A íntegra do novo Código de Ética está no site: www.cremers.org.br CREMERS Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano VlI | nº 59 | outubro2009 Médicos têm novo Código de Ética Documento começa a vigorar a partir de março de 2010 (Páginas central e 18) Posse no Conselho Federal de Medicina Drs. Cláudio Franzen (D) e Antônio Celso Ayub (E) tomam posse como Conselheiros do CFM e Dr. Roberto d’Avila assume a presidência da entidade (Páginas 4 e 5) Notas Editorial Recadastramento: Presidente: Cláudio Balduíno Souto Franzen Vice-presidente: Rogério Wolf de Aguiar 1º Secretário: Fernando Weber da Silva Matos 2º Secretário: Ismael Maguilnik Tesoureiro: Isaias Levy Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier Diretor do Departamento de Fiscalização: Antônio Celso Ayub Coordenador da Ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira Filho Coordenador das Câmaras Técnicas: Jefferson Pedro Piva Coodenador de Patrimônio: Iseu Milman Conselheiros Alberi Nascimento Grando, Antônio Celso Koehler Ayub, Céo Paranhos de Lima, Cláudio Balduíno Souto Franzen, Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues, Enio Rotta, Ércio Amaro de Oliveira Filho, Euclides Viríssimo Santos Pires, Fernando Weber Matos, Isaias Levy, Iseu Milman, Ismael Maguilnik, Jefferson Pedro Piva, Joaquim José Xavier, Mário Antônio Fedrizzi, Mauro Antônio Czepielewski, Newton Monteiro de Barros, Régis de Freitas Porto, Rogério Wolf de Aguiar, Sílvio Pereira Coelho, Tomaz Barbosa Isolan Arthur da Motta Lima Netto, Cláudio André Klein, Clotilde Druck Garcia, Douglas Pedroso, Isabel Helena F. Halmenschlager, Izaias Ortiz Pinto, João Alberto Larangeira, Jorge Luiz Fregapani, Léris Salete Bonfanti Haeffner, Luciano Bauer Gröhs, Luiz Carlos Bodanese, Luiz Carlos Correa da Silva, Luiz Alexandre Alegretti Borges, Maria Lúcia da Rocha Oppermann, Paulo Amaral, Paulo Henrique Poti Homrich, Philadelpho M. Gouvêia Filho, Raul Pruinelli, Ricardo Oliva Wilhelm CREMERS é uma publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul – Avenida Princesa Isabel, 921 – Fone (51) 3219.7544 – Fax (51) 3217.1968 – [email protected] – www.cremers.com.br – CEP 90620-001 – Porto Alegre/RS – Conselho Editorial: Cláudio Balduíno Souto Franzen, Rogério Wolf Aguiar, Fernando Weber da Silva Matos, Ismael Maguilnik e Isaias Levy – Redação: Viviane Schwager, Arthur Eich e W/COMM Comunicação – Jornalista Responsável: Ilgo Wink – Mat. 2556 – Revisão: Raul Rubenich – Fotografias: W/COMM Comunicação, Still Fotografias, Adelir Bataglin, Osmar Bustos, Márcio Arruda – Projeto e Design: Stampa Design – (51) 3023.4866 – [email protected] – www.stampadesign.com.br – Tiragem: 31.000 exemplares. Cremers, informativo do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberto à participação de toda a classe médica gaúcha, para críticas, sugestões de pauta, artigos, divulgação de eventos e notícias de interesse da categoria. As correspondências serão encaminhadas ao Conselho Editorial. Contatos com Assessoria de Imprensa pelo e-mail: [email protected] 2 CREMERS outubro/2009 prazo final é maio/2010 Cerca de dois mil médicos do Rio Grande do Sul já efetuaram o Recadastramento Geral dos Médicos do Brasil, proposto pelo Conselho Federal de Medicina. A medida tem como objetivo principal proteger a sociedade e a classe médica contra a falsificação de carteiras, um ilícito crescente no País. A nova Carteira de Identidade Médica, digitalizada e impressa pela Casa da Moeda, será mais moderna e segura. O Cremers alerta que a data limite para o recadastramento dos médicos é 11 de maio de 2010. Mais informações podem ser obtidas pelo site www.cremers.org.br Portal Cremers: Prestação de serviço aos médicos O Portal do Cremers se consolida como uma ferramenta de extrema utilidade para os médicos e a sociedade em geral. A seção Biblioteca, agora completamente reformulada, possui, além das últimas edições do Informativo do Cremers, links para os principais sites de medicina do Brasil e do mundo – destaque para o site Escolas Médicas, referência em informações sobre as faculdades de medicina brasileiras e internacionais. À disposição, ainda, um noticiário atualizado sobre as ações do Cremers e informações na área da saúde, sempre muito úteis aos médicos. Também as seções de Delegacias Seccionais e de Câmaras Técnicas agora apresentam mais dados, ilustrando assim a real importância destes segmentos para todos os médicos do Estado. Além disso, resoluções e pareceres do Cremers e do CFM podem ser consultados na seção Legislação, como também há um link para efetuar o recadastramento. O portal disponibiliza, ainda, o texto completo do novo Código de Ética Médica. Outro serviço importante é a seção em Empregos, com anúncios de vagas. Confira no www.cremers.org.br Os médicos seguem fazendo a sua parte A conquista pelo Brasil dos Jogos Olímpicos de 2016 merece ser festejada. Da mesma forma, a Copa do Mundo de 2014. Não se pode, no entanto, deixar de ressaltar que seria uma comemoração muito mais abrangente e intensa se antes fossem corrigidas - ou ao menos atenuadas - as enormes distorções que se perpetuam e se acentuam neste País vitimado pela corrupção e pela impunidade. O Brasil se apresenta ao mundo como capaz de bancar dois megaeventos, nos quais serão consumidas verbas públicas sempre indisponíveis para os pilares sobre os quais se pode construir uma sociedade mais justa e igualitária - Saúde, Educação e Segurança. O orçamento inicial para a Olimpíada do Rio é de R$ 25 bilhões, mas, a exemplo do que ocorreu no Pan 2007, é possível que seja somente isso: um orçamento inicial. Eu sou um desportista, e teria, portanto, motivos para reforçar o coro ufanista. E com certeza o faria se o presidente Lula demonstrasse nas questões da saúde pública a mesma vontade e determinação que teve em trazer a Olimpíada para o Brasil. Mas isso só existe em discursos, nunca em ações efetivas. Se não, como explicar o aumento do número de hospitais privados que, insatisfeitos com a tabela de pagamento aos credenciados, estão se desligando voluntariamente do Sistema Único de Saúde? Conforme reportagem do jornal O Globo, são 1.082 os hospitais que deixaram o SUS de 1998 até 2007. Com isso, o Sistema reduziu drasticamente a oferta de leitos públicos em mais de três mil nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, inúmeros hospitais públicos fecharam suas portas e outros tantos agonizam. Os médicos também são penalizados, e muitos já se desligaram do SUS em virtude da remuneração aviltante para consultas e grande parte dos procedimentos. Com isso, faltam médicos para as especialidades. O paciente que precisa de um especialista pode ter seu caso agravado ou até morrer antes de conseguir a consulta. É um cenário desumano, sombrio, que se torna dramático diante da indiferença dos gestores. Neste dia 18 de outubro, o primeiro Dia do Médico sem nosso grande amigo e colega Marco Antônio Becker, cumprimentamos os médicos gaúchos, que orgulham a medicina brasileira. Mas convidamos a todos para um momento de reflexão sobre a profissão, sobre o SUS que nós queremos, sobre a ética. O quadro atual não é dos melhores. A Medicina hoje sofre com faculdades criadas sem necessidade social e sem preocupação com a qualidade; a profissão segue ameaçada diante da forte resistência à sua regulamentação; falta um plano de cargos e salários que valorize e dê segurança ao médico do SUS; abundância, só da insensibilidade dos gestores, a raiz de todos os males da saúde pública no Brasil. A regulamentação da Emenda 29 pode ser a única saída. Se for aprovada, irá injetar aproximadamente R$ 5 bilhões no SUS a cada ano, segundo estimativa do Ministério da Saúde. O problema é que o governo, espertamente, conseguiu incluir dentro da regulamentação, via Congresso, um novo tributo, a Contribuição Social para a Saúde (CSS). Isso significa que a Emenda 29 só será regulamentada anexada à CSS. O mais correto, e mais ético, seria votar a regulamentação em separado. Mas no jogo duro da política, a ética foi varrida para debaixo do tapete há muitos anos. Na Medicina, ao contrário. A ética faz parte da rotina do trabalho médico. Prova disso, é que classe médica acaba de aprovar seu novo Código de Ética, reiterando à sociedade a sua preocupação e seu zelo com a transparência, correção e seriedade em sua atividade. Os médicos continuam fazendo a sua parte por um Brasil melhor. Dr. Cláudio Balduíno Souto Franzen Presidente do Cremers outubro/2009 CREMERS 3 Posse no CFM Novos conselheiros tomam posse em Brasília Novo Corpo de Conselheiros do CFM tomou posse no dia 1o de outubro ao lado da nova diretoria do CFM, agora sob a presidência do Dr. Roberto Luiz d’Avila Os conselheiros federais eleitos para cumprir mandato no quinquênio 2009/2014 no Conselho Federal de Medicina tomaram posse no dia 1º de outubro, durante a Sessão Plenária realizada no auditório do Memorial JK, em Brasília. Os conselheiros assinaram o livro do CFM do ano de 1952 e leram o termo de compromisso: “Na qualidade de membro do Conselho Federal de Medicina, prometo cumprir fielmente os deveres que me cabem, tudo fazendo pela dignidade da profissão médica e em benefício da coletividade, respeitando os princípios da ética e da lei”. O presidente do Cremers, Cláudio Balduíno Souto Franzen, e o coordenador da Comissão de Fiscalização, Antônio Celso Koehler Ayub, eleitos no pleito concluído dia 3 de agosto, assumiram, respectivamente, como conselheiros efetivo e suplente. Como primeiro ato, o novo presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, sugeriu a criação de uma comissão para revisão do regimento interno do Conselho, e deu posse aos conselheiros suplentes eleitos. União pela valorização do trabalho médico e do SUS O eixo central dos discursos na solenidade que marcou a posse dos novos conselheiros federais do Conselho Federal de Medicina (CFM) foi a união das entidades médicas e o compromisso com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). O evento reuniu médicos, parlamentares, autoridades, lideranças médicas e conselheiros novos e antigos. O ex-presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, remeteu-se, em seu discurso de despedida, à importância das pessoas em sua trajetória no comando do CFM e observou que hoje as entidades médicas como a 4 CREMERS outubro/2009 Academia Nacional de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos e a Associação Médica Brasileira estão unidas aos Conselhos na defesa dos médicos, da saúde e da sociedade. O presidente da Fenam, Paulo de Argollo Mendes, falou da importância do papel dos líderes para agregar sonhos. Nesse sentido, além de destacar o presidente que se despedia, lembrou a atuação do oftalmologista Marco Antônio Becker, que morreu no dia 4 de dezembro de 2008, em Porto Alegre, deixando um legado de grande liderança médica do Rio Grande do Sul e do Brasil. Os principais desafios e ameaças que a medicina enfrenta foram comentados pelo presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), José Luiz Gomes do Amaral. “Nunca a medicina se viu tão ameaçada em todos os seus princípios e toda a sua estrutura”, frisou. Em nome da Academia Nacional