Conclusão – Não seja dominado pelo
dinheiro. Compre somente o necessário.
Não gaste mais do que você ganha. Paulo
já dizia: “O amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males” (1Tm 6.10).
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 37
DCC
• Domingo, 15 de abril de 2012•
ESTUDO 3
Capacidade para
ensinar a Bíblia
Jairo Lucas Calixto de Oliveira
Neste domingo e no próximo estaremos
estudando sobre o ensino da Bíblia. Nestes
dois estudos buscaremos apontar o que é ensinar a Bíblia, a relevância da Bíblia e como
devemos ensinar a Bíblia.
1. O que é ensinar a Bíblia – Todo aquele
que pretende ajudar outras pessoas a conhecerem a Bíblia terá que recorrer, conscientemente
ou não, a certas técnicas pedagógicas. Não é
possível ensinar o que quer que seja sem que se
faça uso da pedagogia. Aquele que ensina, primeiro precisa compreender a essência e o significado daquilo que vai ensinar. A função de um
professor é muito mais do que ajudar a decorar.
A preocupação fundamental do educador
cristão não deve ser a quantidade de versículos
que o seu aluno já conseguiu memorizar nem
a habilidade com a qual ele pode manusear sua
Bíblia. Ainda que estas coisas tenham a sua importância, elas não são essenciais.
Engana-se, igualmente, quem pensa que
ensinar é simplesmente transmitir conhecimentos. Para ser eficiente, o processo de
ensino-aprendizagem precisa ser mais do
que a mera transferência de informações. Isto
deforma o aluno à medida que tende a fazer
dele um mero repetidor de conceitos.
A educação cristã deve ser concebida
como uma atividade provocativa. Em vez de
ajudar a pessoa a decorar conceitos ou versículos ou simplesmente transmitir informações,
38 • PALAVRA E VIDA
o professor precisa estimular seus alunos a
criarem as condições para tornar a Bíblia relevante para suas vidas.
2. A relevância da Bíblia – Nós atribuímos valor às coisas com as quais mantemos
afinidade; aquelas coisas que de alguma maneira despertam o nosso desejo ou respondem às nossas necessidades. Para que a Bíblia
seja relevante para alguém é necessário que
tal pessoa tenha o seu desejo voltado para a
Bíblia. Essa pessoa precisa descobrir que a
Bíblia tem respostas válidas para as suas necessidades, pois isto é que despertará o seu
desejo de conhecer as Escrituras. Isto não é
decorrente de um decreto, nem da força do
hábito de ler, nem da possibilidade de repetição de versículos decorados.
O professor é a pessoa que pode despertar
em seus alunos o desejo de se aproximarem
cada vez mais da Bíblia e de sentirem necessidade de se apropriar de seus ensinos. Mas o
professor, se não for capacitado e habilidoso em
sua tarefa, poderá provocar justamente o efeito
contrário. Pode ocorrer que o aluno se distancie
da Bíblia em virtude de não conseguir perceber
sua veracidade e a importância de seu conteúdo para sua vida, porque tal conteúdo lhe foi
apresentado sem confiança e de modo confuso
e contraditório. O professor precisa, portanto,
manifestar sua fé em que a Bíblia é, realmente, a
Palavra de Deus.
DCC
• Domingo, 22 de abril de 2012•
ESTUDO 4
Como ensinar a Bíblia
Jairo Lucas Calixto de Oliveira
Não há uma receita infalível para que
o ensino da Bíblia seja um sucesso, mas há
alguns princípios que não podem ser esquecidos pelo professor que deseja ensinar
a Bíblia com eficiência. Eis alguns.
1. Ampliar seu conhecimento – Além da
leitura da Bíblia e da oração que são, evidentemente, fundamentais, o professor que deseja
ser eficiente em seu trabalho cristão de ensinar
precisa ampliar seus conhecimentos gerais.
