BRINQUEDOTECA: ESPAÇO PRIVILEGIADO PARA O

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BRINQUEDOTECA: ESPAÇO PRIVILEGIADO PARA O BRINCAR.
Deize Maria Auxiliadora 1
Resumo
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo, qualitativa, com o
propósito de verificar a importância da Brinquedoteca no ambiente escolar como espaço
mediador de aprendizagens. Considera-se a Brinquedoteca no âmbito educacional, como
espaço voltado às brincadeiras, com função lúdica não diretiva e não interventiva da ação
docente, objetivando nesta, possibilitar inúmeras vivências e experiências para desenvolver
as potencialidades do educando. Assim a pesquisa foi de caráter bibliográfico em que por
meio de revisão de textos de diferentes autores pode-se coletar dados, conceitos e ideias
acerca da ludicidade e da brinquedoteca especificamente. À medida que a criança interage
com os objetos e com outras pessoas, construirá relações e conhecimentos a respeito do
mundo em que vive. A Brinquedoteca não existe para distrair as crianças. Sua missão é
bem maior, onde se reporta à formação do ser humano integral e aos vários períodos da
vida que ele atravessa. Ela desenvolve os seguintes objetivos, entre outro, estimula o
desenvolvimento de uma vida interior enriquecendo a capacidade de concentração.
Palavras–Chave : Brinacadeira; Eduacação; Brinquedoteca; Brinquedo.
RESUMEN
Este estudio se caracteriza como una investigación de campo, cualitativa, con el fin de
verificar la importancia de la ludoteca en el entorno escolar como mediador de espacio de
aprendizaje. Se considera una ludoteca en el campo de la educación, ya que el espacio de
nuevo a jugar con la función lúdica ninguna política, y sin la intervención de la actividad
docente, con el objetivo presente, lo que permite un sinnúmero de experiencias y
experiencias para desarrollar el potencial del estudiante. Así que la búsqueda bibliográfica
fue que mediante la revisión de textos de diferentes autores pueden recopilar datos,
conceptos e ideas sobre el juego y la ludoteca específicamente. A medida que el niño
interactúa con los objetos y con los demás, establecer relaciones y conocimientos sobre el
mundo en que vive. La ludoteca allí para entretener a los niños. Su misión es mucho más
alta, que se refiere a la formación de todo el ser humano y los diversos períodos de la vida
que pasa. Desarrolla los siguientes objetivos, entre otros, hacen necesario el desarrollo de
una vida interior enriquecer la capacidad de concentración.
Palabras Clave : Jugar; La Educación; Ludoteca; Juguete.
INTRODUÇÃO
No Brasil, por volta dos anos 80, começaram a surgir estes espaços.
Enfrentou dificuldades para sobreviver economicamente e como instituição
1
Pedagoga formada em Pedagogia pela UNIMAR – Universidade de Marília, pós-graduada em Educação Infantil
pela FAUC – Faculdade Cuiabá. Email: [email protected]
reconhecida e valorizada a nível educacional. Esse espaço foi criado com o objetivo
de proporcionar estímulos para a criança brincar livremente. Dentro do contexto
social brasileiro, a oportunidade do brincar assumiu através desses espaços,
características próprias, voltadas para a necessidade de melhor atender as crianças
brasileiras. Como consequência desse fato, seu papel dentro do campo da
educação cresceu e atualmente pode-se afirmar com segurança que é um agente de
mudança do ponto de vista educacional.
A Brinquedoteca além de oferecer atividades lúdicas, também influência
definitivamente na formação e desenvolvimento do educando, sendo um local que
representa não só um “depósito ou cantinho” de brinquedos, mas sim, espaço para
estimulação e desenvolvimento integral do ser humano.
No ambiente da Brinquedoteca, o brincar supre algumas necessidades da
criança, tais como: expressar, participar, transformar, desenvolver, aprender e atuar
com subjetividade no cotidiano escolar, na sociedade e na sua cultura.
Diante deste propósito, torna-se primordial refletir sobre a importância da
Brinquedoteca no ambiente escolar como espaço mediador de aprendizagens,
considerando-a no âmbito educacional, como local voltado para brincadeiras lúdicas,
sob a função não diretiva e desprovida das intervenções do professor.