de Medicina, o seu presidente, Pietro Novellino, cumprimentou o ex-presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, o presidente recém-empossado, Roberto d’Avila, e a nova diretoria. Ele salientou a importância da união entre as entidades médicas. CFM tem novo presidente O Conselho Federal de Medicina elegeu no dia 1º de outubro a sua nova Diretoria. O representante de Santa Catarina, Roberto Luiz d’Avila, foi conduzido à Presidência por votação unânime dos novos conselheiros, empossados em solenidade festiva realizada no auditório do Memorial JK. O novo presidente sucede Edson Andrade, que esteve à frente do CFM em duas gestões consecutivas. Em seu discurso, como presidente recém-empossado do CFM, Roberto Luiz d’Avila, ressaltou o contraste entre a evolução tecnológica e a pobreza ainda encontrada no mundo. Ele mencionou que na área da saúde também há problemas sérios e que a reflexão sobre essa conjuntura obriga as entidades médicas a trabalharem na direção de superá-los. Além do presidente Roberto d’Avila, a Diretoria será composta por: Corpo de Conselheiros do CFM para a gestão 2009-2014 Acre Renato Moreira Fonseca (efetivo) e Luiz Carlos Beyruth Borges (suplente) Alagoas Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (efetivo) e Alceu José Peixoto Pimentel (suplente) Amapá Maria das Graças Creão Salgado (efetivo) e Dílson Ferreira da Silva (suplente) Amazonas Júlio Rufino Torres (efetivo) e Ademar Carlos Augusto (suplente) Bahia Jecé Freitas Brandão (efetivo) e Ceuci de Lima Xavier Nunes (suplente) Ceará José Albertino Souza (efetivo) e Lúcio Flávio Gonzaga Silva (suplente) Distrito federal José Antonio Ribeiro Filho (efetivo) e Elias Fernando Miziara (suplente) Espírito Santo Celso Murad (efetivo) e Jailson Luiz Tótola (suplente) Goiás Cacilda Pedrosa de Oliveira (efetiva) e Aldair Novato Silva (suplente) Maranhão Abdon José Murad Neto (efetivo) e Antônio de Pádua Silva Sousa (suplente) 1o vice-presidente - Carlos Vital Mato Grosso José Fernando Maia Vinagre (efetivo) e Alberto Carvalho de Almeida (suplente) 2o vice-presidente - Aloísio Tibiriçá Miranda Mato Grosso do Sul Mauro Luiz de Britto Ribeiro (efetivo) e Ana Maria Vieira Rizzo (suplente) 3o vice-presidente - Emmanuel Fortes Cavalcante Minas Gerais Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen (efetivo) e Alexandre de Menezes Rodrigues (suplente) Pará Antonio Gonçalves Pinheiro (efetivo) e Waldir Araújo Cardoso (suplente) Paraíba Dalvélio de Paiva Madruga (efetivo) e Norberto José da Silva Neto (suplente) Pernambuco Carlos Vital (efetivo) e André Longo (suplente) Paraná Gerson Zafalon Martins (efetivo) e Lisete Rosa e Silva Benzoni (suplente) Piauí Luiz Nódgi Nogueira Filho (efetivo) e Wilton Mendes da Silva (suplente) Rio de Janeiro Aloísio Tibiriçá Miranda (efetivo) e Makhoul Moussallem (suplente) Rio Grande do Norte Rubens dos Santos Silva (efetivo) e Jeancarlo Fernandes Cavalcante (suplente) Rio Grande do Sul Cláudio Balduíno Souto Franzen (efetivo) e Antônio Celso Koehler Ayub (suplente) Rondônia José Hiran da Silva Gallo (efetivo) e Manuel Lopes Lamego (suplente) Roraima Paulo Ernesto Coelho de Oliveira (efetivo) e Mauro Shosuka Asato (suplente) Santa Catarina Roberto Luiz d’Avila (efetivo) e Marta Rinaldi Müller (suplente) São Paulo Desiré Carlos Callegari (efetivo) e Renato Françoso Filho (suplente) Sergipe Henrique Batista e Silva (efetivo) e Glória Tereza Lima Barreto (suplente) Tocantins Frederico Henrique de Melo (efetivo) e Pedro Eduardo Nader Ferreira (suplente) AMB Edevard José de Araújo (efetivo) e Aldemir Humberto Soares (suplente) Secretário-geral - Henrique Batista e Silva 1o secretário – Desiré Callegari 2o secretário – Gerson Zafallon Martins Tesoureiro – José Hiran da Silva Gallo 2o tesoureiro – Frederico Henrique de Melo Os conselheiros ainda votaram a Comissão responsável pela Tomada de Contas do CFM: Antônio Pinheiro, Luiz Nódgi Nogueira Filho e Renato Moreira Fonseca. Por sugestão do novo presidente, também foram eleitos os cargos de corregedor, com José Fernando Maia Vinagre, e de vice-corregedor, com José Albertino, todos por unanimidade. outubro/2009 CREMERS 5 Especial Especial Saúde dos médicos em pauta Os profissionais colocam em primeiro lugar a saúde dos pacientes Reportagem: Arthur Dias Eich Estresse, problemas de circulação, hipertensão. Como age o médico, que zelosamente cuida de seus pacientes, ao se defrontar com problemas em seu próprio corpo? Muitos optam por renegar os primeiros sinais – exatamente a fase ideal para o combate às doenças. Devido à carga pesada de trabalho, tão comum no exercício da medicina no Brasil, os profissionais da área acabam relutando em dedicar o pouco espaço de lazer para exercícios físicos ou mesmo exames de rotina. Tendência que vem mudando no país, embora ainda em ritmo lento. De acordo com pesquisa exposta no livro A Saúde dos Médicos do Brasil, lançado em 2007 pelo Conselho Federal de Medicina, 21,8% dos médicos do país são portadores de doenças cardiovasculares, e 19,7% sofrem de problemas do aparelho digestivo. Os números se explicam pela carga excessiva de trabalho, uma vez que 61,2% dos entrevistados afirmaram trabalhar mais de 40 horas por semana e 42,2% dizem fazer mais de 25 horas de plantão por semana. Para a cardiologista e conselheira do Cremers Céo Paranhos de Lima, a proporção de uma para cada cinco médicos com doenças cardiovasculares até pode ser comemorada. "É uma média baixa para a quantidade de estresse que a carreira propicia". Para a conselheira, o médico, que convive continuamente com pacientes portadores de doenças graves, pode relegar os sintomas iniciais de seu próprio corpo, só procurando ajuda em casos extremos. "Além do "... a elevada carga de trabalho mais, a elevada carga de trabalho faz com que o médico tenha faz com que o médico tenha uma dieta desregulada, seja sedentáuma dieta desregulada, seja rio e postergue exames de rotina. sedentário e postergue exames Com o tempo, no entanto, paga-se de rotina. Com o tempo, no alto preço por isso." entanto, paga-se alto preço Para o também cardiologista por isso." e conselheiro do Cremers Luís Carlos Bodanese, embora os Dra. Céo Paranhos de Lima 6 CREMERS outubro/2009 médicos demorem para procurar ajuda, quando o fazem geralmente seguem e valorizam as orientações recebidas. "É claro que uma dieta alimentar adequada e atividades físicas constantes seriam o ideal. Mas, acima de tudo, uma revisão por ano, no mínimo, tem que ser feita." O médico, tão apaixonado por sua profissão, não precisa pagar com a vida a dedicação aos seus pacientes. A Dra. Céo Paranhos de Lima alerta: "Após os 40 anos, pequenos cuidados podem evitar grandes problemas. Uma doença diagnosticada no início, como todos sabemos, é muito menos difícil de ser tratada e eliminada". Dr. Luís Carlos Bodanese A Saúde dos Médicos do Brasil De acordo com pesquisa exposta no livro A Saúde dos Médicos do Brasil, lançado em 2007 pelo Conselho Federal de Medicina: Acúmulo de trabalho afeta a qualidade de vida O primeiro-secretário do Cremers, Fernando Matos, conta que já participou de encontros nacionais, com a presença de convidados do exterior, em que a saúde do médico foi um tema muito debatido. "A profissão por si só é muito estressante, e isso se agrava pelo fato de que cada vez mais o médico precisa de mais empregos para compor uma remuneração digna", destaca. Com o tempo, o médico vai adquirindo doenças próprias do estresse, como a ansiedade, acrescenta Matos, que é cirurgião."O acúmulo de atividades acaba afetando a qualidade de vida, com tendência para o sedentarismo, levando à hipertensão arterial. A má alimentação contribui para doenças do aparelho digestivo. Aumenta o número de óbitos em faixas etárias mais baixas. Enfim, é um problema sério. A classe médica precisa avaliar todos os aspectos que levam os profissionais da saúde a essa situação e tentar encontrar soluções que modifiquem esse quadro", reforça Matos. Um médico atento também à própria saúde O anestesiologista Fernando Wallau, além de cuidar dos pacientes, está sempre atento à sua própria saúde. Mesmo que o Grupo Hospitalar Conceição, onde ele trabalha, exija exames anuais para atestar a boa saúde de seus funcionários, Wallau também faz questão de checar constantemente sua pressão e batimentos cardíacos, além de praticar caminhadas e jamais usar elevadores. "Para quem fica muitas horas dentro do hospital, como os plantonistas, torna-se importante procurar alternativas para evitar o sedentarismo." Dr. Fernando Wallau Paciente do Dr. Bodanese, Wallau passou a consultar um cardiologista nos últimos dois anos. "Após exames, fui diagnotiscado como hipertenso. Imediatamente procurei um médico para manter minha pressão sob controle." 21,8% Portadores de doenças cardiovasculares 19,7% Sofrem de problemas do aparelho digestivo 61,2% Afirmam trabalhar mais de 40 horas por semana 42,2% Afirmam fazer mais de 25 horas de plantão por semana Dr. Fernando Matos Tabagismo é outra preocupação da classe médica O Projeto Fumo Zero, coordenado por Luiz Carlos Corrêa da Silva, pneumologista e conselheiro do Cremers, prepara pesquisa entre os médicos para saber como a classe lida com o tabagismo. Desde a incidência de fumantes entre os profissionais até a forma como lidam com os pacientes viciados, a pesquisa pretende mapear a relação médico x tabagismo. De acordo com Maria Eunice Moraes de Oliveira, pneumologista também integrante do projeto, a pesquisa ainda está em fase de estruturação. "Após concluído o levantamento, será uma importante fonte de consulta para todos, pois saberemos como os médicos tratam o problema em seus pacientes, além, é claro, da presença do tabagismo na própria classe", destacou. outubro/2009 CREMERS 7 Homenagem CFM homenageia ex-presidente Marco Antônio Becker Ensino Curso de Medicina da Ulbra é reavaliado pelo MEC Sala do Plenário do Conselho Federal de Medicina passa a levar o nome do líder médico gaúcho A Sessão Plenária do CFM realizada dia de 16 de setembro foi reservada para homenagear o ex-conselheiro pelo Rio Grande do Sul Marco Antônio Becker, morto em dezembro de 2008. O plenário onde são realizados os julgamentos e as sessões deliberativas do Conselho foi batizado com o nome do conselheiro gaúcho. Para participar da homenagem, foram convidadas a mãe, Ilse Ries Becker, e a sobrinha de Becker, Karen Hoeltgebaum. Emocionada, dona Ilse agradeceu a homenagem ao filho. "Sinto-me muito honrada e grata! Meu filho gostava muito de estar aqui no CFM. Era a segunda casa dele", disse, emocionada. Durante a inauguração, o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade, falou Dr. Cláudio Franzen abraça a Sra. Ilse Ries Becker, mãe do ex-presidente do Cremers sobre o conselheiro gaúcho. "Marco Antônio Becker sempre foi vivo, alegre, era uma comemoração à afirmou Franzen, que foi efetivado conselheiro federal pelo RS. vida. Ele amava esta casa da maneira mais bonita e brilhanA homenagem foi concluída com o descerramento da te que uma pessoa poderia amar", destacou o presidente. placa com o nome de Marco Antônio Becker. Ao lado de O conselheiro por Minas Gerais Geraldo Guedes, tam- dona Ilse, o presidente