Um bom professor da Bíblia é alguém
capaz de ler o texto, entender o que ele está
dizendo e encontrar o sentido do que lê na
Bíblia para o tempo em que estamos vivendo, ou seja, não há ensino da Bíblia sem interpretação do texto bíblico. Ocorre que,
para conseguir uma boa interpretação, o
professor precisa conhecer bem dois mundos: o mundo em que a Bíblia foi escrita,
para ter certeza de entender o que o escritor bíblico queria dizer quando escreveu.
Precisa, também, conhecer o mundo de
hoje, para ser capaz de fazer com que o texto atenda às necessidades de seus alunos.
2. O mundo bíblico – Para conhecer o
mundo, da Bíblia, é preciso recorrer a livros apropriados como livros sobre arqueologia bíblica, geografia bíblica, história
bíblica, sociologia bíblica, mapas bíblicos
e comentários bíblicos. O professor precisa manter permanente curiosidade em
relação à Bíblia e aos assuntos a ela relacio-
nados. O professor não pode ter preguiça
de aprender e nem deixar de pesquisar.
3. O mundo de hoje – Para que saibamos
identificar os problemas de nosso tempo, para
os quais buscamos respostas na Bíblia, o professor não pode deixar de ler jornais e revistas
e de procurar obter informações pelos outros
modernos meios de comunicação, como
televisão, rádio e internet. Conhecendo o
mundo, sabendo quais as suas características,
tendências, problemas, angústias e perigos, o
professor estará melhor preparado para ir direto aos problemas e ajudar os alunos a encontrarem as melhores respostas para suas vidas.
4. É preciso ouvir os alunos – O professor da Palavra de Deus, além de estudar assuntos pertinentes à Bíblia e assuntos pertinentes às características do mundo de hoje,
com seus grandes problemas, angústias,
perigos e tentações, precisa dialogar com
os alunos. Precisa ouvi-los porque somente
assim poderá saber o que se passa em seus
corações e quais as suas reais dificuldades.
Conclusão – O professor, que deseja ser
eficiente, precisa estudar; precisa ler livros sobre a Bíblia que o ajudem a entender os textos; precisa estar em dia com as notícias de
seu país e do mundo; precisa conhecer seus
alunos. Tudo isto, além da leitura constante
da Bíblia. Há de orar sem cessar e há de, constantemente, estudar.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 39
DCC
• Domingo, 29 de abril de 2012•
ESTUDO 5
Casamento saudável
Construção permanente (I)
Remy Damasceno Lopes
Quem nunca sonhou em viver um grande
amor, em casar-se com uma pessoa amiga e de
viver uma vida conjugal alegre, de ter um relacionamento feliz? Acontece que no momento de se
tentar essa felicidade, esbarra-se com uma realidade diferente do sonho. Quando você pensa no
casamento, estabelece padrões ideais?
1. O que é ideal pode ser destrutivo – Nós
somos pessoas com características próprias,
possuímos aspectos agradáveis e desagradáveis
e, como Paulo, enfrentamos inclinações da
carne (Rm 7.7-25). Temos dificuldade em ser
fiéis a Deus e de manter um relacionamento
conforme os propósitos ideais estabelecidos
no sonho. Essa realidade é vivida por ambas as
pessoas que se casam. Por isso, exigir um relacionamento ideal é ilógico e incoerente.
Há pessoas que criam normas sobre como
deve ser o casal, que estabelecem metas e regras a serem cumpridas e nutrem esperança
de verem todos seus desejos satisfeitos. E,
com esta maneira de pensar, fazem comparações: mulheres reclamam que o marido não é
atencioso com as questões domésticas como
era seu pai; maridos reclamam que esposas
não lhe dão atenção, como fazia sua mãe etc.
Vive-se, às vezes, como se houvesse obrigação
de cumprir percursos ou modelos preestabelecidos a direcionar a vida. Podemos extrair da
Bíblia preceitos gerais como amor conjugal,
fidelidade, compromisso, respeito às necessi40 • PALAVRA E VIDA
dades sexuais etc., mas não regras específicas
de comportamento. A frustração e a crise são
consequências inevitáveis, pois não há como
encaixar modelos em realidades distintas.
