Projeto Conservação Recifal (PCR) – Conservação, Pesquisa e

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Projeto Conservação Recifal (PCR) – Conservação, Pesquisa e Ordenamento do num
sistema recifal do Nordeste brasileiro
Pereira, P.H.C1.; Pedrosa, M1.; Lima, R1.; Silva, R1.;Lippi, D. L.1;Leal, I.1; Feitosa, J.L.L.1;
CHAVES, L.C.T1
1 Projeto Conservação Recifal. E-mail: [email protected]
Ao longo da costa brasileira os sistemas costeiros, incluindo os sistemas recifais estão sob
influência de impactos consequentes da ocupação e urbanismo desordenado da costa, a
sobrepesca, perda de habitats, poluição e, sedimentação (Maida & Ferreira, 1997; Leão et
al., 2003; Floeter et al., 2006). Os ambientes recifais, em especial, ainda estão sujeitos a
mudanças climáticas, que atuam em sinergismo ocasionando danos permanentes à
biodiversidade e à sua função. Tais efeitos ainda são pouco estudados em nível nacional
(Castro & Pires, 2001) e menos ainda em nível regional e local. Visto as características
únicas dos ecossistemas recifais, da biodiversidade aí encontrada e os serviços prestados
advindos desse patrimônio, a necessidade de seu manejo e conservação é vital para o
turismo, o desenvolvimento social, e a manutenção de todo o ecossistema marinho.
O objetivo principal da conservação marinha é minimizar os impactos nocivos sobre os
ecossistemas marinhos e a fauna associada, bem como promover o ordenamento da pesca
sustentável, beneficiando a comunidade de pescadores tradicionais. O Projeto Conservação
Recifal é uma iniciativa para preservação dos recifes de corais e sua integração com a
comunidade local do município de Tamandaré, no estado de Pernambuco, cuja base
econômica se encontra no turismo e na pesca artesanal. No início do projeto em Abril/2002
foram realizadas capacitações de agentes locais (moradores, pescadores, barqueiros)
treinados por membros do projeto. Estas capacitações serão contínuas ao longo de todo o
projeto e os agentes terão ao final do período amplo conhecimento das ações da “Conduta
Consciente em ambientes recifais”, campanha nacional promovida pelo Ministério do Meio
Ambiente (MMA), se tornarando multiplicadores desta campanha. O reconhecimento das
áreas mais sensíveis a atividades turísticas está sendo feito diariamente, com a
contabilização dos visitantes e juntamente à sensibilização do turista pelo agente local,
utilizando as diretrizes adotadas pela “Conduta Consciente em ambientes recifais”. Esta é
uma importante ação do projeto para que os próprios agentes locais e turistas entendam a
importância deste ecossistema, e contribuam ativamente para garantir a sustentabilidade de
suas atividades.
Figura 1: Agentes locais sendo capacitados pela equipe do Projeto Conservação Recifal
Considerada uma das praias mais bonitas do Nordeste brasileiro, Tamandaré possui uma
extensa formação de recifes de corais, bancos de algas, mangues e pradarias de
fanerógamas. Entretanto, a recente especulação imobiliária e a pressão da atividade
turística tem ameaçado a beleza cênica local. Aproximadamente, 20 espécies de coral e
mais de 200 espécies de peixe são encontradas ali. A falta de conhecimento sobre a
ecologia e o estado de conservação destes organismos, frente aos diferentes impactos
locais, não permite que as autoridades tomem providências em relação ao manejo destas
áreas. Por esta razão, paralelamente às capacitações, está sendo realizado o
monitoramento subaquático para avaliação da comunidade de peixes e a saúde dos corais.
Censos visuais subaquáticos são uma importante ferramenta para se construir mapas de
zoneamento juntamente às informações levantadas com a comunidade local através de
mapas mentais. Desta forma, zonas das áreas mais sensíveis serão indicadas, baseadas
na estrutura dos habitats encontrados e distribuição de espécies indicadoras, como corais e
peixes.
Esses dados serão futuramente divulgados através de publicações nacionais e
internacionais, assim como também em conferências abrangendo o tema, de forma a
expandir o conhecimento dos efeitos antrópicos e mudanças climáticas na costa brasileira.
O monitoramento na área recifal trará ainda informações importantes para decisões de
manejo local, pois Tamandaré está incluída na maior Área Marinha Protegida do Brasil
(APA Costa dos Corais) com 135 Km de extensão. Ainda para a Praia de Carneiros, o PCR
pretende fomentar o ordenamento do turismo e do trânsito e fundeio de embarcações, para
que sejam evitadas a ancoragem, a pesca e outras atividades não compatíveis com a
conservação desses recifes, incentivando a pesquisa científica, o turismo ecológico e a
educação ambiental. Este último item, é abordado através de eventos educativos em
épocas estratégicas na cidade, em que a concentração de moradores nas ruas é grande
(feriados, festivais etc.). Palestras de sensibilização também são periodicamente oferecidas
nas associações de pescadores, praças públicas e no centro da cidade. Material de
divulgação é amplamente distribuído, como bonés, camisetas e calendários. Esse material é
bastante apreciado pelos moradores e ajuda na divulgação local dos eventos.