do Conselho, Edson de Oliveira bém coordenador da Comissão Pró-SUS, destacou o Andrade, declarou: "Colocar o nome do seu filho aqui é empenho do conselheiro gaúcho na luta pelas bandeiras uma homenagem a esta casa. Ele é quem está nos homemédicas. "Uma de suas realizações ocorreu no ano passa- nageando". do, em Porto Alegre, o Movimento Mais Saúde para o SUS, que reuniu milhares de pessoas no centro da cidade para cobrar uma saúde pública com melhor qualidade e maior "Becker mostrou à sociedade gaúcha valorização do médico", lembrou. que os médicos não estavam em O presidente do Cremers, Cláudio Franzen, também lembrou a participação de Becker em defesa do trabalho médico. condições de prestar um atendimento "Becker mostrou à sociedade gaúcha que os médicos não de melhor qualidade à população estavam em condições de prestar um atendimento de melhor pelas más condições do sistema" qualidade à população pelas más condições do sistema", Dr. Cláudio Franzen 8 CREMERS outubro/2009 Representante do MEC, Dr. Antônio Celso Nunes Nassif , confiante na retomada da Instituição No dia 10 de setembro, uma comissão do Ministério da Educação (MEC) reuniu-se com a reitoria e representantes da Ulbra para avaliar a situação do curso de Medicina da instituição. Composta pelo ex-presidente da AMB Antônio Celso Nunes Nassif, pelo conselheiro do Cremers Isaias Levy e pelo médico fiscal Mário Henrique Osanai, a comissão discutiu com o reitor Marcos Fernando Ziemer pontos do Termo de Saneamento de Deficiências (TSD), acordado em reunião anterior. “Ao assumir a reitoria, encontramos um grande problema, que foi a perda de foco da universidade ao longo do tempo. Quando o Hospital Universitário fechou, a situação se agravou, mas desde então estamos buscando soluções para reabri-lo. O maior interesse desta gestão é cumprir o que manda a legislação”, afirmou o reitor. Nassif ressaltou que já é possível beu grande quantidade de documentos comprobatórios das medidas adotadas pela universidade para auxiliar na elaboração do relatório. Por fim, a comissão ouviu a opinião dos alunos que, unanimemente, afirmaram estar esperançosos com as mudanças em curso, embora a situação ainda continue difícil. Estiveram presentes o vice-reitor Valter Kuchenbecker; o diretor dos cursos da área de Saúde e Bem-Estar Social, Daniel de Brum; o coordenador do curso de Medicina, Cláudio Zetler; o coordenador adjunto do curso de Medicina, Airton Schneider; o pró-reitor de graduação, Ricardo Prates Macedo; o pró-reitor adjunto de graduação, Pedro Antonio Hernandez; a diretora do Hospital Universitário, Eleonora Walcher; a assessora de assuntos relativos à monitoria em Medicina, Carmen Nudelman; e o presidente e secretário do centro acadêmico, respectivamente, Cléber Santos Jr. e Ramiro Saraiva. observar grandes mudanças diretivas na instituição. “Ainda há muito o que fazer, mas estou satisfeito com o que foi melhorado até o momento. Tenho certeza de que, muito em breve, os alunos terão seu hospital de volta, podendo trabalhar e estudar carregando com orgulho a imagem de ‘Aluno Ulbra’”. Em visita anterior, no ano passado, a comissão do MEC havia determinado a redução do número de vagas no curso de Medicina para 65 em cada semestre. Por iniciativa própria, a universidade reduziu esse limite para 50. Nassif frisou que informará este fato no relatório que enviará à comissão do Ministério, sugerindo que este número seja mantido, mas sem descartar a possibilidade de reduzi-lo para Cremers representado na reunião com a diretoria da Ulbra pelo 40 vagas. O médico recediretor Isaias Levy e Mário Henrique Osanai, médico fiscal outubro/2009 CREMERS 9 Reivindicação Mobilização Cremers questiona atendimento de traumatologia na Capital Os diretores do Cremers Fernando Matos e Isaías Levy, e o médico Osvaldo André Serafini, representando a Sociedade de Ortopedia e Traumatologia do RS (SOT-RS), reuniram-se com o secretário da saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, e o diretor técnico da SMS, Luiz Eurico Vallandro, dia 21 de setembro, para discutir a situação do atendimento a pacientes fraturados na Capital. O Cremers levou aos gestores a situação crítica enfrentada pelo Hospital de Pronto Socorro, onde faltam médicos e espaço para atendimento, reiterando a importância de reativar o Hospital Independência, fechado desde abril e especializado em traumato-ortopedia. Outro ponto cobrado foi a regulação do encaminhamento de pacientes fraturados, que muitas vezes ficam com sequelas por demora no Representantes do Cremers e da SOT-RS em reunião na SMS atendimento. A SMS vai apresentar ao Cremers e à SOT um estudo sobre esses encaminhamentos. PA da Lomba do Pinheiro: Conselho aciona gestor público O Cremers acionou a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre a respeito da situação crítica que atravessa o Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro, motivo de um pedido de interdição ética feito pelo Simers. A Comissão de Fiscalização do Cremers vistoriou o local no dia 18 de agosto e comprovou a existência de irregularidades. "São problemas que afetam o trabalho médico e prejudicam o atendimento da população", comentou o presidente do Cremers, Cláudio Franzen, depois de uma reunião com representantes do Simers: a vice-presidente Maria Rita de Assis Brasil, a secretária-geral Ana Maria 10 CREMERS outubro/2009 Martins, e a assessora jurídica da entidade, Denise Teixeira. No dia 3 de setembro o Cremers encaminhou ofício ao secretário da Saúde Eliseu Santos, informando sobre os problemas constatados e solicitando providências. A Comissão de Fiscalização constatou, entre outras irregularidades, a falta de diretor técnico; deficiências na área física com sala de observação com baixa capacidade para a demanda, inadequação da central de esterilização de material e indisponibilidade de ambulância; carência de médicos plantonistas, com risco de colapso no atendimento. Outro problema apontado pe- Situação no Posto de Saúde é crítica, conforme constatou a Comissão de Fiscalização do Cremers los plantonistas é a dificuldade de transferência de pacientes graves com indicação de internação hospitalar. Alguns deles chegam a ficar até uma semana na sala de observação, à espera de transferência. O PA da Lomba do Pinheiro atende em média 150 pessoas, e está localizado numa área que abrange mais de 75 mil pessoas. Conselho busca melhorar índice de doação de órgãos no RS Integrantes das Câmaras Técnicas de Nefrologia e Medicina Intensiva do Cremers realizaram reunião no dia 17 de setembro para discutir a doação de órgãos no Rio Grande do Sul, que já foi o primeiro do ranking no país e que nos últimos tempos perdeu espaço para outros Estados. Foi criada uma comissão para discutir e aprofundar o assunto, buscando encontrar as causas da queda Comissão Pró-transplante do Cremers já começou a trabalhar do número de doações e apontar soluções. O presidente do Conselho Consultivo - Estamos preocupados com essa da Associação Brasileira de Transplantes estagnação, essa queda. Nosso obje- de Órgãos, Válter Duro Garcia, e a tivo é trabalhar para que o número de coordenadora adjunta da Central de doações volte a crescer no Estado", Transplantes do Estado, Denise Sarti, explicou o coordenador das CTs do também participaram da reunião. A Cremers, Jefferson Piva. comissão será composta também pela A coordenadora da CT de Nefrologia, Câmara Técnica de Emergência do Clotilde Druck Garcia, observou que o Cremers. RS sempre foi um modelo em doação de órgãos para todo o País. "Temos que encontrar as caudas dessa queda. O Estado era o primeiro, agora é o quinto. Não é apenas uma questão de maior interesse da população, mas também de estrutura, envolvendo médicos e hospitais, e é aí que o Cremers pode atuar para melhorar a situação", comentou. Dr. Jefferson Piva "Nosso objetivo é trabalhar para que o número de doações volte a crescer no Estado" Dra. Clotilde Druck Garcia Transplantes no RS 2009 (até agosto) – 824 2008 – 1.193 2007 – 1.313 2006 – 1.344 outubro/2009 CREMERS 11 Ética Fórum debate transporte inter-hospitalar e caso clínico A edição de agosto do encontro mensal das Comissões de Ética hospitalares, realizada no dia 24, foi aberta com a palestra do ortopedista Isaias Levy, tesoureiro do Cremers, sobre transporte inter-hospitalar. O dirigente, apoiado em resoluções do CFM e pareceres do Cremers, destacou a responsabilidade e necessidade da presença do médico no transporte, assim como alguns procedimentos inerentes. O médico deve avaliar o paciente antes de removê-lo para determinar o tipo de transporte adequado. A necessidade da presença de médico durante o processo é decisão técnica do profissional médico, levando-se em conta a gravidade do estado do paciente e possíveis intercorrências do traslado -, orientou. A transferência deve ser acordada entre as instituições, sendo a obtenção de leito uma tarefa administrativa e fora da responsabilidade do médico. "Além disso, cabe ao gestor municipal ou à entidade hospitalar prover os meios para o deslocamento de pacientes." Caso clínico A seguir, o ginecologista Marcelino Poli, do Hospital São Lucas, da PUC/RS, apresentou um caso hipotético sugerido pela comissão de ética da instituição. Em análise, uma mulher com cerca de 30 anos, grávida (18 semanas), com histórico de três gestações anteriores e um aborto espontâneo tratado com curetagem uterina. A paciente teria pro- 12 CREMERS outubro/2009 Fiscalização de serviços de anestesia trou ineficaz. A equipe decide então, sobre a necessidade de laparotomia e possível histerectomia, deixando a família com clara ciência desses fatos. Durante a laparotomia, seria identificada ruptura total da face lateral do útero, que se encontrava amolecido, friável e com sanDrs. Isaias Levy e Jeferson Piva, coordenador do Fórum gramento profuso, não curado o hospital com queixa de perda permitindo sua preservação. O quadro líquida pela vagina, mas sem nenhum séptico da paciente acarretaria uma outro sintoma. Durante o exame físico internação de mais 10 dias, sempre seria constatada escassez de líquido acompanhada da equipe de psicologia. amniótico, com subsequente internação da paciente. Esta, assim como Indenização seu marido, teriam sido informados de Alguns meses após a alta, a direção que a conduta mais adequada no caso do hospital receberia uma reclamação, seria o abortamento terapêutico, devido com solicitação de indenização, pois o aos riscos de infecção para a mãe e de procedimento realizado levara a pacienmalformações para o feto. A conduta te a estado depressivo grave por não teria sido recusada, com manifestação poder mais vir a gestar, e o quadro registrada em prontuário. poderia ter sido manejado com cesariaApós quatro dias de internação sem na precoce, razões pelas quais estavam intercorrências, a paciente evoluíra com dispostos a levar o caso à justiça. febre, dor e taquicardia. Nesse momenDiante dessa proposta, Poli propôs to, a família estaria de acordo com a uma série de questionamentos sobre a interrupção da gravidez, inicialmente conduta da equipe, a autonomia da comisinduzida por fármacos, que se mos- são de ética para instaurar sindicância