Não há como construir um casamento
saudável sem romper com os ideais alimentados com carinho, mas sem nenhuma coerência, fundamentados, muitas vezes, em
noções infantis, sem vinculação com a Bíblia
ou com a realidade da vida. Não é fácil abandonar sonhos, nem romper com modelos.
2. Casamento não é solução de problemas – Não é tão difícil encontrar pessoas que
depositam no casamento a possibilidade de
realização de um viver pleno. Torna-se a libertação de um lar problemático, a possibilidade
de se experimentar um amor romântico ideal,
provar que há possibilidade de se construir
um casamento melhor que o de outros.
Deposita-se uma expectativa excessiva sobre
os benefícios que uma relação conjugal pode
propiciar, como se a vida repetisse os contos de
fada onde o final entre os casais é a felicidade
para sempre. O sonho de viver longe de problemas. A alegria de viver em paz, em amor,
não é o cônjuge que dá; é fruto do Espírito (Gl
5.22,23). Esta é uma mudança pessoal. Exigir
ou alimentar a esperança de que seu esposo ou
sua esposa consiga suprir suas carências pessoais é tolice. Só você, em sua relação com Deus,
é quem pode fazer isto.
DCC
• Domingo, 6 de maio de 2012•
ESTUDO 6
Casamento saudável
Construção permanente (II)
Remy Damasceno Lopes
Continuamos nossas considerações sobre
este assunto, iniciadas no domingo anterior.
Imaginar que o casamento há de ser um conto
de fadas e estabelecer ideais inalcançáveis podem ser entraves na construção do casamento
saudável; também pensar que o casamento
será a solução de problemas pessoais é outro
equívoco, portanto, outro entrave.
de pessoas em estado de pobreza extrema e de
doenças nós não possamos ser atingidos por
problemas. Temos que olhar os fatos com serenidade e realismo, entregando-nos ao amor
soberano de Deus. Devemos nos esforçar para
superar os problemas, mas temos que encarar
que, mesmo nossos sonhos sendo legítimos,
podem não ser realizados.
1. Há sonhos legítimos que não se realizam – Há sonhos plenamente legítimos que
não se realizam. São sonhos que não resultam
de invejas, expectativas incoerentes, imposição de modelos mas, a despeito de serem legítimos, podem não se realizar. Há casais que
sofrem por serem estéreis, porque não possuem um razoável padrão social e financeiro,
por terem de morar na casa de familiares, por
precisarem viver muito tempo um afastado do
outro, por motivo de emprego etc. A vida tem
várias tristezas. Deus nos avisa sobre isto em
João 16.33. É claro que Deus pode dar uma
reviravolta completa e solucionar essas dificuldades, mas nem sempre ele o faz. Em sua
soberania, amor e sabedoria, o Senhor, muitas
vezes, decide contrariamente ao que desejamos. Alimentamos a esperança de que seremos salvos da consequência do pecado não
somente com respeito à salvação eterna mas,
também, da vida cotidiana aqui e agora. Não
há por que pensar que num país com milhões
2. Necessidade do diálogo – O reconhecimento de que somos pessoas que possuem
sonhos, desejos e incoerências, bem como
nossos cônjuges, é fundamental para o estabelecimento de um casamento saudável. Não
precisamos ter vergonha de sermos falhos,
ainda mais diante da pessoa que amamos.
Faz-se necessário conversar e até mesmo discutir sobre as exigências que fazemos um ao
outro e como está sendo conduzido o casamento. Se não houver diálogo, cada um procurará conduzir o casamento na direção que
mais lhe aprouver, e isto sempre será ruim.
Temos que reconhecer a dificuldade de
enfrentar nossos problemas conjugais de expor nossas fraquezas e desejos. Quase nunca
perguntamos ao outro se gosta do que fazemos e se está satisfeito ou não com algum
aspecto do casamento, mas este é o único
caminho para construção de um casamento
saudável. Só assim o casamento pode proporcionar a felicidade, na dependência de Deus.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 41
DCC
• Domingo, 13 de maio de 2012•
ESTUDO 7
Capacitação da família (I)
Isabelle Ludovico da Silva
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso
A família é o principal contexto de aprendizagem, pois é nela que os valores e modelos
são assimilados desde a mais tenra infância. É
um sistema interacional provido de uma estrutura hierarquicamente organizada, com o fim
de assegurar a continuidade e o crescimento
de seus membros. Por isso, a família precisa
encontrar o equilíbrio entre duas funções, aparentemente, contraditórias, a de manter a família unida e a de promover sua evolução. Daí a
necessidade da capacitação da família.
