MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 MAURO GEMELLI AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS MANUAIS, DIRECIONADAS À CADEIA RESPIRATÓRIA, SOBRE OS VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES E PRESSÕES INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA EM ATLETAS DE NATAÇÃO. CASCAVEL 2004 iii MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 MAURO GEMELLI AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS MANUAIS, DIRECIONADAS À CADEIA RESPIRATÓRIA, SOBRE OS VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES E PRESSÕES INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA EM ATLETAS DE NATAÇÃO. Trabalho de conclusão de curso do curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - campus Cascavel Orientador: Carvalho CASCAVEL 2004 prof. Alberito Rodrigo de MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 TERMO DE APROVAÇÃO MAURO GEMELLI AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS MANUAIS, DIRECIONADAS À CADEIA RESPIRATÓRIA, SOBRE OS VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES E PRESSÕES INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA EM ATLETAS DE NATAÇÃO. Trabalho de conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. ............................................................................ Orientador Prof. Alberito Rodrigo de Carvalho Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE .......................................................................................... Prof. Keila Okuda Tavares Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE ............................................................................................ Prof. José Luis Machado Colegiado de Medicina – UNIOESTE Cascavel, 10 de fevereiro de 2004. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 iii AGRADECIMENTOS Agradeço a vida. Agradeço a minha mãe e meu pai por me permitir aproveitar as oportunidades da vida. Agradeço a todos que me ofereceram oportunidades para crescer. Agradeço a todos meus amigos pelas situações que me permitiram crescer. Agradeço aos amigos que me ajudaram em situações que necessitei de ajuda. Agradeço a Deus por não me deixar passar necessidade, e me permitir poder correr atrás e conseguir por mim conquistar tudo que pretendi, apesar de não ter conseguido nada sozinho, mas sim com VOCÊS... ...você professor Alberito, que aceitou ser mentor desse projeto tão importante da minha vida acadêmica; ...você Paulo, que tanto me ajudou sem mesmo ter tido intenção, sem ao menos saber, simplesmente sendo meu amigo me ensinando a amizade; ...você Marina, minha guia nessa guerra, felizmente sem mortos ou feridos, de vitórias e conquistas, a NOSSA vitória, a NOSSA conquista; ...você professora Débora, que com paciência, iniciativa e sacrifício joga em prol do verdadeiro espírito de Universidade; Agradeço ainda... ...ao professor José Luis Machado do colegiado de Medicina pelos exames cedidos para este estudo; ... ao professor Rui da Associação Atlética Comercial de Cascavel pela colaboração; ...aos professores (Gladson, Fernando, Carlos, Gustavo) pelos momentos de desporto que proporcionaram e que, logicamente, perderam; Agradeço enfim, o mundo que passou por mim, que me preparou para o mundo que está chegando. Que me desculpe se no meio deste mundo esqueci-me de você. MEU OBRIGADO! MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 iv SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS ...............................................................................................VI LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................VII RESUMO...............................................................................................................................VIII 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1 2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................3 2.1 MÚSCULOS .......................................................................................................................3 2.1.2 Propriedade Tônica dos Músculos ..............................................................................3 2.2 RESPIRAÇÃO ...................................................................................................................4 2.2.1 Músculos inspiratórios...................................................................................................4 2.2.2 Fisiologia da respiraçÃo................................................................................................5 2.2.3 Biomecânica ...................................................................................................................6 2.2.4 Relaxamento para favorecer exercícios de alongamento .................................... 10 2.2.5 Disfunções miofasciais respiratórias........................................................................ 10 2.3 TECIDO CONJUNTIVO ................................................................................................ 12 2.3.1 Fisiologia do tecido conjuntivo .................................................................................. 12 2.3.1.1 Colágeno ................................................................................................................... 12 2.3.1.2 Elastina ...................................................................................................................... 13 2.3.1.3 Fáscias ...................................................................................................................... 14 2.3.3 Resposta Biomecânica do Tecido Conjuntivo a Manipulação............................. 15 2.4 ALONGAMENTO............................................................................................................ 17 2.4.1 Fisiologia do Alongamento do colágeno ................................................................. 18 2.4.2 Resposta dos elementos conjuntivos e elásticos à tensão.................................. 20 2.4.3 Efeitos imediatos do alongamento ........................................................................... 21 2.4.4 Efeitos a longo prazo do alongamento .................................................................... 22 2.5 TERAPIA MANUAL........................................................................................................ 24 2.5.1 Técnicas: stretching e pompage x alongamento ................................................... 24 2.5.1.1 Pompage ................................................................................................................... 24 2.5.1.2 Stretching (Alongamento Cíclico).......................................................................... 26 2.6 AVALIAÇÃO DOS VALORES PULMONARES ......................................................... 28 2.6.1 Espirometria ................................................................................................................. 28 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 31 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO............................................................................. 31 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................ 31 3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO.............................................................. 31 3.4 MATERIAIS ..................................................................................................................... 32 3.5 MÉTODOS ...................................................................................................................... 32 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................... 38 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 40 4.1 Idade, Peso e Altura e sexo .......................................................................................... 40 4.2 CapaCidade Vital (CV) .................................................................................................. 41 4.3 Capacidade Vital Forçada (CVF)................................................................................. 42 4.4 Ventilação Voluntária Máxima (VVM) ......................................................................... 43 4.5 ÍNDICE DE TIFFENEAU (VEF1/CVF)......................................................................... 44 4.6 Fluxo Expiratório Forçado 25-75% (FEF25-75%) ......................................................... 45 FONTE: o autor ..................................................................................................................... 45 4.7 Raios-X ............................................................................................................................ 46 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 v 4.8 Pressão Expiratória Máxima (PeMax) ........................................................................... 46 4.9 Pressão inspiratória máxima (PiMax) ......................................................................... 48 5 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 51 CONCLUSÃO........................................................................................................................ 58 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.................................................................................... 59 ANEXOS ................................................................................................................................ 63 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 LISTA DE ABREVIATURAS AP – Ântero-posterior BD – Bronco dilatador; CEP – Componente elástico em paralelo CV – Capacidade vital lenta; CVF – Capacidade vital forçada; FEF25-75% - Fluxo expiratório forçado entre 25-75% do tempo total; GAG – Glicosaminoglicanas; IGF-I – Fator de crescimento insulina dependente; Pab – Pressão intra-abdominal; Pdi – Pressão transdiafragmática; PeMax – Pressão expiratória máxima; PiMax – Pressão inspiratória máxima; REP - Reflexo excitatório pulmonar; TMI – Treinamento muscular inspiratório; VC – Volume corrente; VE – Volume expiratório; VEF1 – Volume expiratório forçado no 1º segundo; VI – Volume inspiratório; VC – Volume corrente; VVM – Ventilação voluntária máxima; vi MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – O alongamento conjuntivo ............................................................................ 19 FIGURA 2 – Posicionamento.............................................................................................. 35 FIGURA 3 – Descolamento diafragmático........................................................................ 35 FIGURA 4 – Propriocepção diafragmática............................................................................ 35 FIGURA 5 – Pompage costal inferior ................................................................................ 36 FIGURA 6 – pompage costal superior............................................................................... 36 FIGURA 7 – Stretching de escaleno anterior ................................................................... 36 FIGURA 8 – Stretching de escaleno médio...................................................................... 36 FIGURA 9 – Stretching de trapézio fibras laterais........................................................... 37 FIGURA 10 – Stretching de trapézio fibras mediais........................................................ 37 FIGURA 11 – Stretching de elevador da escápula. ........................................................ 37 FIGURA 12 – Pompage do peitoral menor ....................................................................... 37 FIGURA 13 – Pompage de peitoral maior fibras costo-umerais ................................... 38 FIGURA 14 – Pompage de peitoral maior fibras esterno-umerais ............................... 38 Gráfico 1 – Valores da VVM para os grupos controle e tratamento, apresentados em porcentagem de acréscimo/decréscimo (fi nal/inicialx100%). Gráfico 2 – Comparação dos valores da FEF 25/75% pré e pós BD do grupo CONTROLE nas avaliações iniciais e finais (valor calculado em função do valor teórico de cada atleta) Gráfico 3 – Comparação dos valores da FEF 25/75% pré e pós BD do grupo TRATAMENTO nas avaliações iniciais e finais (valor calculado em função do valor teórico de cada atleta) Gráfico 4 – Comparação da evolução do valores da e PeMax para os grupos controle e tratamento, usando se o índice de base móvel Gráfico 5 – Comparação da evolução do valores da e PiMax para os grupos controle e tratamento, usando se o índice de base móvel. 44 45 45 48 50 Tabela 1 - Quantificação dos distúrbios ........................................................................... 30 Tabela 2 – Tabela mostrando um exemplo de avaliaçÕa da evolução final. ........... 39 Tabela 3 - Comparação dos valores iniciais e finais da idade, peso e altura da amostra. A diferença entre o valore final (f) e o inicial (i) é mostrada à direita dos respectivos valores. .................................................................... 