e a "... cabe ao gestor municipal ou à entidade hospitalar prover os meios para o deslocamento de pacientes." Dr. Isaias Levy Dr. Marcelino Poli polêmica da alta a pedido, uma vez que a paciente teria recusado o tratamento proposto. No debate, concluiu-se que, nesse caso hipotético, não houve falha técnica da equipe médica e, por outro lado, que uma possível alta a pedido não eximiria o médico da responsabilidade sobre o paciente. Neste momento foi lembrado o artigo 56 do Código de Ética Médica, que garante o direito do paciente de decidir sobre seu tratamento, exceto em caso de iminente perigo de vida – revelandose a iminência um fator de difícil avaliação, pois, no caso proposto, o quadro de sepse era previsível e foi confirmado em quatro dias de internação. Sobre a autonomia da comissão de ética para instaurar sindicâncias, o presidente Cláudio Franzen esclareceu que "é preciso mensurar, pois a comissão, assim como o próprio corpo clínico, tem poder, embora menor que o do Conselho. A ela cabe investigar e encaminhar suas informações ao Cremers, que decidirá sobre a abertura de um processo". No dia 9 de setembro, o primeiro-secretário do Cremers, Fernando Matos, reuniu-se com o presidente da Sociedade de Anestesiologia do RS (Sargs), Daniel Volquind, para dar andamento ao trabalho conjunto das duas entidades pelo aprimoramento dos serviços de anestesia nos hospitais gaúchos. Segundo Matos, o Cremers já recebeu a maioria dos questionários enviados aos hospitais para coletar informações a respeito de seus setores de emergência. "Encaminhamos essas respostas à Sargs, e em conjunto avaliaremos as informações recebidas." O dirigente lembra que este trabalho visa não só à qualidade da anestesiologia junto aos pacientes, mas, principalmente, a fazer com que as normas do Cremers e do CFM sejam observadas. - A partir de agora elaboraremos um cronograma de visitas de fiscalização, começando pelos hospitais de Porto Alegre, com uma equipe conjunta das duas entidades -, diz Matos. Volquind agradeceu a abertura do Conselho à parceria na iniciativa, afirmando que as fiscalizações ocorrerão para verificar as informações prestadas pelos hospitais. "As resoluções do Cremers e do CFM não podem ficar apenas no papel. Cabe a nós, na Sargs, fiscalizar para garantir a segurança do ato anestésico." Lembrou, ainda, de outros assuntos que envolvem a especialidade: "Durante a XX Jornada de Anestesiologia do RS (ocorrida entre os dias 05 e 07 de setembro), discutimos o ensino em anestesia, criticando a abertura indiscriminada de escolas médicas. Também abordamos a remuneração, visto que muitas entidades afirmam ter adotado a tabela da CBHPM mas, no repasse dos honorários, aplicam outros valores, auferindo com isso ganhos sobre o trabalho médico". Drs. Fernando Matos (D) e Daniel Volquind em reunião realizada no dia 9 de setembro outubro/2009 CREMERS 13 Academia Conquista Ano dramático para a Saúde Previsão é do deputado Darcísio Perondi em palestra na Academia de Medicina/RS Presidente da Frente Parlamentar da Saúde defendeu a imediata regulamentação da Emenda 29 e a aprovação da CSS, em palestra na Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina Médico formado pela UFRGS em 1974, o deputado federal Darcísio Perondi, presidente da Frente Parlamentar da Saúde, composta por 56 médicos, foi o palestrante da reunião do dia 26 de setembro da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, abordando basicamente o tema da regulamentação da Emenda 29, que define o que são serviços de saúde e estabelece percentuais mínimos de investimento na área pelos governos federal, estaduais e municipais. Perondi afirmou que Saúde não é prioridade do governo Lula e prognosticou que 2010 será um ano “dramático em termos de orçamento federal” para o setor. “O ministro Temporão é preparado, mas esbarra na insensibilidade do núcleo do poder do governo Lula, que até promoveu avanços sociais, mas que não tem a Saúde como sua prioridade." O parlamentar frisou que o orçamento de R$ 54,5 bilhões (R$ 3 bilhões a mais do que o deste ano) para o próximo ano é insuficiente, “não preenche nem o crescimento vegetativo da população”. Observou que faltam R$ 4 bilhões para o governo fechar o orçamento atual. Segundo ele, em 1995, a saúde recebia 10% das receitas brutas, Confira os termos da decisão que deu provimento ao agravo de instrumento do Cremers para suspender a implantação da TISS Deputado Darcísio Perondi número reduzido a 7% em 2007. “Colegas que continuam trabalhando no SUS são heróis”, sentenciou Perondi, lembrando que 70% dos 193 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do SUS. O deputado defendeu a aprovação da Contribuição Social da Saúde (CSS), imposto criado para “amenizar” o corte da CPMF. “Se a CSS for aprovada, vai ocorrer um aumento de R$ 12 bilhões para o setor da saúde”, assegurou, salientando que o montante será “um valor a mais” no orçamento, não uma substituição, como ocorria com a CPMF. Perondi também garantiu que a regulamentação da Emenda 29 vai deixar muito claro o que são os serviços de saúde, para evitar que o governo utilize os recursos previstos em outras áreas, como acontece atualmente. Vacinas em debate na Academia Dra. Maria Cristina Anselmi TISS: decisão judicial ampara médicos do Estado A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina promoveu, em 29 de agosto, duas palestras sobre assuntos da maior atualidade e importância. Realizada no Cremers, sob a coordenação do presidente da Academia, Luís Rohde, a reunião teve como tema central a "Avaliação Crítica de Vacinações em Adultos". O painel contou com a participação dos acadêmicos Gustavo Py Gomes da Silveira (1º vice-presidente) e Paulo Dornelles Picon (primeiro-secretário). A palestrante Maria Cristina Barcellos An- selmi, médica do Serviço de Ginecologia do Complexo Hospitalar Santa Casa, Mestre em Patologia e membro do Grupo de Pesquisa em Ginecologia Oncológica do CNPq, abordou o tema ‘Vacina contra o Papiloma Vírus (HPV)’. Já a palestrante Maria Tereza Schermann, médica infectologista, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações da Secretaria da Saúde do Estado do RGS, focalizou as questões envolvendo as vacinas contra a febre amarela e a influenza. O Tribunal Regional Federal da 4º região, em decisão unânime, deu provimento ao agravo de instrumento interposto pelo Cremers contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), suspendendo a obrigatoriedade da transmissão eletrônica da TISS (Troca de Informações em Saúde Suplementar) até a decisão final, transitada em julgado, da ação ordinária proposta. O Cremers havia obtido inicialmente a suspensão parcial dos efeitos da Resolução 153 da ANS, por força da qual a partir de janeiro deste ano toda troca de informações em saúde suplementar entre operadoras de planos privados de assistência à saúde e prestadores de serviços congêneres (inclusive solicitações e envios de autorização de procedimento, remessas de lotes de guias, solicitações e envios de demonstrativo de retorno, solicitações e confirmações de cancelamento de guias) deveria ser feita por meio eletrônico, o que atingiria a isonomia e a liberdade de exercício profissional e prejudicaria os médicos sem acesso à Internet, impedindo-os de receberem seus honorários e expondo-os à incidência de advertências e multas de R$ 35.000,00. No Agravo de Instrumento nº 2009.04.00.003931-0, o Cremers sustenta que "a Resolução 153 da ANS cerceia o exercício profissional e discrimina os profissionais sem o padrão tecnológico exigido, sujeitando-os a não receberem seus honorários profissionais”. Destacou haver inúmeros médicos sem condições financeiras para cumprir as exigências impostas, em especial a aquisição de computador e o custeio de acesso à Internet e/ou outros equipamentos de transmissão de dados. Defendeu que a eventual imposição das multas previstas no ato normativo recairia justamente sobre aqueles profissionais com menos condições financeiras de com elas arcarem. Aduziu haver impossibilidade técnica de acesso à Internet em muitos municípios do Interior do Estado, nos quais a banda larga, apesar de ser fornecida, conta com filas de espera para instalação. Em face dessas realidades, a relatora, desembargadora federal Marga Inge Barth Tessler, frisou: "Nenhum dos agravantes logrou demonstrar efetivo risco de lesão grave e de difícil reparação, imposta pela decisão, capaz de autorizar a concessão das medidas requeridas antes do julgamento dos recursos em seu tempo devido. Com efeito, por mais meritórios que sejam os benefícios alegadamente gerados pela implementação da Resolução nº 153, citados pela ANS como ensejadores da urgência do provimento, sua busca não justifica uma decisão liminar, em sede de agravo de instrumento, com o consequente desprestígio ao contraditório". A Desembargadora ainda acrescentou: "... na presença de crise econômica, não se mostra razoável criar obstáculos a que o profissional médico receba seus honorários, bem como se lhe acarrete, de imediato, a aquisição de equipamentos e domínios de tecnologias de acesso à Internet, especialmente em se tratando de gastos com aparelhos que, afinal, não vão melhorar o próprio atendimento médico ao paciente, mas possibilitar a percepção da remuneração pelos serviços prestados". A Desembargadora federal conclui: "Desta forma, amplio a antecipação deferida em primeiro grau, suspendendo a exigência da prestação de informações pela modalidade eletrônica (TISS) até o julgamento da ação proposta. Ante o exposto, voto por dar provimento ao agravo de instrumento". Dra. Maria Tereza Schermann 14 CREMERS outubro/2009 outubro/2009 CREMERS 15 Ética Médica Cremers presente na definição do CEM O novo Código de Ética Médica foi aprovado em plenária depois de cinco dias de trabalho na IV Conferência Nacional de Ética Médica, realizada de 25 a 29 de agosto em São Paulo. Conselheiros de todo o País trabalharam durante cinco dias para definir os detalhes finais do texto previamente aprovado após quase dois anos de estudos e debates. Foram realizadas palestras e painéis (confira na página 18) para debater vários aspectos da questão envolvendo a ética e o trabalho médico. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou da abertura do evento. Depois, os conselheiros e os representantes de outras entidades médicas foram distribuídos em grupos, para análise de cada item da proposta. O Cremers esteve representado na IV Conem pelos diretores Cláudio Balduíno Souto Franzen, Fernando Weber Matos, Isaías Levy e Antônio Celso Koehler Ayub. Representantes de todos os Conselhos Regionais de Medicina e de outros setores da sociedade definiram as mudanças do Código de Ética da classe médica Novo Código de Ética Médica contempla avanços da Medicina Aprovado dia 29 de agosto no final do IV Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina realizado em São Paulo (de 25 a 29/08) e publicado no Diário Oficial da União no dia 24 de setembro, o novo Código de Ética Médica começa a vigorar a partir de 24 de março do próximo ano. A decisão de atualizar o Código de Ética Médica foi adotada no decorrer do II Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina de 2007. Desde então, foram criadas as Comissões Nacional e Estaduais de Revisão do Código de Ética. Em dois anos de debates, foram analisadas 2.677 sugestões ao texto, e promovidas três conferências, tornando o processo democrático. O Cremers participou ativamente desse processo, desde o início até o seu final. A última versão do Código data de 1988, quando não havia o Sistema Único de Saúde (SUS) nem intermediá16 CREMERS outubro/2009 rios entre os médicos e seus pacientes (como são hoje os planos de saúde) e quando os transplantes representavam o máximo de tecnologia na área. A nova versão do documento tenta tornar mais claras - e em alguns casos limita - as relações dos profissionais com a indústria e fabricantes de produtos médicos. Os médicos são impedidos de vender medicamentos ou ganhar comissão da indústria por produtos que recomendarem. Em palestras e trabalhos científicos, os profissionais precisam deixar claro se estão sendo patrocinados, revelando um eventual conflito de interesses. Pelo novo Código de Ética, médicos não poderão obter vantagens financeiras pela comercialização de medicamentos, órteses e próteses, nem participar de consórcios para a realização de procedimentos como cirurgias plás- ticas. Outra medida importante é a proibição de criar embriões para pesquisa e a escolha do sexo do bebê nas clínicas de reprodução assistida. O novo CEM salienta ainda a autonomia do paciente, destacando o direito à informação sobre a própria saúde e às decisões sobre o tratamento, sempre em parceria com o médico. "Esse Código é uma reafirmação de um discurso de compromisso da profissão médica brasileira com a sua população", destaca o presidente do CFM, Edson de Oliveira Andrade. O documento enfatiza que os médicos não devem se submeter à pressão de hospitais e clínicas para atender maior número de pacientes por jornada. O documento também ressalta a importância dos cuidados paliativos - técnicas que visam a tratar pacientes com doenças incuráveis ou em estado terminal. "O novo Código de Ética Médica reafirma o compromisso do médico com a sociedade, em zelar pela ética e transparência em sua atividade. É um documento que contempla os avanços tecnológicos e científicos e as mudanças sociais. Acima de tudo, preserva a autonomia do paciente. As mudanças principais em relação ao documento anterior estão na área da genética. O novo Código evidencia a preocupação dos médicos para que não se use a reprodução assistida visando conceber seres para pura investigação nem se crie tecidos com o fim único de experimentos," Dr. Cláudio Franzen "O Código de Ética de 1988 serviu de base, foi o norte para a elaboração do novo CEM, que traz acréscimos e avanços. Define melhor alguns aspectos, como a telemedicina e a propaganda médica, dirimindo dúvidas. Enfatiza a proibição do médico na interação com farmácias, empresas de próteses, etc. Outro aspecto importante é sobre a ‘imperícia, imprudência ou negligência", que constavam do artigo 29 e agora estão no artigo primeiro," Dr Isaías Levy "Durante cinco dias trabalhamos exaustivamente, desde manhã cedo até a noite, mas no final ficamos todos satisfeitos, porque o resultado desse esforço coletivo foi dos mais positivos. O novo Código traz mudanças para melhor. Os artigos ficaram mais esclarecedores, estabelecendo melhor os limites, deveres e responsabilidades do médico. O documento aborda, também, questões que não existiam no anterior, como a fertilização," Dr. Fernando Matos "A primeira constatação de todos que trabalharam na elaboração do novo Código é que o anterior, o de 1988, é muito bom. Fizemos uma atualização em vista de novos tecnologias, a procriação medicamente assistida e questões envolvendo a genética. Foi mantida a expressão ‘é vedado ao médico’, contrariando uma disposição inicial em contrário da Comissão Nacional de Revisão do CEM." Dr. Antônio Celso Ayub "O novo Código de Ética Médica reafirma o compromisso do médico com a sociedade, em zelar pela ética e transparência em sua atividade" Dr. Cláudio Franzen outubro/2009 CREMERS 17 Ética IV Conferência Nacional de Ética Médica: principais temas 18 Prontuário e sigilo profissional Responsabilidade Médica Tecnologia na Medicina "É importante transformar a forma de pensar. Não adianta ter um Código de Ética novo com um pensamento antigo." Foi com essas palavras que o Dr. Nilzardo Leão, consultor jurídico, membro da Comissão de Reforma do Código Penal e professor da Faculdade de Direito de Olinda, abriu sua palestra no IV Conem. O jurista ressaltou a importância do sigilo: "O médico conhece o mais íntimo da pessoa. O sigilo não é somente uma obrigação do médico, mas uma decorrência de um direito de todo cidadão". Enfatizou a necessidade de um prontuário para cada paciente e a importância de ser escrito com uma letra legível e compreensível. Alertou que o documento pode ser fonte de grandes problemas quando subestimado. Entretanto, se gerado com ética, pode ser usado como legítima defesa do médico perante a Justiça. Leão também comentou os possíveis desencontros entre as legislações, a desobrigação médica de entregar o prontuário à Justiça para proteger o sigilo, o conflito com os interesses das seguradoras de planos de saúde e as inconveniências da utilização das TISS. "Cada caso deve ser observado com todas as suas relatividades", comentou. A importância de existirem elementos no Código de Ética Médica semelhantes aos dispositivos jurídicos que amparem a responsabilidade do médico foi o alerta feito por Miguel Kfouri Neto, desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná e membro da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica, durante sua palestra Visão Jurídica da Revisão do Código. Ele ficou conhecido dos médicos por ter autorizado, pela primeira vez no Brasil, um aborto legal em feto portador de anencefalia, numa gestação de 20 semanas, em 1992. "São os conselheiros que julgam os médicos, mas os destinatários remotos do Código são os operadores do direito. É preciso dar instrumentos para que advogados, juízes, desembargadores ou ministros possam entender o que é imperícia, negligência ou imprudência médica. Isso tem que estar escrito no Código de Ética Médica. Caso contrário, eles terão que construir normas para reger os casos que se apresentem", afirmou Kfouri. Ele explicou que há uma tendência internacional de tornar a responsabilidade civil dever do órgão julgador, uma vez que é difícil para o juiz fazer a avaliação sem subsídios. A relação entre ética e tecnologia e a necessidade de haver uma intervenção pública sobre a ciência foram os temas principais da palestra Aspectos Éticos e Jurídicos da Tecnociência, proferida por José Eduardo Siqueira, membro titular da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Segundo ele, a ciência e a tecnologia deram ao conhecimento científico um poder desmedido, porém dentro de uma condição de profundo vazio ético. "Médico e paciente olham para o ‘Deus’ tecnologia e não se preocupam com uma análise mais aprofundada. Transformaram a tecnologia, a qual deveria ser uma ferramenta auxiliar, em algo essencial", afirmou. Já Diaulas Costa Ribeiro, promotor de justiça do Ministério Público do Distrito Federal e pósdoutor em Bioética, citou os limites constitucionais aos quais a ciência deve se submeter. Sobre a reprodução humana assistida, o promotor comentou que vem cobrando a aprovação de uma lei que torne crime algumas ações antiéticas dos profissionais médicos. Entre elas, exercer a função sem estar habilitado para a prática, realizar a reprodução assistida sem o consenso dos envolvidos, ser intermediário e/ou beneficiário da prática de "barriga de aluguel" e realizar pré-seleção sexual ou racial. CREMERS outubro/2009 Reunião da Câmara Técnica de Medicina da Família e Comunidade Dr. Francisco Arsego de Oliveira Reunião da Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade no dia 22 de Setembro No dia 22 de setembro foi realizado o debate “Implicações éticas na complexidade do cuidado em atenção primária à saúde”, organizado pela Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade. Com a presença do vice-presidente do Cremers, Rogério Aguiar, e do presidente da Câmara Técnica da especialidade, Francisco Arsego Quadros de Oliveira, três painelistas apresentaram diferentes pontos de vista sobre o tema em pauta. O médico Luiz Felipe Mattos apresentou três casos confrontados por equipes de médicos da família: no primeiro, uma senhora idosa, portadora de várias doenças, dependia do filho para seu sustento e tratamento médico. Este a abandonou, deixando-a sob os cuidados de uma vizinha. No segundo caso, uma jovem gestante, usuária de drogas, HIV positivo e com quatro gestações anteriores, se recusou a realizar exames pré-natais. É questionada a possibilidade de uma ordem judicial autorizando a ligadura tubária, mesmo sem consentimento da paciente. O último caso apresentou um casal de idosos com três filhos, dois dos quais com vidas independentes e condições de ajudar os pais. O terceiro filho tem problemas mentais e envolvimento com drogas, consumindo os recursos do resto da família. Diante desses exemplos, a procuradora do Ministério Público do RS Noara Lisboa explicou a competência do MPE em casos como esses, esclarecendo como a instituição pode ser acionada e o que pode fazer pelos interesses públicos e privados. A seguir, a professora de Ciências Sociais Daniela Knauth, da Faculdade de Medicina da UFRGS, comentou que a medicina, historicamente, assume responsabilidades que, anteriormente, pertenciam a outras esferas – por exemplo, a gravidez, cujas par- Dra. Noara Lisboa Professora Daniela Knauth Dr. Luiz Felipe Mattos ticularidades eram passadas de mãe para filha. Também afirmou que o envolvimento do médico de família com a comunidade proporciona elementos para um entendimento mais amplo do contexto social, levando à busca por soluções. outubro/2009 CREMERS 19 Saúde Pública Fórum de Ética Médicos aprovam criação do Dia Nacional de Luta contra Queimaduras O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no dia 9 de setembro, a lei que institui o Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, a ser observado em todo o território nacional no dia 6 de junho de cada ano. A lei é considerada uma grande vitória para as entidades médicas brasileiras e também para toda a sociedade. No Rio Grande do Sul, a repercussão foi extremamente positiva. Para o cirurgião plástico Ricardo Arnt, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio Grande do Sul (SBPC-RS) e chefe do setor de queimados do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, a lei é extremamente benéfica, pois propicia uma campanha sistemática contra o problema. "É importante esta lei, pois gera conscientização. Se pensarmos na escola, a criança é educada em várias áreas, até mesmo sexual, mas não há qualquer tipo de aula que ensine prevenção contra queimaduras." 