1. Ambiente fundamental de construção da felicidade – Para se desenvolver de
forma saudável, a pessoa precisa de cuidados especiais. A função materna, assumida
pela mãe biológica ou por uma figura substituta, inclusive o pai, se inicia com a construção de um vínculo afetivo que permite à
pessoa se sentir acolhida e parte integrante
da família. Maternidade diz respeito também à capacidade de nutrição física e emocional, bem como à organização das necessidades básicas. A função paterna, por sua
vez, garante limite, proteção e direção. O
casal, ainda, transmite à criança padrões de
relacionamento quanto à sexualidade, afetividade e companheirismo. Por meio dessa herança, o ser humano vai construindo
sua identidade e aprende a se relacionar. As
falhas e ambiguidades no desempenho das
funções materna e paterna e de casal geram
carências que precisam ser supridas.
42 • PALAVRA E VIDA
2. Identificando possíveis problemas –
As relações se desenvolvem dentro de regras
que determinam a maneira de agir de seus
membros e o papel de cada um. A família se
adapta às mudanças internas e externas, de
acordo com os padrões de interação desenvolvidos até então. Se estes modelos de relacionamentos forem inadequados para lidar
com o desafio presente, a família entra em
crise, que é facilmente identificada por um
sintoma condensado num de seus membros.
O sintoma tem a dupla função de denunciar
o problema e manter a situação.
Trata-se de um distúrbio emocional ou
comportamental que precisa ser compreendido como resultado de uma disfunção da
família como um todo. O grande equívoco
da família é focalizar o sintoma como sendo a
causa de seu mal-estar, em vez de perceber que é
apenas a consequência de uma crise do sistema
familiar. Tentar eliminar o sintoma sem enxergar suas raízes não resolve o impasse, apenas
contribui para estigmatizar o membro afetado
mais diretamente, que se torna a lata de lixo ou
o bode expiatório da família. A terapia familiar
sistêmica o chama de “paciente identificado”,
pois ele se torna porta-voz e depositário da patologia da família. Quando os problemas não
são verbalizados e encarados, a família tende a
parar de crescer. Ela não percebe que esta crise
é, justamente, a oportunidade de aprimorar as
relações entre os seus membros e promover o
crescimento de cada um deles.
DCC
• Domingo, 20 de maio de 2012•
ESTUDO 8
Capacitação da família (II)
Isabelle Ludovico da Silva
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso
No domingo passado estudamos dois
aspectos deste assunto: 1) a família como o
ambiente fundamental de construção da felicidade, destacando as funções da maternidade e paternidade como responsáveis pela
construção da identidade e aprendizagem
dos filhos; 2) a necessidade de identificar os
possíveis problemas que podem afetar as regras que determinam a maneira de agir dos
membros da família, como oportunidade
de aprimorar as relações entre os seus membros e promover o crescimento de cada um
deles. Agora, damos continuação a tão relevante assunto para as famílias cristãs.
1. Novas identidades familiares – Além
das crises decorrentes do ciclo evolutivo, os
papéis tradicionais de homem e mulher estão sendo questionados com grandes repercussões para o exercício da paternidade e da
maternidade. Sustentar a casa já não é exclusividade do homem nem educar os filhos, da
mulher. Ambos estão compartilhando essas
responsabilidades como um novo desafio,
no qual os pontos de atrito são multiplicados
até encontrarem um equilíbrio específico e
válido apenas para o momento presente. Se
as mulheres conquistaram novos espaços,
os homens muitas vezes se sentem acuados
e fragilizados. Então, eles se isolam e se omitem, deixando o espaço vazio para a mulher
assumir. Em consequência disso, as estatísticas
apontam um aumento de famílias matriarcais,
monoparentais dentre outras. A perda de autoridade do homem tende a gerar um aumento do autoritarismo e da violência física.
