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2º DOMINGO Tempo Comum
Foram ver onde Jesus morava
e permaneceram com ele
Ir. Florinda Dias Nunes, sjbp
Este segundo domingo do Tempo Comum, em continuidade com o Batismo de Jesus, traz João
Batista indicando o verdadeiro Cordeiro de Deus (Jo 1,35-42). O evangelista mostra a vocação dos
primeiros discípulos nascendo do testemunho do Batista. A partir do testemunho de outros, o grupo
dos colaboradores de Jesus vai crescendo. Neste evangelho podemos perceber como a experiência
partilhada faz com que outros se coloquem no seguimento de Jesus. A 1ª leitura (1Sm 3,3b-10.19),
em paralelo com a vocação dos discípulos, apresenta a vocação de Samuel; no Salmo (40/39,2.4ab.78a.8b-9.10) o sentido do chamado é fortalecido e, a 2ª leitura (1Cor 6,13c-15a.17-20) não está em
função das outras duas leituras. É uma leitura semicontínua das cartas do Novo Testamento.
Recebe sua temática de modo independente. Neste domingo fala da importância da liberdade, e não
da libertinagem. Nossa reflexão está pautada no texto do Evangelho.
Conteúdo e contexto
Jo 1,35-42 está no livro dos Sinais do IV Evangelho que inaugura da missão de Jesus. Ele é o
verdadeiro Cordeiro Pascal. João Batista o chama assim porque descobriu em Jesus o Cordeiro
Pascal (Ex 12) e o Servo Sofredor (Is 53), síntese das expectativas de libertação do passado que se
faz presente na pessoa de Jesus que passa.
Ao ouvirem isto os discípulos de João tomam corajosa decisão, dão pleno sentido a suas vidas,
se põem no seguimento e passam a ser testemunhas para outros. As primeiras palavras de Jesus
neste evangelho são: “O que estais procurando?” Nós também estamos sempre à procura de algo
ou de alguém. Como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. Ele testa nossa sede, perguntandonos o que procuramos. Esta pergunta, que aparece nos momentos cruciais do evangelho segundo
João, costuma se manifestar nas fases decisivas de nossa vida. “O que estamos procurando?”
Os discípulos respondem pelo desejo de comunhão: “Mestre, onde moras?” Não estão
interessados em teorias, querem criar laços de intimidade com o Mestre. Para tanto é preciso fazer
experiência: “Vinde ver!” (v. 39a). “Foram pois, ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram
com ele” (v. 39b). O verbo “permanecer” é muito importante em todo o IV Evangelho. Por ora os
discípulos permanecem com Jesus, mais adiante, Jesus dirá: “Permaneçam em mim” (cf. 15,5).
Permanecer com Jesus e com as pessoas é fácil. O difícil é permanecer nele e nas pessoas. Só aí é
que a comunhão será plena.
“Era por volta das quatro da tarde” (v. 30c). Simbolicamente falando, quatro horas da tarde é o
momento gostoso para o encontro, a hora das opções acertadas. Os discípulos fizeram uma ótima
escolha que gerará frutos.
O evangelista não está preocupado em descrever o chamado como nos evangelhos sinóticos, mas
ao dizer que André era um dos discípulos que fizeram a experiência das “quatro horas da tarde”
quer dizer que o ser humano está sedento desta experiência com o Mestre. André significa ser
humano. Ele fala no plural quando encontra Simão: “Encontramos o Messias”. O outro discípulo
fica no anonimato, podendo ser assumido pelos seguidores do Mestre.
Simão Pedro ao receber a notícia, sabe que se trata do Messias. Jesus pede a Simão Pedro que
encontre sua identidade: “'Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (v. 42). Para o povo
da Bíblia, o nome é a identidade da pessoa. Simão será, no evangelho segundo João, símbolo de
toda pessoa que busca identidade. Ele dará muitas cabeçadas ao longo desse evangelho (cf. caps 13 e
18), até se encontrar consigo mesmo, com sua missão e com Jesus (cf. 21,15-19).
Concluindo
Perguntemo-nos: a quantas andam nossa busca de seguimento? Já nos sentimos solidificados no
testemunho e na vivência de nossa fé? Ou ainda temos que nos debater, na busca de nossa
identidade cristã?
Deixemos que a experiência do estar com o Mestre nos conduza pelos caminhos da vida e, nos
dê serenidade e paz no exercício de nossa missão cristã de construtores de uma nova sociedade.
Referência:
Bíblias, algumas edições;
Mateus, Juan, Barreto, Juan. O evangelho de João, análise lingüística e comentário exegético.
Paulus, 1999, 106-114;
Bortolini, José. Como ler o evangelho de João, o caminho da vida. Paulus, 1994, 28-31;
Léon-dufour, Xavier. Leitura do evangelho segundo João I. Palavra de Deus. Loyola, 1996, 145159;
Vida Pastoral - janeiro-fevereiro, ano 56 - n. 301.
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