Num sentido mais amplo, ao estimular e desenvolver habilidades e
aprendizagens na infância por meio do brincar, aperfeiçoa-se todas as dimensões e
aspectos humanos, tornando-o sujeito de sua própria ação. A linguagem e a
socialização proporcionadas pelo ato de brincar conduzem ao reconhecimento de
sua realidade.
A Brinquedoteca não existe para distrair as crianças. Sua missão é bem
maior, onde se reporta à formação do ser humano integral e aos vários períodos da
vida que ele atravessa. Ela desenvolve os seguintes objetivos, entre outro, estimula
o desenvolvimento de uma vida interior enriquecendo a capacidade de
concentração, estimula a operatividade, favorece o equilíbrio emocional, desenvolve
a inteligência, a criatividade e a sociabilidade, valoriza os sentimentos afetivos e
cultiva a sensibilidade:
Brincando a criança aprende a se colocar na perspectiva do outro e a
representar papéis do mundo adulto que irá desempenhar mais tarde, bem como
desenvolver capacidades físicas, verbais e intelectuais. (EMERIQUE, 2005, p.07).
Baseado na fala do autor, fortalecer a criança é também fortalecer o adulto,
que, ao conseguir preservá-la saudável dentro de si torna-se um ser humano mais
íntegro, capaz de amar e usufruir a vida em sua plenitude, pois o seu lado criança
representa a sua alma, a sua possibilidade de encantamento.
Nesse contexto entra a ludicidade, que pode contribuir de forma significativa
para o desenvolvimento do ser humano, facilitando no processo de socialização, de
comunicação, de expressão, na construção do pensamento, além de auxiliar na
aprendizagem.
Vygostsky atribui importante papel do ato de brincar na constituição do
pensamento infantil. Segundo ele, através da brincadeira o educando reproduz o
discurso externo e o internaliza, construindo seu pensamento.
"A brincadeira e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações
com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação
de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança
comportamento além dos habituais. Nos jogos e brincadeiras a criança age
como se fosse maior que a realidade, é isto inegavelmente contribui de
forma intensa e especial para o seu desenvolvimento. (QUEIROS,
MARTINS apud VYGOSTSKY, 2002, p.6.)
Os alunos de hoje desejam uma educação prazerosa e significativa. Sendo
muitas vezes mais interessantes para eles ficarem sentados horas a frente da
televisão, do videogame e do computador. Com isso, trazem para sala de aula essa
frustração e a desmotivação.
Como o eixo epistemológico do construtivismo defende a aprendizagem
dinâmica e prazerosa, desta forma porque não aproveitar as atividades lúdicas como
ferramenta de aprendizagem.
Winnicott (2008) enfatiza a importância de brincar e de criar para a criança,
principalmente nos primeiros anos de vida na construção da identidade pessoal.
Para ele a escola tem por obrigação ajudar a criança completar a transição do modo
mais agradável possível, respeitando o direito de devanear, imaginar, brincar.
Para muitos o brincar é tido como mero passatempo, mas são atividades
fundamentais para a construção de conhecimentos sobre o mundo.
O lúdico é uma linguagem natural da criança, por isso torna-se importante sua
presença na escola desde a educação infantil.
Através da brincadeira as crianças recriam, repensam, imitam, experimentam
os acontecimentos que lhes deram origem. Favorecendo a autoestima, auxiliando no
processo de interação com si mesmo e com o outro, desenvolvem a imaginação, a
criatividade, a capacidade motora e o raciocínio.
Segundo Chateau (1987) não é possível que se pense em infância sem
pensar em brincadeiras e o prazer que as acompanham. Uma criança que em sua
infância é privada do brincar, futuramente poderá se tornar um adulto com
dificuldades para pensar (CHATEAU, 1987).
Como o sentido da vida de uma criança é o brincar, as brincadeiras e os jogos
podem e devem ser utilizados como ferramenta importante na educação.
Seria um equívoco dizer que o lúdico na aprendizagem por si só irá sanar os
problemas de aprendizagem, emocionais e de mau comportamento na educação, a
intenção é mostrar que é um meio de auxiliar a aprendizagem, servindo como
subsídio importante para se transmitir os conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais.
De acordo com Martins (2002), "se a vida é um jogo e o jogo pode se
transformar em brincadeira, por que não viver brincando e aprender com a
brincadeira?
O LÚDICO NA PERSPECTIVA DOS TEÓRICOS.