2. Apontando um caminho – Comunicação clara, fronteiras nítidas e flexíveis, hierarquia correta, união e diferenciação são
algumas condições para a construção de
famílias saudáveis. A terapia familiar sistêmica visa mobilizar os recursos da família
para enfrentar as crises e prevenir outros
conflitos, à medida que produz mudanças
significativas no sistema, contribuindo para
aprimorar as relações entre os membros e
no interior dos vários subsistemas. Assim, a
abordagem familiar propicia uma melhora
na qualidade de vida em família, fortalecendo os vínculos e ampliando as estratégias
para a resolução dos conflitos.
Orientação para o uso dos estudos 7 e
8 – No final do estudo, o líder do grupo fará
bem em recapitular a matéria abrangendo,
também, a primeira parte, apresentada no
domingo passado, estimulando os unionistas a participarem com perguntas e sugestões
sobre atitudes que a igreja pode assumir visando a realizações objetivas que ajudem as
famílias da igreja a se capacitarem adequadamente para um melhor desempenho como
pais, mães e filhos. A igreja pode realizar
estudos mais amplos para os casais sobre o assunto. (Textos bíblicos em Efésios 5.22 a 6.4).
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 43
DCC
•Domingo, 27 de maio de 2012•
ESTUDO 9
Família e cidadania
Clemir Fernades Silva
As famílias cristãs têm o dever de educar seus filhos para o exercício da cidadania
fundada em preceitos ensinados na Palavra
de Deus. Para que os pais possam educar
seus filhos para o exercício da cidadania, eles
próprios precisam, primeiro, ser bons cidadãos, como exemplos, não somente quando
atuam em defesa de direitos mas, também,
no reconhecimento dos deveres para com o
próximo e com a sociedade como um todo.
1. Que é cidadania? – É uma situação social do indivíduo que envolve três tipos de direitos e deveres em relação à sociedade de que
faz parte: 1) Direitos e deveres civis: incluem
a livre expressão, o direito de informação, de
reunião, organização e locomoção (ir e vir). A
cada direito de uma pessoa corresponde um
dever em relação às outras pessoas; 2) Direitos
e deveres políticos: incluem o direito de votar
e disputar cargos em eleições livres, e deveres
de exercer funções com justiça e honestidade;
3) Direitos sociais e econômicos: incluem o
direito ao bem-estar, à segurança, aos movimentos sindicais e ao emprego.
2. Como praticar os valores da cidadania? – Por que a cidadania em seus três aspectos não é acessível e igual para todos? As
razões fundamentais desse problema são as injustiças sociais, pois conferem igualdade jurídica num contexto de profunda desigualdade
econômica e social. Os cristãos podem exercer
influências construtivas nas associações que
trabalham por transformações sociais.
44 • PALAVRA E VIDA
Quanto à cidadania política, os direitos
e deveres estão assegurados na Constituição.
Como cristãos temos o dever de votar e o
direito de nos candidatar a cargos políticos.
Quanto a votar, devemos fazê-lo conscientemente, sem aceitar coação e procurando
conhecer o perfil moral e a capacitação dos
candidatos para os cargos aos quais se candidatam. Precisamos, também, cobrar dos
políticos, que são eleitos, que exerçam seus
mandatos com moralidade e real esforço em
promover o bem-estar da população. Em
contrapartida, é dever de todos os cidadãos,
particularmente cristãos, darem exemplo
dessa moralidade em todos os seus procedimentos, e de respeito às leis e autoridades
constituídas. Quanto aos direitos sociais
e econômicos, são os mais desrespeitados.
A realidade de nosso país é que dezenas de
milhões de pessoas vivem na miséria. Não
alcançam educação e com isto lhes faltam
empregos e caem em exclusão social.