Figura 2: Membro da equipe do PCR realizando o monitoramento através de censos visuais
subaquáticos.
Os pesquisadores deste projeto esperam que já em um ano, resultados significativos sejam
observados quanto à conscientização dos visitantes e moradores locais, assim como os
primeiros sinais de recuperação destes recifes. O zoneamento será implementado através
de manejo participativo, ou seja, os próprios usuários se unirão para a conservação deste
ecossistema que é sua fonte de renda, seja pelo turismo ou a pesca. Este projeto atua em
parceria com a prefeitura de Tamandaré e é patrocinado pela Rufford Small Grants
Foundation e Idea Wild. Visite nossa página em http://www.conservacaorecifal.com/,
voluntários são bem-vindos para esta iniciativa.
.
Tabela 1: Programação das atividades desenvolvidas pelo PCR
Resultado
Ferramentas
Métodos
Problemas / Soluções
1–
Ordenamento
das áreas
recifais
1.1 – Levantamento da
biodiversidade e hábitats
1.1 – Mergulhos para
levantamento de dados. Mapas
mentais em parceria com
pescadores locais
Problema- Efetiva
aceitação do
zoneamento pela
comunidade
1.2 – Elaboração gráfica dos
mapas
Solução - Reuniões
periódicas com a
comunidade local para
sensibilização e
esclarecimentos
1.2 – Mapeamento da area
recifal
1.3 – Gerenciamento
participativo local para
implementação do
zoneamento
1.3- Palestras e eventos de
sensibilização
1.4 – Implementação de
zonas Azuis/ Verdes de
conservação
1.4 – Demarcação das áreas
sensíveis
2–
Monitoramento
da saúde dos
recifes e
comunidade de
peixes em
relação a
mudanças
climáticas
2.1 – Monitoramento da
abundância de espécies
indicadoras de peixes e
cobertura de corais
2.1 – Censos visuais
subaquáticos (20x2m)
3–
Capacitações
com a
comunidade
local
3.1 – Capacitação de 50
agentes de campo (locais,
pescadores, barqueiros
4–
Fiscalizacao da
area com forte
turismo
4.1 – Permanência diária do
agente de campo durante o
período de visitação (maré
baixa)
2.2 – Análise do impacto do
turismo
2.3 – Monitoramento do
branqueamento de corais
3.2 – Estreitamento das
relações com os agentes
4.2 – Estreitamento das
relações do projeto com os
turistas
5 – Atividades
de educação
ambiental
5.1 – Conscientização da
população local, veranistas
e turistas
2.2 – Comparação de áreas
afetadas e áreas controle
2.3 –Determinar o percentual de
cobertura de colônias afetadas
através de marcação
permanente e medição da
temperatura
3.1 / 3.2 – Curso sobre o
ambiente recifal, espécies
chave e esclarecimento sobre
as diretrizes do plano “conduta
consciente em ambientes
recifais”.
4.1 / 4.2 – Observação diária
do número de visitantes.
Agentes de campo farão
trabalho de sensibilização junto
aos turistas seguindo diretrizes
do "Conduta consciente em
ambientes recifais".
5.1 / 5.2 - Campanhas de
sensibilização, exposição,
participação em eventos.
Problema- Condições
desfavoráveis ao
mergulho
Solução – Planejamento
prévio e alterações
esperadas
Problema- Falta de
assiduidade nas
capacitações
Solução – Estímulo
através, de brindes e
jogos
Referências citadas
Maida, M. & Ferreira, B.P. 1997. Coral Reefs of Brazil: an overview. In Proceedings of the
8th International Coral Reef Symposium. Panama: International Society for Reef Studies.
263–274p.
Leão, Z.M.A.N., Kikuchi, R.K.P. & Testa, V. 2003. Corals and Coral Reefs of Brazil. In:
J.Cortés (Ed.) Latin America Coral Reefs. Elsevier Publisher, Amsterdam, pp. 9-52.
Floeter, S.R., Halpern, B.S. & Ferreira, C.E.L. 2006. Effects of fishing and protection on
Brazilian reef fishes. Biological Conservation, 128: 391-402.
Castro, C.B. & Pires, D.O. 2001. Brazilian coral reefs: what we already know and what is still
missing. Bulletin of marine science 69(2): 357-371.
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