40 Tabela 4 - Valores iniciais e finais da CV para os grupos controle e tratamento...... 41 Tabela 5 - Valores da CVF iniciais e finais dos grupos controle e tratamento. ......... 42 Tabela 6 - Valores iniciais e finais da VVM para os grupo controle e tratamento..... 43 Tabela 7 - Valores iniciais e finais da relação VEF1/CVF para os grupos controle e tratamento..................................................................................................... 44 Tabela 8 - Valores iniciais e finais do comprimento (cm) pulmonar látero-lateral e ápice-base obtidos a partir do exame de raios-x....................................... 46 Tabela 9 - Valores iniciais e finais da PeMax para os grupos controle e tratamento. .................................................................................................... 47 Tabela 10 - Valores da PiMax iniciais e finais para os grupos controle e tratamento. ................................................................................................. 49 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 viii RESUMO Técnicas fisioterapêuticas manuais promovem normalização de tônus muscular e o alongamento do tecido conjuntivo, levando a melhora da função. Objetivo: Avaliar a influência das técnicas fisioterapêuticas manuais aplicadas à cadeia respiratória, e as possíveis alterações nos volumes, capacidades e pressões pulmonares. Metodologia. A amostra foi composta por 15 atletas de natação, com idade entre 13 e 18 anos, de ambos os sexos, que inicialmente foram avaliados através da técnica de espirometria computadorizada, teste manuvacuométrico e raios-x AP em inspiração máxima. A amostra foi randomizada em dois grupos de 8 atletas cada. Um grupo sofreu intervenção de um protocolo de técnicas fisioterapêuticas manuais, num período de 3 semanas, 4 sessões por semana de 30 minutos cada, até totalizar 10 sessões para cada indivíduo. O outro grupo (controle) participou apenas das avaliações. Após a intervenção foram reavaliados e os resultados analisados. Resultados. Foram encontrados valores estatisticamente significativos (p<0,05) para as variáveis PiMax, PeMax, CVF e comprimento ápice-base pulmonar esquerdo apenas para o grupo tratado. Os valores da CV e VVM aumentaram em ambos os grupos. O índice de Tiffeneau não apresentou variação. Conclusão. Concluiu-se que, apesar das técnicas terem apresentado um efeito positivo sobre a mecânica respiratória, permanece obscuro seus mecanismos de influência evidenciada pela carência de literatura científica. Palavras-chave: Terapia manual; Cadeia respiratória; Volumes e capacidades pulmonares; Pressões inspiratória e expiratória MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 ix ABSTRACT Manual physiotherapy techniques promote normalization of muscular tonus and the prolongation of the conjunctive fabric, taking the improvement of the function. Objective: To evaluate the influence of the techniques physiotherapy manuals applied to the breathing chain, and the possible alterations in the volumes, capacities and lung pressures. Methodology. The sample was composed by 15 swimming athletes, with age between 13 and 18 years, of both sexes, that initially were appraised through the technique of computerized spirometer, test of lung pressures and AP ray-x in maximum inspiration. This was randomized in two groups of 8 athletes each. A group suffered intervention of a protocol of techniques physiotherapy manuals, in the period of 3 weeks, 4 sessions a week of 30 minutes each, until totaling 10 sessions for each individual. The other group (controls) just participated of the evaluations. After the intervention they were revalued and the analyzed results. Results. We found values statically significant (p <0,05) for the variables PiMax, PeMax, FVC and of the left lung apex-base length just for the treated group. The values of VC and MVV increased in both groups. The relationship VEF1/CVF didn't present variation. Conclusion. It was ended that, in spite of the techniques they have had a positive effect on the breathing mechanics, it stays obscure the influence mechanisms evidenced by the poor of scientific literature. Word-key: Manual therapy; Breathing chain; Volumes and lung capacities; Inspiratory and expiratory Pressures. 1 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 1 INTRODUÇÃO A melhoria da capacidade de um atleta em tolerar a demanda física do treinamento e competição é conseguida por meio das adaptações causadas por agentes estressores aplicados no programa de treinamento. (TEIXEIRA, 1999). Conforme relatos de WEEKS1 apud BRACCIALLI et al. (2000), os músculos esqueléticos dos vertebrados apresentam uma extraordinária capacidade para se adaptarem às condições extrínsecas. Ocorrem modificações no perfil molecular e estrutural das fibras musculares dependendo da demanda funcional. Portanto, a propriedade de um músculo se altera devido ao aumento ou decréscimo da atividade muscular. SOUCHARD (1996) lembra que o homem, na tentativa de manter-se ereto, submete os músculos da estática a um estado de tensão constante, sendo esta responsável pela diminuição da flexibilidade do sistema locomotor humano. Os músculos da dinâmica, após a contração inicial, retornam completamente a um estado de relaxamento, promovendo movimentos de grande amplitude. O mesmo autor enfatiza o importante papel desempenhado pela respiração na manutenção da postura, levando em conta que os músculos inspiratórios são considerados da estática, pois desempenham função na manutenção do tórax. Já os músculos abdominais, que tracionam o tórax para baixo, exercem um papel dinâmico. Geralmente os indivíduos adotam posturas inadequadas, as quais mantém os músculos inspiratórios constantemente tensos. O não-relaxamento da musculatura inspiratória acabará provocando o seu encurtamento, o que dificultará o movimento de descida do tórax. Conseqüentemente, a expiração tornar-se-á insuficiente limitando a ventilação pulmonar. Os alongamentos prolongados, suaves, progressivos e com baixo número de repetições, são mais eficazes na promoção de flexibilização do que as trações bruscas e com grande número de repetições (BRACCIALLI et al., 2000) 1 WEEKS, O. I. Vertebrate skeletal muscle: power source for locomotion. BioScience, v.39, n.11, p.791-7,1989. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 2 Neste estudo, procuramos avaliar as técnicas fisioterapêuticas manuais de pompage e stretching aplicadas sobre a musculatura respiratória (escalenos, trapézio superior, intercostais externos, elevador da escápula, peitorais maior e menor) a fim de verificar se estas são capazes de promover alterações nos volumes e capacidades pulmonares (capacidade vital - CV; capacidade vital forçada -CVF; ventilação voluntária máxima, VVM) e nas pressões inspiratória e expiratória em atletas de natação. Com isso esperou-se proporcionar benefícios ao treinamento atlético buscando um melhor rendimento e evidências científicas a favor da terapia manual como recurso fisioterapêutico na melhora de rendimento de atletas. OBJETIVO O objetivo deste estudo foi avaliar a influência das técnicas fisioterapêuticas manuais aplicadas sobre a cadeia respiratória e as possíveis alterações nos volumes e capacidades pulmonares e nas pressões inspiratória e expiratória. 3 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 MÚSCULOS O músculo é o “elemento maior” do corpo humano, acionando consciente ou inconscientemente os segmentos corpóreos. A musculatura estriada, de contração voluntária, é denominada musculatura esquelética (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999). A função dos músculos esqueléticos depende de atividade proprioceptiva intacta, inervação motora, carga mecânica e mobilidade articular. O músculo é o mais mutável dentre os tecidos biológicos e responde às demandas normais ou alteradas com adaptações morfológicas e funcionais (LIEBER, 1992; SILVEIRA et al., 1994). Estes achados têm implicações extremamente importantes para os fisioterapeutas. O conhecimento e o entendimento dessas adaptações permitem que este profissional seja mais efetivo ao avaliar e tratar, compreendendo os efeitos fisiológicos da intervenção imposta e, respondendo melhor às necessidades individuais do paciente. 2.1.2 PROPRIEDADE TÔNICA DOS MÚSCULOS O músculo tônico segundo ACHOUR (2002), possui função postural (estática). Morfoanatomicamente, são músculos menores, geralmente mais 4 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 profundos, com predomínio de fibras vermelhas que conferem resistência à fadiga ao músculo. 2.2 RESPIRAÇÃO 2.2.1 MÚSCULOS INSPIRATÓRIOS Segundo BIENFAIT (1987), o tórax está suspenso na coluna cervical e dorsal alta por unidades tônicas. A disposição das articulações posteriores das costelas faz com que elas não possam se elevar sem se abrirem. Os músculos responsáveis por essa abertura são considerados inspiratórios, juntamente com outros músculos que agem sobre o gradil costal, e só intervêm na inspiração forçada. FARKAS et al. (1996) classificam os vários músculos da respiração em inspiratórios ou expiratórios baseados em suas ações mecânicas. Além de compartilhar todas as características comuns aos músculos do esqueleto apendicular, os músculos da respiração são propensos a se cansar e também estão dotados com a capacidade de se adaptarem a condições adversas, incluindo o exercício físico, que pode levar ao encurtamento da estrutura dos músculos inspiratórios acessórios. Os músculos trapézio superior, extensores cervicais, peitoral maior, levantador da escápula, esternocleidomastóideo (ECOM) e escalenos, classificados por BIENFAIT (1993); SOUCHARD (1996); FARKAS (1996); KENDALL (1995); SANTOS (2000) e ROSA (2002) como músculos tônicos acessórios da respiração, têm predominância de fibras vermelhas e por isso estão propensos ao encurtamento (SANTOS, XXX). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 5 FARKAS (1996), apontou que o comprimento dos músculos respiratórios em repouso é ditado pelo equilíbrio entre as forças de recuo dentro do pulmão e as forças de recuo externas da parede de tórax. Mudanças entre o equilíbrio dessas forças resultarão em mudanças no comprimento de repouso dos músculos respiratórios. Assim, ocorrências simples da vida cotidiana, como mudanças da postura, alterarão o comprimento operacional e a força contrátil dos músculos ventilatórios. Se não forem compensadas, estas mudanças de comprimento conduzirão ao encurtamento dos músculos e conseqüentemente a uma redução na habilidade de gerar mudanças de volume. 2.2.2 FISIOLOGIA DA RESPIRAÇÃO Em repouso, a inspiração é dita um processo ativo e a expiração um processo passivo. Na inspiração e expiração forçadas, como afirmado por KRISHMAN (2000), há a atividade de músculos acessórios para suprir demandas metabólicas. Durante exercícios moderados, são recrutados músculos inspiratórios e expiratórios acessórios para satisfazer as exigências de fluxo crescentes. Além disso, KRISHNAN (2000) em seu estudo mostrou que, durante exercício pesado de resistência (80% da necessidade de O2 máximo), músculos inspiratórios adicionais contribuem para aumentar a corrente de ar inspirada, enquanto que o diafragma se comporta apenas como gerador de fluxo ventilatório. Portanto, a medida de pressão dos músculos respiratórios (P max = Pimax + Pemax) ao longo do ciclo respiratório, têm contribuições relativas de todos os músculos inspiratórios (não só do diafragma) e 6 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 músculos expiratórios, para a produção da ventilação durante atividades extenuantes. O estudo de KRISHMAN (2000) mostrou que a resposta de hiperventilação ao exercício pesado é associada a aumentos progressivos nas Pimax e Pemax e que a relação entre ventilação por minuto e as pressões respiratórias ao longo do ciclo respiratório é linear durante o exercício pesado. Embora a carga dos músculos inspiratórios tenha aumentado significativamente, o estudo mostrou que a atividade inspiratória diminuiu progressivamente durante exercício de trabalho pesado, ao mesmo tempo que, uma maior contribuição por parte dos músculos expiratórios foi observado. ROMER (2002) evidenciou que a fadiga dos músculos inspiratórios ocorre após o exercício submáximo prolongado e exercício máximo em curto tempo, sugerindo que a fadiga da musculatura respiratória pode influenciar a tolerância ao exercício. 2.2.3 BIOMECÂNICA Dentre os músculos da respiração, participam da inspiração e da expiração músculos do dorso, abdome, tórax, além da musculatura do pescoço com origem cervical. Os escalenos, segundo BIENFAIT (1987), músculos essencialmente tônicos, são apenas suspensórios. Por sua tonicidade, e, com freqüência por sua retração, estes músculos limitam a descida do tórax e impedem os movimentos inspiratórios. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 7 É contra eles que se chocam os músculos expiratórios (essencialmente os abdominais) que têm pouca ação sobre as costelas superiores. O transverso do tórax, músculo tônico cujas fibras são obliquas para cima e para fora, controla a abertura e a ascensão dos seis primeiros pares de cartilagens costais. (BIENFAIT, 1987). Os intercostais externos, cujas fibras são obliquas para fora e para baixo, conservam a abertura dos espaços durante essa subida. (BIENFAIT, 1987). Ao nível da cabeça de cada costela, um músculo levantador da costela, que vai do processo transverso até a borda superior da costela subjacente, limita e controla os efeitos dessa tração para baixo nas expirações forçadas (BIENFAIT, 1987). Os intercostais externos são espessos e carnosos posteriormente, possuem aponeurose anteriormente e têm as fibras diretamente de cima para baixo e em direção de lateral para medial. São elevadores das costelas, aumentam os espaços intercostais, por isso aumentam o diâmetro do tórax (TRIBASTONE, 2001). Esternocleidomastóideo (ECOM) age quando a cabeça e o pescoço estão estabilizados. Quando a cabeça é bloqueada pelos extensores cervicais este músculo faz tração através de suas inserções no crânio e eleva as clavículas e o esterno, aumentando o diâmetro AP do tórax (KENDALL, 1995; TRIBASTONE, 2001). O elevador da Escápula, agindo bilateralmente, ajuda a extensão cervical promovendo estabilização (KENDALL, 1995). O trapézio superior tem um papel de assistir na inspiração forçada ajudando a elevar a caixa torácica. A inserção das fibras superiores no terço lateral da clavícula MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 8 assegura a participação dessa porção do músculo sempre que a respiração clavicular for necessária (KENDALL, 1995). O peitoral maior, quando os braços estão fixados em posição fletida e abduzida, ajuda a elevar o esterno (e a caixa torácica) aumentando o diâmetro AP (KENDALL, 1995; TRIBASTONE, 2001). Os peitorais menores só são inspiratórios através da fixação da escápula. A escápula precisa ser estabilizada pelos trapézios inferior e médio, em uma posição que impeça a inclinação anterior e a depressão do processo coracóide para que o peitoral menor tenha ação (KENDALL, 1995). Com os braços em supinação, ajudam a elevar as costelas (Tribastone, 2001). O diafragma é apresentado em forma de cúpula e pode ser dividido em duas partes: uma central onde está presente o centro tendíneo; e outra periférica composta por feixes musculares de inserção ao longo do contorno interno do tórax inferior. O centro tendíneo possui conexões fibro-serosas com o coração e esterno que sobem em direção a aponeurose pré-vertebral recobrindo os músculos prévertebrais e escalenos. Dessa aponeurose prolonga-se a aponeurose superficial que envolve externamente todo o pescoço, anteriormente da mandíbula até as clavículas e esterno, e posteriormente das escápulas até a linha curva occipital. A comunicação subdiafragmática dessa cadeia ocorre pela fáscia do músculo iliopsoas nas vértebras lombares que chega ao membro inferior (SANTOS, 2000). Ao se contraírem, as fibras musculares diafragmática endireitam a cúpula aumentando o diâmetro vertical. Ao iniciar sua descida, o centro tendíneo é tracionado pelos ligamentos fibrosos exercendo tensão até as vértebras cervicais. Esse tensionamento limita a descida do centro tendíneo. Segundo SANTOS (2002), a partir desse momento, o diafragma passa a ser ponto fixo de um lado pelos MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 9 ligamentos pericárdicos e por outro pelas vísceras, tracionando os arcos costais inferiores no sentido de elevá-los, aumentando o diâmetro lateral da base do tórax. O esterno, em contato com a porção ainda convexa do diafragma é tracionando e elevado aumentando o diâmetro ântero-posterior do tórax pela elevação dos sete primeiros arcos costais. A função do diafragma, segundo estudos de ALIVERTI el al. (1997) é melhorada pela ação dos abdominais. Contraídos, eles aumentam a pressão abdominal (Pab) promovendo fixação do centro tendíneo pela pressão das vísceras, possibilitando maior velocidade de contração do diafragma, gerando menor pressão trasdiafragmática (Pdi). MERRICK, J. & AXEN, K (1981) afirmam que a contração isotônica dos músculos respiratórios promove aumento da força, e respirações profundas e rápidas aumentam o endurance do músculo, mas não a força muscular. Com isso estes mesmos autores afirmam que, o diafragma, assim como outros músculos esqueléticos, se adapta ao tipo de treinamento ao qual é submetido. Ainda de acordo com os autores acima, o fortalecimento abdominal pode poupar os músculos acessórios da inspiração por dar suporte (fixação) ao músculo diafragma. ALIVERTI (1997) afirma que a ação dos abdominais diminui a carga sobre o diafragma, levando a um aumento da velocidade de contração deste músculo, proporcionando fixação ao gradil costal onde o diafragma está inserido. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 10 2.2.4 RELAXAMENTO PARA FAVORECER EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO Ansiedade, estresse e depressão aumentam o tônus e provocam espasmos musculares, fatores predisponentes a ocasionar lesões e dor. (FOMBY & MELLION, 1997). Para ACHOUR (2002), a fase expiratória da respiração pode contribuir para relaxar, além do diafragma, alguns músculos posturais acessórios da respiração, diminuindo a tensão transmitida ao músculo pelos fusos musculares específicos e outros proprioceptores. Conseqüentemente haverá menor percepção de estresse e maior relaxamento. Segundo o autor, mantendo-se a fase expiratória lenta e com tempo de maior que o de inspiração, ocorre uma diminuição da tensão sobre as costelas decorrente do relaxamento dos músculos intercostais, da parede abdominal e das fáscias musculares. 2.2.5 DISFUNÇÕES MIOFASCIAIS RESPIRATÓRIAS Padrões de respiração torácica superior persistente, verificada em situações de desuso do diafragma e conseqüente encurtamento deste, levam a restrição do tendão central do diafragma, hipertonia da musculatura acessória (escalenos, trapézio superior, elevador da escápula) e elevação das costelas superiores. As alterações do diafragma tem ainda implicações cervicais e craniais (através da fáscia cervical profunda conectada as fáscias temporal e occipital, que se conectam aos forames na base do crânio e superiormente na dura-máter) e pélvicas (fáscia dos psoas e quadrado lombar) (CAHITOW E DELANY, 2001). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 11 Ainda de acordo com o mesmo autor, com a hipertonicidade, há maior perda de energia aumentando a fadiga da musculatura respiratória. Com isso a fadiga geral tende a ser maior. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 12 2.3 TECIDO CONJUNTIVO 2.3.1 FISIOLOGIA DO TECIDO CONJUNTIVO Compreendem os tecidos conjuntivos a pele, ligamentos, tendões, cápsulas articulares e fáscias musculares. Estes tecidos são constituídos por componentes intra e extracelulares. Os componentes extracelulares são: colágeno, elastina e fibras reticulares, que conferem à matriz a sua estrutura global, água e glicosaminoglicanas (GAGs) que fornecem lubrificação e espaçamento entre as fibras de colágeno. Os componentes celulares são: fibroblastos e condrócitos, que fornecem matéria prima para a fabricação da matriz. 2.3.1.1 Colágeno O colágeno, principal componente do tecido conjuntivo, é sintetizado por fibroblastos. Trata-se de um polímero de tropocolágeno, que possui capacidade de regeneração ao longo da vida (HALL, 2002). É aqui que se acredita estar situada a maior parte da patologia do tecido conjuntivo. Secretadas as moléculas de colágeno, estas se unem por ligações intramoleculares para formar as fibras colágenas. Essas ligações, chamadas de pontes cruzadas (LEDERMAN, 2001), que, somadas a uma substância mucóide (mucina hidrófila) “colam” as fibras a fim de conferir força e estabilidade ao tecido sob tensão mecânica (BIENFAIT, 1995). No colágeno recém formado, as ligações MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 13 cruzadas são relativamente escassas e podem facilmente ser rompidas. Com o tempo amadurecem e tornam-se cada vez mais fortes (LEDERMAN, 2001). O envelhecimento é a densificação do tecido conjuntivo (BIENFAIT, 1993). O colágeno tipo I tem predileção por formar fibras paralelas (pouca elasticidade). O tipo II é encontrado mais em cartilagens articulares e junção oteotendínea. O colágeno tipo III é característico de parede vascular e o IV predomina na lâmina basal (ACHOUR, 2002). O colágeno é tão inextensível que um peso superior ao seu próprio peso em 10.000 vezes pode não ser suficiente para estendê-lo (ALTER 1999). Somente a sinuosidade do colágeno permite uma pequena elasticidade. Inicialmente, as moléculas de colágeno são desorganizadas, com estruturas sinuosas (ondas) que cedem facilmente à tensão de alongamento, funcionado como molas à aplicação de tensão no músculo. Com o aumento da tensão muscular, o colágeno orienta-se com estruturas retilíneas e reforça as moléculas, tornando menor a deformação do tecido (ACHOUR, 2002) A fibra colágeno posiciona-se em paralelo para formar microfibrilas, a seguir fibrilas e finalmente feixes de tecido conectivo como os tendões e ligamentos. Cerca de 80 a 90% do tecido conectivo é colágeno, o que confere muita força e pouca extensibilidade devido à consistência das ligações cruzadas (ACHOUR Jr, 2002). 2.3.1.2 Elastina A elastina é uma proteína estável com enorme extensibilidade tecidual que fornece propriedades elásticas ao tecido, permitindo que ele se recupere da deformação. Elas estão entremescladas com as fibras de colágeno, variando em proporção nas diversas estruturas musculoesqueléticas (ACHOUR, 1997). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 14 As fibras colágenas e elásticas estão imersas na substância fundamental (proteoglicanos). Trata-se de uma substância viscosa semelhante a um gel, que fornece espaçamento e lubrificação entre as microfibrilas de colágeno. Esse espaçamento evita a formação excessiva de pontes cruzadas, que reduziria a capacidade de deformação do tecido (EANOKA, 2000). 2.3.1.3 Fáscias O tecido conjuntivo, disposto em camadas membranosas, forma a fáscia, envolvendo e dando forma às estruturas do corpo. Esta fáscia tem elasticidade tridimensional, que envolve o músculo e compreende o segundo componente que mais resiste a extensibilidade durante exercícios de alongamento passivo (ACHOUR, 2002). Em sua porção central concentram-se fibras elásticas, e na periferia fibras colágenas. A fáscia é a continuidade do tecido conjuntivo em todo o corpo. Ao nível muscular, as fibras são envolvidas pelo endomísio, conectado ao perimísio que é mais forte e cerca os folículos. As fibras do perimísio conectam-se ao epimísio, uma estrutura conjuntiva ainda mais forte que cerca o músculo como um todo e conectase às fáscias circunjacentes (CHAITOW & DELANY, 2001). No epimísio predomina o colágeno tipo I e III. No perimísio que contém vasos sanguíneos, linfáticos e nervos encontra-se colágeno do tipo I, III e IV; e no endomísio, que envolve cada fibra muscular, se encontra os colágenos tipo I, II, IV e V (ACHOUR, 2002). A fáscia frente à falta de exercício de alongamento, posturas impróprias e em torno de um músculo hipertônico encurta e deixa “lasso” o músculo antagônico. (ACHOUR, 2002) As mudanças na fáscia podem resultar em congestão passiva, MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 15 infiltração fibrosa e densificação da substância fundamental (CHAITOW & DELANY, 2001). Os colóides se adaptam ao formato do seu recipiente e reagem as pressões. 2.3.3 RESPOSTA BIOMECÂNICA DO TECIDO CONJUNTIVO A MANIPULAÇÃO A curva de tensão-comprimento do colágeno possui três regiões distintas: a região de ponta do colágeno; a região elástica (também chamada de amplitude linear); e a região plástica. Elas respondem por diferentes fases em um alongamento. A região de ponta do colágeno responde por 1,5 a 4% do comprimento total do tecido. Na terapia manual, essa área, muitas vezes, é referida como “frouxa”, daí o termo “elimine a lassidão” antes de se aplicar um alongamento. A região elástica é responsável por cerca de 2 a 5% do comprimento do tecido no alongamento. Durante o alongamento dessa região as fibras se endireitam. Começam a aumentar de tamanho e tornam-se progressivamente mais tensas (LEDERMAN, 2001). O tecido conjuntivo possui propriedades específicas ao alongamento dentre as quais é citada a Deformação lenta, Força de Relaxamento, Histerese e Amplitude Plástica. Por causa da viscoelasticidade dos tecidos, o alongamento da unidade músculo-tendão mantida em um comprimento constante leva a um declínio gradual da força passiva de retorno àquele comprimento, um fenômeno conhecido como relaxamento de tensão (TAYLOR et al.,1990; MAGNUSSON et al.,1998). Foi demonstrado em vitro (TAYLOR et al.,1990) e em vivo (MAGNUSSON ET al.,1998) MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 16 que o alongamento repetido da unidade músculo-tendão para um comprimento constante reduz significativamente a tensão passiva do tecido. Outra propriedade biofísica do tecido conjuntivo e a histerese é uma variação que o material viscoelástico do tecido produz na relação de carga-deformação que acontece entre as curvas de alongamento e relaxamento durante um teste de alongamento cíclico (KUBO et al., 2001). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 17 2.4 ALONGAMENTO O alongamento pode ser dividido em ativo e passivo. O alongamento passivo é a base das técnicas de pompage e stretching. Durante crescimento pós-natal, fibras de músculo esquelético se prolongam acrescentando sarcômeros novos em série ao final das miofibrilas existentes. O estudo de GOLDSPINK (1999) mostrou que o alongamento é um poderoso estímulo de crescimento e síntese de proteína para o músculo. Este estudo mostrou também que, mesmo músculos maduros são capazes de se adaptarem a um comprimento funcional novo somando ou removendo sarcômeros em série. Deste modo, o comprimento do sarcômero é ajustado para melhor geração de força e velocidade. O alongamento rápido pode exceder a capacidade do tecido sofrer alterações viscosas, provocando trauma e rupturas (ACHOUR, 1997). Este alongamento é recomendado para romper aderências. Apenas durante o alongamento lento mantido (estático) haverá aumento efetivo do comprimento do tecido. Devido à diversidade estrutural e morfológica, é quase impossível estabelecer quanto tempo um tecido deve ser alongado. Estudos mais específicos para músculos posteriores da coxa trazem que um alongamento de único diário de 30 segundos é mais eficaz que o alongamento de 15 segundos, não evidenciando diferenças expressivas entre alongamentos de 30 e 60 segundos. Isso nos leva a afirmar que um tempo ideal é o de 30 segundos diários (BANDY et al., 1994). Segundo ROSA (2002), forças de tração lenta, por aumentarem a deformação plástica permanente deste tecido, parecem ser a melhor forma de trabalho. Manobras miofaciais como as pompage estimulam as alterações desejadas sobre o MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 18 tecido conjuntivo, sem gerar lesão ou seu enfraquecimento. SOUCHARD (1990, 1996), propõe que o alongamento residual persistente seja diretamente proporcional ao tempo e à força de tração exercida e inversamente proporcional ao coeficiente de elasticidade. Ganho de alongamneto após traçao = força × tempo coeficient e de elasticida de A partir da equação é possível concluir que os alongamentos prolongados são mais eficazes do que as trações bruscas. 2.4.1 FISIOLOGIA DO ALONGAMENTO DO COLÁGENO A deformação lenta é um mecanismo transitório. A renovação normal do tecido conjuntivo é um processo lento que demora alguns meses até anos. As rápidas alterações no comprimento podem ocorrer após poucas semanas de alongamento. A plasticidade representa o mecanismo mais plausível para produzir alterações a longo prazo (TAYLOR2, et al apud LEDERMAN, 2001). O alongamento causa pequenas rupturas nas fibras do colágeno, deixando “pontos terminais” que iniciam uma reação de reparo de síntese de colágeno pelos fibroblastos, culminando no alongamento das fibras (Figura 1). 2 TAYLOR, D. C. & DALTON, J. D. & SEABER, ª V. GARRETT, W. E. “Viscoelastic propriets of muscle-tendon units: the biomechanical effects of the stretching” American Journal of Sports and Medicine 18(3):300-309, 1990 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 FIGURA conjuntivo 1 – O 19 alongamento FONTE: LEDERMAN, Fundamentos da terapia Manual. São Paulo, manole, 2001). Da mesma forma, em um estudo recente, GOLDSPINK (2003) sugere que a hipertrofia muscular longitudinal (deposição de sarcômeros em série), é dependente de lesão na fibra muscular que leva a expressão gênica da insulina como fator de crescimento (IGF-I). Na deformação plástica em que a amplitude vai além da elasticidade, ocorrem rupturas microscópicas das fibras de colágeno. As primeiras fibras a alongar-se completamente são as primeiras a se romperem. Exercícios de alongamento lento e mantido proporcionam maior deformação plástica permanente do que alongamentos curtos (ROSA, 2002; EDMON, 2000). A resistência muscular passiva é uma função das pontes cruzadas ou conteúdo de colágeno que, provavelmente, não serão afetados através de alongamento inadequado. É proposto que para efetuar uma mudança em músculo sadio, é necessário aumentar o alongamento após alcançar a fase plástica promovendo crescimento secundário da fibra colágena (LEDERMAN 1997). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 20 2.4.2 RESPOSTA DOS ELEMENTOS CONJUNTIVOS E ELÁSTICOS À TENSÃO O componente elástico em paralelo (CEP) é apontado por ACHOUR (2002), como responsável pela tensão do músculo em repouso, sendo formado pelo endomísio, epimísio e perimísio. O perimísio das fibras vermelhas (fibras estáticas), segundo o autor, é mais denso e importante já que é considerado o principal elemento elástico em paralelo. Há vasta literatura internacional contra-indicando exercícios de alongamento com forte tensão devido à suscetibilidade de microlesões (ACHOUR, 1997). Como afirma ACHOUR (2002), o alongamento da fáscia pode causar estreitamento do compartimento cilíndrico aumentando a pressão durante a contração excêntrica, podendo a fáscia sofrer lesão. Ao causar dano ao músculo, um processo semelhante ao tecido conjuntivo de adaptação rápida ocorre levando a alterações no comprimento do músculo em conseqüência do aumento tanto do número quanto do comprimento dos sarcômeros (LEDERMAN, 2001). Durante o alongamento existe uma discrepância entre a energia mecânica utilizada para alongar o tecido e a energia mecânica utilizada para que o tecido volte à sua forma original. Essa discrepância deve-se em grande parte ao ritmo dos fluidos no tecido, no qual o ritmo para fora é mais rápido do que o pra dentro (fenômeno de histerese) ( BUTLES3, 1978 apud KUBO, 2001). O estudo de KUBO et al. (2001) evidenciou que o torque passivo do músculo durante o alongamento diminuiu, sem qualquer alteração na eletromiografia (EMG). A diminuição da histerese observada após o alongamento pode ser interpretada 3 Butler DL, Grood ES, Noyes FK, and Zernicke RF. Biomechanics of ligaments and tendons. Exerc Sport Sci Rev 6: 125– 181, 1978. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 21 como um declínio de viscoelasticidade dentro de estruturas de tecido, e a redução da resistência decorrente de uma mudança aguda no arranjo de fibras de colágeno. A diminuição da viscosidade nos movimentos de balanceio do “gel” (substância fundamental) propiciadas pelas técnicas manuais, segundo CHAITOW & DELANY, 2001 e ACHOUR, 2002, é a responsável pela menor resistência à extensibilidade do tecido. Essa alteração da viscosidade ocorre pela propriedade de deformação lenta. Estes resultados provêem um fundo fisiológico para aumentos na amplitude de movimento depois do alongamento. 2.4.3 EFEITOS IMEDIATOS DO ALONGAMENTO Os efeitos imediatos do alongamento em animais e humanos foram estudados por MAGNUSSON et al. (1996). Os músculos extensores dos dedos e músculos tibiais anteriores de coelhos foram alongados durante 30 segundos, onde os efeitos sobre a viscoelasticidade aumentaram o comprimento do músculo até o quarto ciclo de alongamento. Estes resultados são condizentes com os resultados de estudos em músculos isquiotibiais de humanos, que mostraram menor resistência muscular com cinco extensões repetidas (BORMS 4 et al. 1987 apud in SHRIER et al., 2000). Segundo SHRIER, I. & GOSSAL (2000), após alongamento muscular a força de contração muscular pode aumentar ou diminuir dependendo da velocidade do alongamento. Uma alta velocidade gera maior força de contração pós alongamento. Uma velocidade lenta leva a um aumento da força das pontes cruzadas que 4 Borms J, Van Roy P, Santens JP, et al: Optimal duration of static stretching exercises for improvement of coxo-femoral flexibility. J Sports Sci 1987;5(1):39-47 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 22 impedem deslizamento da actina miosina e levam a um menor poder de contração (redução do comprimento do sarcômero) diminuindo força pós-alongamento. 2.4.4 EFEITOS A LONGO PRAZO DO ALONGAMENTO Num estudo randomizado em humanos foram verificados os efeitos a longo prazo do alongamento em humanos. Depois de 6 semanas, os indivíduos que alongaram durante 30 segundos o músculo uma vez ao dia aumentaram a amplitude de movimento (ADM) muito mais que os indivíduos que alongaram 15 segundos. Um aumento pequeno na ADM no grupo de 15 segundos não foi estatisticamente significante. Nenhum aumento adicional foi visto no grupo que alongou durante 60 segundos comparado ao grupo de 30 segundos (BANDY5 et al, 1994 apud SHRIER et al. (2000). Em outro estudo BANDY6 et al. (1997 apud SHRIER 2000) verificaram que uma série de um alongamento de 30 segundos por dia produziu os mesmos resultados do que uma série de três alongamentos de 30 segundos por dia, para um espaço de tempo de 6 semanas. Porém, os resultados de Borms10 et al (apud Shrier (2000) parecem contradizer estes achados ao mostrarem que 10 segundos de alongamento eram tão efetivos quanto séries com 20 ou 30 segundos. Porém, uma análise mais íntima de dados de BORMS 7 revela grande variação entre indivíduos, e ainda, o estudo foi executado por mais de 10 semanas em vez de 6 semanas como 5 Bandy WD, Irion JM: The effect of time on static stretch on the flexibility of the hamstring muscles. Phys Ther 1994:74(9):845-852 6 Bandy WD, Irion JM, Briggler M: The effect of time and frequency of static stretching on flexibility of the hamstring muscles. Phys Ther 1997;77(10):1090-1096 7 Borms J, Van Roy P, Santens JP, et al: Optimal duration of static stretching exercises for improvement of coxo-femoral flexibility. J Sports Sci 1987;5(1):39-47 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 23 o estudo de BANDY9. Se os dados forem examinados por tendências, parece que os grupos de séries com 20 e 30 segundos alcançaram um platô depois de 7 semanas, onde o grupo de 10 segundo aumentou gradualmente durante as 10 semanas inteiras. Então, é provável que alongamentos com 30 segundos alcancem o benefício máximo mais rapidamente (dentro de 6 a 7 semanas) que alongamentos de 10 segundos, sendo que os dois programas alcançam resultados semelhantes eventualmente antes de 10 semanas. Depois de semanas de alongamento, podem acontecer aumentos da tolerância de alongamento, teoricamente porque este induz hipertrofia que pode aumentar força de tecido, e/ou um efeito de analgesia pode estar presente. (SHRIER et al., 2000; GOLDSPINK et al., 1995). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 24 2.5 TERAPIA MANUAL O Objetivo da Terapia Manual é influenciar a capacidade de reparo e de cura do organismo. As forças mecânicas transmitidas pela manipulação afetam os tecidos de três formas principais (LEDERMAN, 2001): 1. nos processos de reparo após lesão do tecido, onde a remodelação depende de estimulação mecânica, ambiente este que pode ser criado por várias formas de manipulação; 2. em alterações nas propriedades física e mecânica como, por exemplo, alongamento/ compressão, elasticidade/ rigidez e força do tecido. O papel terapêutico é afetar as estruturas do tecido em afecções como contraturas, aderências, encurtamento de tecidos moles, promovendo o alongamento e normalização dos tecidos moles; 3. em alterações locais na dinâmica dos fluidos do tecido (sangue, linfa, líquido extra-celular e sinovial), melhorando a entrada e saída de líquidos do tecido por reduzir obstruções estruturais no interior do tecido (estases). 2.5.1 TÉCNICAS: STRETCHING E POMPAGE X ALONGAMENTO 2.5.1.1 Pompage O bloqueio fascial ou interrupção de seu movimento leva a uma estase líquida. As pompages procuram, neste caso, liberar os bloqueios e as estases. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 25 Também são utilizadas para prover o relaxamento muscular, quando realizadas no sentido das fibras musculares que possuam contratura, encurtamentos e retrações. Está técnica ocorre em 3 tempos: O primeiro tempo é o tensionamento do segmento (não quer dizer tração). O segmento é alongado lenta, progressiva e regularmente até o limite de elasticidade fisiológica. A ultrapassagem desse limite, provoca apenas reação de defesa do tecido (reflexos). À medida que a fáscia se solta, o alongamento amplifica-se. O segundo tempo é o da manutenção da tensão. Dependendo do objetivo será executado de diferentes formas: a) com objetivo circulatório (pompage fascial): a fáscia é retida por alguns segundo (sensação da mão sendo puxada para retornar por causa da elasticidade) mantendo essa tensão por todo terceiro tempo; b) com o objetivo de relaxamento muscular: compreende a manutenção da tensão já que, ambos tecidos, conjuntivo e muscular, têm como estimulo fisiológico para alongamento a tensão. O terceiro tempo é o tempo de retorno, importante para fins circulatórios, realizado de maneira lenta. É nesse tempo onde se rompem as barreiras, os bloqueios de movimento, a estase líquida. Muito importante nesta técnica é o tempo respiratório corretor, que deve ser mantido durante toda manobra através de expirações profundas. Corroboram SOUCHARD (1996), BRACCIALLI et al (2000) e BIENFAIT (1993), ser essencial insistir na realização adequada do movimento expiratório, que é consciente e favorece o relaxamento da musculatura, uma condição imprescindível para desenvolver flexibilidade. As manobras miofasciais alteram a extensibilidade do conjuntivo retraído diminuindo sua resistência (CHAITOW & DELANY, 2001). 