20 CREMERS outubro/2009 Arnt, que também é integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Cremers, diz que, apenas no HPS, são atendidas 3.000 pessoas por ano com queimaduras. "Desses, 10% são casos graves, que necessitam internação e posterior acompanhamento. Aí entra outro problema grave: a rede pública, dada a carência de equipamentos e pessoal, não tem condições de absorver essa demanda. Por isso a prevenção é tão importante." O dermatologista Sérgio Ivan Torres Dornelles, integrante da Câmara Técnica de Dermatologia do Cremers, alerta para a desinformação da população ao lidar com produtos que provocam queimaduras. "A grande maioria das queimaduras que atendo é de segundo grau, causadas por líquidos quentes, fogo por álcool, contato com estruturas aquecidas e resultado de explosão de bombas. Certamente todas poderiam ser evitadas, bastando que os envolvidos tivessem uma maior consciência do risco a que se submetem." O presidente da Sociedade Brasileira de Queimados (SBQ), Flavio Nadruz Novaes, explica que desde 1999 existe o Dia Nacional do Queimado, fruto da iniciativa do então senador Lúcio Alcântara (CE). A data já era referência para ações de prevenção contra queimaduras, a maioria por parte das regionais da SBQ. Essas ações, apesar de importantes, eram independentes e isoladas. O CFM, por sua vez, instalou, no dia 24 de julho deste ano, a Câmara Técnica de Queimaduras, unindo repre- sentantes da Sociedade Brasileira de Queimaduras e Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da Universidade Federal de São Paulo (UnifeSP). A lei agora sancionada (nº 12.026, de 9 de setembro de 2009) prevê ações de prevenção, e determina que o Ministério da Saúde desenvolva uma Semana Nacional de Prevenção e Combate a Queimaduras. Dr. Sérgio Dornelles Dilema entre transfusão de sangue e crença religiosa tradicional consiste em uso de sulfato de magnésio EV, heparina fracionada e hemoglobina de 7,5 g/dl. No entanto, tratase de paciente Testemunha de Jeová, consVice-presidente Dr. Rogério Aguiar (C), que coordenou o evento, o palestrante Dr. Gustavo Sisson e o Consultor Jurídico Jorge Perrone(D) ciente e lúcida, A edição de setembro, dia 21, do que recusa a transfusão sanguínea. Fórum das Comissões de Ética levan- Submetida a parto cesáreo, a paciente tou um assunto bastante polêmico: a apresenta mais tardiamente posterior transfusão de sangue em pacientes sangramento vaginal aumentado e insureligiosos, mais especificamente os ficiência cardíaca pretensamente causaTestemunhas de Jeová, que condenam da por anemia. Diante do caso sugerido, Sisson esse procedimento. O ginecologista e obstetra Gustavo Sisson, do Hospital apresentou uma série de questionamenNossa Senhora da Conceição, abordou tos. Entre os principais, o que realmente o tema à luz da Resolução CFM 1021/80 configura o iminente risco de vida, a sobrepujança da vontade do paciente e do Ordenamento Jurídico Nacional. De acordo com a Resolução, o médi- sobre o dever do médico e vice-versa, co não pode realizar a transfusão con- a interpretação da recusa ao tratamento tra a vontade do paciente, exceto em como vontade de morrer e a responcaso de iminente risco de vida. "Já sabilidade jurídica do médico nesses vimos casos de contaminação através casos. do sangue transfundido, o que indica um risco real no procedimento", esclareceu Sisson. Caso hipotético Dr Ricardo Albuquerque Arnt A seguir, o médico propôs o caso hipotético de uma mulher com 32 anos, negra, grávida de 38 semanas e portadora de talassemia alfa e pré-eclampsia grave, com feto viável. O tratamento Justiça Para esclarecer este assunto, o consultor jurídico do Cremers, Jorge Perrone de Oliveira, citou artigos do Código de Ética Médica lembrando que o médico pode proceder com a transfusão em casos de iminente risco de vida. "Existem acórdãos que eximem o Poder Judiciário de decidir sobre sua autoriza- ção ou proibição. O entendimento é de que o médico deve julgar a necessidade do procedimento", esclareceu. Acrescentou que Dr. Gustavo Sisson em caso de morte do paciente, mesmo que tenha desistido de um tratamento a pedido do próprio paciente, o médico pode ser responsabilizado. Por fim, Sisson sugeriu medidas alternativas para tratamento da paciente no caso hipotético: espera para cessar efeito do anticoagulante, monitorização contínua do feto, administração de sulfato de magnésio e cesárea por incisão mediana (menos sangrante). Além disso, são ministrados ocitócicos no pos-cesárea, metilergonovina e antiplasmínico com massagem uterina e protamina, com cessação do sangramento. "Isto demonstra que é possível tratar o paciente sem a administração de sangue. Há inúmeras pesquisas nesse campo, e alguns hospitais brasileiros já trabalham desta forma. Além dessas ferramentas, os médicos têm ao seu alcance a Comissão de Ligação com Hospitais (Colih), que disponibiliza informações sobre o tratamento em Testemunhas de Jeová. O sangue, por melhor conservado que seja, sempre se deteriora, e pode não trazer todos os benefícios esperados, com possível judicialização do médico que prescreveu a transfusão", concluiu. outubro/2009 CREMERS 21 Jubilados História eternizada em monumentos Palestra sobre a dor no encontro dos jubilados Lista de homenageados Palestra em reunião dos jubilados destacou homenagens em bronze e granito para médicos ilustres O encontro mensal dos médicos jubilados contou, em agosto, com palestra do médico Genaro Laitano, autor do livro "Memorial em bronze e granito aos médicos em nossa cidade". Em sua apresentação, Laitano relembrou a trajetória de 25 personalidades que marcaram a história da Medicina gaúcha, brasileira e mundial e que estão eternizados em monumentos espalhados por Porto Alegre. Os participantes ficaram emocionados ao relembrar antigos colegas, professores e figuras eminentes da profissão. "Alguns desses monumentos se encontram em bom estado, principalmente nas universidades e hospitais, mas alguns foram tão depredados que já não existem mais", alertou Laitano. O evento ocorre sempre na última segundafeira do mês, celebrando a experiência e a sabedoria dos médicos jubilados. O encontro dos jubilados é uma promoção conjunta de Cremers Dr. Genaro Laitano e da Amrigs. 22 CREMERS outubro/2009 Dr. Aurélio de Lima Py Dr. Carlos Hofmeister Dr. Décio Martins Costa Dr. Eduardo Zaccaro Faraco Dr. Elyseu Paglioli Dr. Florêncio Ygartua Dr. Harri Valdir Graeff Dr. Heitor Annes Dias Dr. Heitor Cirne Lima Dr. Joaquim Murtinho Dr. José Fabies Lubianca Dr. Licínio Cardoso Dr. Manoel José Pereira Filho Dr. Bruno Atílio Marsiaj Dr. Ennio Marsiaj Dr. Nino Marsiaj Dr. Oddone Marsiaj Dr. Mario Rigatto Dr. Mario Totta Dr. Oswaldo Cruz Dr. Oscar Bernardo Pereira Dr. Raul Franco Di Primio Dr. Raul Pilla Dr. Roberto Pinto Ribeiro Dr. Rubens Rodrigues Dr. Samuel Hahnemann Dr. Sarmento Leite Dr. Telmo Reis Ferreira Dr. Newton Monteiro de Barros O mais recente encontro dos médicos jubilados aconteceu no dia 28 de setembro, e foi marcado por palestra do conselheiro do Cremers Newton Monteiro de Barros. Sua exposição, “Vencendo a Dor”, ofereceu uma visão histórica sobre conceitos e tratamentos da dor. Newton Barros atua no serviço de Dor e Cuidados Paliativos do Hospital Nossa Senhora da Conceição e na Clínica de Tratamento da Dor do Centro Clínico Mãe de Deus, em Porto Alegre. Barros lembrou que, de acordo com o consenso internacional, a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidual, real ou potencial, ou que pode ser descrita de acordo com as manifestações próprias de tal lesão. A dor é sempre uma experiência subjetiva. “Desde a antiguidade o homem busca meios para tratar a dor – a tre- panação, por exemplo, servia para libertar os maus espíritos causadores do desconforto”, ilustrou. O conselheiro ressaltou também que a primeira anestesia só apareceu em 1846. “O comportamento de dor das crianças pode ser influenciado pelo que se diz. Frases como ‘deve estar doendo’ ou ‘olha que o doutor vai te dar uma injeção’ podem determinar seu comportamento de dor pelo resto da vida. Da mesma maneira, o choro da criança depende de quem está olhando: costuma ser mais forte se há algum observador”, esclareceu Barros. Os motivos da dor, entretanto, vão mudando ao longo da vida, conforme a idade e as condições de saúde da pessoa. O efeito placebo também foi abordado na palestra. Segundo Barros, “existe chance de 100% de um placebo aliviar a dor, mas o uso dessas substâncias pode deixar o profissional confuso sobre a causa da dor”. De acordo com o palestrante, “perguntar ao paciente o que ele acha que lhe causa dor ajuda a entender sua situação”, diferenciando dor aguda de crônica. A seguir, deu exemplos de como os médicos podem contribuir para melhorar o comportamento de dor, tais como prestar atenção ao que o paciente tem a dizer e orientar a família a não tratar a dor como um assunto corriqueiro. O encontro dos jubilados, realizado pelo Cremers e a Amrigs, acontece sempre na última segunda-feira de cada mês, na sede do Conselho. Comissão aprova projeto de Lei do Ato Médico A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou em agosto o substitutivo do deputado Edinho Bez ao Projeto de Lei 7.703/06, o chamado Ato Médico, que define as atividades privativas dos médicos. A proposta, já aprovada no Senado Federal, chegou à Câmara após negociações que de- finiram o diagnóstico de doenças e a prescrição terapêutica como campo privativo dos médicos. De acordo com o regimento da Câmara, o projeto deverá passar por mais três comissões: a Comissão de Educação e Cultura (CEC), a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) e a Comissão de Constituição e Justiça e de Cida- dania (CCJC). Uma vez aprovado nessas comissões, o projeto deverá retornar ao Senado para posterior sanção presidencial. A íntegra do Projeto de Lei 7.703/06 está no site www.cremers.org.br outubro/2009 CREMERS 23 Painel Integração Peritos pretendem a união da categoria Com o tema Autonomia, Isenção e Qualidade, foi realizado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, no Cremers, o I Fórum Brasileiro de Perícia Médica, que contou com palestrantes do Brasil, Uruguai e Portugal. A promoção foi da Associação Gaúcha de Perícia Previdenciária, com apoio do Cremers, Simers e Amrigs. O evento foi presidido pela Dra. Luciana Coiro, médica legista e perita do INSS, que destacou a importância de conseguir maior união da categoria. "Esse fórum foi pensado exatamente para buscarmos a nossa união. O sistema pericial é muito frag- mentado por áreas, como criminal, cível, trabalhista e previdenciária. Isso causa o enfraquecimento da classe. Consequentemente, o trabalho de perícia se torna mais difícil e menos valori1o Fórum Brasileiro de Perícia Médica, dia 31 de agosto no Cremers zado pelo sistema judiciário", explicou. para a categoria". A médica também Para Coiro, uma estrutura pericial defende melhor remuneração para os forte pode tornar os processos mais peritos: "Um melhor salário daria ao rápidos e menos onerosos: "Para mim, médico perito a tranquilidade para exeresta união das perícias poderia inclusive cer apenas aquela função, sem a necesser estendida para as que não são da sidade de buscar outros empregos para área médica, o que traria muita força complementar a renda mensal". Videoconferência Palestras sobre reanimação cardiorrespiratória e anestesia em cirurgia plástica O programa de videoconferência