uso de coccidiostático no sal mineral

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USO DE COCCIDIOSTÁTICO NO SAL MINERAL
Monografia apresentada como requisito à conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Alberto Luiz Freire de Andrade Júnior – [email protected]
Orientador: Prof. Dr. Francisco Glauco de Araújo Santos - Co-Orientador: Prof. Dr.
Emerson Moreira de Aguiar
A exploração de ovinos no Nordeste do Brasil vem crescendo em função
deste rebanho ser importante fonte alimentar, que pode ser produzida a
baixo custo. Porém, as parasitoses gastrintestinais tem se constituído
num sério obstáculo à ovinocultura, com ênfase para a coccidiose, que
tem se tornado um fator limitante para a exploração, principalmente para
a produção de cordeiros sendo poucos são os estudos sobre este
parasita no Estado do Rio Grande do Norte.
O objetivo deste trabalho foi conhecer a ação do Deccox® (decoquinato a 6%
micronizado), no controle da eimeriose em cordeiros no município de Macaíba/RN, e
identificar quais as espécies de Eimeria infectam ovinos na região Leste Potiguar.
Para obtenção dos dados do experimento, a cada 14 dias foram realizadas pesagens e
coletas de fezes, com acompanhamento do ganho de peso ponderal, diagnóstico
parasitológico e análise quantitativa de oocistos nas fezes coletadas.
O experimento teve duração de 150 dias, e foi dividido em duas fases: A fase de cria
durou 50 dias, período em que os cordeiros tiveram contato direto com as ovelhas, sendo
que, durante os primeiros 15 dias do experimento, os cordeiros permaneceram em tempo
integral com as mães, que também foram tratadas com os mesmo produtos, e nos 35 dias
restantes, foram separados em baias distantes das mães, mas retornando a elas duas
vezes ao dia, de manhã e à tarde para amamentação. Passados os 50 dias iniciais, os
cordeiros foram apartados definitivamente das mães, dando início a fase de recria, que
durou 100 dias.
O estudo evidenciou que houve diferença significativa na redução do OOPG (oocistos por
grama de fezes) em relação aos tratamentos. Conclui-se que o tratamento com Sal
Mineral Proteinado Leão Ovinos Engorda CC, sal mineral enriquecido com Deccox ®
(decoquinato a 6% micronizado) favoreceu o controle da eimeriose ovina. Neste
experimento foram encontradas as seguintes espécies de Eimeria: E. ahsata, E.
crandallis, E. granulosa, E. intrincata, E. ovina, E. faurei, E. ovinoidalis, E. pallida e E.
parva.
2
Ovinocultura
A ovinocultura é uma atividade tradicionalmente empreendida pelos
produtores potiguares que nos últimos anos tem experimentado franca
expansão em decorrência da forte demanda por seus produtos (MACIEL,
2006). Porém, a criação de ovinos de corte sempre foi feita de forma
empírica, só havendo modernização na criação há alguns anos,
despertando, então, o interesse da mídia, dos pesquisadores e do público em geral
(SANTANA & PEREIRA, 2002). A maioria das explorações neste Estado é de pequeno e
médio porte, sendo comum a criação desses animais em propriedades pequenas, com
áreas inferiores a 100 ha (MAIA, 2009), onde apresentam baixa produtividade e sem níveis
de especialização definidos, bem como um manejo sanitário deficiente.
O rebanho ovino do Estado do Rio Grande do Norte, segundo (IBGE, 2008) atingiu
o efetivo de 532.846 cabeças, distribuídas em todas as Mesorregiões, com maior
porcentagem de crescimento para a mesorregião Leste Potiguar, mas essa expansão não
significa necessariamente um simples aumento numérico dos rebanhos, mas sim o
resultado de uma exploração mais eficiente dos animais ali existentes (VIERIA, 2009).
Entretanto, diversos problemas existentes nas unidades de produção ainda se
constituem em fatores limitantes para o aumento da produtividade, como a qualidade e a
regularidade na oferta exigida pelos consumidores. Dentre os entraves nos sistemas
produtivos, os problemas de saúde constituem-se em uma das principais causas do baixo
desempenho zootécnico e econômico dos rebanhos (MACIEL, 2006).