Conclusão – Ser cidadão é procurar construir a realidade em vez de somente consumi-la, como mero expectador. É tempo de atuação
motivado pelos valores do reino de Deus, para
construir um mundo mais justo e saudável para
todos. Para que todos sejam, de fato, cidadãos.
Ser cidadão do mundo é viver a plenitude
da vida social, humana, material e intelectual,
em consonância com o caráter de Deus revelado em Jesus Cristo, conforme os preceitos das
Escrituras.
DCC
• Domingo, 3 de junho de 2012•
ESTUDO 10
Igreja: sua
identidade e missão (I)
Clemir Fernades Silva
Toda instituição tem uma identidade
e se esforça por deixá-la bem clara perante
a sociedade. Que imagem as pessoas fazem
quando se fala em igreja hoje? Qual a verdadeira identidade da igreja? O que podemos
fazer para resgatar a identidade da igreja,
caso percebamos que ela enfrenta desgastes?
Consideramos, neste estudo, quatro características que identificam a instituição igreja.
1. A igreja é uma instituição fundada
em Jesus e por Jesus – É formada por seres
humanos, porém, fundada por Jesus Cristo, sobre sua doutrina. Ele é o fundamento
e a cabeça da igreja. Por essas razões, a igreja tem caminhado vitoriosa, apesar de todos os problemas enfrentados ao longo da
história e de ter sofrido revezes. Sua vitória
é garantida pela promessa de Jesus Cristo:
“As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). A ação da igreja é agressiva. Ela investe sobre o inferno e sua vitória
é certa, porque Jesus Cristo venceu todos os
poderes da morte e do mal.
2. Corpo de Cristo, para proclamar a
salvação – Esta é a segunda característica
de identificação da igreja. Ela não é meramente uma comunidade; é o corpo de Cristo com a missão prioritária de evangelizar o
mundo. Enquanto o mundo caído e corrupto encaminha as pessoas para a destruição
por meio das drogas, da violência, do crime,
do alcoolismo, da prostituição, da sexualidade fora dos padrões divinos, da corrupção e
idolatria, a igreja proclama a mensagem da
redenção e salvação que Cristo oferece graciosamente a todas as pessoas que se arrependam de seus pecados e creiam em Jesus.
3. Corpo de Cristo para adoração – O
louvor e toda a adoração são marcas distintivas da igreja de Cristo. O cristianismo é
a única religião mundial que desenvolveu
sistematicamente o louvor congregacional
e coral por meio das igrejas. Segundo a
trajetória do povo de Deus desde o Antigo Testamento (leia o livro de Salmos), a
igreja aprofundou essa caminhada, sendo
identificada, também, como uma comunidade adoradora. A igreja precisa ampliar
a qualidade de sua adoração. Apesar da
cultura de músicas de consumo de nossos
dias e da superficialidade musical em geral,
e até de mau gosto que domina nosso país e
influencia o estilo de louvor da igreja, precisamos superar essa fase de mediocridade
e aprimorar nossa atividade adoradora.
Conclusão – Anunciar a salvação, anunciar
a esperança, é a missão que o próprio Senhor Jesus nos deu, conforme Mateus 28.18-20. Isto
é tarefa de cada um de seus servos, individualmente, e da igreja como corpo de Cristo.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 45
DCC
• Domingo, 10 de junho de 2012•
ESTUDO 11
Igreja: sua
identidade e missão (II)
Clemir Fernades Silva
Vimos no estudo anterior que a identidade da igreja é constituída a partir de
sua natureza divina e de seus propósitos de
missão. Veremos agora que uma igreja é cada
vez mais autenticamente apostólica e neotestamentária à medida que sua atuação estiver
vinculada ao modelo de ministério de Jesus.
1. Corpo de Cristo para educar – A
missão de Jesus consistiu, em grande parte,
no ensino das verdades fundamentais do
evangelho, conduzindo as pessoas a se reconciliarem com Deus e alcançarem a vida
eterna. O ensino é, especificamente, mencionado em seu ministério em Mateus 9.35.