do Cremers e da Amrigs teve prosseguimento no dia 25 de agosto. O médico Fábio Martins Vieira, instrutor do Centro de Ensino e Treinamento do Serviço de Anestesia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, conversou em tempo real com colegas de Passo Fundo. Vieira Palestra em tempo real, na Amrigs, para médicos de Passo Fundo 24 CREMERS outubro/2009 abordou as atuais recomendações sobre reanimação cardiorrespiratória, elaboradas em 2005. Segundo o especialista, essas orientações têm como enfoque simplificar o atendimento em sua parte cognitiva. "Ao contrário do profissional treinado, o leigo não avalia pulso Dr. Fábio M. Vieira nem ventilação, e deve partir direto para a reanimação." Citou, ainda, estudos que propõem diferentes aplicações da massagem cardíaca e da ventilação. A edição de agosto inaugurou o novo modelo das videoconferências, com platéia não só na cidade de destino da transmissão, mas também na sala onde o palestrante se apresenta. Em setembro, dia 22, a videoconferência foi realizada pelo médico anestesiologista Alexadre Roth de Oliveira, com o tema “Anestesia para cirurgia plástica: técnicas e segurança”. Atendimento médico em zonas de Fronteira Os habitantes das localidades vinculadas nas zonas de fronteira entre Uruguai e Brasil – os chamados ‘fronteiriços’ - poderão ter igual acesso aos serviços de saúde dos dois países disponíveis nestes locais. É o que propõe o Projeto de Decreto Legislativo 1666/09, aprovado dia 9 de setembro pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O texto aprovado é uma extensão ("ajuste complementar") do Acordo para Permissão de Residência, Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteiriços Brasileiros e Uruguaios, em vigor desde 2004. Ele tem por finalidade permitir o acesso recíproco de nacionais brasileiros e uruguaios daquelas localidades aos serviços de saúde nos dois lados da fronteira. Graças ao acordo agora aprovado, uma gama completa de serviços médicos - de urgência, emergência, preventivos, de diagnóstico, clínicos, cirúrgicos, de internação, ou de caráter continuado - poderá ser disponibilizada à população da região, mediante contrato específico entre as pessoas ou entidades interessadas. As formas de pagamento obedecerão às normas de cada país. A integração dos serviços médicos não significa a liberação do acesso total dos fronteiriços ao sistema de saúde da outra parte, mas apenas aos serviços já disponíveis na dia a dia das populações da faixa de fronteira entre o Brasil respectiva localidade vinculada, e de acordo com as normas e o Uruguai. Ela se aplica aos habitantes de localidades dos sistemas de saúde de cada país. A proposta deve ser geminadas, dentro de uma faixa de até 20 quilômetros da analisada ainda pelas comissões de Constituição e Justiça e fronteira. de Cidadania; e de Seguridade Social e Família, antes de ser votada pelo Explicitamente, o Acordo de 2004 vincula as localidades de: Plenário. 1. Chuí, Santa Vitória do Palmar/Balneário do Hermenegildo e Barra do Chuí (Brasil) a Chuy, 18 de Julho, Barra de Chuy e La Coronilla (Uruguai); Localidades vinculadas O benefício vale exclusivamente para os cidadãos reconhecidos como fronteiriços. A figura do "fronteiriço" foi criada para consagrar uma realidade há muito presente no 2. Jaguarão (Brasil) a Rio Branco (Uruguai); 3. Aceguá (Brasil) a Aceguá (Uruguai); 4. Santana do Livramento (Brasil) a Rivera (Uruguai); 5. Quaraí (Brasil) a Artigas (Uruguai); 6. Barra do Quaraí (Brasil) a Bella Unión (Uruguai). outubro/2009 CREMERS 25 Artigo Ensino Médico Site monitora a criação de escolas médicas Novas Faculdades de Medicina não representam solução Tema recorrente em nosso meio, que se articula com maior ou menor fôlego dependendo da proximidade do período eleitoral, é o que se ocupa da abertura de novas faculdades de medicina. Aqueles que defendem essa tese, habitualmente políticos de primeira hora, sustentam suas argumentações em duas premissas básicas. A primeira, de natureza social, é aquela que busca responder ao dever constitucional do Estado de prover, com qualidade, a assistência à saúde da população. A segunda, de natureza econômica, trata de promover a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Ambos os raciocínios fundam-se na noção mágica de que a suposta pouca distância entre a comunidade e uma nova faculdade de medicina seja o fator, por si só, de resolução dos problemas na saúde pública e na economia do local. Ledo engano, para não dizer: uma falácia! Se for verdade que o fechamento de faculdades de medicina, entre outros fatores pela má qualidade do ensino prestado, não é a causa das mazelas da saúde e da estagnação econômica de determinadas regiões, é também verdade que a abertura de novas faculdades de medicina não será a solução para tais desafios. A Organização Mundial da Saúde preconiza um médico para cada 1.000 habitantes. O RS conta, já há algum tempo, com um médico para cada 500 habitantes. Portanto, aqui, não falta médico. As cidades de Porto Alegre, Canoas, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Rio Grande, todas com pelo menos uma faculdade de medicina em funcionamento, apresentam deficiências nas ações e serviços de saúde ofertados, comprometendo, muitas vezes, a consolidação do SUS. 26 CREMERS outubro/2009 Da mesma forma, nenhum dos municípios citados pode prescindir de alternativas para alavancar a geração de emprego e renda. Assim, parece-me razoavelmente comprovado que a presença da faculdade de medicina não resolve tais questões. A má distribuição de médicos no Estado, com a consequente realidade dual de dispersão e concentração em determinadas áreas, decorre, de fato, da falta de um Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos no SUS, com carreira de médico associada a condições dignas de trabalho. Para a promoção do desenvolvimento sustentado, econômico e social de uma região, o governo deve assumir a sua condição de catalisador junto ao mercado, mediante políticas públicas estimuladoras de investimentos, respeitando o talento e a aptidão de cada localidade. Como podemos ver, a abertura de novas faculdades de medicina não garante a melhoria na qualidade da assistência à saúde, e tampouco materializa-se, efetivamente, enquanto elemento vetorial de desenvolvimento econômico. Em outras palavras: como não falta médico, e a criação de novas faculdades de medicina não atende à supremacia do interesse público, o meio de superar tais obstáculos inclui, inexoravelmente, a coragem política para fazer cumprir os compromissos assumidos, a profissionalização da gestão pública, e o afastamento dos gestores públicos do discurso demagógico e populista. Dr. César Augusto Trinta Weber Presidente da Câmara Técnica de Auditoria em Saúde Dr. Antônio Celso Nunes Nassif O site sobre as escolas de medicina (www.escolasmedicas. com.br) no país é hoje uma referência, além de importante fonte de consulta tanto para os médicos como para o público em geral. Seu fundador, Antônio Celso Nunes Nassif, ex-presidente da Associação Médica Brasileira, esteve em Porto Alegre em meados de setembro, quando falou sobre a sua obra: "Desde meu último mandato na AMB, em 1997, já tinha pre- ocupação com o ensino médico, e observei que tanto o MEC quanto outras entidades relacionadas não possuíam dados oficiais sobre as escolas: número de vagas, ano de criação, etc. Depois de sair da AMB, achei que devia fazer algo nesse sentido atrás de uma solução. Assim nasceu o site Escolas Médicas, que começou pequeno e foi crescendo à medida que novas informações foram aparecendo e cada vez mais faculdades foram abrindo. O problema, que se pensava pequeno, era grande e extremamente grave: o ano de 2000 iniciou com 101 escolas. De lá para cá, foram mais 75 – em média, oito por ano. Vejo essa situação com muita preocupação porque não houve, na maioria dos casos, autorização com critérios técnicos que justificassem o funcionamento dessas escolas em termos de qualificação, sem falar na necessidade social. Em função disso, fiz duas revistas (em 2001 e 2008) com todos os dados sobre as escolas: divisão por nome e data, entidade mantenedora, vagas, estado, região, estatísticas, percentual de escolas públicas e privadas (57% são privadas). É um trabalho que não acaba, mas em cujo valor e importância eu acredito". Novas regras para revalidação de diplomas Os médicos formados no Exterior têm novos critérios para revalidação de diplomas. No dia 16 de setembro foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria Interministerial nº 865 com as novas exigências: uma avaliação escrita e também um teste de habilidades clínicas. Os Ministérios da Saúde e da Educação e 16 universidades públicas elaboraram as novas regras. O Ministério da Saúde estima que entre 4 e 5 mil pessoas tenham interesse em participar do processo de avaliação. Além da prova, os candidatos precisarão comprovar que concluíram um curso de Medicina reconhecido pelo Ministério da Educação do país onde estudaram. O curso deve ter carga mínima de 7.200 horas, com duração de seis anos e, pelo menos, 35% da carga horária em regime de treinamento. Os exames serão baseados em uma matriz de referência montada pelos dois ministérios. O exame será composto de duas avaliações eliminatórias. A primeira será escrita e a segunda avaliará as habilidades clínicas dos candidatos. A prova será desenvolvida pelo Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), ainda sem data determinada para aplicação. Podem se candidatar para o exame os profissionais que tenham diplomas expedidos no Exterior, em cursos com regras similares aos nacionais. outubro/2009 CREMERS 27 Agenda Atualização 3º Congresso Mundial de Medicina do Sono (3rd World Congress on Sleep Medicine) XII Congresso Brasileiro do Sono Associação Mundial de Medicina do Sono De 07 a 11 de novembro Onde: WTC Convention Center - São Paulo/SP Informações: www.wasm2009.com.br Encontro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia De 27 a 29 de novembro Onde: Dall’Onder Grande Hotel - Bento Gonçalves/RS Informações: www.ccmeventos.com.br/encontro2009 Recadastramento no Ipergs O Cremers recebeu no dia 24 de setembro a visita do diretor de saúde do Instituto de Previdência do Estado do RS (IPE), Cláudio Ribeiro, e do assessor da Diretoria de Saúde, Paulo Leal, para discutir o recadastramento dos médicos credenciados da instituição. O processo está começando neste mês de outubro. O objetivo do recadastramento é manter atualizada a listagem de médicos credenciados, possibilitando, a partir da análise da base de dados, a abertura de novos credenciamentos. Pontos referentes à divulgação de especialidades médicas também foram esclarecidos, devendo ser obedecida a Resolução CFM nº 1.634/2002, que trata de especialidades médicas e áreas de atuação. Participaram da reunião os diretores do Cremers Isaias Levy e Iseu Diretor de Saúde do Ipergs, Dr. Cláudio Ribeiro (E), Milman, acompanhados pela assessora jurídica Carla Bello Cirne Lima. em reunião no Cremers, dia 24 de setembro 18ª Jornada Rio - São Paulo de Reumatologia Pin Pad: considerações sobre a leitora magnética de cartões de saúde do Instituto de Previdência De 03 a 05 de dezembro Onde: Eco Resort de Angra - Angra dos Reis/RJ Informações: www.reumatorj.com.br/jornada V Simpósio Internacional Multidisciplinar de Atualização em Doença Inflamatória Intestinal De 06 a 07 de novembro Onde: Mercure Grand Hotel São Paulo Ibirapuera - São Paulo / SP Informações: www.ccmeventos.com.br/abcd 1. A implantação da leitora magnética de cartões de saúde do Instituto de Previdência do Estado do RS (IPE) foi acordada pelo Grupo Paritário do IPE-Saúde em termo de acordo assinado em 6 de julho de 2009. O Cremers está representado no GP, juntamente com a Amrigs, Simers, Fehosul, Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS e Associação dos Hospitais do Estado, além do Diretor Médico e do Presidente do IPE. 2. O s reajustes conquistados em procedimentos realizados em clinicas, ambulatórios e hospitais que contemplam várias especialidades estão condicionados à implantação do Pin Pad. 3. A s consultas já foram reajustadas, passando a valer R$ 33,60, na soma do repasse do IPE e da taxa cobrada do paciente, representando o valor da banda mínima da CBHPM 4ª edição. PEP’2009 – Prontuário Eletrônico do Paciente De 4 a 6 de novembro/2009 Onde: São Paulo Informações: www.sbis.org.br/pep2009 4. A implantação do Pin Pad depende de cada credenciado, que deve se dirigir à sua agência do Banrisul para adquiri-lo pelo valor de R$ 415,00. Este valor poderá ser financiado em até 24 parcelas com juros de 1%. Para se ter uma idéia, se financiado em 24 vezes, a prestação é de R$ 20,08. 