A ocorrência de doenças e os altos índices de mortalidade tem sido
responsabilizados também como fatores limitantes da produção e do desenvolvimento da
atividade no Rio Grande do Norte, e em todo o Nordeste brasileiro (LIMA et al., 2006). As
perdas econômicas decorrentes da mortalidade e do desempenho insatisfatório dos
animais, causado pelos parasitas, incluem a coccidiose entre as principais doenças
responsáveis pelos prejuízos causados à criação de pequenos ruminantes.
A mortalidade de animais jovens acometidos pela eimeriose torna-se elevada em
determinadas circunstâncias, podendo atingir taxas superiores a 20% (VIEIRA, 2002).
Desta forma, é cada vez mais frequente o estudo de coccidiostáticos adicionados ao sal
3
mineral para a prevenção da eimeriose e promoção de maiores ganhos
de peso aos animais e redução da mortalidade.
O estudo das espécies de Eimeria encontrados no Rio Grande do Norte
só foi realizado, pela primeira vez, por Ahid et al. (2009), no município de
Mossoró, região Oeste Potiguar, mas não há relatos sobre quais espécies são
encontradas nas demais regiões, e índices de infestação.
Diante da necessidade de se estudar formas de prevenção da coccidiose ou
eimeriose, no Estado do Rio Grande do Norte, foi avaliado o Deccox® (decoquinato a 6%
micronizado), presente no Sal Mineral Proteinado Leão Ovinos Engorda CC oferecido
a cordeiros, com identificação regular das espécies de Eimeria que estariam infectando
esses animais, no município de Macaíba, região Leste Potiguar. O experimento foi
realizado na Fazenda São Joaquim, localizada naquele município. A propriedade possui
um rebanho de em média 4.000 matrizes, e produz cordeiros precoces para abate.
A eimeriose ou coccidiose dos ruminantes é uma doença infecciosa, causada por
protozoários coccídicos do gênero Eimeria spp. (VIEIRA et al., 2004; DENIZ, 2009), que
tem como hospedeiros aves domésticas, bovinos, ovinos, caprinos, suínos, eqüinos e
coelhos (URQUHART et al., 1998), e que se manifesta por alterações gastrintestinais,
apresentando sinais clínicos como diarréia sanguinolenta, curso vermelho ou enterite
hemorrágica (LIMA, 2004).
Estes animais podem ser parasitados por um grande número de espécies de
Eimeria que apresentam acentuada especificidade em relação ao hospedeiro. A Eimeria é
um parasita cosmopolita, e embora os animais jovens sejam mais susceptíveis, os ovinos
de qualquer idade podem se infectar, variando o número de espécies e a prevalência de
cada uma delas (VIEIRA, 2002; LIMA, 2004). A falta de higiene, camas sujas e úmidas,
não renovadas, favorece a esporulação dos oocistos, comedouros e bebedouros
desprotegidos da contaminação fecal, facilitam o contágio fecal-oral. Os sistemas de
exploração (extensivo e intensivo), composição do rebanho (indivíduos de várias idades
ou grupos de idades independentes), alojamentos, alimentação, infecções ou parasitoses
concomitantes e stress também auxiliam na epidemiologia da doença (LAGARES, 2008).
4
O decoquinato é um poderoso agente anticoccidiano que interrompe o
desenvolvimento da coccídia desde o início do seu ciclo de vida. Ele age
nos
primeiros
estágios
de
vida
do
parasita,
retardando
seu
desenvolvimento antes que este possa causar qualquer dano ao intestino
do animal. Outros compostos, coccidicidas, agem por períodos muito
limitados, deixando que os parasitas danifiquem o intestino delgado dos animais, por não
combaterem desde o início do ciclo de vida das coccídias. Há de se lembrar que os
compostos coccidiostáticos retardam o desenvolvimento da coccídia enquanto os
coccidicidas matam o parasita. O efeito de retardar em vez de eliminar por completo
desenvolvimento torna-se mais benéfico na medida em que ficando exposto ao parasita o
animal desenvolve imunidade natural, tornando-os menos suscetíveis a ataques futuros.