Cristo vivia ensinando. No grande Sermão
do Monte, o que Jesus fez foi ensinar: “...e
ele se pôs a ensiná-los” (Mt 5.1,2). Após a
sua ressurreição, no episódio da ascensão,
ele deu a ordem suprema a seus discípulos,
que é conhecida entre nós como a grande
comissão: “Portanto, ide, fazei discípulos
de todas as nações... ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19,20). Uma igreja que deseja
ser identificada como realmente cristã deverá se dedicar ao ensino da Palavra de Deus.
Foi o que fizeram os primeiros crentes, conforme Lucas nos informa em Atos 5.42: “E
todos os dias, no templo e de casa em casa,
não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus o Cristo”.
46 • PALAVRA E VIDA
2. Corpo de Cristo para celebrar as
ordenanças – No decorrer de seu ministério, Jesus instituiu para as suas igrejas o
batismo e a ceia.
O batismo marca a entrada da pessoa
para a igreja. Entre os cristãos primitivos,
era realizado imediatamente após a conversão de uma pessoa, como ocorreu com
os 3 mil convertidos no dia de Pentecostes,
depois com os 5 mil, no caso do eunuco
etíope, por Filipe e no do carcereiro de Filipos. Ao obedecer a esta ordenança, a pessoa
demonstra ter agora nova natureza e que
passou da morte para a vida (Rm 6.23). As
igrejas batistas, de modo geral, passaram a
batizar os convertidos não imediatamente, mas depois de algum tempo de estudos
doutrinários. A metodologia mudou, mas
o conteúdo, propósito e significado permanecem inalterados. A igreja que batiza
demonstra que é uma autêntica instituição
de Cristo, porque, para fazê-lo, ela precisa
se dedicar a ensinar e a levar pessoas à aceitação de Jesus Cristo.
A ceia é um memorial da morte de Jesus
Cristo. Lembra-nos a graça de Deus em ter
dado o Filho para nossa redenção. A ceia
é uma proclamação de Jesus e de sua mensagem de redenção. É para ser ministrada
coletivamente pela igreja como corpo de
Cristo, conforme as orientações contidas
em Coríntios 11.17-34.
DCC
• Domingo, 17 de junho de 2012•
ESTUDO 12
A volta gloriosa de Jesus
Élben M. Lentz Cesar
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso.
Em nenhuma passagem das Escrituras
encontramos a expressão “segunda vinda”.
Numa única passagem aparece uma expressão
parecida: “segunda vez” (Hb 9.28). Tal coisa,
porém, não enfraquece a esperança da chamada “segunda vinda”. Já que Jesus veio uma vez
e prometeu vir outra vez, não há nada errado
em chamar o segundo aparecimento de segunda vinda, ou também a expressão igualmente apropriada “a volta de Cristo”.
1. A promessa da volta esclarece profecias messiânicas do Antigo Testamento
– Na época, essas profecias eram totalmente
obscuras. Movidos pelo Espírito, os profetas
relacionavam a vinda do Messias ora com o
sofrimento ora com a glória (1Pe 1.10-12).
Isaías, por exemplo, diz que Jesus não teria
beleza e majestade, nem sequer aparência,
mas seria um homem de dores e experimentado no sofrimento, desprezado e rejeitado
(Is 53). Em outra passagem, garante que Jesus seria uma grande luz, quebraria o jugo, a
canga e a vara que oprimem o homem, seu
nome seria Maravilhoso Conselheiro, Deus
Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz e seu
domínio de paz sem fim seria estabelecido
para sempre (Is 9.1-7).
Na primeira vinda já realizada, Jesus se
esvaziou assumindo a forma humana e deu
a sua vida pelo pecado. Na segunda vinda,
não realizada ainda, Jesus virá em poder e
muita glória (Mt 24.30).