5. A leitora magnética de cartões permite a instalação do Banricompras e não necessita a impressão do comprovante, pois o recibo é apresentado na tela do computador. Se o médico desejar, as taxas determinadas pelo IPE-Saúde poderão ser cobradas do cliente através do Banricompras, sem custos adicionais para o médico. 6. O médico poderá adquirir o seu Pin Pad através do telefone 0800 722 0833 III Jornada Gaúcha de Medicina Física e Reabilitação De 06 a 07 de novembro Onde: Centro de Eventos do Hotel Deville - Porto Alegre/RS Informações: www.agmfr.com.br 28 CREMERS outubro/2009 7. A instalação e a disponibilização do software serão feitas por funcionários do Banrisul. 8. O termo de acordo do Grupo Paritário 2009 prevê a substituição da atual Tabela de Honorários do IPE pela CBHPM, já tendo sido concluídos os trabalhos de compatibilização das duas tabelas, nos quais o Cremers atuou diretamente junto com as outras entidades médicas. 9. Para março de 2010 serão feitos novos estudos para reajustes de tabelas e de consultas médicas. outubro/2009 CREMERS 29 Orientação Delegacias Semana Acadêmica da UFCSPA Processo Ético-Profissional: análise de casos julgados Neste espaço, são relatados casos de PEPs que foram instaurados - e concluídos - no CRM para informar e dar subsídios aos médicos sobre situações que podem levar o profissional a incorrer em infração ética Arquivamento por ausência de falta ética Denunciante recorre ao Conselho Federal de Medicina contra o arquivamento de seu processo ético por um Conselho Regional contra o médico X. Vítima de atropelamento, a denunciante sofreu fratura do olecrânio E (cominutiva) em setembro de 1994. Foi atendida e operada horas mais tarde pelo referido médico. A paciente teve alta quatro dias depois. Seguiu o tratamento indicado pelo médico por mais quatro dias, quando foi informada da gravidade do caso. A paciente, então, não mais procurou o médico do primeiro atendimento, e que acabou denunciado, consultando outro médico, que a submeteu a duas cirurgias. Acusação de corporativismo Em abril de 2003, a denunciante protocolou denúncia contra o médico X, sob a alegação de que teria sido vítima de erro médico. O caso foi avaliado pelo CRM, inclusive por sua Câmara Técnica de Ortopedia. Concluiu-se pela ausência de falta ética por parte do médico denunciado. Inconformada com a decisão de arquivamento, a denunciante acusou o CRM de corporativismo, sustentando que o caso não teria sido apreciado de forma adequada e que 30 CREMERS outubro/2009 o resultado "não possui fundamento técnico". Conclusão O Conselheiro Relator do CFM ao analisar o caso decidiu pela nulidade da denúncia, argumentando que o atendimento ocorreu em setembro de 1994 e que a paciente só procurou o Conselho em abril de 2003. Mesmo assim, o Relator decidiu adotar o parecer da Consultoria Jurídica do CFM, que rejeitou as preliminares levantadas pela denunciante, não se atendo ao tempo decorrido entre o fato e a denúncia. Assim, o Relator analisou a conduta do médico X no atendimento à denunciante. O acidente aconteceu às 13 horas e a paciente foi operada às 19 horas, tecnicamente uma urgência. Durante o procedimento cirúrgico, o médico teve dificuldade em fixar os fragmentos com parafusos, optando por fazer uma síntese com dois fios intramedulares e cerclagem com fio de aço. O médico acompanhou o pósoperatório revisando e trocando a imobilização gessada até o dia da última visita da paciente. Na peça acusatória é que se fica sabendo que a paciente procurou outro médico e procedeu a mais dois atos cirúrgicos em tempos diferentes e em condições que permitiram a fixação com placa e parafusos. Ainda de acordo com o Relator, a denunciante não apresentou nenhuma prova que pudesse comprometer o médico, apenas manifestando o desejo de que se considere como conduta errada o trabalho do médico denunciado, já que o segundo médico, após duas cirurgias, obteve resultado satisfatório. A denunciante "silencia quanto ao fato de ter abandonado o tratamento com o médico X, o denunciado, não permitindo uma nova operação, conforme constava no plano de tratamento". Assim, por não encontrar nenhuma prova de que o médico X tenha cometido delito ético nesse atendimento, o Relator do CFM decidiu pela manutenção do arquivamento do processo. A XXV Semana Acadêmica da UFCSPA, realizada de 21 a 24 de setembro, teve como tema as perspectivas na formação do médico. A cerimônia de abertura contou com a mediação do Presidente do Cremers, Cláudio Franzen, no debate sobre a Lei do Estágio. A mesa foi composta pelos deputados federais Manuela d’Ávila e Germano Bonow, o advogado representante do Simers Hugo Paz e os acadêmicos Marcos Mendonça e Daniela Barreto. Entre os assuntos abordados na Semana Acadêmica, estiveram tratamentos para câncer de estômago, a epidemia do crack e as dúvidas do médico recém-formado. Presidente Cláudio Franzen participou da abertura do evento Delegacias Seccionais Alegrete Dr. Cláudio Luiz Morsch (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402 | CEP 97542-600 | [email protected] Bagé Dr. Airton Torres de Lacerda (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204 | CEP 96400-380 | [email protected] Cachoeira do Sul Dr. Osmar Fernando Tesch (51) 3723.3233 R. Pinheiro Machado, 1020/104 | CEP 96506-610 | [email protected] Camaquã Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão (51) 3671.3191 R. Júlio de Castilhos, 235 | CEP 96180-000 Carazinho Dr. Airton Luis Fiebig (54) 3330.1049 Av. Pátria, 823/202 | CEP 99500-000 Caxias do Sul Dr. Alexandre Ernesto Gobbato (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | CEP 95020-412 | [email protected] Cruz Alta Dr. Eduardo Pinto de Campos (55) 3324.2800 R.Venâncio Aires, 614 salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected] Erechim Dr. Paulo César Rodrigues Martins (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | CEP 99700-000 | [email protected] Ijuí Dra. Miréia Simões Pires Wayhs (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | CEP 98700-000 | [email protected] Lajeado Dr. Fernando José Sartori Bertoglio (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | CEP 95900-000 | [email protected] Novo Hamburgo Dr. Luciano Alberto Strelow (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/sl. 55/56 | CEP 93510-320 | [email protected] Osório Dr. Angelo Mazon Netto (51) 3663.2755 R. Barão do Rio Branco, 261/08-9 | CEP 95520-000 Palmeira das Missões Dr. Áttila Sarlo Maia Júnior (55) 3742.1503 R. César Westphalen, 195 | CEP 98300-000 Passo Fundo Dr. Alberto Villarroel Torrico (54) 3311.8799 R. Bento Gonçalves, 190/207 | CEP 99010-010 | [email protected] Pelotas Dr. Victor Hugo Pereira Coelho (53) 3227.1363 R. General Osório, 754/602 | CEP 96020-000 | [email protected] Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | CEP 96200-070 | [email protected] Santa Cruz do Sul Dr. Gilberto Neumann Cano (51) 3715-9402 Fernando Abott, 270/204 - Centro |CEP 96825-150 | [email protected] Santa Maria Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | CEP 97015-513 | [email protected] Santa Rosa Dr. Carlos Alberto Benedetti (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected] Santana do Livramento Dra. Tânia Regina da Fontoura Mota (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501 | CEP 97573-500 | [email protected] Santo Ângelo Dr. Edson Luiz Maluta (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | CEP 98801-610 | [email protected] São Borja Dr. Luiz Roque Lucho Ferrão (55) 3431.3185 Av. Presidente Vargas, 1440, São Borja | CEP 97670-000 São Gabriel Dr. Clóvis Renato Friedrich (55) 3232.2713 R. Jonathas Abbot, 636 | CEP 97300-000 São Jerônimo Dra. Lori Nídia Schmitt (51) 3651.1361 R. Salgado Filho, 435 | CEP 96700-000 São Leopoldo Dr. Ricardo Lopes (51) 3572.0399 R. São Pedro, 1050 | CEP 93010-260 Três Passos Dr. Dary Pretto Filho (55) 3522.2324 R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000 Uruguaiana Dr. Luiz Antônio de Souza Marty (55) 3411.2161 R. Dr. Domingos de Almeida, 3.801 | CEP 97500-004 | [email protected] outubro/2009 CREMERS 31 Evento Entrega de carteiras no Interior Caxias do Sul No dia 11 de setembro, 24 novos médicos receberam suas credenciais na Delegacia Seccional do Cremers em Caxias do Sul. A cerimônia, ocorrida na sede da Associação Médica da cidade e presidida pelo delegado seccional Alexandre Ernesto Gobbato, contou com a participação de Cláudio Balduíno Souto Franzen, Presidente do Cremers; Ismael Maguilnik, Tesoureiro; Ércio Amaro de Oliveira Filho, Coordenador da Ouvidoria; e dos conselheiros Mário Antônio Fedrizzi e Luciano Bauer Gröhs. Dr. Alexandre Ernesto Gobbato Dr. Ércio Amaro de Oliveira Filho Santa Maria No dia 18 de setembro, o ato de entrega de carteiras aconteceu em Santa Maria. O evento, que reuniu 17 novos médicos, aconteceu na Sociedade de Medicina de Santa Maria e foi aberto pelo Vice-Presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar. Também participaram da cerimônia Régis de Freitas Porto, Corregedor do Cremers; Ércio Amaro de Oliveira Filho, Coordenador da Ouvidoria; Floriano Soeiro de Souza Neto, Dr. Floriano de Souza Neto Delegado Seccional de Santa Maria; Rodrigo Maurer da Silva, Primeiro-Secretário da Delegacia de Santa Maria; César Prado Lima, Presidente da Sociedade de Medicina de Santa Maria; José Wellington Alves dos Santos, representante da Coordenação do Curso de Medicina da UFSM; e Paulo Edson Freitas, responsável clínico do Hospital-Dia Pronto Atendimento 24 Horas Unimed. Dr. Ismael Maguilnik Dr. Régis de Freitas Porto Dr. Rogério Wolf de Aguiar Dirigentes e novos médicos confraternizam em Santa Maria