26 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 Acredita-se que, quando as pontes cruzadas ocorrem em lugares estratégicos de deslizamento das fibrilas, uma grande redução da mobilidade do tecido venha a ocorrer (LEDERMAN, 2001). O tratamento curativo, segundo SOUCHARD (1996), deve, então, ser centrado na melhora da circulação de fluidos. A pompage visa a produção das glicosaminoglicanas e manutenção das proporções normais de água, propiciando um distanciamento das fibras colágenas da matriz extracelular. Desta forma conserva o espaçamento interfibrilas reduzindo o potencial de formação de pontes cruzadas. Ocorre ainda a deposição de fibras colágenas paralelas as linhas de tensão impostas pelo movimento prevenindo a formação de ligações anormais (ALTER8, 1988 apud in ROSA 2002). As linhas de tensão das manipulações teciduais estimulam os fibroblastos através de mensageiros intracelulares, que, por sua vez estimulam a renovação do colágeno. Isso indica que a manipulação pode afetar a atividade celular da matriz do tecido conjuntivo, promovendo o alongamento do mesmo (LEDERMAN, 2001). 2.5.1.2 Stretching (Alongamento Cíclico) No alongamento, é particularmente importante a interpretação das respostas ao estirar. Ao estender um músculo, devido à presença de pontes-cruzadas estáveis entre actina e miosina, o músculo resiste ao alongamento (JAHNKE, 1989). Quando uma unidade músculo tendínea é alongada de forma cíclica, com tensão e extensão fixas, a cada ciclo ocorrem aumentos no comprimento (lento) e 8 Alter, M. J. “Science of Stretching” Champaign: Human Knitics, 243; 1988 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 27 relaxamento de tensão, onde nos quatro primeiros ciclos acontece 80% das alterações do comprimento (SCHAFER et al. 1999). Num alongamento, partindo de uma resistência muscular passiva alta, as pontes-cruzadas entre as actina e miosina são separadas como resultado da tensão aplicada, o que provê uma diminuição desta resistência. Porém, nesse processo, ocorre a substituição das pontes desfeitas por novas pontes, tanto durante quanto na amplitude final do estiramento. Isto significa que ao término deste, uma população semelhante de pontes estáveis é restabelecida, mas com comprimentos de sarcômeros maiores (distância entre linhas Z maiores). Se o músculo é então encurtado ao seu comprimento inicial, a presença de pontes cruzadas estáveis diminuem a tensão das fibras musculares que lhes impedem de encurtar (sarcômeros), e ele cai flácido. Se for aplicado em seguida um novo estiramento, este não encontrará o mesmo nível de resistência (JAHNKE, 1989). SHRIER (2000) constatou que durante o alongamento cíclico, cerca de 80% do ganho de comprimento ocorre nos 4 primeiros ciclos, estando então o aumento do tamanho do tecido relacionado ao ritmo em que ele é alongado. Conclui-se, portanto, que as alterações lentas tendem a ocorrer durante o alongamento lento não durante o alongamento rápido. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 28 2.6 AVALIAÇÃO DOS VALORES PULMONARES 2.6.1 ESPIROMETRIA A espirometria mede volumes e fluxos aéreos, dentre eles a capacidade vital lenta (CV), capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), e suas relações (VEF1/CV e VEF1/CVF). Pela variabilidade observada em diferentes países, valores de referências nacionais de normalidade dos valores citados devem ser preferidos, especialmente se os testes são feitos para detecção precoce de doença, exposição ocupacional e avaliação de incapacidade (PEREIRA & NEDER, 2001). Os mesmos autores julgam que diferenças nas medidas espirométricas no mesmo indivíduo, em tempos diferentes são de importância particular. As fontes mais importantes de variação na espirometria entre os indivíduos são o tamanho, idade e sexo. As fontes de variação intra-biológicas segundo PEREIRA E NEDER (2001), que correspondem aos fatores individuais capazes de fazer diferença em testes com mesmo indivíduo, são: posição da cabeça e pescoço; manobra expiratória forçada e sua influência na mecânica pulmonar; exposição recente a atividade; ritmo circadiano; efeito sazonal, semanal e anual; efeitos hormonais. O sexo (masculino ou feminino) corresponde a 30% da variação da função pulmonar. Os valores máximos para a idade são alcançados aos 25 anos no sexo masculino e 20 anos no feminino. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 29 A maioria dos autores concorda que o peso não contribui para explicar as variáveis espirométricas. No período de crescimento, a estatura é o fator que exerce a maior influência sobre a CV. A estatura geralmente é máxima aos 17 anos no sexo masculino, mas a CVF continua a aumentar até os 25 anos devido ao aumento da massa muscular. • A Capacidade Vital (CV) representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser medido tanto na inspiração quanto na expiração. • Capacidade Pulmonar Total (CPT): volume de gás nos pulmões após inspiração forçada. • Ventilação Voluntária Máxima (VVM): representa o volume máximo de ar ventilado em um período de tempo por repetidas manobras respiratórias forçadas. • Capacidade Vital Forçada (CVF): representa o volume máximo de ar exalado com o esforço máximo, a partir do ponto de máxima inspiração. A CVF é obtida solicitando-se ao individuo que depois de inspirar até a CPT expire tão rápida e intensamente quanto possível num espirômetro. • Volume Expiratório Forçado no Primeiro segundo (VEF1): representa o volume expiratório forçado no primeiro segundo da CVF. • O índice de velocidade aérea, também denominado de índice de Tiffeneau, é obtido pela razão VEF1/CVF. Ao realizar uma manobra expiratória, a CVF e o VEF1 são obtidos e o valor do índice calculado. • O fluxo expiratório forçado 25-75% (FEF25-75%) é a medida do fluxo aéreo em 2/4 da manobra expiratória forçada. A partir dele é possível analisar a qualidade do fluxo aéreo, sendo possível avaliar uma possível obstrução MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 30 brônquica. A tendência normal dos valores após uso de broncoé aumentar 8 a 12% após uso de BD. Um aumento Os equipamentos informatizados (computadores) permitem maior precisão dos dados em relação aos obtidos por cálculos manuais. Os resultados espirométricos são expressos em gráficos de volume-tempo e fluxo-volume. A curva fluxo-volume mostra que o fluxo é máximo logo no inicio da expiração, próximo a CPT, havendo redução dos fluxos a medida que o volume pulmonar se aproxima do VR A tabela 1 traz os valores de padronizados com base na CVF e VEF1 dos distúrbios ventilatórios, conforme PEREIRA E NEDER (2001). TABELA 1 - QUANTIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DISTÚRBIO Leve Moderado Grave VEF1 CVF 60 41 - 59 ≤ 40 60 51 - 59 ≤ 50 VEF1/CVF (%) 80 41%- 59 ≤ 40 FONTE: Adaptado de PEREIRA, Projeto Diretrizes , Associação Brasileira de Pneumologia e Tisologia, 2001. NOTA: dados trabalhados pelo autor MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 31 3 METODOLOGIA 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO Este estudo caracterizou-se como um estudo observacional intervencionista de grupo populacional. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA A população foi composta por atletas de natação. A amostra é composta por 16 atletas com idades entre 14 e 16 anos, de ambos os sexos, praticantes da modalidade esportiva de natação das provas de média e longa distância da Associação Atlética Comercial (A.A.C.) de Cascavel – PR. 3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Após convite aberto à população de nadadores da A.A.C., foi aplicado um questionário contendo questões sobre dados pessoais e outras relacionadas a critérios de inclusão e exclusão. Os indivíduos inclusos no estudo foram aqueles praticantes da modalidade de natação de média e longa distância, que treinassem há pelo menos um ano e que aceitaram o convite para participar do estudo. Foram excluídos do estudo os atletas tabagistas, e aqueles que, após o início do estudo, faltaram duas sessões consecutivas ou mais que três sessões no total, e os atletas MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 32 que não participaram de todas as avaliações. Também foram excluídos os atletas que sofreram lesão no período do estudo que impediu o treinamento. 3.4 MATERIAIS a) máquina fotográfica b) divã c) ficha de avaliação (anexo 1) d) manuvacuômetro Gerar® e) espirômetro Beatrice® f) Radiografias 3.5 MÉTODOS O estudo foi aprovado por um comitê de ética (anexo 3) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – antes de seu início. A amostra iniciou-se com 16 (dezesseis) atletas de natação em treinamento, foi dividida em dois grupos, um controle e um outro tratamento, com oito atletas cada, sendo que, o grupo tratamento correspondeu ao grupo que recebeu intervenção fisioterapêutica. No intuito de deixar os grupos mais homogêneos, a amostra foi separada primeiro por sexo formando-se 2 grupos: masculino e feminino. A partir disso, os indivíduos foram selecionados baseado nos tempos, de forma que, o dois melhores tempos masculinos foram randomizados por sorteio formando-se 2 subgrupos A e B. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 33 Na seqüência, os dois melhores tempos seguintes também eram randomizados e incluídos nos subgrupos A e B até que toda a amostra masculina estivesse locada em um dos subgrupos. O mesmo procedimento se repetiu para o grupo feminino. Depois de formados os subgrupos A e B, estes foram randomizados, também por sorteio, selecionando o grupo controle e o grupo de tratamento. Assim, formou-se 2 grupos com 4 indivíduos do sexo masculino e 4 do sexo feminino em cada um deles. Foi aplicado um questionário inicial (anexo 2) com questões (1) pertinentes ao estudo, o qual se utilizou para identificarmos os atletas que se enquadravam nos critérios de inclusão e exclusão, e (2) questões sobre hábito de vida (estresse, alimentação, período de sono, etc) dos atletas. Depois de determinada a amostra, foram realizados um exame inicial espirométrico, um exame das pressões inspiratórias e expiratórias, assim como um exame de raios-X de tórax AP em inspiração sustentada. O grupo A recebeu a intervenção fisioterapêutica por 10 sessões (3 sessões por semana, 30 minutos cada sessão) e após o período de realização todos os atletas foram submetidos novamente aos mesmos testes espirométrico, manuvacuométrico e raios-X. Os exames iniciais e finais de raios-X e espirométrico com o espirômetro computadorizado da marca Beatrice® foram realizado na Clínica do Pulmão – Cascavel - PR por um sistema de avaliador do tipo duplo cego. Os parâmetros avaliados na espirometria foram a Capacidade Vital Lenta (CV), Capacidade Vital Forçada (CVF), Ventilação Voluntária Máxima (VVM), e o Fluxo Expiratório Forçado 25-75% (FEF25-75%). Na radiografia o diâmetro látero-lateral foi medido partindo-se de 5cm acima da base do diafragma, traçando-se uma linha horizontal que corta de um lado a outro o raio-x. Ainda a distância do ápice de cada pulmão (esquerdo e direito) até MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 34 sua respectiva base (distância ápice-base) foi medida, sendo referência a linha imaginária que divide verticalmente individualmente cada pulmão em duas metades, direita e esquerda. Os exames com manuvacuômetro (da marca Gerar®) foram realizados pelo mesmo sistema de avaliador duplo cego. Os valores da Pressão Inspiratória Máxima (PiMax) e da Pressão Expiratória Máxima (PeMax) foram obtidos afim de avaliar as alterações de força dos músculos respiratórios ao final da intervenção. A intervenção, que se deu nas dependências da Associação Atlética Comercial, consistiu-se em técnicas fisioterapêuticas manuais de pompage, stretching e propriocepção (as técnicas estão descritas a seguir). Nas quartas, quintas, sextas-feiras e sábados foram realizadas as terapias, sempre após o treino dos atletas conforme WELDOM (2003). As segundas e terças-feiras feiras foram reservadas para reposição em casos de falta. Cada indivíduo do grupo A recebeu no total 10 sessões de terapia. A intervenção foi iniciada com o posicionamento adequado do atleta (Figura 1). A curva lombar foi retificada e mantida pela colocação de um rolo abaixo do joelho. O posicionamento escapular em adução foi usado para alinhar os ombros o que deveriam estar na posição anatômica. Após o posicionamento correto, foram iniciadas as técnicas de propriocepção, pompage e stretching onde cada técnica, para cada músculo, foi mantida por sete ciclos respiratórios profundos do paciente, garantindo um tempo mínimo de 30 segundos da técnica (BANDY et al., 1994). Para o diafragma foram realizados descolamento (Figura 3) e propriocepção (Figura 4) como preparação para aplicação da terapia manual. As técnicas de pompage foram selecionadas para os músculos peitorais menor (Figura 12) e maior (Figuras 13 e 14) e intercostais (Figura 5 e 6). As técnicas de stretching foram MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 35 aplicadas aos músculos trapézios superiores (Figuras 09 e 10), escalenos anterior (Figura 7) e médio (Figura 8) e elevadores da escápula (Figura 11). A seguir são descritas e ilustradas as técnicas do protocolo utilizado. FIGURA 2 – Posicionamento. Técnica: Posicionamento o atleta foi posicionado em decúbito dorsal num divã, com as colunas cervical e lombar retificadas, mento alinhado ao esterno e escápulas em adução. Foi solicitado que o atleta mantivesse essa postura durante toda a terapia e que fizesse respirações profundas com inspiração nasal e expiração oral. Quando necessário o terapeuta fazia a correção da postura e respiração sob comando verbal. FIGURA 3 – Descolamento diafragmático FIGURA 4 – Propriocepção diafragmática FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: o terapeuta apóia com uma mão a região inferior do gradil costal de um hemitórax, FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 com as polpas dos dedos da mão oposta realiza uma pressão para baixo e para cima, em direção Técnica: Com uma mão na porção inferior de cefálica, sobre o diafragma cada hemitórax, com a polpa dos polegares realiza uma pressão contínua deslocando os dedos a partir da região do processo xifóide em direção as últimas costelas. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 36 FIGURA 5 – Pompage costal inferior FIGURA 6 – pompage costal superior FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: terapeuta posiciona uma mão na região inferior de cada hemitórax e realiza uma pressão medial e audal. FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: uma mão sustenta a cabeça do indivíduo retificada com certa tração, a mão oposta pressiona a região esternal do tórax para baixo e em direção caudal. FIGURA 7 – Stretching de escaleno anterior FIGURA 8 – Stretching de escaleno médio FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: com a polpa dos dedos de uma mão o terapeuta estabiliza a primeira costela. Com a outra mão, o terapeuta sustenta a cabeça do paciente e realiza flexão lateral, leve extensão e leve rotação cervical para o lado oposto para FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 trabalhar com o músculo escaleno anterior. Técnica: as técnica para o músculo escaleno posterior é a mesma do escaleno anterior, porém a rotação cervical deve ser maior. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 37 FIGURA 9 – Stretching de trapézio fibras laterais FIGURA 10 – Stretching de trapézio fibras mediais FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: Terapeuta estabiliza o ombro do atleta com uma das mãos e com a outra mão sustenta a cabeça em flexão anterior e realiza stretching em toda amplitude de movimento partindo de flexão anterior até extensão cervical em flexão lateral. FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: descrita ao lado FIGURA 11 – Stretching de elevador da escápula. FIGURA 12 – Pompage do peitoral menor FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: Terapeuta posiciona um membro superior do atleta com flexão de ombro a 180º e flexão de cotovelo, com uma das mãos sustenta a cabeça em flexão anterior, flexão lateral e leve FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 rotação para o lado oposto ao membro fletido e realiza o stretching. Técnica: Terapeuta posiciona o atleta mais próximo a borda do divã, com o membro superior para fora do mesmo em flexão do ombro e abdução aproximadamente a 160º. Uma das mãos estabiliza a origem muscular entre as segunda e quinta costelas e a outra mão é posicionada no antebraço do membro pendente. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 38 FIGURA 13 – Pompage de peitoral maior fibras costo-umerais FIGURA 14 – Pompage de peitoral maior fibras esterno-umerais FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: Mesma posição anterior, porém com abdução aproximadamente de 145º e estabilização no esterno. FONTE: O autor, segundo Bienfait 1996 Técnica: Posicionamento igual as duas técnicas anteriores, com abdução do ombro a 180º e estabilização no gradil costal inferior. 3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística foi realizada em cima das variáveis CV (Capacidade Vital Lenta), índice de Tiffeneau (VEF1/CVF), VVM (Ventilação Voluntária Máxima), PiMax e PeMax (pressões máximas inspiratória e expiratória respectivamente). O teste de normalidade (Shapiro-Wilk), aplicado a partir do software MiniTab v13.1, registrado para LEA – Laboratório de Estatística da UNIOESTE, teve como finalidade testar as amostras à aplicação de testes paramétricos. Apenas os dados da variável PeMax não se apresentaram normais. Para as amostras que se apresentaram normais, foi aplicado o teste t de student através da relação obtida da diferença entre os dados finais e iniciais de MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 39 uma variável, formando um único conjunto para o grupo controle e um para o grupo tratamento. A Tabela 2 mostra a formação dos conjuntos. Tabela 2 - Tabela mostrando um exemplo de avaliação da evolução final. Vi a c e ni Vf b d f nf Vi-Vf a-b c-d e-f ni-nf V – variável qualquer Vi – dados iniciais da variável Vf – dados finais da variável a, c, e, ni... – valores iniciais da Vi b, d, f, nf… - valores finais da V FONTE: o autor Para as amostras que apresentaram valor significativo para p>0,05, não se apresentaram normais e/ou obtiveram variâncias muito grandes, foram aplicados testes não paramétricos do tipo índices de base móvel para relacionar os valores iniciais e finais em ambos os grupos, utilizando-se a mesma técnica da diferença da tabela acima. 40 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 4 RESULTADOS 4.1 IDADE, PESO E ALTURA E SEXO A amostra deste trabalho apresentou idade média de 14,9 anos (+ 1,5). O grupo controle foi composto por 7 indivíduos e não 8 como inicialmente proposto. A razão disto foi que, um dos indivíduos deste grupo faltou a umas das avaliações, sendo, portanto, de acordo com os critérios de exclusão, eliminado do grupo. A Tabela 3 traz a evolução (inicial/final) das variáveis peso, altura e idade para cada indivíduo. Essas variáveis são importantes, pois, os valores teóricos de todas as variáveis espirométricas são calculados com base nestas três variáveis, onde o valor obtido numa prova espirométrica é relativo (em porcentagem) ao valor teórico. Em vermelho na tabela, encontram-se os valores que aumentaram em relação a avaliação inicial. Em azul, encontram-se os valores que diminuíram ao final do estudo. Nota-se que 6 atletas dos 8 pertencentes ao grupo controle aumentaram o valor da variável altura. No grupo controle de 7 indivíduos, 4 sofreram aumento na mesma variável. Três integrantes de cada grupo tiveram aumento do peso, sendo que, destes, todos simultaneamente aumentaram sua altura. TABELA 3 - COMPARAÇÃO DOS VALORES INICIAIS E FINAIS DA IDADE, PESO E ALTURA DA AMOSTRA. 55 54 51 77 51 67 7 M 16 16 181 181 70 70 atleta 8 9 10 11 12 13 F F F F M M 15 15 13 15 17 15 16 16 13 15 18 15 170 169 172 165 163 166 170 170 174 166 163 168 53 54 49 55 67 54 51 55 50 53 67 53 14 15 M M 12 13 153 156 14 14 173 174 44 61 44 60 * Aumento do valor final em relação ao inicial FONTE: o autor * Diminuição do valor final em relação ao inicial peso f 55 55 51 73 49 66 peso i peso f 165 158 160 184 167 172 altura f peso i 165 158 159 180 165 170 altura i altura f 13 15 16 17 16 16 idade f altura i 13 15 16 16 16 16 idade i idade f F F F M M M Sexo atleta 1 2 3 4 5 6 idade i TRATAMENTO sexo CONTROLE MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 41 4.2 CAPACIDADE VITAL (CV) A Tabela 4 apresenta os valores iniciais e finais da CV (capacidade vital lenta) dos grupos controle e tratamento. Estes valores, apresentados em porcentagem, foram calculados através da fórmula: CV% = ( CVcalc ) x100 CVteor onde CVcalc representa o valor da CV calculada no teste pelo aparelho e CVteor representa a CV teórica calculada para o indivíduo, a qual considera idade, peso, sexo e altura. TABELA 4 - VALORES INICIAIS E FINAIS DA CV PARA OS GRUPOS CONTROLE E TRATAMENTO. início 90 68 89 87 81 87 77 Controle final 91 94 99 101 103 86 91 Tratamento início final 87 98 87 103 72 73 101 106 98 98 68 80 93 114 74 88 FONTE: o autor Os valores iniciais e finais da CV para os grupos controle e tratamento apresentaram-se normais ao teste de Chapiro-Wilk. Ao comparamos os valores iniciais com os finais, foi possível observar aumentos da CV em praticamente todos os valores em ambos os grupos. Este aumento, ao teste t de student, apresentou-se significante estatisticamente para um p=0,05 não apresentando diferenças entre os grupos tratamento e controle. 42 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 4.3 CAPACIDADE VITAL FORÇADA (CVF) A Tabela 5 traz os valores da CVF (em porcentagem obedecendo a mesma equação utilizada para cálculo da CV) dos grupos controle e tratamento. Um aumento significativo foi verificado apenas no grupo tratamento (p<0,05). A média deste aumento foi de 11,3% ±11,2, onde dois atletas tiveram decréscimo (6% e 4%) e os demais apresentaram aumentos (5,1%, 9%, 13,7%, 17,32%, 22,5% e 22,8%). No grupo, controle onde a média foi de 1% ±9,7 de aumento. Dois atletas tiveram decréscimo da CVF (13% e 5%), um atleta manteve o mesmo valor inicial (0% de aumento/decréscimo), quatro tiveram aumentos discretos de 1%, 1%, 1% e 2%, e outros dois tiveram aumentos de 10% e 19% no valor final da CVF. TABELA 5 - VALORES DA CVF INICIAIS E FINAIS DOS GRUPOS CONTROLE E TRATAMENTO. Controle inicial final 90 92 100 101 88 99 90 98 89 101 75 73 70 93 FONTE: o autor Tratamento inicial final 89 102 81 109 66 83 89 84 97 98 55 88 92 113 73 85 43 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 4.4 VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA (VVM) Os valores iniciais e finais da VVM estão apresentados na Tabela 6. Estes dados, que foram normais ao teste de Shapiro-Wilk, apresentaram, dentro de cada grupo, aumento do valor final em relação ao inicial significativo estatisticamente para p=0,05. No entanto, quando comparados o comportamento dos resultados, estes se apresentaram semelhantes em ambos os grupos como é possível visualizar no Gráfico 1, sugerindo não haver diferenças significativas entre os grupos controle e tratamento para esta variável. TABELA 6 - VALORES INICIAIS E FINAIS DA VVM PARA OS GRUPO CONTROLE E TRATAMENTO. CONTROLE inicial final 107 119 77 86 82 98 70 96 67 81 69 63 55 91 TRATAMENTO inicial 92 108 82 95 64 58 81 69 final 96 130 88 114 76 65 116 93 FONTE: o autor O Gráfico 1 ilustra, em porcentagem, as variações da VVM (aumento ou decréscimo) para os indivíduos do grupo controle e tratamento. Um indivíduo (atleta 4 da Tabela 3) do grupo controle obteve um valor 65% mais alto na avaliação final. 44 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 Gráfico 1 – Valores da VVM para os grupos controle e tratamento, apresentados em porcentagem de acréscimo/decréscimo – (final/inicial)x100%. porcentagem (%) 80 60 40 Tratamento 20 controle 0 1 8 -20 indivíduos 4.5 ÍNDICE DE TIFFENEAU (VEF1/CVF) Os valores iniciais e finais para o índice VEF1/CVF estão apresentados na Tabela 7. Os valores tendem a igualdade se comparados dentro de cada grupo nas fases inicial e final. Ao teste t, estas variações encontradas não apresentaram significância estatística para um p=0,05, nem mesmo se comparados os grupos controle e tratamento. TABELA 7 - VALORES INICIAIS E FINAIS DA RELAÇÃO VEF1/CVF PARA OS GRUPOS CONTROLE E TRATAMENTO. CONTROLE inicial 96 100 98 94 96 94 82 FONTE: o autor TRATAMENTO final 97 100 99 92 98 96 84 inicial 100 100 100 95 92 97 92 93 final 97 100 99 93 90 88 98 100 45 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 4.6 FLUXO EXPIRATÓRIO FORÇADO 25-75% (FEF25-75%) Os Gráficos 2 e 3 ilustram os valores do FEF25-75%, testada no exame espirométrico através do uso de broncodilatador (BD) - teste pré e pós BD - para os grupos controle e tratamento. A tendência normal dos valores é aumentar 8 a 12% após uso de BD. Um aumento Gráfico 3 – Comparação dos valores da FEF 25/75% pré e pós BD do grupo TRATAMENTO nas avaliações iniciais e finais (valor calculado em função do valor teórico de cada atleta) 160 160 140 140 120 120 % % Gráfico 2 – Comparação dos valores da FEF 25/75% pré e pós BD do grupo CONTROLE nas avaliações iniciais e finais (valor calculado em função do valor teórico de cada atleta) 100 100 80 80 60 60 pré bd pós bd FEF 25/75 i atleta 1 atleta 4 atleta 7 pré bd pós bd FEF 25/75 f atleta 2 atleta 5 atleta 3 atleta 6 FEF 25/75% i – exame inicial. FEF 25/75% f – exame final. FONTE: o autor pré bd pós bd FEF 25/75 i atleta 8 atleta 10 atleta 12 atleta 14 pré bd pós bd FEF 25/75 f atleta 9 atleta 11 atleta 13 atleta 15 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 46 4.7 RAIOS-X A