O trabalho foi desenvolvido entre Agosto de 2009 e Janeiro de 2010, e o
experimento se iniciou com 76 animais, na faixa etária de zero a sete dias, sendo
distribuídos em dois grupos. Os do Grupo T1 (controle) receberam Sal Mineral
Proteinado Leão Ovinos Engorda, e os do Grupo T2 (tratamento), receberam Sal
Mineral Proteinado Leão Ovinos Engorda CC, sal mineral enriquecido com
Deccox®.(decoquinato a 6% micronizado). Em ambos tratamentos, os sais foram
oferecidos em cochos coletivos, à vontade (“ad libitum”), durante todo o período
experimental.
As quantidades de oocistos verificadas nas 11 coletas efetuadas a cada 14 dias, ao
longo de todo o experimento, estão apresentadas na tabela abaixo:
COLETAS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
TOTAL
MÉDIA
(*)
Tratado
7.900
16.600
0
14.500
4.900
13.000
3.100
14.600
33.600
25.000
11.100
144.300
13.118
Sem tratamento
8.000
27.000
6.000
75.700
15.100
10.000
64.700
63.000
7.900
14.300
2.800
294.500
26.772
contagem dos oocistos foi realizada através da técnica de Gordon e. Whitlock
5
Resultando, ao longo do experimento, uma média geral do Grupo
Tratado, menor que a média geral do Grupo sem tratamento. Segundo
Lima (2004) e Silva (2010), o tratamento desta doença, quando feito
através de drogas específicas, apresenta-se eficiente dependendo da
precocidade de seu uso. O tratamento se torna eficaz e apresenta bons
resultados quando utilizado na fase inicial da doença, pois a droga atua nas formas
precoces de multiplicação dos coccídios.
Na figura 1 apresentam-se as espécies de Eimerias que foram encontradas durante
o experimento.
1
Eimeria ahsata
Eimeria crandallis
Eimeria granulosa
2
3
Eimeria intrincata
Eimeria ovina
Eimeria faurei
Eimeria ovinoidalis
Eimeria pallida
Eimeria parva
Figura 1. Nove espécies de Eimeria identificadas em fezes de cordeiros criados em
sistema intensivo na região Leste Potiguar, município de Macaíba, Rio Grande do Norte.
1
Fonte: Silva et al. (2007).
Fonte: Rossanigo (2007).
3
Fonte: Silva et al. (2007).
2
6
Ganho de Peso
Os animais do grupo T2, que foram tratados com Sal Mineral
Proteinado Leão Ovinos Engorda CC ganharam mais peso do que
os animais do grupo T1, que utilizaram apenas Sal Mineral
Proteinado Leão Ovinos Engorda sem o decoquinato, representando
uma diferença de 2,829 kg, a mais, por cordeiro.
Média de Ganho de Peso do Grupo não Tratado = 15,631 Kg
Média de Ganho de Peso do Grupo Tratado
= 18,460 Kg (+ 18%)
Se considerarmos isoladamente, os machos obtiveram ganho de peso de 3,330 kg
e as fêmeas, de 2,270 kg, em média. Os animais do grupo suplementado com Sal
Mineral Proteinado Leão Ovinos Engorda CC (T2) sempre se mostraram superioridade
em ganho de peso, em relação aos animais do grupo T1 (de controle) (Figura 2).
Figura 2. Ganho de Peso Médio dos cordeiros, de acordo com o tratamento, ao longo de
todo o experimento, por quinzena.
O tratamento preventivo com decoquinato, incorporado ao sal mineral, foi eficiente
na prevenção da coccidiose ovina, clínica e subclínica, com ganhos médios de peso em
cordeiros tratados sempre superior aos animais não tratados.
7
Animais do Grupo T1 (grupo controle)
Animais do grupo T2 (grupo tratado com
Sal Mineral Proteinado Leão Ovinos
Engorda CC)
Experimento conduzido em convênio com a UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, patrocinado
pela Empresa Sal Leão /Torralba & Pupim, que ofereceu os Suplementos Minerais Proteinado Leão Ovinos
Engorda CC e Proteinado Leão Ovinos Engorda e realizado na Fazenda São Joaquim – Cordeiro Nobre do Sr.
Bolivar Alvarenga de Medeiros.
Título original: USO DE COCCIDIOSTÁTICO NO SAL MINERAL E ESTUDO DA EIMERIOSE OVINA NA REGIÃO LESTE
POTIGUAR
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS deste artigo
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SILVA, T. Ovinocultura: Você sabia que em seu rebanho tem coccidiose? A melhor forma de controlar a doença é conhecê-la. Artigos
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