Movimento Brasil Competitivo - Sistema de Gestão da Qualidade

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o Brasil Competitivo - Sistema de Gestão da Qualidade, Competitividade e Prod
Euro forte faz empresas brasileiras tentarem ganhar mercado europeu
A fabricante gaúcha de calçados West Coast gastou recentemente um bom dinheiro com uma propaganda
na MTV, canal de televisão voltado para os jovens, que são seu público-alvo. Só que o anúncio não foi exibido no
Brasil, mas na distante Finlândia. Todo esse esforço foi feito para tentar conquistar uma pequena fatia do mercado
europeu, o sonho de nove entre dez empresas brasileiras. Vender para a Europa - qualquer tipo de produto, desde
calçados até autopeças - é chique. Ou seja, é sinônimo de sofisticação e qualidade. E, nos últimos meses, tornou-se
também um negócio bastante lucrativo.
Enquanto choravam as amarguras da valorização do real ante o dólar, que reduz a competitividade dos produtos
brasileiros, algumas empresas começaram a perceber uma boa oportunidade do outro lado do Oceano Atlântico. O
euro, moeda única de 25 países do continente europeu, valorizou-se 11,50% ante o dólar em 2006. Mesmo frente ao
real, que também se fortaleceu, o euro subiu 1,85% no período. Com variações cambiais desse tipo, é possível
transformar o câmbio de inimigo em aliado.
Cálculo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), feito a pedido do Valor, demonstra que a
rentabilidade das exportações brasileiras em dólares caiu 1,25% em outubro do ano passado comparado com
dezembro de 2005. Já a rentabilidade das vendas externas feitas em euro subiu 5% na mesma comparação. Em vez
de reduzir os preços para os consumidores europeus, os empresários brasileiros estão transformando esses resultados
em lucro, para compensar as perdas nas vendas para o resto do mundo. Com exceção da Europa, que também possui
uma moeda forte, as exportações brasileiras para os demais países são feitas em dólares.
Mas o impacto do euro valorizado para a economia real é reduzido, porque afeta as empresas de acordo com seu
modelo de negócio. Fabricante de têxteis ou calçados, empresas de giro mais rápido, gastam em marketing e se
sentem incentivados a abrir novas lojas. Empresas de produtos manufaturados com contratos de médio e longo prazo
comemoraram os resultados, mas preferem aguardar mais. Exportadores de commodities assistem à variação cambial
com leve indiferença, pois os preços de seus produtos são fixados em dólares nas bolsas internacionais. E as
commodities representam mais de metade das vendas do Brasil para a Europa.
"Apanhamos em dólar, mas ganhamos em euro. O mercado europeu traz excelentes resultados", diz Sérgio
Baccaro Junior, gerente de marketing da West Coast. Em 2003, a empresa gaúcha exportava 40% da produção. Esse
percentual caiu para 15% em 2005 devido à valorização do real. Em 2006, a empresa voltou a exportar 30% da
produção - metade para a Europa. Com o lucro extra obtido por conta do euro forte, a empresa está investindo em
marketing, como o anúncio na TV finlandesa. "Fazer propaganda na Europa é caro, mas compensa", diz o
executivo.
Há dois anos, a Marisol está investindo no mercado europeu. A empresa catarinense elegeu a marca infantil Lilica
Ripilica para promover no continente e abriu uma loja e um escritório em Milão, na Itália. Robson Amorim,
diretor-comercial da Marisol, diz que, para aumentar o investimento, optou por melhorar a lucratividade, em vez de
repassar o ganho cambial ao consumidor. A empresa vai abrir em parceria com franqueados mais duas lojas Lilica
Ripilica, uma em Madri e outro no Porto, em Portugal. Cerca de 500 lojas multimarcas já vendem os produtos da
Marisol na Península Ibérica. "Com o câmbio a favor, vamos seguir com os investimentos e exportar para o
Europa o máximo que for possível", diz Amorim.
Com contratos fechados com grandes montadoras européias, a fabricantes de autopeças Fupresa, localizada em
Indaiatuba, no interior de São Paulo, vê a situação com cautela. André Bevilácqua, controlador de custos e orçamento
da empresa, explica que a margem de lucro aumentou com o euro mais forte, mas não afetou nenhuma decisão da
companhia na hora de fechar negócio. "Quando valoriza o euro, batemos palma. Quando desvaloriza,
choramos", brinca Bevilácqua. "Mas não vejo como algo estável, que nos deixa confortáveis". A
Fupresa obtém 50% do faturamento com vendas para a Europa, principalmente Alemanha, Espanha e França.
Essa mudança na rentabilidade das empresas acontece por motivos totalmente alheios ao Brasil. O que dá as cartas
são as relações macroeconômicas e financeiras entre as duas maiores potências do planeta, Estados Unidos e União
Européia. O euro está se valorizando ante o dólar mais acentuadamente desde outubro, em um movimento que lembra
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um ciclo de alta semelhante que ocorreu em 2004.
O economista do Unibanco Darwin Dib explica que há um fator conjuntural e outro estrutural. O primeiro é a relação
entre as taxas de juros das duas regiões. O Banco Central Europeu subiu os juros para conter a inflação, enquanto os
juros dos EUA estão estáveis com tendência de queda. O fator estrutural é o déficit da balança comercial americana,
que provoca uma desvalorização do dólar, para aumentar a competitividade das exportações do país.
"É claro que quem exporta para a Europa fica numa posição melhor do que para os Estados Unidos com a
valorização do euro", diz Dib. Ele ressalta, porém, que, por enquanto, a magnitude das variações é expressiva
para o mercado financeiro, mas tem impacto reduzido na economia real. Além disso, nem todos conseguem aproveitar
os benefícios do câmbio. A concorrência é forte no mercado europeu, principalmente da China.
De janeiro a novembro, as exportações do Brasil para a União Européia cresceram apenas 11,4%, bem abaixo da alta
de 25% das vendas totais. A participação do bloco nas vendas do Brasil no exterior caiu de 24,8% para 22%. Pode
parecer um contra-senso que isso ocorra em um período de câmbio favorável. A explicação é que as commodities, que
dominam a pauta de exportação para a Europa, praticamente não sentem os efeitos do euro valorizado, que impacta
mais os produtos manufaturados.
Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, que exporta celulose, diz que sua empresa não ganha nada com o euro
forte, apesar de direcionar mais de 65% das exportações para a Europa. Ele explica que o preço da celulose é definido
em dólares nas bolsas internacionais com base na oferta e demanda mundial do produto. Além disso, os contratos de
exportações para a Europa também são fechados em dólares. "A concorrência com os Estados Unidos, que são o
maior produtor mundial, também é muito forte", diz Amoroso. A valorização do euro é um sopro de alívio para
algumas empresas, mas, na visão dos empresários, só uma mudança no nível do dólar pode resolver o
problema.  
Fonte: Valor Econômico
Assessoria de Comunicação MBC
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