Tabela 8 apresenta os valores dos comprimentos ápice-base dos pulmões esquerdo e direito e do comprimento látero-lateral pulmonar, medidos através dos exames de raios-x. Observou-se que, nos dois grupos, esporadicamente os indivíduos apresentaram variações dos comprimentos mensurados, exceto para a variável comprimento ápice-base do pulmão esquerdo, para o grupo de tratamento, uma vez que 7 indivíduos deste grupo apresentaram aumento. Na análise estatística, este aumento foi considerado significativo ao teste t para um p=0,05. TABELA 8 - VALORES INICIAIS E FINAIS DO COMPRIMENTO (CM) PULMONAR LÁTEROLATERAL E ÁPICE-BASE OBTIDOS A PARTIR DO EXAME DE RAIOS-X. Pulmão direito i f 22,5 23,5 21 21,5 21 21,5 25,5 25,5 21,6 23,2 24,4 23,7 25,5 25,2 CONTROLE Pulmão esquerdo Látero-lateral i f i f 24 23 26,3 26,4 22,4 22,6 25,5 25,8 23,5 23 26,6 27 26,1 26 29,3 29,2 22,5 23,4 29 29 25 24,8 32,4 32,3 26,5 26,3 30,5 30,2 Pulmão direito i f 25 25 24,2 24,5 24,2 24 24,7 25,4 22,7 22,5 22,2 24 17 19,8 24 23,5 TRATAMENTO Pulmão esquerdo Látero-lateral i f i f 26,2 27 25,5 24,5 24,8 25,2 27,3 27,4 25,6 25,6 23 23 25,4 26,3 27 27 24 25 29,5 29,3 23,5 24,2 27 27 18 19,3 25 26 23,5 24 30,2 30,2 FONTE: o autor 4.8 PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA (PeMAX) A Tabela 9 traz os valores da PeMax para os grupos controle e tratamento. Observou-se aumento das pressões finais em ambos os grupos. Estes valores não se apresentaram normais para o teste Shapiro-Wilk. A análise dos dados foi feita então, pelo índice de base móvel, obtendo-se valores relativos (porcentagem) a MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 47 partir dos valores finais e iniciais. Os novos valores apresentaram significância (para p=0,05) sugerindo desigualdade entre os grupos controle e tratamento. TABELA 9 - VALORES INICIAIS E FINAIS DA PEMAX PARA OS GRUPOS CONTROLE E TRATAMENTO. CONTROLE inicial final 100 80 50 150 100 80 100 85 90 80 145 80 85 95 TRATAMENTO inicial 100 90 100 90 90 100 80 90 final 85 115 120 135 140 125 90 90 FONTE: o autor No grupo tratamento, um indivíduo teve decréscimo do valor final da PeMax (15%), um manteve os valores iniciais, e os demais (seis) tiveram aumento (média de 31,8% ±17,1), onde a média do grupo foi de 22% de aumento. No grupo controle, quatro indivíduos tiveram decréscimo do valor final da PeMax com média 10,8% ±8. Dos sete atletas do grupo, três tiveram acréscimo do valor final da PeMax com média de 26,2% ±29,4, onde a média do grupo foi de 5% de aumento. O gráfico 2 traz, em porcentagem, o comportamento da variável Pemax para os grupos controle e tratamento. A média de aumento do grupo controle apresentouse discreta, com aumento de 5% contra 22% do grupo tratado. Observe que no grupo controle, 4 indivíduos apresentaram decréscimo da Pemax e 3 indivíduos apresentaram aumento da Pemax, sendo que um destes teve um crescimento de 60% (atleta 4 da Tabela 3). 48 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 Gráfico 4 – Comparação da evolução do valores da e PeMax para os grupos controle e tratamento, usando se o índice de base móvel acréscmo/descréscimo (%) 80 60 40 Tratamento 20 Controle 0 0 10 -20 -40 indivíduos FONTE: o autor 4.9 PRESSÃO INSPIRATÓRIA MÁXIMA (PIMAX) A Tabela 10 traz os valores iniciais e finais da Pressão Inspiratória Máxima (PiMax) para os grupos controle e tratamento. Apesar de, ao teste t os valores para o grupo tratamento apresentaram significância estatística para um p=0,05, a variável Pimax teve de ser analisada por um teste não paramétrico para tornar possível a MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 49 comparação entre os grupos, pois, os dados do grupo controle não se apresentaram normais ao teste de Chapiro-Wilk. A análise foi feita pelo índice de base móvel. TABELA 10 - VALORES DA PIMAX INICIAIS E FINAIS PARA OS GRUPOS CONTROLE E TRATAMENTO. CONTROLE inicial 50 40 40 70 50 50 80 final 55 60 50 80 60 60 50 TRATAMENTO inicial 50 40 60 50 50 80 30 60 final 55 70 70 90 80 80 50 70 FONTE: o autor O gráfico 3 traz, em porcentagem, o comportamento da variável PiMax para os grupos controle e tratamento, calculados pelo índice de base móvel. Observou-se aumento significativo da PiMax para ambos os grupos, no entanto, o aumento de 40,6% ± 30,6 para grupo tratamento foi maior em relação ao grupo controle de média 14,5% ± 14,1. Notou-se que nenhum valor de PImax para o grupo tratamento (azul) sofreu redução e apenas um indivíduo manteve os valores iniciais. Neste grupo ainda, 4 atletas apresentaram aumentos maiores que 60% e outros 3 mantiveram valores entre 10% e 20% de aumento. Um atleta do grupo controle (verde) obteve crescimento de 50% (atleta 4 – tabela 3) , um atleta obteve redução de 37,5% e os demais (5) se mantiveram entre 10 e 25% de aumento. 50 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 Gráfico 5 – Comparação da evolução dos valores da e PiMax para os grupos controle e tratamento, usando-se o índice de base móvel. acréscmo/descréscimo (%) 80 60 40 Controle tratamento 20 0 0 10 -20 -40 indivíduos FONTE: o autor MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 51 5 DISCUSSÃO Os dados mostraram que houve um aumento da CV em ambos os grupos. De acordo com os autores PEREIRA & NEDER (2002), existe uma dependência da CV com relação a altura e idade. Contudo, foi visto que vários indivíduos, tanto do grupo controle quanto do grupo de tratamento, apresentaram mudanças nessas variáveis. Vários atletas começaram a pesquisa com uma idade e terminaram-na 1 ano mais velhos. Ainda, por se tratar de indivíduos em fase de crescimento, variações na altura e peso eram esperadas. Assim, concluímos que, esses aumentos da CV encontrados podem ter sido influenciados pelas variações naturais de altura e peso que se deram nesta amostra, já que ocorreram nos dois grupos. Observou-se que o atleta 4, pertencente ao grupo controle, teve um crescimento de 4 cm. Os demais indivíduos não apresentaram uma variação na altura tão acentuada quanto este integrante. Verificamos ainda, que este atleta 4 obteve valores discrepantes da média do grupo em relação ao valores de PiMax, PeMax, de forma que não pode-se aplicar testes estatísticos paramétricos para analisar estas variáveis. É sugerido então que o desenvolvimento deste atleta tenha influenciado de forma marcante o grupo controle. Nos resultados, tanto a PiMax quanto a PeMax no grupo tratamento tiveram um aumento mais importante em relação as mesmas variáveis do grupo controle. Segundo PEREIRA & NEDER (2002), os valores de PiMax e PeMax não dependem apenas da força muscular respiratória, mas também dos volumes pulmonares. Entretanto a CV aumentou significativamente em ambos os grupos, sem diferença estatística entre os eles. É sugerido então que o incremento da PiMax e da PeMax do grupo tratamento esteja relacionado com uma alteração na força dos músculos MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 52 respiratórios, já que a CVF também aumentou no grupo tratamento (teoricamente a CV e a CVF tem o mesmo valor) PEREIRA & NEDER (2002). A retração leva a condição isquêmica (isquemia à estase à hipertonicidade à isquemia) que interfere na micro-circulação local. Segundo BIENFAIT (1999), a capacidade de um músculo em desenvolver força é influenciada pela sua condição metabólica, e as técnicas manuais melhoraram a função muscular através da flexibilização do tecido conjuntivo. Conforme SOUCHARD (1996) e SANTOS (2002), tensões sucessivas e repetitivas, como ocorre na hipersolicitação mecânica da musculatura, levam a uma aproximação dos miofilamentos de actina e miosina o que produz aumento de tensão muscular. Isto induz a hipóxia gerando fraqueza muscular. De acordo com CHAITOW & DELANY (2001), a drenagem dos metabólicos fica deficitária gerando um processo inflamatório local que, cronicamente, pode desenvolver fibrose. Os tecidos conjuntivos sofrem então uma densificação pela neoformação de feixes colágenos com propósito de aliviar a sobrecarga dos feixes já existentes. Se, em um determinado tecido, o número de fibras colágenas aumenta, este perde sua elasticidade de maneira proporcional. Tal perda de elasticidade limita progressivamente o papel do sarcômero que resultará na perda da força muscular pela menor flexibilidade. Além disso, toda densificação que reduz os espaços lacunares, reduz proporcionalmente a irrigação do tecido. Este é mais um fator de densificação. O próprio exercício realizado em um músculo encurtado, segundo CARVALHO et al. (2002), aumenta a rigidez do tecido conjuntivo, provavelmente pela maior deposição de colágeno. Além da densificação no tecido pela modificação das fibras colágenas, a redução do conteúdo de GAG e água da matriz leva a perda de lubrificação e MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 53 permite maior contato entre as fibras de colágeno. Isso favorece a formação de ligações do tipo pontes cruzadas interfibrilar, restringindo o deslizamento normal entre as fibrilas (ROSA, 2002). Acreditamos que todas essas mudanças teciduais relatadas tenham ocorrido no nosso estudo, servindo de base para explicarmos a melhora da força nos músculos respiratórios que induziram aumentos significativos das Pimax e Pemax e da CVF conseqüentemente.. Entretanto, para se mensurar estas mudanças, seria necessário análises histológicas e histoquímicas, análises eletromiográficas entre outras. Pode-se levantar a hipótese de que a técnicas empregadas neste estudo exerceram influência ao nível do sistema nervoso central. É possível que tenha ocorrido uma melhora na programação neuromuscular, normalizando o tônus agonista e antagonista, além da melhora da flexibilização e força dos músculos respiratórios tratados. A excessiva atividade de um músculo encurtado pode resultar em inibição de seu antagonista e ocasionar uma reprogramação de uma seqüência motora total, levando ainda, a hipertonicidade de um músculo, geralmente associada a um enfraquecimento do grupo antagonista num sistema de “síndrome cruzada”. Com o tempo, o SNC aprende a aceitar como normais esses padrões de uso alterado, que, entretanto, são produtores de um desarranjo estrutural que afeta a função. (ACHOUR, 2002). O que a terapia manual faz não é apenas melhorar a parte tecidual, mas ela interfere na questão neurológica, reprogramando o músculo e promovendo o relaxamento e redução do tônus. Segundo a Lei de Sherrington, a combinação de um alongamento rítmico, lento, mantido por mais que 2 segundos provê uma técnica neurológica que não ativa o reflexo miotático. Em concordância, MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 54 os estudos de SCHAFER et al. (1999) e SHRIER & GOSSAL (2000), concluem que a latência dos receptores do fuso muscular e do órgão tendinoso de golgi diminui com o pré-alongamento e com a amplitude do alongamento como conseqüência da melhora nas propriedades neurológicas de músculo (CHAITOW, L. & LIEBENSON, 2001). Ainda, a cerca da musculatura inspiratória, o volume relativo de inspiração é o resultado do recrutamento coordenado do diafragma e músculos acessórios. O treinamento (intervenção), agindo sobre estes músculos pode ter melhorado a coordenação e isso pode ter levado a uma melhora da função muscular. Corroborando com esta idéia, KENDALL (1995), coloca que qualquer músculo inserido na caixa torácica é capaz de influenciar na mecânica respiratória em algum grau. Isto se deve ao fato de que esses músculos precisam ser capazes de ajudar a suportar as estruturas esqueléticas da bomba ventilatória e ser capazes de gerar pressões que assegurem a troca gasosa adequada contínua nos alvéolos Acredita-se também, que essa programação neuromuscular alterada influencie o esquema corporal (França, 2000). Este autor realizou um estudo em que foi analisada a repercussão de técnicas de iso-streching sobre o esquema corporal. Este observou que, houve uma melhora do esquema corporal dos indivíduos tratados além da melhora da função pulmonar (aumentos da VVM, expansibilidade pulmonar e da amplitude excursão diafragmática). Apesar do isostreching ser tecnicamente diferente das manobras utilizadas neste estudo, a base dos dois recursos terapêuticos são semelhantes, tais como a importância da expiração, a posição adequado e o trabalho postural. Também não foi objetivo do nosso trabalho avaliar mudanças no esquema corporal dos atletas, mas esses dados poderão ser acrescentados em estudos futuros. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 55 Segundo CHAITOW & DELANY (2001) e ROSA (2002) as técnicas de pompage, realizam o bombeio dos líquidos coloidais a nível muscular e fascial, tornando-os menos viscosos, normalizando a extensibilidade e diminuindo a resistência ao estiramento. Existe ainda uma melhora estrutural a nível dos sarcômeros com a diminuição da sobreposição actina/miosina, favorecendo o estiramento que aumenta a amplitude e, conseqüentemente, a potência muscular. De acordo com (SANTOS, 2002), agindo sobre essa relação comprimento/tensão, ao se alongar a cadeia cervico-toraco-abdomino-pélvica, a terapia manual mostrouse capaz de promover incremento da potência do músculo diafragma melhorando as pressões pulmonares. Mais uma vez, esses conceitos vêm corroborar com nossos achados de aumento de Pimax, Pemax e CVF. Sobre a normalização dos reflexos, acredita-se que as técnicas manuais normalizem reflexos centrais como o Reflexo Excitatório Pulmonar (REP). Em um estudo experimental, YU et al. (2001) verificaram que exercícios realizados com alta carga são capazes de causar supressão da musculatura expiratória, através da ativação do REP, transmitindo a carga de trabalho para a musculatura inspiratória. Nesta situação, este reflexo causa ainda hiperpnéia e taquipnéia, sinais estes manifestados como decorrência do aumento da amplitude e taxa de impulsos do nervo frênico. A fadiga inspiratória pode ser favorecida nesse caso, comprometendo as pressões pulmonares. O mesmo autor descreve que, ao contrário de indivíduos saudáveis, em portadores de DPOC este reflexo não ocorre, provavelmente pela acomodação dos receptores miofasciais que permanecem em estiramento pelos altos Volumes Residuais aos quais são submetidos constantemente. Desta forma que, no momento em que se promover altos volumes pulmonares, ocorre atividade diminuída dos receptores aos estímulos de estiramento, não causando sobrecarga MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 56 na musculatura inspiratória através da ativação REP, diminuindo a fadiga muscular (melhora da força e função). Paralelamente a este estudo, foi avaliada influência das técnicas manual sobre o limiar de lactato (PEGORARO, 2004). Nele verificou-se que o valor de lactato diminuiu no grupo tratamento, ao final da aplicação das técnicas manuais, a valores não significativos estatisticamente, mas talvez, suficientes para melhora do desempenho do indivíduo, por se tratar de atletas. Sugere-se então, que a melhora nos volumes e capacidades e pressões pulmonares encontradas em nosso estudo, promoveu uma maior eficiência e menor fadiga muscular respiratória, sugerindo que as técnicas atingiram um resultado positivo. Como disposto nos resultados deste estudo, não foi verificada qualquer variação significativa no índice de Tiffeneau, apesar do significante aumento da CVF. O aumento das pressões pulmonares pode justificar a não alteração dos valores finais do índice de Tiffeneau para o grupo tratado, já que estas aumentam o fluxo expiratório, aumentando o VEF1 proporcionalmente ao aumento da CVF. Corroborando com os achados deste estudo, PEREIRA & NEDER (2002) afirmam que o índice de Tiffeneau permanece constante na fase de crescimento. O resultado do exame de raios-x (AP em inspiração máxima), onde foram medidos os diâmetros ápices-bases e látero-lateral, despertou curiosidade em nosso estudo ao revelar aumento significativo apenas dos valores obtidos na mensuração ápice-base do pulmão esquerdo do grupo tratamento. Não foi encontrada na literatura situação semelhante. Sugere-se que esta ocorrência deva-se ao alongamento da cadeia aponeurótica ascendente ao centro tendíneo pela aplicação das técnicas manuais sobre a cadeia aponeurótica ascendente do centro tendíneo. 57 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 Acredita-se, baseado no questionário de hábitos de vida e estresse (anexo 4), que o stress não foi um fator que tenha influenciado os valores analisados neste estudo. Na realização deste estudo, foi encontrada enorme dificuldade em fundamentar os achados em virtude da escassa literatura científica sobre o assunto. Em virtude disto, os achados foram embasados com referências muitas vezes baseadas na experiência prática dos autores, que traziam coerência entre eles. Por se tratar, então, de um estudo pioneiro, hipóteses foram levantadas para tentar explicar os resultados encontrados. Espera-se com isso que, a partir destas sugestões, outras pesquisas surjam a fim de tornar o uso da terapia manual mais fundamentado. 58 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 CONCLUSÃO Podemos concluir neste estudo que a aplicação das técnicas fisioterapêuticas manuais usadas neste estudo foram adequadas, pois interferiram de maneira positiva sobre a mecânica respiratória, promovendo o incremento dos valores da capacidade vital forçada e das pressões inspiratória e expiratória máximas. Sugere-se também que a aplicação das técnicas tenha promovido o alongamento das fáscias que compõem a cadeia respiratória. O aumento da Ventilação Voluntária Máxima e da Capacidade Vital em ambos os grupos aconteceram provavelmente pelo treinamento ao qual os atletas permaneceram submetidos durante o estudo. Além disso, o tempo de tratamento utilizado em nosso estudo (21 dias) pode não ter sido suficiente para que todas as adaptações teciduais tenham ocorrido a ponto de diferenciar os achados entre os grupos controle e tratamento. Neste ponto, a dificuldade tanto técnica quanto ética na mensuração das alterações teciduais, que poderiam estar fundamentando nossos resultados, limitaram nossas conclusões. Percebe-se então a carência de trabalhos científicos que abordem a terapia manual e, a necessidade de outros estudos para tornar a prática deste recurso terapêutico mais fundamentada. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 59 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ACHOUR Jr, A. “Exercícios de Alongamento: anatomia e fisiologia” Barueri; Manole, 2002. ACHOUR Jr, A. & BORGES, P. S. S. “Alongamento: efeitos na dor muscular tardia e níveis de queratinase. Estudo de caso usando regressão linear múltipla e redes neurais artificiais” Revista brasileira de atividade Física e Saúde, v. 2, N 2:22-33, 1997 ALIVERTI, S. J. & CALA, R. & DURANTI, G.Human respiratory muscle actions and control during exercise. Journal of Appl Physiology 83(4): 1256-1269, 1997 ALTER, J. M. “Alongamento para os esportes” 2ª ed. São Paulo, Manole, 1999. BANDY, W. D. & IRION, J. M. “The effect of time on static stretch on the flexibility of the hamstring muscles” Physical Therapy, 74(9):845-850, 1994. BIENFAIT, M. “Os Desequilíbrios Estáticos” 2 ed. Summus editorial. São Paulo, 1993. BIENFAIT, M Fisiologia da Terapia Manual” ed. atualizada e revisada – São Paulo; Summus: 2000. 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MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXOS 63 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 64 ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DOS ATLETAS DA MODALIDADE DE NATAÇÃO A.A.C. 1) IDENTIFICAÇÃO: data da avaliação:_____________ a) nome:__________________________________________________________________ b) idade:___ data de nascimento:_____________ raça:____________ sexo: ( ) Fem. ( ) Masc. 2) ANAMNESE: a) Categoria: ( ) mirim ( ) petiz ( ) infantil ( ) juvenil ( ) junior ( ) sênior b) Qual prova compete? ( )crawl_____m ( )costas_____m ( )peito_____m ( )medley _____m c) Melhor tempo da prova de sua especialidade?_____________ Tempo nos 400m crawl______________ d) Há quanto tempo faz parte da equipe de natação? ________________ e) Interrompeu o treinamento alguma vez? ( )Sim ( )Não Por quanto tempo? ______________________________ Motivo: ( )lesão ( )estudo ( )desmotivação ( )trabalho ( )outros c) Pratica outro esporte? ( )Sim ( )Não Qual?________________________ Caráter: ( )lazer ( )Competição a) Sente algum tipo de dor durante a prática desportiva? ( )Sim ( )Não Local:__________ Lado predominante da dor: ( ) direito ( ) esquerdo b) Sente alguma dor após a prática desportiva? ( )Sim ( )Não Local:_________________ c) Em média, quantas horas você dorme por noite? ( )menos que 6h ( )entre 6 a 8h ( )8 a 10h ( )mais 10h d) Faz uso de medicamento orientado? ( )Sim ( )Não Qual?________________________ e) Número de refeições: ( )2x ao dia ( )3x ao dia ( )4x ao dia ( )5x ao dia ( )6x ao dia f ) Em sua dieta regular, dos tipos de alimentos descritos abaixo, quais os que aparecem com maior freqüência? (Coloque-os em ordem de maior freqüência para menor freqüência) - VERDURAS E LEGUMES MASSAS DOCES ALIMENTOS OU PRODUTOS DIET FRUTAS FRITURAS ALIMENTOS GORDUROSOS (1)________________________ (2) ________________________ (3)________________________ (4)________________________ (5)________________________ (6)________________________ (7)________________________ (8)________________________ g)Você se considera uma pessoa que, em sua vida diária, na escola, casa ou treino, vive sob um estresse: ( ) leve ( ) moderado ( ) intenso 2.1 História de Patologia Pregressa (HPP): a) Sofreu alguma lesão durante a prática desportiva? ( )Sim ( )Não Qual (is)?________________________________________ Quando?________________ b) Local (is)? ______________________________________ c) Quanto tempo permaneceu com a lesão? _______________________ d) Realizou tratamento? ( )Sim ( )Não Qual tratamento? ( )Fisioterapêutico ( )Cirúrgico Qual?__________ ( )Clínico Qual?__________ e) Obteve melhora? ( )Sim ( )Não Por quanto tempo?_________________ 2.2 História da Moléstia Atual (HMA): a) Apresenta alguma lesão devido à prática desportiva? ( )Sim ( )Não Qual?___________ Local da lesão:________________________ Local da dor:_________________________ Intensidade da dor: ( )leve ( ) moderada ( )severa Caráter da dor: ( )queimação ( )pontada ( )irradiada ( )difusa Fatores que aliviam a dor:___________________________________________________ Fatores que agravam a dor:__________________________________________________ Relação temporal: ( )piora à noite ( )piora durante o dia ( )piora quando levanta ( )piora com o treino f) Realiza algum tratamento? ( )Sim ( )Não Qual? ( )Cirúrgico Qual?_________( )Clínico Qual?_____________( )Fisioterapêutico Freqüência do tratamento: ( )2x semana ( )3x semana ( )todos os dias Progressão da dor mediante ao tratamento: ( )diminuiu ( )inalterada ( )aumentou g) A lesão influenciou na performance de algum estilo? ( ) Sim ( ) Não h) Qual estilo? ( ) crawl ( ) costas ( ) peito ( ) medley i) Precisou mudar de estilo para aliviar a dor? ( ) Não ( ) Sim. Do estilo_________para _____ 3 Antropometria: a) Peso Corporal:________________ b ) Estatura:_____________________ MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 65 ANEXO 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome da Pesquisa: Avaliação da influência do uso de técnicas fisioterapêuticas manuais direcionadas à cadeia respiratória sobre os volumes e capacidades pulmonares e pressões inspiratória e expiratória em atletas de natação da Associação Atlética Comercial do município de Cascavel – PR. Coordenador da Pesquisa: Alberito Rodrigo de Carvalho Este é um estudo de prevenção e promoção de saúde, junto aos atletas de natação da Associação Atlética Comercial (AAC) do município de Cascavel, na região oeste do estado do Paraná, que tem como objetivo estudar a influência das técnicas terapêuticas manuais sobre os volumes e capacidades pulmonares e pressões inspiratória e expiratória em atletas praticantes dessa modalidade esportiva na AAC. A amostragem será de uma parcela da equipe principal de natação da AAC, com indivíduos na faixa etária de 14 a 16 anos. Pretende-se, através desta investigação, favorecer a compreensão por parte dos profissionais de saúde desportiva que atuam com atletas de natação, bem como de propiciar elementos para a construção e/ou consolidação de possíveis serviços alternativos em Fisioterapia Desportiva. A coleta de dados para esta pesquisa será realizada por meio de mensurações dos volumes e capacidades pulmonares por meio de um Expirômetro, mensuração das pressões inspiratória e expiratória através de um Manovacuômetro, e exame de raios-x. As avaliações terão o um número de duas cada, uma inicial e outra final, além da aplicação de um questionário com perguntas fechadas, levantadas e anotadas pelo pesquisador após o grupo do estudo estar ciente deste documento. Tendo o atleta participante da pesquisa recebido as informações anteriores e, esclarecido dos seus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa. 1. 2. 3. A garantia de receber respostas a qualquer pergunta ou esclarecimentos a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; A liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; A segurança de não ser identificado (a) e que será mantido o caráter confidencial das informações relacionadas com a privacidade; Em seguida assino o consentimento. Cascavel, de Nome:______________________________________________ Assinatura:__________________________________________ de 2003. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXO 3 – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA 66 67 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE N. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXO 4 – RESPOSTA AO QUESTIONÁRIO DE ESTRESSE, SONO E PRÁTICA DE ESPORTE QUANTAS HORAS DORME POR NOITE atleta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Menos que 6 horas 6a8 horas PRATICA OUTRO ESPORTE 8 a 10 Mais que Sim horas 10 horas Lazer Competição X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Não NÍVEL DE ESTRESSE Leve Moderado Intenso X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X