Para a realização deste trabalho constatei que expressivos teóricos destacam
a importância de se trabalhar com o lúdico. Afirmam que o lúdico pode contribuir de
forma significativa para o desenvolvimento do ser humano não só na aprendizagem,
mas também no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando o processo de
socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.
Renomados autores não indicam que o lúdico é a fórmula mágica que irá
sanar todos os problemas de aprendizagem, nem muito menos que se deve
substituir a educação tradicional pelo lúdico, mas veem no lúdico uma alternativa
importantíssima para a melhoria no intercâmbio ensino-aprendizagem e uma ponte
que certamente auxiliará na melhoria dos resultados por parte dos educadores
interessados em promover mudanças.
De acordo com Zacharias (2007),
Froebel foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, a
apreender o significado da família nas relações humanas. Idealizou
recursos sistematizados para as crianças se expressarem: blocos de
construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades
criadoras, papel, papelão, argila e serragem. O desenho e as atividades que
envolvem o movimento e os ritmos são muito importantes. Para a criança se
conhecer, o primeiro passo seria chamar a atenção para os membros de
seu próprio corpo, para depois chegar aos movimentos das partes do corpo.
Valorizava também a utilização de histórias, mitos, lendas, contos de fadas
e fábulas, assim como as excursões e o contato com a natureza.
Para Froebel, "o jogo é o espelho da vida e o suporte da aprendizagem" e
como foi um dos primeiros educadores a utilizá-lo na educação de crianças, criou
materiais diversos, que conferiram ao jogo uma dimensão educativa.
Para ele é por meio do brinquedo que a criança adquire a primeira
representação do mundo, sendo que a educação mais eficiente é aquela que
proporciona atividades, autoexpressão e participação social às crianças.
Ele afirma ainda, que a escola deve considerar a criança como atividade
criadora e despertar, mediante estímulos, as suas faculdades próprias para a
criação produtiva.
Sendo assim, o educador deve fazer do lúdico uma arte, um instrumento para
promover e facilitar a educação da criança. A melhor forma de conduzir a criança à
atividade, à autoexpressão e à socialização seria através do método lúdico.
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se
comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na
brincadeira, faz com que ela desenvolva a sua imaginação.
Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades
importantes, tais como, a atenção, a imitação, a memória e a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização por meio da interação,
da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais (Lopes, 2006, p. 110).
Segundo Rousseau (1968), as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar
que lhe são próprias e só aprendem através da conquista ativa, ou seja, quando elas
participam de um processo que corresponde à sua alegria natural.
Já Dewey (1952), pensador norte-americano, afirma que o jogo faz o
ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e remotas não
correspondem ao interesse dela. Em suas palavras: “somente no ambiente natural
da criança é que ela poderá ter um desenvolvimento seguro”.
Vygostsky atribui importante papel do ato de brincar na constituição do
pensamento infantil. Segundo ele, através da brincadeira o educando reproduz o
discurso externo e o internaliza, construindo seu pensamento.
"A brincadeira e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações
com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são, por si só, uma situação
de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança
comportamento alem dos habituais. Nos jogos e brincadeiras a criança age
como se fosse maior que a realidade, é isto inegavelmente contribui de
forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.”(VYGOSTSKY apud
QUEIROS, MARTINS, 2002, p.6.)
Conforme Macedo, Petty e Passos (2005, p. 13-14): O brincar é fundamental
para o nosso desenvolvimento. É a principal atividade das crianças quando não
estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência (repouso, alimentação,
etc.).
Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas.
Brincar é envolvente, interessante e informativo. Envolvente porque coloca a criança
em um contexto de interação em que suas atividades físicas e fantasiosas, bem
como os objetos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um
mesmo contínuo topológico. Interessante porque canaliza, orienta, organiza as
energias da criança, dando-lhes forma de atividade ou ocupação. Informativo
porque, nesse contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, os
conteúdos pensados ou imaginados.
Estes e outros autores destacados relatam à importância do lúdico
associado
à
aprendizagem.
Desta
forma,
entendemos
que
a
verdadeira
aprendizagem não se faz apenas copiando do quadro ou prestando atenção ao
professor, mas sim no brincar, muitas vezes, acrescenta ao currículo escolar uma
maior vivacidade de situações que ampliam as possibilidades de a criança aprender
e construir o conhecimento. O brincar permite que o aluno tenha mais liberdade de
pensar e de criar para desenvolver-se plenamente.
No Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no seu artigo segundo é
considerada criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescentes aquela entre doze e dezoito anos de idade. Sendo
assim, no artigo 16 a criança tem direito à liberdade, entre eles o inciso quarto, que é
o de brincar, praticar esportes e divertir-se. Já no artigo 59 cabe aos municípios,
juntamente com apoio dos estados e da União, estimular e facilitar a destinação de
recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para
a infância e a juventude.
Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras, desenhar entre outras
atividades, constituem meios prazerosos de aprendizagem. À medida que a criança
interage com os objetos e com outras pessoas, construirá relações e conhecimentos
a respeito do mundo em que vive.
Cunha (2001, p. 15 e 16) afirma que,
[...] a brinquedoteca é um espaço criado para favorecer a brincadeira, [...]
aonde a criança (e os adultos) vão para brincar livremente, com todo o
estímulo à manifestação de potencialidades e necessidades lúdicas. E
ainda, “muitos brinquedos, jogos variados e diversos materiais que
permitem expressão da criatividade”.
Desta forma, a autora disserta que a brinquedoteca propicia a construção do
saber sendo uma “deliciosa aventura, na qual a busca pelo saber é espontânea e
prazerosa”. Se a criança também aprende brincando então é fundamental que todas
as crianças, possam ter oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas
necessidades básicas de aprendizagem na construção do conhecimento e interação
com os outros.
Diante desta realidade, faz-se necessário apontar para o papel do educador
a garantia e enriquecimento da
brincadeira como atividade social da infância e
percebe-se que o professor é a figura fundamental para que isso aconteça.
Para isso, é preciso ter espírito aberto ao lúdico, reconhecer a sua
importância enquanto
fator de desenvolvimento da criança, além de um olhar
propício, mais amplo e uma percepção aguçada para observar os alunos, em seus
aspectos cognitivos e das habilidades básicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A brinquedoteca vem com o objetivo de retomar esta importância do brincar
para criança, entendendo que a brincadeira, o jogo, é a melhor forma de ensinar
uma criança, inserindo os conteúdos necessários para o desenvolvimento cognitivo.
A criança passa por processo de crescimento, nas características evolutivas
do desenvolvimento infantil, respeitando as necessidades, curiosidades e interesses
em cada faixa etária.
É possível o professor se soltar e trabalhar as disciplinas associando ao
lúdico, de forma que o aluno perceba a importância de levar os estudos com mesmo
prazer. As atividades lúdicas têm a função de educar com alegria e satisfação, e traz
descontração e entretenimento e as motivar a aprender.
Na brinquedoteca as crianças brincam com um objetivo intrínseco, planejado
pelo(a) brinquedista, mesmo que estas brincadeiras sejam consideradas livres para
as crianças, elas vão aprender e construir um conhecimento sem perceber.
Por esse motivo o aprendizado nas crianças por intermédio da brincadeira
acontece mais rápido do que se lhes for ensinado de forma tradicional, utilizando-se
apenas de conteúdos. O ensinar tem que agradar, tem que apreender a atenção do
aluno, e para a criança a melhor forma de ter sua atenção é através do lúdico.
Consideramos a Brinquedoteca como espaço que privilegia o brincar e o uso
do lúdico como recurso necessário à construção de aprendizagens, da identidade,
autonomia e das diferentes linguagens na infância, ou seja, um ambiente acolhedor
com estímulos diversificados para o desenvolvimento de habilidades e capacidades
significativas.
Acreditamos que devemos vê-la como local transformador, onde se resgata o
prazer de brincar inserida no contexto histórico-social e cultural da criança. Neste
local, tudo deve convidar a explorar, a sentir, a experimentar, além de ser um núcleo
de apoio pedagógico, onde é livre o brincar, o aprender, os profissionais devem
pensa discutir, analisar, investigar e acompanhar de perto o desenvolvimento da
criança. Se a atmosfera não for encantadora não será um ambiente prazeroso.
Com esse trabalho pôde-se repensar nas formas de se trabalhar com o
lúdico, na educação infantil e também nas séries iniciais, pois cabe ao educador,
promover, apoiar e conquistar o aluno para o ensino e aprendizado através das
várias formas de brincar, conquistando-os por meio de recurso e instrumento que
façam parte do seu mundo, da sua etapa e acima de tudo da construção de novas
capacidades e / ou conhecimento.
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