2. A volta de Jesus no Novo Testamento –
Sua promessa é de absoluta clareza (Jo 14.3;
Ap 22.20). No dia de sua ascensão, dois seres
sobrenaturais glorificados apareceram aos
apóstolos e lhes garantiram que “Este mesmo
Jesus... há de vir assim como para ao céu o vistes subir” (At 1.11). Graças a essas promessas,
Paulo podia afirmar com segurança: “Porque
o Senhor mesmo descerá do céu com grande
brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta
de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Ts 4.16). A segunda vinda
de Cristo será visível; será como o relâmpago
que sai do oriente e brilha até o ocidente (Mt
24.27). Jesus será visto em ambos os hemisférios (Mt 24.27, 30; Ap 1.7).
3. A volta será de surpresa – A segunda vinda será uma surpresa. Ela está na
agenda de Deus, mas ninguém, em tempo
algum, tem acesso a essa data, malgrado as
muitas tentativas que têm sido feitas. Foi
o próprio Jesus quem avisou que “somente o Pai sabe” (Mt 24.26). O Senhor virá
como o ladrão, quando menos se espera
(Mt 24.44; At 1.7; Ap 16.15).
Em Apocalipse 22.17 temos a expressão
do desejo do Espírito Santo e do povo de Deus:
“Ora, vem, Senhor Jesus”. Esse desejo se cumprirá. Aguardemos com fidelidade e consagração esse dia. Enquanto esperamos, espalhemos
por todo o mundo a Palavra de Deus para que
muitos outros possam participar dessa glória.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 47
DCC
• Domingo, 24 de junho de 2012•
ESTUDO 13
Lições de Deus
Há algum tempo circulou nas redes de diálogo pela “internet”, um documento intitulado
“lições de Deus”. Em geral, não damos muita atenção a tais documentos, pois desconhecendo
sua procedência e autenticidade, preferimos não dar muita atenção ao conteúdo. No entanto,
este que reproduzimos abaixo, com frases bastante interessantes em suas mensagens, trouxe-nos a ideia de uma dinâmica de grupo com discussões sobre as verdades contidas em cada
uma das frases. Vale a pena. Todas elas contêm expressões que devem levar-nos a pensar.
• Deus não escolhe pessoas capacitadas, ele capacita os escolhidos.
• Um com Deus é maioria.
• Se quiser ficar desanimado, olhe para
si; se quiser ficar decepcionado, olhe para
os homens; mas se quiser ser salvo, olhe
para Jesus.
• Você quer ajudar? Então se envolva
com quem precisa de ajuda.
• Quer fazer a diferença? Seja diferente.
• Quer ser usado por Deus? Esteja
disponível.
• Nunca ponha um ponto de interrogação onde Deus já colocou um ponto
final.
• Devemos orar sempre, não até
Deus nos ouvir, mas até que possamos
ouvir Deus.
• Deus não fala com pessoas apressadas e sem tempo.
• Com Jesus, jamais uma desgraça
será a última notícia.
• Moisés gastou 40 anos pensando
que era alguém; 40 anos aprendendo que
não era ninguém e 40 anos descobrindo
o que Deus pode fazer com um ninguém.
• Só terei tudo de Deus, quando ele
tiver tudo de mim.
48 • PALAVRA E VIDA
• Sou apenas um detalhe, mas com
Jesus, faço a diferença.
• A fé ri das impossibilidades.
• A fé não nasce com uma quantidade de fatos que uma pessoa ouve a respeito de Deus.
• Há pessoas que creem com um folheto apenas, enquanto outras irão para o
inferno conhecendo a Bíblia inteira.
• Nada está fora do alcance da oração,
exceto o que está fora da vontade de Deus.
• A mágoa olha para trás, a preocupação olha em volta, a fé olha para cima.
• O tempo é de longe mais valioso que
o dinheiro, porque o tempo é insubstituível.
• Não temas a pressão, lembre-se que é
ela que transforma o carvão em diamante.
• A Bíblia nos foi dada para nos dar
conhecimento e mudar nossa vida.
• O mais importante não é encontrar
a pessoa certa e, sim, ser a pessoa certa.
• Não confunda a vontade de Deus
com a permissão de Deus.
• Nem tudo o que acontece é da vontade de Deus, mas nada acontece sem
sua permissão.
• Não diga a Deus que você tem um
grande problema. Mas diga ao problema
que você tem um grande Deus.
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